O PODER DA CRUZ DE CRISTO | Watchman Nee
CAPÍTULO 1
A PALAVRA DA CRUZ
1. "MORRER COM CRISTO PARA O PECADO"
Quando o Senhor Jesus Cristo foi crucificado, Ele não apenas morreu pelos pecadores, abrindo-lhes um vivo caminho para que obtenham a vida eterna e se acheguem a Deus, mas também morreu com os pecadores sobre a cruz. Se a eficácia da cruz fosse meramente no aspecto da substituição para que os pecadores tivessem a vida eterna e fossem salvos da perdição, a maneira da salvação de Deus não seria completa, porque uma pessoa que é salva por crer em Jesus Cristo ainda vive no mundo e ainda existem muitas tentações (veja Atos 16). Além disso, o diabo freqüentemente a engana e a natureza pecaminosa dentro dela opera continuamente. Apesar de haver recebido a salvação, ela ainda não está livre do pecado nesta era. Ela não tem o poder para vencer o pecado. Portanto, em Sua salvação, o Senhor Jesus teve de levar a cabo ambos os aspectos: salvar o homem da punição do pecado e também salvar o homem do poder do pecado. Quando o Senhor Jesus morreu pelos pecadores na cruz, Ele libertou o homem da punição do pecado: o eterno fogo do inferno. Quando morreu com os pecadores na cruz, Ele libertou o homem do poder do pecado: o velho homem está morto, e ele já não é escravo do pecado. O pecado não vem de fora, mas de dentro. Se o pecado viesse de fora, então ele não teria muito poder sobre nós. O pecado habita em nós. Portanto, ele é mortal para nós. A tentação vem de fora, enquanto o pecado habita em nós. Uma vez que todas as pessoas no mundo são descendentes de Adão, todos têm a natureza adâmica. Essa natureza é antiga, velha, corrupta e imunda; é uma natureza pecaminosa. Desde que esse "pai" do pecado está dentro do homem, ao virem tentações do lado de fora, o que está dentro reage ao que está fora, e o resultado são os muitos pecados. Por termos orgulho em nosso interior (embora, por vezes, oculto), tão logo venha uma tentação exterior, surge a oportunidade de ficar orgulhoso, e tornamo-nos orgulhosos. Por termos ciúme em nosso interior, tão logo vem uma tentação externa, achamos os outros melhores do que somos e ficamos enciumados. Por termos temperamento agitado em nosso interior, assim que vem uma tentação exterior, perdemos a calma. Todos os pecados que o homem comete provêm do velho homem interior. Esse velho homem é verdadeiramente indigno, irreparável, imutável, incorrigível e incurável. A maneira de Deus lidar com o velho homem é crucificá-lo. Deus quer dar-nos algo novo. O velho homem deve morrer. As palavras de Deus encarregam-nos de lavar todos os nossos pecados no precioso sangue do Senhor Jesus. Em 1ª João 1 versículo 7 diz: "O sangue de Jesus, Seu Filho, nos purifica de todo pecado". Em Apocalipse 1 versículo 5 diz: "Àquele que nos ama, e, pelo Seu sangue, nos libertou dos nossos pecados". Os pecados aqui referem-se aos atos pecaminosos cometidos exteriormente por uma pessoa. A Bíblia jamais nos diz que o velho homem interior deve ser lavado. A Palavra de Deus nunca diz que o velho homem deveria ser lavado. O sangue de Jesus Cristo lava nossos pecados, e não o velho homem. O velho homem precisa ser crucificado. Essa é a palavra da Bíblia.
Deus realiza tudo nesta era por meio do Senhor Jesus Cristo. Ele precisa punir os pecadores, contudo puniu o Seu Filho Jesus porque o Senhor Jesus se firmou na posição e em nome dos pecadores. Deus quer que o velho homem morra, mas, em vez disso, fez com que o Seu Filho Jesus morresse na cruz. Fazendo assim, Ele levou todos os pecadores juntamente com o Senhor Jesus para a cruz. Primeiro há uma morte substitutiva, a seguir, uma morte participativa. Essa é a palavra clara da Bíblia. Em 2ª Coríntios capítulo 5 versículo 14 diz que, Jesus Cristo é o que "morreu por todos; logo, todos morreram". Esse ponto deve ser enfatizado e não deveria ser tratado levemente. Um crente, isto é, uma pessoa salva que confesse que é pecador e que crê em Jesus, deveria lembrar-se que a crucificação de seu velho homem não é uma atividade independente, separada do Senhor Jesus, mas algo feito em união com o Senhor. Quando o Senhor Jesus morreu, nosso velho homem morreu juntamente com Ele e Nele.
Isso explica o fracasso de muitas pessoas. Muitas vezes os crentes exercitam a própria força para crucificar seu velho homem. Entretanto, descobrem seguidamente que o velho homem ainda está vivo. Eles tentam, na maioria das vezes sem intenção, crucificar o velho homem independentemente, por si próprios, sem Cristo. Isso nunca poderá ser feito. A não ser que alguém morra com o Senhor Jesus, não há a crucificação do velho homem. O velho homem é crucificado juntamente com Cristo. Não morremos por nós mesmos; pelo contrário, morremos junto com o Senhor Jesus. Em Romanos capítulo 6 versículo 3 diz que, fomos batizados "na morte do Senhor Jesus." O versículo 5 diz que "fomos unidos com Ele na semelhança da Sua morte." O versículo 8 diz que "já morremos com Cristo." O versículo 6 diz que "foi crucificado com Cristo o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos." Não podemos crucificar a nós mesmos, e não morreremos. Essa "co-crucificação" é um fato consumado; foi cumprida quando o Senhor Jesus foi crucificado. A morte do Senhor Jesus é um fato, que o Senhor Jesus morreu por nós também é um fato e o ser crucificado juntamente com Ele também é um fato. "Foi crucificado com Ele", segundo o original, é um verbo de ação contínua; ele está no pretérito perfeito, o que indica que a crucificação do nosso velho homem com o Senhor Jesus é um ato realizado uma vez por todas, quando o Senhor morreu. Mas qual é o resultado de morrer com o Senhor? Qual é o alvo? Sabemos de Romanos capítulo 6 versículo 6 que o resultado é que o corpo do pecado seja destruído, e o alvo é que não mais sejamos escravos do pecado. Usemos uma ilustração para explicar esse fato. Existem três coisas: o velho homem, o pecado e o corpo do pecado. O pecado é como um senhor, o velho homem é como um mordomo e o corpo é como um fantoche. O pecado não tem a autoridade e poder para assumir a responsabilidade sobre o corpo do pecado ou de conduzi-lo ao pecado. O pecado dirige o velho homem; quando o velho homem consente, o corpo torna-se o fantoche. Desse modo, enquanto nosso velho homem estiver vivo, ele permanece no meio. O corpo está do lado de fora e o pecado do lado de dentro. O pecado interior tenta o velho homem, cuja concupiscência é incitada. Isso faz com que o velho homem dê a ordem ao corpo para pecar e envolver-se em transgressões. O corpo é muito flexível; tudo o que você lhe disser que faça, ele fará. É algo que não tem domínio sobre si mesmo. Por ele mesmo, nada pode fazer; ele só age segundo as ordens do velho homem. Quando o Senhor Jesus nos salva, Ele não leva nosso corpo à morte nem destrói a raiz do pecado. Antes, Ele crucificou nosso velho homem com Ele na cruz.
Qual é o resultado de crucificar o velho homem? O resultado é "que o corpo do pecado fosse destruído". No original grego, "destruído" significa "desempregado". Isso quer dizer que sem o velho homem, o corpo do pecado não pode fazer mais nada. Inicialmente, o corpo do pecado funcionava diariamente seguindo as ordens do velho homem. É como se pecar se houvesse tornado a sua ocupação. Tudo o que fazia era cometer pecados. O velho homem amava demasiadamente o pecado; queria pecar, andava por pecar e gostava muito de fazer coisas pecaminosas; o corpo seguia o velho homem para pecar e tornar-se o corpo do pecado. Agora que o Senhor Jesus lidou com o velho homem e o crucificou, o corpo do pecado fica desempregado; não há mais trabalho para ele fazer. Quando o velho homem estava vivo, a profissão e a ocupação do corpo do pecado era cometer pecados todos os dias. Graças ao Senhor, esse velho homem sem esperança foi crucificado! O corpo do pecado também perdeu seu trabalho! Apesar de o pecado ainda existir e ainda tentar ser o senhor, contudo não sou mais seu escravo. Embora vez ou outra o pecado tente energizar o corpo para que peque, ele não pode obter sucesso, porque o Espírito Santo tornou-Se o Senhor dentro do novo homem. Como resultado, o pecado é incapaz de ativar o corpo novamente para pecar. Portanto, em Romanos capítulo 6 versículo 6, revela que o alvo da crucificação do velho homem e o desemprego do corpo do pecado é que "não sirvamos o pecado como escravos".
Qual é o resultado de crucificar o velho homem? O resultado é "que o corpo do pecado fosse destruído". No original grego, "destruído" significa "desempregado". Isso quer dizer que sem o velho homem, o corpo do pecado não pode fazer mais nada. Inicialmente, o corpo do pecado funcionava diariamente seguindo as ordens do velho homem. É como se pecar se houvesse tornado a sua ocupação. Tudo o que fazia era cometer pecados. O velho homem amava demasiadamente o pecado; queria pecar, andava por pecar e gostava muito de fazer coisas pecaminosas; o corpo seguia o velho homem para pecar e tornar-se o corpo do pecado. Agora que o Senhor Jesus lidou com o velho homem e o crucificou, o corpo do pecado fica desempregado; não há mais trabalho para ele fazer. Quando o velho homem estava vivo, a profissão e a ocupação do corpo do pecado era cometer pecados todos os dias. Graças ao Senhor, esse velho homem sem esperança foi crucificado! O corpo do pecado também perdeu seu trabalho! Apesar de o pecado ainda existir e ainda tentar ser o senhor, contudo não sou mais seu escravo. Embora vez ou outra o pecado tente energizar o corpo para que peque, ele não pode obter sucesso, porque o Espírito Santo tornou-Se o Senhor dentro do novo homem. Como resultado, o pecado é incapaz de ativar o corpo novamente para pecar. Portanto, em Romanos capítulo 6 versículo 6, revela que o alvo da crucificação do velho homem e o desemprego do corpo do pecado é que "não sirvamos o pecado como escravos".
A maneira de receber a morte substitutiva do Senhor Jesus é a mesma de morrer juntamente com Ele. Pela fé, e não por obras, toma-se parte no resultado da morte substitutiva do Senhor Jesus, que é a absolvição da punição eterna. De semelhante modo, pela fé toma-se parte no resultado de morrer com o Senhor Jesus, que é a nossa libertação do pecado. É um fato que o Senhor Jesus já morreu por você; também é um fato que você já morreu com Ele. Se não crer na morte de Cristo por você, não poderá participar da eficácia desta morte: a absolvição da punição. Se você não crer na sua morte com Cristo, da mesma forma não poderá receber a eficácia da morte com Ele: "a libertação do pecado". Todos os que crêem na morte substitutiva de Cristo estão salvos, e todos que crêem na sua morte com Cristo venceram. Tomar parte na morte do Senhor Jesus, seja na morte substitutiva ou na morte participativa, requer fé. Deus requer que creiamos. Precisamos crer na morte do Senhor Jesus por nós e em Sua morte conosco. Romanos capítulo 6 versículo 11 diz: "Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado". A palavra "considerar" é extremamente importante. Freqüentemente gostamos de "perceber" se nosso velho homem morreu. Gostamos de "sentir" se ele morreu. Se tentarmos perceber ou sentir, nosso velho homem, em nossa experiência, nunca morrerá. Ele não morre por nossa "percepção" ou "sentimento". Quanto mais "percebemos", mais notamos que ele não está morto, e quanto mais "sentimos", mais vemos que ele ainda está vivo. O velho homem não é crucificado por "perceber" ou "sentir"; ele experimenta crucificação por meio do "considerar".
O que é considerar? "Considerar" é um ato de fé; "considerar" é a aplicação da fé; "considerar" é o julgamento da vontade e a execução da vontade. "Considerar" é completamente contrário a "perceber" e "sentir". "Perceber" e "sentir" têm a ver com os sentimentos da pessoa, enquanto "considerar" tem a ver com fé e vontade. Portanto, a crucificação do nosso velho homem não é algo que devamos sentir. É errado dizer: "Eu não sinto que meu velho homem esteja morto". Se o velho homem morreu ou não, independe do seu sentimento; depende de você considerar isso ou não. Como "consideramos"? Considerar-se morto ao pecado é considerar-se já crucificado. É considerar que seu velho homem já foi crucificado, e que a cruz do Senhor Jesus é a cruz para seu velho homem; é considerar que a morte do Senhor Jesus é a morte do seu velho homem, e também que a época da morte do Senhor Jesus há mais de dois mil anos é a época em que o seu velho homem morreu. O velho homem já foi crucificado com Cristo. Isso é um fato, um fato consumado. Aos olhos de Deus, o velho homem está morto. Agora consideramos que o nosso velho homem está morto. Se considerarmos em nosso coração as coisas nas quais cremos, Deus as cumprirá. Além disso, deveríamos exercitar a vontade para considerar-nos mortos para o pecado. Se fizermos isso, não mais seremos escravos do pecado. Considerar é tanto um ato como uma atitude. O ato é questão de momento, enquanto a atitude é algo que alguém mantém todo o tempo. O ato é uma ação momentânea acerca de determinado assunto, enquanto a atitude é uma avaliação duradoura acerca de algo. Devemos considerar-nos mortos para o pecado. Isso significa que deveríamos dar um passo definido para considerar-nos mortos para o pecado. Após isso, deveríamos continuamente manter a atitude de estar morto para o pecado. O ato é o início e a atitude é a continuação. Deveríamos ter ao menos um momento diante de Deus onde, de modo definitivo, a partir daquele exato dia e hora, consideramos a nós mesmos mortos. Após essa consideração específica, deveríamos diariamente manter a atitude de consideração definitiva, atitude que declara a nós mesmos mortos para o pecado. O fracasso de muitas pessoas é este: embora se considerem mortas ao pecado e tenham recebido a palavra de morrer com o Senhor Jesus na cruz, acham que essa questão é uma vez por todas e, uma vez que fizeram essa consideração, não terão problemas a partir de então. Pensam que da mesma forma que alguém está morto quando seu corpo morre, assim é com a morte do velho homem de alguém. Elas não percebem que o mesmo não é verdade na esfera espiritual. . Precisamos considerar-nos mortos com Cristo cada dia e cada hora. Sempre que um crente pára de considerar, seu velho homem, na experiência, não estará morto. Essa é a razão de muitas pessoas acharem que seu velho homem parece ter ressuscitado. Se isso fosse algo que pudesse ser resolvido uma vez por todas, não precisaríamos mais estar vigilantes. Entretanto, sabemos que precisamos estar atentos. Vigilância é algo que necessitamos exercitar a todo o momento. De semelhante modo, considerar o velho homem morto é algo contínuo e ininterrupto. Se os filhos de Deus estiverem mais cônscios disso, evitarão muitos fracassos. Tomar essa atitude não é um exercício mental, mas uma avaliação permanente de nós mesmos na vontade. Deveríamos ser capazes de considerar-nos mortos quer consciente, quer inconscientemente. Os filhos de Deus sempre encontram dificuldades em fazê-lo. Por vezes, acham que "se esqueceram" de considerar-se. Eles têm feito uso do órgão errado. "Considerar o velho homem morto" é um exercício da vontade, e não uma luta na mente. Se você vence ou não, depende de ter ou não tomado a atitude de considerar-se morto. Isso não depende de ter ou não lembrado de considerar-se. Se você exercita a vontade pelo Espírito Santo em manter essa atitude de morte, descobrirá que consciente ou inconscientemente essa atitude estará com você. A atitude será sempre a mesma quer se lembre ou não. Naturalmente, a mente tem sua posição, mas não devemos deixar a mente influenciar a vontade. A vontade deve controlar a mente e levá-la a auxiliar a vontade em manter essa atitude.
Portanto, cada dia e hora, consciente ou inconscientemente, não importando o que façamos, devemos sempre firmar-nos no fundamento da cruz e considerar nosso velho homem morto. Aqui reside o segredo de vencer o pecado e o diabo. O pecado e o diabo estão relacionados entre si. Se o pecado não pode ser nosso rei, espontaneamente o diabo não terá terreno em nosso coração.
Se os crentes perceberem e receberem a verdade da cruz, não haverá tantos que retrocedem e fracassam. Uma vitória duradoura não pode ser separada de uma permanência duradoura no fundamento da cruz. Entretanto, isso não significa dizer que após termos "considerado o velho homem morto" na conduta e na atitude, o pecado dentro de nós será eliminado e anulado. Uma vez que ainda estejamos no corpo, o pecado ainda estará conosco. Dizer que o pecado pode ser anulado nesta vida não é o ensinamento da Bíblia. Podemos mortificar nosso velho homem crendo na cruz do Senhor Jesus no Gólgota e podemos fazer o corpo do pecado ficar sem poder, definhar e ficar paralisado como morto, mas nunca poderemos fazer o pecado ser anulado. Sempre que formos descuidados, desatentos e não firmados no terreno da morte do Gólgota, nosso velho homem estará ativo e exercerá sua autoridade e poder novamente. Satanás busca oportunidades o dia todo para ativá-lo. Onde quer que haja uma brecha, ele tentará recuperar a posição original. Sendo esse o caso, quanto precisamos estar vigilantes e alertas para que o velho homem nunca tenha um dia para ressuscitar novamente! Mas isso não é muito difícil? Certamente a carne considera isso difícil. Portanto, para que a cruz opere nos que crêem, eles devem ter o poder do Espírito Santo. A cruz e o Espírito Santo nunca podem ser separados. A cruz torna possível aos crentes vencer o pecado; o Espírito Santo torna real na vida dos crentes o que a cruz realizou. Um crente que quer ser libertado dos pecados não deve fazer provisões para a carne; ele deve ser vigilante e estar pronto para pagar qualquer preço. Ele deve ter menos esperança em si mesmo e mais confiança no Espírito Santo. Para o homem isso é impossível; para Deus, nada é impossível.
A morte da cruz é diferente de qualquer outro tipo de morte. Esse tipo de morte é o mais doloroso e demorado. Portanto, se verdadeiramente considerarmo-nos mortos e tomarmos a cruz do Senhor Jesus como nossa, ela será dolorosa e miserável no tocante à carne. O Senhor Jesus ficou suspenso na cruz por seis horas antes de morrer; Sua morte foi muito lenta. Na vida dos cristãos, as experiências de co-crucificação com Cristo pertencem muitas vezes a esse período de seis horas. Quando o Senhor Jesus estava na cruz, Ele tinha o poder de descer se assim desejasse. O mesmo é verdade para os que são crucificados com o Senhor Jesus. Sempre que alguém permitir que seu velho homem deixe a cruz, este a deixará. O velho homem está pendurado na cruz mediante a consideração da pessoa. Se alguém mantiver a atitude de que o velho homem está morto, este ficará tão sem forças quanto um morto. Mas uma vez que a pessoa relaxe, o velho homem será ativado. Muitos filhos de Deus freqüentemente querem saber por que seu velho homem fica ressuscitando. Eles se esquecem que a morte de crucificação é lenta.
Satanás está muito atento; ele aproveita toda oportunidade para ressuscitar o velho homem e fazer com que os crentes cometam pecados. Toda vez que estamos desapercebidos, sua tentação e engano vêm. Quando exteriormente a tentação e o engano vêm, o velho homem em nosso interior é rápido em reagir. Nessa hora, a pessoa deve voltar-se uma vez mais ao fundamento da cruz e uma vez mais considerar-se morta. Ela deve aguardar (por meio da sua consideração) que o Espírito Santo lhe aplique o poder da cruz, até que a tentação perca seu poder de atração. Todo crente deveria ter essa experiência extraordinária. Quando estiver a ponto de ser derrotado, ele deve ir novamente à cruz e considerar-se morto; por meio disso o crente provará um poder que entra nele, que o guarda e fortalece para resistir à tentação. Entretanto, não é verdade que algumas vezes consideramos seguidamente e ainda assim não vemos nenhum resultado, e pecamos? Essa é a experiência de muitos. Isso mostra que seu "considerar morto seu velho homem na cruz" tem algum problema. Se você tiver realmente considerado morto seu velho homem na cruz, certamente encontrará um extraordinário poder que entra em você. Lembremo-nos de que esse "considerar morto o velho homem" não é dizer com a boca: "Estou morto, estou morto"; tampouco é pensar na mente: "Estou morto, estou morto". E o julgamento da sua vontade ao se considerar morto e manter essa atitude de consideração com um coração que crê. Podemos dizer que essa é uma decisão na vontade, por meio da qual declaramos: "Estou morto na cruz com Cristo". Em outras palavras, primeiro você está desejoso de morrer, então considera a si mesmo (seu velho homem), morto na cruz. . Precisamos aprender a "considerar morto nosso velho homem" por meio da nossa vontade e da nossa fé.
Se realmente nos firmarmos em Romanos capítulo 6 versículo 11, sempre teremos a experiência de ser libertados do pecado. Quando um crente toma essa atitude pela primeira vez, Satanás tentará de propósito causar um tumulto e fará com que ele sinta que as coisas são difíceis demais para controlar. Nessa hora, ele deve calmamente confiar no Espírito Santo para que aplique nele o poder da cruz de Cristo. Não se debata, não fique ansioso, não pense que a tentação é grande demais e não superestime o inimigo por causa disso. Você deve considerar-se morto para o pecado. A cruz tem o poder de vencer o mundo. Nas vezes que infelizmente falharmos, deveremos levantar-nos ainda mais e crer mais no poder da cruz de Cristo. O Espírito Santo conduzi-lo-á para a vitória no Senhor Jesus. Irmãos, Romanos 6 versículo 14 diz: "O pecado não terá domínio sobre vós, pois (...) estais debaixo (...) da Graça".
2. "MORRER COM CRISTO PARA O EGO"
Após os crentes receberem o tratamento da cruz com relação ao pecado, o corpo do pecado será neutralizado e não será mais capaz de agir. Entretanto, devido à falta de atenção à vida do ego, esta ainda vive. Nesse estágio, a vida do ego é semelhante à vida de Adão antes da queda. Não era espiritual porque não fora transformada pelo fruto da árvore da vida, e não era carnal, pois não havia pecado. Ela pertencia a si mesma, e, sendo assim, podia pecar se o quisesse, e ser espiritual se o quisesse. A vida dos crentes nesse período é muito semelhante a isso. Não é espiritual porque seu espírito ainda não é livre e não alcançou um andar segundo a vida mais elevada de Deus. Não é carnal porque a pessoa recebeu a consumação da cruz e se considera morta para o pecado. Ela pertence ao ego, é anímica, natural e não transformada. Se não for cuidadosa, cairá e será contaminada pelo pecado da carne. Se prosseguir e proclamar a consumação da cruz, se tornará completamente espiritual. Contudo, se os crentes permanecerem na esfera do ego, cairão na maioria das vezes e muitas vezes se tornarão carnais. Nesse período, os crentes estão na condição mais vulnerável da vida cristã. O perigo, então, é fazer o bem por esforço próprio. Algumas vezes leva longo tempo para Deus mostrar aos crentes que eles ainda estão no ego e ainda tentam cumprir a vontade de Deus por esforço próprio.
O ego inclui muitas coisas. Vontade, emoções, amor e inteligência estão no seu domínio. O ego é a própria pessoa. A vida do ego é o poder pelo qual vivemos. O ego é também a alma; é um órgão. A vida do ego é a vida da alma, é o poder que motiva esse órgão. Quando um homem está no ego, a vida do ego comunicará poder, isto é, o próprio poder do ego, para diversas partes do homem: a vontade, as emoções, o amor, a inteligência, etc, e fará com que o homem pratique o bem e trabalhe. Sua vontade é suficientemente forte para resistir as tentações exteriores. Suas emoções alegram a pessoa e a levam a pensar que Deus está muito próximo dela. Seu amor ao Senhor é profundo e sincero. Sua inteligência leva-a a produzir muitos ensinamentos bíblicos maravilhosos e muitos métodos de realizar a obra de Deus. Mas, por fim, tudo é feito pelo ego e não pela vida espiritual de Deus. Nesse período, Deus muitas vezes concede Graça especial aos crentes para que recebam muitos dons maravilhosos. Ao perceber que todos esses dons provêm de Deus, espera-se que o homem se volte completamente de si mesmo para Deus. Entretanto, na experiência, o que um crente faz é totalmente o oposto do que Deus pretende. Não apenas não se volta inteiramente a Deus, como tira vantagem desses dons para proveito próprio. Como resultado, esses dons tornam-se uma ajuda para prolongar a vida do ego. Portanto, Deus tem de trabalhar muitos dias e anos até que essa pessoa desista de si mesma e se volte inteiramente para Deus.
Após um crente ser trazido por Deus a uma compreensão profunda da maldade do ego, ele estará disposto a levar o ego à morte. Mas qual é a maneira de o ego morrer? Não há outra maneira senão a cruz. . Devemos ler duas passagens da Bíblia para entender a relação entre a cruz e o ego. Gálatas 2 versículo 19 diz: "Estou crucificado com Cristo". Em Lucas 9 versículo 23, o Senhor diz: "Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo se negue, tome cada dia a sua cruz e siga-Me". O que Gálatas 2 versículo 19 fala é algo que foi cumprido uma vez por todas. Após perceber que nosso ego precisa ser levado à morte, deveríamos então, pela fé, reconhecer de modo definitivo que "estou crucificado com Cristo". A palavra no texto original é ego, o 'eu' da pessoa. Além da cruz, certamente não há outro caminho para levar o ego à morte. Devemos atentar também para as palavras "crucificado com Cristo". A crucificação do ego não é um ato independente dos crentes. Os crentes não devem cravar o ego na cruz por si mesmos, com a própria força. A crucificação do ego deve ser junto com Cristo e em conjunto com Cristo. Isso não quer dizer que ajudamos Cristo a colocar o ego na cruz. Pelo contrário, significa que Cristo já cumpriu esse fato, e agora eu apenas o reconheço e creio na sua realidade. Aqui o ponto principal é Cristo. Essa é a razão de se dizer: "Estou crucificado com Cristo", e não "Cristo está crucificado comigo". Não que queiramos levar o ego à morte e que Cristo vem meramente acompanhar-nos. Pelo contrário, foi Cristo que na morte carregou toda nossa "pessoa", nosso ego, nosso velho homem, para a cruz e pregou-o ali. Portanto, não crucifico o ego novamente, mas simplesmente reconheço o fato. A palavra "estou" nos mostra que é um fato e não um desejo.
Uma vida que morre para o ego é possível, real e atingível. Os apóstolos nos tempos antigos alcançaram esse tipo de vida; o ego deles passou no teste. Portanto, é-nos possível obtê-la também. Entretanto, devemos lembrar-nos que é "crucificado com Cristo" e não "crucificado sozinho". Separados do Senhor nada podemos fazer. Crucificar o ego com a força do ego é uma tarefa impossível e jamais pode ser feita. Se não estivermos unidos com o Senhor em Sua morte, nosso ego nunca morrerá.
Em Sua morte, Cristo sozinho levou à cruz toda a velha criação, junto com cada parte dela. Se tentarmos encontrar outra maneira fora da maneira do Senhor e tentarmos realizar qualquer coisa fora do que Ele cumpriu, não somente seremos tolos, mas também desperdiçaremos o tempo. Portanto, não devemos fazer nada a não ser achegar-nos ao Senhor em plena certeza de fé e reconhecer a Sua realização como sendo nossa; em seguida devemos orar para que o Espírito Santo aplique em nós a obra da cruz do Senhor e expresse essa mesma obra a partir de nós. Devemos achegar-nos diante de Deus para repreender o ego e oferecer tudo a Deus. Pelo Espírito do Senhor, deveríamos levar à morte tudo o que está incluído na vida do ego. Devemos dizer a Deus: "De agora em diante não mais eu, não mais minha aparência, opiniões, conceitos, gostos ou preconceitos. Porei tudo isso na cruz. Começando de hoje, viverei somente de acordo com a Tua vontade. Ó Senhor! És Tu, e não eu".
O fato de o ego estar morto não significa que de agora em diante não existe; significa que daqui para frente se submeterá a Deus e não permitirá que seus gostos e desgostos tomem conta, mas permitirá que a cruz crucifique e elimine todos os seus pensamentos e atividades egoístas. Fazer com que a vida do ego pare de dirigi-lo significa que o viver que se origina da vida do ego está morto e não há mais vida do ego e viver do ego, e somente a casca do ego permanece. O ego inclui a vontade, as emoções, a inteligência e etc. Isso não quer dizer que ao crer que nosso ego foi crucificado com Cristo, nossa vontade, emoções, intelecto e etc. serão anulados! Ninguém pode aniquilar as poucas faculdades que compõem seu ser apenas crendo que foi crucificado com o Senhor! Morrer com o Senhor simplesmente significa não mais permitir que o ego seja o dono, não agir mais segundo a própria vontade, emoções e pensamentos, e não mais permitir que a vida do ego tenha maneira própria; significa permitir que o Senhor Espírito governe tudo o que o ego engloba, de modo que a pessoa obedecerá a vida de Deus no seu interior.
Uma vez que o ego não está morto, ele não se submeterá ao Espírito Santo. Uma vez que o ego saia da cruz, imediatamente reassumirá sua velha postura. Os crentes não têm nem o poder nem a maneira de subjugar a si mesmos. Gálatas capítulo 2, versículos 19 e 20, esclarece muito esse ponto: "[Eu][o ego] estou crucificado com Cristo (...) e esse viver que agora tenho na carne". A Bíblia não fala claramente aqui? Na primeira sentença Paulo deixa muito claro que seu ego foi crucificado, contudo na segunda não diz ele que o ego ainda existe? Portanto, a crucificação do ego não implica a sua eliminação; pelo contrário, significa a interrupção das suas atividades e a permissão de que o Senhor seja o Mestre. Isso deve estar muito claro. O que foi dito acima foi alcançado uma vez por todas. É, porém, suficiente apenas crer uma vez que fomos crucificados com Cristo? Acaso isso irá resolver o problema uma vez por todas? Isso nos leva à segunda passagem da Bíblia em Lucas capítulo 9 versículo 23, o Senhor diz: "A si mesmo se negue, tome cada dia a sua cruz e siga-Me." Esse versículo ressalta que as três coisas que deveríamos fazer são, na verdade, apenas uma dividida em três passos. O primeiro passo é negar o ego. Negar significa rejeitar, descartar, ignorar e não reconhecer a interpelação de alguém. O significado de negar o ego é simplesmente não permitir que o ego seja o senhor. Esse passo é um ato definido; é crer especificamente que "estou crucificado com Cristo". Para preservar o trabalho desse passo, devemos levar a cabo o segundo passo, que consiste em "cada dia" tomar a cruz. Isso significa que, uma vez que entregamos o ego à cruz voluntariamente e o impedimos de ser o senhor, devemos, então, continuar a negá-lo diariamente.
Negar o ego deve ser "diariamente" e ininterruptamente. Essa questão não pode ser realizada uma vez por todas. O Senhor precisa conceder-nos uma cruz diária para carregar. O ego (nosso eu) é muito ativo e Satanás, que tira vantagem do ego, também é incansável. A todo o momento, o ego procura uma oportunidade de restaurar-se e jamais deixar escapar a menor chance que seja. Assim, é de suma importância que tomemos a cruz diariamente. É nisso que os crentes precisam ser vigilantes. Devemos "cada dia" e momento após momento tomar a cruz que o Senhor nos tem dado; e ainda continuamente reconhecer que a cruz do Senhor é nossa e não dar qualquer espaço para o ego (nosso eu) nem permitir que ele assuma qualquer posição.
O terceiro passo é seguir o Senhor; isto é positivamente honrá-Lo como Senhor e obedecer completamente a Sua vontade. Dessa maneira, o ego não terá chance nem possibilidade de se desenvolver. Esses três passos estão totalmente baseados e centralizados na cruz. O primeiro passo, de negar o ego, é do lado negativo. O segundo passo, de tomar a cruz, é negativamente positivo. O terceiro passo, de seguir o Senhor, é do lado positivo. O ensinamento nessas duas passagens não deve ser desvinculado um do outro. Se os tomarmos e os praticarmos juntos, teremos a experiência de vencer o tempo todo. Entretanto, devemos permitir que o Espírito Santo faça Sua própria obra em nós e permitir que a obra consumada da cruz seja trabalhada em nós. Nosso pensamento em geral é que estamos muito desejosos de dar a Cristo nossas coisas más, sujas, pecaminosas e satânicas e tê-las pregadas na cruz com Ele. Estamos muito dispostos a livrar-nos das coisas más do ego. Entretanto, nosso problema freqüente é que achamos que deveríamos manter as coisas boas do ego. Na visão de Deus, o ego está totalmente corrompido e é afetado profundamente pela queda de Adão. De acordo com Deus, Ele não pode curar a vida do ego nem melhorá-la. Não há outra maneira senão crucificá-la com Cristo. O mundo está disposto a deixar que tudo se vá e até mesmo se dispõe a sacrificar seu próprio dinheiro e tempo; contudo, encontra muita dificuldade em negar o ego e crucificá-lo.
Sempre consideramos que o ego não é de todo mau. Esse é o ponto de vista humano. É claro que o homem natural não tem a intenção de preservar somente sua bondade. Entretanto, inconscientemente e involuntariamente, ele preserva o lado bom do ego e leva à morte o lado mau. Pouco nos damos conta de que o ego ou está totalmente vivo ou totalmente morto. Se a parte boa do ego é mantida viva, não há garantia de que a sua parte má esteja morta. Portanto, os crentes têm uma lição séria a aprender aqui. Eles devem estar dispostos a crucificar com Cristo tanto a parte boa como a parte má do ego. O ego natural de muitas pessoas é honesto por nascimento. Alguns são muito pacientes, outros são amáveis. É muito difícil para elas levar todo o ego à morte. No subconsciente, elas mantêm sua honestidade, paciência e amor, e deixam que as outras coisas erradas sejam crucificadas com o Senhor. Esses crentes devem aprender de Deus a perceber que eles mesmos não são confiáveis. Somente então submeter-se-ão ao Senhor. Podemos aprender uma lição de Pedro nesse ponto. Antes de experimentar a morte e ressurreição de Cristo e o preencher do Espírito Santo, Pedro realmente pensava que seu amor pelo Senhor fosse correto. Entretanto, sua promessa de "morrer com o Senhor" foi cumprida? A falha de Pedro foi causada pela sua total confiança em si mesmo; ele confiou na sua própria bondade. Contudo não percebeu isso. Afinal, é difícil perceber o ego. Devemos confiar na avaliação que Deus faz de nós e colocar o nosso ego na cruz.
Se considerarmos a avaliação de Deus sobre o mundo, ficaremos mais seguros desse fato. Em Romanos capítulo 3 versículo 10, Deus disse: "Não há justo, nem um sequer". Para o mundo, realmente não há nenhum justo? Existem uns poucos justos de acordo com o ponto de vista do mundo! O motivo de Deus considerar nenhum justo é que toda justiça deles é produzida por eles mesmos. O ego é profundamente cultivado pela natureza de Adão. Tiago capítulo 3 versículo 11 diz: "Acaso pode a fonte jorrar do mesmo lugar o que é doce e o que é amargoso?" O homem pensa possuir o que o inundo aceita como justiça. Contudo, em Romanos capítulo 10 versículo 3 diz: "Desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus." Os que se acham justos não são justos; são também pecadores destinados à perdição. Somente os que receberam toda a Pessoa do Senhor Jesus são justos.
Podemos examinar outro trecho da Palavra de Deus que nos diz como a bondade da vida do ego deve ser levada à morte antes que alguém possa produzir bons frutos. Essa passagem, entretanto, lida mais com a vida do ego do que propriamente com o ego. Em João capítulo 12 versículo 24, o Senhor disse: "Se o grão de trigo, não cair na terra, e morrer, fica ele só; mas se morrer, produz muito fruto". Aqui o Senhor Jesus fala aos que Nele crêem. Essa é a razão de essa palavra ser um chamamento. No versículo 26, o Senhor diz: "Se alguém Me serve, siga-Me." Após dizer essas palavras, o Senhor Jesus não nos deixou em trevas, mas continuou explicando: "Quem ama a sua vida da alma perdê-la-á; e quem odeia a sua vida da alma neste mundo, guardá-la-á para a vida eterna." O ensinamento aqui é que a vida do ego deve ser levada à morte. A vida é muito preciosa. Pode-se sofrer a perda de tudo, menos da vida. Contudo, aqui está um chamamento para perder nossa vida. Nossa vida do ego foi-nos concedida pelo nascimento; é legítima e é boa. Contudo, aqui o Senhor requer que a levemos à morte. Que é essa vida? É uma vida natural, uma vida que temos em comum com todos os animais, uma vida com mobilidade. Nosso intelecto, amor e emoções são todos dominados por essa vida. Cada habilidade do corpo é controlada por ela. Cada parte do nosso ser é controlada por ela. Apesar de não ser errado exercitar o intelecto, amor e emoções, essa vida dominante, essa vida que provém do nascimento natural, não é espiritual. A menos que a vida espiritual se torne a expressão e a força motriz de todas as habilidades dos crentes, um crente "perderá" sua vida, isto é, ele nunca produzirá fruto. Essa vida do ego é bela e atrativa. Nosso Senhor utiliza o trigo como ilustração. A casca de um grão de trigo é muito atrativa. Sua cor é dourada. Embora seja belo, ele é inútil se permanecer meramente como grão. Ele deve ser separado (ou ir junto) de seus companheiros e cair na terra, um lugar escuro, oculto e de sofrimento, e morrer ali. Quando morre, ele perde a beleza e tudo o que tem. Não será mais um objeto de admiração do homem como antes. Se verdadeiramente estivermos dispostos a morrer, e se realmente morrermos, perderemos os muitos elogios do homem. Nossa beleza natural será destruída. Quando o ego morre, temos de aguardar direção e liderança do Senhor, e não ousamos depender mais da própria inteligência.
Antes podíamos ter tido amor e ter amado a muitos, podíamos motivar-nos a amar o Senhor. Quando o ego morre, teremos de deixar o amor do Senhor amar por meio de nós e permitir ao Espírito Santo permear nosso coração com o amor do Senhor. Não ousaremos ser motivados pelo amor natural.
Antes podíamos ter tido emoções e podíamos estar jubilosos, irados, tristes e alegres à vontade; podíamos ter comunhão com o Senhor por intermédio dos sentimentos e podíamos sentir Sua alegria. Com a morte do ego, teremos de deixar o Senhor controlar nossas emoções. Ficaremos tristes quando o Senhor estiver triste. Ficaremos alegres quando o Senhor estiver alegre. Teremos de deixar o Senhor ter liberdade em nós. Mesmo que por vezes percamos o sentimento do Senhor, ainda teremos de permanecer fiéis e não mudaremos de atitude. Não ousaremos mudar por causa das emoções. O que antes nos parecia proveitoso será considerado como perda por causa de Cristo. Ao morrer com o Senhor para o pecado, abandonamos as coisas ilícitas. Ao ser crucificados com o Senhor para o ego, abandonamos as coisas lícitas. Esse, sem dúvida, é um passo difícil de dar. Estreita é a porta e apertado o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que a encontram. Que tipo de morte é essa? É a morte da cruz. O Senhor mesmo disse isso. Em João capítulo 12 versículo 33 diz: "Isto o Senhor dizia, dando a entender o modo por que havia de morrer". Portanto, não temos qualquer escolha a não ser morrer para nossa vida do ego. Devemos morrer alegremente com o Senhor e participar da comunhão da Sua cruz. Cada dia, deveríamos manter uma atitude de odiar a vida do ego para preservá-la para a vida eterna, isto é, dar fruto para a vida eterna e produzir muitos grãos. Isso não é algo da noite para o dia. Se fosse assim, teria sido fácil. Mas a palavra do nosso Senhor é: "Quem odeia a sua vida da alma neste mundo". Devemos odiar nossa vida do ego uma vez que vivemos no mundo. Se praticarmos isso incessantemente, nosso ego será despojado do seu poder.
O Senhor disse que devemos "odiar" essa vida do ego. Odiar é uma espécie de atitude; é uma atitude duradoura. Portanto, devemos voluntariamente levar essa vida do ego à morte; devemos ter plena compreensão da pobreza dessa vida do ego e odiá-la.
Qual o resultado da morte dessa vida do ego? O resultado são os muitos grãos. O motivo, o real motivo de o Senhor não poder usar-nos é que trabalhamos pelo nosso intelecto, amor e etc. Essa vida da alma é de nível inferior; não é de nível elevado. Sendo assim, dificilmente poderá dar fruto. Embora tenha alguns méritos, somente "o que é nascido do Espírito é espírito". A vida do ego, e tudo o mais que a acompanha, é completamente inútil. Se realmente colocarmos a nós mesmos, nossa vida do ego, isto é, tudo o que podemos fazer e tudo o que somos, completamente na cruz do Senhor, veremos como o Senhor nos usará. Se estivermos vazios interiormente, não haverá qualquer barreira para a água viva de Deus jorrar de nós.
Portanto, irmãos, assim como nosso ego nos havia preenchido, assim também agora Cristo nos deve preencher. Caso contrário ainda não teremos recebido a salvação plena. A chave para receber a salvação e a chave para ser salvos é ser libertados do nosso ego. É fácil um crente que vive no ego cair em pecado. Essa é a razão pela qual para morrer completamente para o pecado, deve-se morrer completamente para o ego.
Cristo não é apenas o Salvador que nos livra do pecado; é também o Salvador que nos salva do nosso ego. Morrer para o ego é a única vereda para o viver espiritual. Contudo, além de Deus, ninguém pode levar nossa vida do ego à morte. Entretanto, se não estivermos dispostos, Deus nada pode fazer.
A atividade do ego algumas vezes está completamente oculta sob um véu espiritual. Um crente pode não reconhecê-la de imediato por si mesmo. Essa é a razão de Deus ter de remover o véu por meio de todos os tipos de circunstâncias exteriores para que o crente venha a conhecer a si mesmo. A coisa mais difícil é uma pessoa conhecer a si mesma. Não nos conhecemos. E por isso que temos de passar pela mão disciplinadora de Deus antes de perceber a maldade do nosso ego. Se na experiência não morremos para o nosso ego, não obtivemos nenhum progresso real na vida espiritual. Se você e eu estivermos dispostos a deixar o Espírito Santo do Senhor aplicar a morte do ego a nós e operá-la em nós hoje, veremos grande progresso em nossa vida.
Ó irmãos! Que possamos declarar juntos em unanimidade o que está escrito em Mateus capítulo 26 versículo 39: "Ó Pai, não seja como eu quero, e, sim, como Tu queres!" O artigo acima lida com questões relativas à vida espiritual. Que o leitor não considere isso como uma espécie de teoria. Deve-se comparar a experiência espiritual com as palavras ditas aqui. Fazendo isso, entender-se-á essas palavras. Todos somos bebês em Cristo. Que o Senhor nos dirija passo a passo. Se não temos a experiência da morte do nosso ego, é melhor dizer que não a temos. Contudo, nunca devemos tomar a vida do ego como se fosse a vida espiritual. Que Deus nos abençoe!
CAPÍTULO 2
O TEMPO DA CRUZ —
A ETERNIDADE DA CRUZ.
Toda vez que consideramos a cruz, ela causa admiração em nós! Toda vez que nos lembramos da redenção do Senhor Jesus, nosso coração é preenchido tanto por tristeza como por júbilo. Para nós, a cruz do Senhor não é somente uma cruz de madeira, mas um símbolo da Sua obra redentora completa e da plena salvação realizada por essa obra redentora.
De início, quando recebi o Senhor Jesus, freqüentemente procurava descobrir como os homens no Antigo Testamento, que vieram antes da época da crucificação do Senhor, poderiam ser salvos. Naqueles dias eu era um bebê no Senhor e estava intrigado com essa questão. Nos últimos anos, não tenho visto muito do vigoroso poder da cruz manifestado nos cristãos. Parece-lhes que a morte do Senhor é algo que ocorreu há muito tempo, há mais de dezenove séculos. Para eles, a cruz não parece ter qualquer poder.
Agradeço ao Pai celestial por recentemente ter-me mostrado a eternidade da cruz. . Devido o conceitos acima mencionado, acho necessário que os santos de Deus estejam familiarizados com o ensinamento da "eternidade da cruz". Se percebermos que a cruz ainda é extremamente alentadora, quanto seremos tocados por ela!
A MORTE DO SENHOR RELACIONADA COM A ANTIGA E A NOVA ALIANÇA
Estes três versículos falam sobre dois tipos de relacionamento que a morte do Senhor tem com a antiga e a nova aliança. Hebreus capítulo 9 versículo 15 mostra como Ele é o Mediador. Os versículos 16 e 17 mostram como Ele se tornou o que fez o testamento. Vimos que todos os homens na primeira aliança eram pecadores. Embora oferecessem a Deus animais como propiciação por seus pecados, estes foram apenas cobertos; não foram removidos. Naquela época, Deus perdoou seus pecados porque pelo sangue de muitos sacrifícios Ele viu, à distância, o sangue de Seu Filho e a sua eficácia. Entretanto, a menos que o Senhor Jesus morresse, Deus ainda não poderia terminar com o problema do pecado na primeira aliança (que é a antiga aliança). O pecado precisa ser removido. Quando Cristo morreu, o pecado sob a primeira aliança foi removido. Podemos ver de outro ângulo a relação que a morte do Senhor tem com a primeira aliança. Toda aliança tem as suas condições. A antiga aliança também tinha suas exigências. Quando o homem ficava aquém desses requisitos, ele pecava. A punição pelo pecado é a morte. É por isso que o Senhor Jesus teve de morrer a favor dos que estavam na primeira aliança e redimi-los de seus pecados. O Senhor Jesus cumpriu todos os requisitos da primeira aliança (que é antiga aliança), então, terminou a antiga aliança e iniciou a nova aliança.
Por meio de Sua morte, o Senhor Jesus redimiu o homem dos pecados cometidos na primeira aliança e tornou-se o Mediador da nova aliança. Ele ser o Mediador da nova aliança está baseado na Sua redenção dos pecados dos que estavam na primeira aliança. Originalmente, o homem deveria receber a promessa da herança eterna. Entretanto, devido ao
A seguir devemos considerá-Lo como o que fez o testamento. A palavra "testamento" é "aliança" na língua original. Na explanação acima, vimos a lei da aliança. Todos os que transgrediam a lei morriam. Cristo morreu para redimir-nos do pecado. Posto isso, consideremos o testamento da aliança. Um testamento significa um arranjo feito por um testador para a passagem de suas posses, quando da sua morte, para seu herdeiro. O Senhor Jesus é o Testador, o que fez o testamento. Todas as bênçãos desta era e da próxima pertencem a Ele. Assim como Ele desejava carregar os pecados dos que estavam na primeira aliança, da mesma forma Ele deseja conceder tudo o que é prometido nessa aliança (testamento). Para que pudesse redimir o homem de seus pecados, Ele teve de morrer. Para que o homem pudesse herdar o testamento, Ele também teve de morrer. Se um homem estiver vivo, o testamento que ele fizer não estará em vigor. Ele deve morrer antes que o herdeiro possa receber a herança. Aqui vemos o profundo relacionamento entre a morte de Cristo e a antiga e a nova aliança. Resumindo, sem a morte do Senhor Jesus não haveria a antiga e a nova aliança. Sem a Sua morte, o Antigo Testamento não poderia ser completo, pois o requisito da Sua lei não teria sido satisfeito. Sem a Sua morte não poderia haver o Novo Testamento, porque não haveria maneira de a bênção do Seu testamento ser concedida aos chamados. Mas o Senhor Jesus morreu, e terminou a primeira aliança e decretou a segunda. De fato, o Novo Testamento foi decretado por Seu sangue.
COMO OS HOMENS ERAM SALVOS NO ANTIGO TESTAMENTO?
Os que ofereciam os sacrifícios no Antigo Testamento, consciente ou inconscientemente, criam em um Salvador crucificado que havia de vir. Todos os seus sacrifícios eram para fazê-los voltar ao Salvador que viria. Embora o Senhor Jesus ainda não tivesse nascido naquela época, a fé não contemplava o que podia ser visto. Pelo contrário, ela contemplava o que não podia ser visto. A fé viu ao longe um Salvador vicário e creu Nele. Quando chegou o tempo, o Filho de Deus veio e morreu pelos homens. Então, o que havia sido apenas questão de fé, tornou-se fato.
COMO OS HOMENS SÃO SALVOS NO NOVO TESTAMENTO?
Primeiramente, precisamos perceber que o tempo não pode restringir Deus. Para nós, mortais, umas poucas décadas são um longo tempo, mas o nosso Deus é eterno. Para Deus, até mesmo mil anos não significam muito. Embora o tempo possa restringir-nos, o tempo não pode restringir Deus. Sendo assim, muito embora tenhamos crido em Cristo que morreu por nós uma única vez, há muitos anos, somos salvos.
A Bíblia diz em Hebreus 7 versículo 27 que o Senhor Jesus Cristo ofereceu-se a Si mesmo uma vez por todas e cumpriu a obra da redenção. Ele é Deus, por isso pode transcender o tempo para redimir os que viveram milhares de anos antes Dele, bem como os que vivem milhares de anos depois Dele. E Ele não somente pode redimir estes; se, infelizmente, o mundo continuar por outros milhares de anos, a Sua redenção ainda será eficaz. Uma vez que Ele terminou a Sua obra, ela foi cumprida eternamente. Se um pecador desejar ser salvo agora, o Senhor Jesus não precisa morrer por ele novamente. O pecador só precisa aceitar o valor da oferta única do Senhor Jesus e será salvo. A nossa fé também não é restringida pelo tempo; a fé pode conduzir alguém para a realidade da eternidade. Assim como os homens no Antigo Testamento contemplaram um Salvador vindouro e foram salvos, da mesma forma contemplamos um Salvador no passado e somos salvos. O fato de a questão ter sido no passado não significa que tenha terminado. Pelo contrário, significa que está feito. Os homens no Antigo Testamento olhavam para frente; nós, no tempo presente, olhamos para trás. A fé levou os do Antigo Testamento a aceitar um Salvador que viria. Não irá a nossa fé levar-nos a aceitar um Salvador que já veio?
Ao ler Hebreus capítulo 9 versículos 12 ao 15, seria muito significativo se ligássemos os três "eternos" desses versículos. O que o Senhor cumpriu foi uma redenção eterna. Portanto, quando alguém crê Nele, recebe essa redenção. É necessário percebermos que a importância da cruz não foi determinada pelo homem, e, sim, por Deus. Deus avalia a redenção da cruz como sendo eterna. Por conseguinte, nós, pecadores que não temos justiça própria, deveríamos reconhecer a palavra de Deus como verdadeira, agir de acordo com ela, crer na cruz do Seu Filho e ser salvos.
O TEMPO DA CRUZ
Apocalipse 13 versículo 8 diz: "Do Cordeiro que foi morto, desde a fundação do mundo". O nosso Senhor Jesus Cristo é o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo, até agora e eternamente. Para Ele, a cruz não é meramente um evento de determinado tempo, em determinada data, de determinado mês, de determinado ano. Pelo contrário, é algo que tem existido desde a fundação do mundo até agora. Ao criar o homem, Ele já sabia de antemão o preço da redenção vindoura. Ele criou o homem com Seu poder. Da mesma maneira redimiu o homem com Seu sangue. É como se fosse crucificado desde o início quando criou o homem. Por milhares de anos Ele suportou o prolongado sofrimento da cruz. A morte única no Calvário simplesmente expressou a aflição que o Espírito de Deus havia suportado por longo tempo. Que Graça! Que maravilha! Não temos palavras para expressar o significado desse versículo. Antes de o Senhor Jesus deixar o céu e enquanto ainda estava na Glória, Ele já conhecia o sofrimento da cruz. Ele o conhecia durante os milhares de anos antes de vir. Ele conhecia isso na época da criação. Desde a eternidade passada, a cruz tem estado no coração de Deus. Ao considerar como, na eternidade passada, Deus sabia que iria criar o homem e este iria cair, nós percebemos como o Seu coração, humanamente falando, deve ter-se afligido com isso. Por amar tanto os homens, Ele determinou antes da fundação do mundo que Cristo morreria em nosso favor. Em 1ª Pedro capítulo 1 versículo 20 diz: "Conhecido, na verdade, antes da fundação do mundo, mas manifestado no fim dos tempos por amor de vós." Embora Cristo tenha aparecido uma única vez, nos últimos tempos, pelos nossos pecados, por causa do Seu amor pelo mundo Ele vem sofrendo aflição e dor desde a fundação do mundo, como se já houvesse sido crucificado milhares de vezes! Que lástima que muitos, ainda agora, O aflijam, como que crucificando-O novamente. Quando ficamos cientes de Seu tão grande amor, nada podemos fazer senão ficar maravilhados e admirados diante Dele! Esse é o coração de Deus! Se percebermos isso, não amaremos a Deus muito mais? Portanto, humanamente falando, os do Antigo Testamento criam em uma cruz vindoura, enquanto os do Novo Testamento crêem em uma cruz do passado. Na verdade, não existe distinção de tempo e período. A cruz do Antigo Testamento é algo presente e a cruz do Novo Testamento também é algo presente. Que o Senhor abra nossos olhos espirituais a fim de vermos o que é a Sua cruz independente do tempo.
"O ETERNO FRESCOR DA CRUZ".
Hebreus capítulo 10 versículos 19 e 20 diz: "Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que Ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela Sua carne". Para compreender esses dois versículos, precisamos entender as coisas mencionadas no Antigo Testamento. Nos tempos antigos, o tabernáculo era dividido em duas seções. A primeira era chamada de Lugar Santo e a segunda, de Santo dos Santos. As duas seções eram separadas por um véu. Os que entravam no Santo dos Santos tinham de passar pelo véu. A Glória de Deus era manifestada dentro do Santo dos Santos. Nenhuma pessoa comum podia entrar ali. Somente o sumo sacerdote podia entrar nele uma vez ao ano. Antes de fazê-lo, ele devia primeiramente oferecer sacrifícios e fazer propiciação por si mesmo e pelo povo, e a seguir entrar com o sangue de touros e bodes. Ora, quanto a nós, entramos no Santo dos Santos por meio do sangue do Senhor Jesus. Isso representa a cruz. . Antigamente o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos somente uma vez ao ano. Agora, pela cruz do Senhor Jesus, podemos entrar no Santo dos Santos a qualquer momento.
Qual é o significado de entrar no Santo dos Santos? Significa que podemos achegar-nos a Deus a fim de confessar os pecados, ter comunhão com Ele e estar na Sua presença.
Os que entravam no Santo dos Santos tinham de passar pelo véu, que representa o corpo do Senhor Jesus. Quando Ele foi crucificado, o véu do templo foi rasgado ao meio de alto a baixo. Se não tivesse sido rasgado, os homens não poderiam ter passado por ele. Se o Senhor Jesus não tivesse morrido, os homens não poderiam passar por ele e não poderiam entrar no Santo dos Santos. No tempo presente, achegamo-nos a Deus por intermédio da morte do Senhor Jesus. Isso também representa a cruz. . Nossa Bíblia nos diz que esse caminho pelo véu tornou-se acessível a nós por causa do Senhor Jesus. De fato, o Senhor Jesus voluntariamente entregou a vida para redimir-nos.
Necessitamos atentar ao fato de que esse caminho é "novo e vivo". A palavra "novo" na língua original refere-se a algo recém-oferecido ou recém-sacrificado. Aqui vemos o eterno frescor da cruz! O sumo sacerdote não podia confiar nas ofertas e sacrifícios dos anos anteriores. Ele devia ter ofertas frescas e sacrifícios frescos. Ele somente tinha ousadia e era capaz de entrar no Santo dos Santos por meio do sangue desses animais. E quanto a nós, agora? Nós nos achegamos a Deus pelo sangue do Senhor e pelo Seu corpo. Toda vez que vimos à presença de Deus, não precisamos oferecer sacrifícios novamente. O nosso Sacrifício é eternamente fresco! A cruz do Senhor Jesus não envelhece com os anos. O seu frescor é o mesmo hoje e eternamente assim como o foi no momento da crucificação. Toda vez que nos achegamos a Deus, podemos perceber o frescor da cruz do Senhor. Nos tempos antigos, se o sumo sacerdote não tivesse sangue fresco de sacrifícios recém-ofertados, ele morreria diante do Senhor. O sacrifício dos anos anteriores não poderia redimi-lo dos pecados no presente ano. Se Deus não considerasse o sacrifício redentor do Senhor Jesus como eternamente fresco, teríamos perecido há muito tempo. Graças ao Senhor que a cruz é eternamente fresca perante Ele. O Senhor considera a crucificação como algo recém-cumprido.
Esse caminho também é "vivo". Essa palavra pode também ser traduzida para "eternamente vivo". Esse é um caminho "recém-oferecido". É também um caminho "eternamente vivo". Cristo morreu e ressuscitou; Ele cumpriu a salvação por nós e nos conduziu a Deus. Devemos saber que Ele ressuscitou e a Sua ressurreição permanece até hoje. Também devemos saber que Ele morreu e a Sua morte substitutiva continua até hoje. Os maiores acontecimentos na vida terrena de Cristo foram a Sua morte e ressurreição. Ambas não são eventos passados, obsoletos; ainda são frescas hoje. Visto que temos tal Salvador redentor novo, deveríamos recebê-Lo e vir a Deus por meio Dele a fim de receber perdão e bênção.
Apocalipse capítulo 5, versículo 6, registra como João viu o Senhor Jesus Cristo no céu. Ele disse: "Então vi, no meio do Trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto." Esse é um quadro do futuro. Quando João viu o Senhor Jesus no céu, haviam decorrido muitos anos desde o Calvário. Contudo, o Senhor Jesus era como Aquele que acabara de ser morto. As palavras "tendo sido morto" podem também ser traduzidas por "tendo sido recentemente morto". No céu, no momento de introduzir a eternidade, o Senhor Jesus ainda será o que foi morto recentemente! Óh, este é o eterno frescor da cruz de Cristo! Verdadeiramente a cruz de Cristo atravessa todas as eras e continua cheia de frescor! Se a cruz de Cristo será cheia de frescor no céu naquele Dia, como podemos considerá-la velha hoje? Futuramente, quando a glória celestial irromper, a glória da cruz de Cristo provará ser imarcescível! Quando os redimidos de Deus ascenderem ao céu, encontrarão a redenção da cruz de Cristo tão fresca quanto antes!
Há um ponto que merece nossa atenção. No Antigo Testamento Cristo é chamado de Cordeiro duas vezes. Isaías capítulo 53 versículo 7 diz: "Ele foi oprimido, contudo humilhou-Se a Si mesmo, e não abriu a boca. Como o cordeiro que é levado ao matadouro, e como a ovelha que é muda diante dos que a tosquiam; assim não abriu Ele a boca." Jeremias capítulo 11 versículo 19 diz: "Mas eu era como um manso cordeiro que é levado ao matadouro; eu não soube que haviam formado contra mim desígnios, dizendo: Destruamos a árvore juntamente com o seu fruto, e exterminemo-lo da terra dos viventes, para que não seja lembrado mais o Seu nome." Nos Evangelhos e Atos, Cristo é mencionado como o Cordeiro três vezes. João capítulo 1, versículos 29 e 36, diz: "No dia seguinte viu João a Jesus que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! E, olhando para Jesus que passava, disse: Eis ali o Cordeiro de Deus!" Em Atos capítulo 8 versículo 32 diz: "A passagem da Escritura que estava lendo, era esta: Como ovelha foi levado ao matadouro; e como um cordeiro mudo diante do que o tosquia, assim Ele não abriu a Sua boca." Na Epístola de 1ª Pedro capítulo 1 versículo 19, Cristo é mencionado como o Cordeiro: "Mas pelo sangue precioso de Cristo, como de um Cordeiro sem defeito e imaculado." Entretanto, em Apocalipse Cristo é citado como o Cordeiro vinte e oito vezes! A glória da cruz do Senhor excederá em fulgor por todas as eras! Deus propositadamente chamou a Seu Filho de Cordeiro nesse livro da eternidade. O Cordeiro aqui é visto como tendo sido recentemente morto. A ferida ainda está ali! A eterna ferida garante a eterna salvação. A crucificação do Cordeiro torna-se o nosso memorial eterno. Deus jamais pode esquecer-se disso. Os anjos nunca podem esquecer-se disso e os ascendidos e salvos nunca podem esquecer-se da redenção da cruz de Cristo. Quem receberá essa salvação eterna? A cruz de Cristo é o único lugar inabalável. Todos os que pecaram deveriam vir.
Necessitamos atentar ao fato de que esse caminho é "novo e vivo". A palavra "novo" na língua original refere-se a algo recém-oferecido ou recém-sacrificado. Aqui vemos o eterno frescor da cruz! O sumo sacerdote não podia confiar nas ofertas e sacrifícios dos anos anteriores. Ele devia ter ofertas frescas e sacrifícios frescos. Ele somente tinha ousadia e era capaz de entrar no Santo dos Santos por meio do sangue desses animais. E quanto a nós, agora? Nós nos achegamos a Deus pelo sangue do Senhor e pelo Seu corpo. Toda vez que vimos à presença de Deus, não precisamos oferecer sacrifícios novamente. O nosso Sacrifício é eternamente fresco! A cruz do Senhor Jesus não envelhece com os anos. O seu frescor é o mesmo hoje e eternamente assim como o foi no momento da crucificação. Toda vez que nos achegamos a Deus, podemos perceber o frescor da cruz do Senhor. Nos tempos antigos, se o sumo sacerdote não tivesse sangue fresco de sacrifícios recém-ofertados, ele morreria diante do Senhor. O sacrifício dos anos anteriores não poderia redimi-lo dos pecados no presente ano. Se Deus não considerasse o sacrifício redentor do Senhor Jesus como eternamente fresco, teríamos perecido há muito tempo. Graças ao Senhor que a cruz é eternamente fresca perante Ele. O Senhor considera a crucificação como algo recém-cumprido.
Esse caminho também é "vivo". Essa palavra pode também ser traduzida para "eternamente vivo". Esse é um caminho "recém-oferecido". É também um caminho "eternamente vivo". Cristo morreu e ressuscitou; Ele cumpriu a salvação por nós e nos conduziu a Deus. Devemos saber que Ele ressuscitou e a Sua ressurreição permanece até hoje. Também devemos saber que Ele morreu e a Sua morte substitutiva continua até hoje. Os maiores acontecimentos na vida terrena de Cristo foram a Sua morte e ressurreição. Ambas não são eventos passados, obsoletos; ainda são frescas hoje. Visto que temos tal Salvador redentor novo, deveríamos recebê-Lo e vir a Deus por meio Dele a fim de receber perdão e bênção.
Apocalipse capítulo 5, versículo 6, registra como João viu o Senhor Jesus Cristo no céu. Ele disse: "Então vi, no meio do Trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto." Esse é um quadro do futuro. Quando João viu o Senhor Jesus no céu, haviam decorrido muitos anos desde o Calvário. Contudo, o Senhor Jesus era como Aquele que acabara de ser morto. As palavras "tendo sido morto" podem também ser traduzidas por "tendo sido recentemente morto". No céu, no momento de introduzir a eternidade, o Senhor Jesus ainda será o que foi morto recentemente! Óh, este é o eterno frescor da cruz de Cristo! Verdadeiramente a cruz de Cristo atravessa todas as eras e continua cheia de frescor! Se a cruz de Cristo será cheia de frescor no céu naquele Dia, como podemos considerá-la velha hoje? Futuramente, quando a glória celestial irromper, a glória da cruz de Cristo provará ser imarcescível! Quando os redimidos de Deus ascenderem ao céu, encontrarão a redenção da cruz de Cristo tão fresca quanto antes!
Há um ponto que merece nossa atenção. No Antigo Testamento Cristo é chamado de Cordeiro duas vezes. Isaías capítulo 53 versículo 7 diz: "Ele foi oprimido, contudo humilhou-Se a Si mesmo, e não abriu a boca. Como o cordeiro que é levado ao matadouro, e como a ovelha que é muda diante dos que a tosquiam; assim não abriu Ele a boca." Jeremias capítulo 11 versículo 19 diz: "Mas eu era como um manso cordeiro que é levado ao matadouro; eu não soube que haviam formado contra mim desígnios, dizendo: Destruamos a árvore juntamente com o seu fruto, e exterminemo-lo da terra dos viventes, para que não seja lembrado mais o Seu nome." Nos Evangelhos e Atos, Cristo é mencionado como o Cordeiro três vezes. João capítulo 1, versículos 29 e 36, diz: "No dia seguinte viu João a Jesus que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! E, olhando para Jesus que passava, disse: Eis ali o Cordeiro de Deus!" Em Atos capítulo 8 versículo 32 diz: "A passagem da Escritura que estava lendo, era esta: Como ovelha foi levado ao matadouro; e como um cordeiro mudo diante do que o tosquia, assim Ele não abriu a Sua boca." Na Epístola de 1ª Pedro capítulo 1 versículo 19, Cristo é mencionado como o Cordeiro: "Mas pelo sangue precioso de Cristo, como de um Cordeiro sem defeito e imaculado." Entretanto, em Apocalipse Cristo é citado como o Cordeiro vinte e oito vezes! A glória da cruz do Senhor excederá em fulgor por todas as eras! Deus propositadamente chamou a Seu Filho de Cordeiro nesse livro da eternidade. O Cordeiro aqui é visto como tendo sido recentemente morto. A ferida ainda está ali! A eterna ferida garante a eterna salvação. A crucificação do Cordeiro torna-se o nosso memorial eterno. Deus jamais pode esquecer-se disso. Os anjos nunca podem esquecer-se disso e os ascendidos e salvos nunca podem esquecer-se da redenção da cruz de Cristo. Quem receberá essa salvação eterna? A cruz de Cristo é o único lugar inabalável. Todos os que pecaram deveriam vir.
O MEMORIAL DA CRUZ
O Senhor pretende que a Sua cruz seja eternamente fresca em nosso espírito e em nossa mente. Essa é a razão de Ele nos dizer em 1ª Coríntios 11 versículo 25: "Fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de Mim." As palavras "todas as vezes" significam "sempre". O motivo de o Senhor estabelecer a Sua ceia é que os Seus santos lembrem-se sempre Dele em Sua morte. Ele anteviu que muitos considerariam Sua cruz obsoleta. Por isso Ele encarregou Seus discípulos de sempre lembrar Sua morte na ceia do Senhor. Ele sabia que os afazeres seculares, distrações e tentações viriam e secretamente roubariam de nós o frescor da cruz. E é por isso que Ele encarregou-nos de tomar a ceia com freqüência e de nos lembrar Dele. Como era fresca a cruz para nós assim que cremos! Mas, após muitos dias, a cruz parece ter-se tornado nebulosa. Quando pela primeira vez percebemos a vitória da cruz, quão fresca ela era para nós! Todavia, pela freqüente menção da Sua glória, a cruz parece ter-se tornado comum. Entretanto, Deus não nos quer ver perder o frescor da cruz. Ele deseja que nos lembremos dela freqüentemente e que sempre tenhamos a morte do Senhor Jesus diante de nós.
É lamentável que tenhamos perdido a inspiração da cruz do Senhor. A crucificação do Senhor deveria estar exposta ante nossos olhos todo o tempo. Gálatas capítulo 3 versículo 1 diz: "Ó insensatos gálatas! quem vos fascinou a vós, ante cujos olhos foi representado Jesus Cristo como crucificado?" Nunca devemos considerar a cruz do Senhor como simples monumento histórico.
O livro de Gálatas é uma epístola a respeito da cruz. Quando ela foi exposta diante dos gálatas, quão livres eles ficaram! Ao tentar receber o Espírito Santo guardando a lei ou ser aperfeiçoados pela obra da carne, eles perderam o frescor da cruz. Pode-se dizer qual a condição espiritual de um cristão simplesmente pela sua atitude em relação à cruz. Se ele a considera algo velho, isso mostra que ele está afastado da fonte do seu poder.
Quais os benefícios de se conhecer o frescor da cruz? São inumeráveis. Sabemos que qualquer coisa nova facilmente impressiona os homens. Se alguma coisa ocorreu há muito tempo, ela não tem o poder de comovê-los. Se tivermos a cruz do Senhor exposta diante de nós, todos os dias, quanto seremos motivados por ela!
O livro de Gálatas é uma epístola a respeito da cruz. Quando ela foi exposta diante dos gálatas, quão livres eles ficaram! Ao tentar receber o Espírito Santo guardando a lei ou ser aperfeiçoados pela obra da carne, eles perderam o frescor da cruz. Pode-se dizer qual a condição espiritual de um cristão simplesmente pela sua atitude em relação à cruz. Se ele a considera algo velho, isso mostra que ele está afastado da fonte do seu poder.
A CRUZ E A ESPIRITUALIDADE
José nos tempos antigos somente desejava ser um discípulo de Cristo secretamente. Nicodemos só ousou ir ver o Senhor à noite. Mas quando ambos viram a crucificação do Senhor, foram motivados fortemente. Como resultado, eles arriscaram ofender a multidão e pediram o corpo do Senhor para O sepultar. A cruz pode fazer dos mais medrosos dos homens, os mais corajosos. Quando viram Jesus na cruz e como sofria e era repreendido pelos homens, o amor da cruz os inspirou e os motivou. Portanto, se tivermos a morte de Cristo na cruz diante de nós todo o tempo, seremos motivados da mesma maneira que eles o foram. A cruz, então, tornar-se-á a nossa força.
Romanos capítulo 6 versículo 1 diz: "Permaneceremos no pecado, para que seja a Graça mais abundante?" Deveríamos ser capazes de responder a essa pergunta. Se verdadeiramente virmos a cruz do Senhor a todo o momento, se virmos como Ele sofreu ali, se virmos os ferimentos em Suas mãos e pés, e a coroa de espinhos sobre a Sua cabeça, se virmos como o Seu amor e sangue se misturaram e se virmos Seus sofrimentos e tristeza, acaso não seremos profundamente motivados e não cessaremos de fazer coisas que não O agradam ou que Lhe causem sofrimento? É por nos faltar o eterno frescor da revelação da cruz diante de nós que desprezamos o amor do Senhor.
Se a cruz na qual o Senhor morreu por nós for eternamente cheia de frescor, a nossa crucificação com Ele também se tornará imutável. Se tivermos revelação fresca da cruz dia após dia, acrescentaremos a nós mesmos muitas experiências frescas de fé em nosso morrer juntamente com Ele. É devido ao fato de não vermos uma cruz diária que temos muitas experiências do pecado ressuscitando em nós. Se virmos o eterno frescor da cruz e a sua natureza sempre imutável, a nossa morte para o pecado também será imutável. Muitos filhos de Deus fracassam por não perceber que a morte na cruz não é simplesmente algo que ocorreu uma vez por todas, mas algo que está continuamente conosco, todo o tempo.
Sabemos que muitas vezes caímos inconscientemente. Graças a Deus Pai que não nos rejeita por isso. A Bíblia diz em 1ª João capítulo 1, versículo 7, que "o sangue de Jesus, Seu Filho, nos purifica de todo pecado." Ele não nos purificou apenas uma vez. O sangue de Seu Filho ainda nos purifica continuamente. A palavra "purifica" no original tem o sentido de ação contínua. Essa é a incessante obra da cruz de Cristo. . Quão maravilhoso é que Deus nos tenha preparado tal salvação! Se tropeçarmos sem querer e viermos a Ele e confessarmos os pecados, Ele nos perdoará e o sangue de Seu Filho nos purificará de todo pecado. Que frescor eterno há na cruz de Cristo!
Se percebermos isso, vamos exclamar com altos louvores a Deus Pai. Lamentavelmente, muitas pessoas não sabem que são salvas para sempre ao crê em Jesus Cristo como o único e suficiente Salvador. Somos não salvos ou somos salvos para sempre. Se realmente aceitamos uma vez o sacrifício do Senhor pelo pecado e se uma vez cremos de fato no valor da Sua cruz, ela falará por nós eternamente. Levíticos capítulo 6 versículo 9 diz: "Esta é a lei do holocausto: o holocausto ficará na lareira do altar toda a noite até pela manhã, e nela se manterá aceso o fogo do altar." O holocausto tipifica Cristo e o altar tipifica a cruz. A noite tipifica a presente era sem Cristo. É a mesma noite de Romanos capítulo 13 versículo 12: "A noite está quase acabando; o dia logo vem. Portanto, deixemos de lado as obras das trevas e vistamo-nos a armadura da Luz." Uma vez que o Sol da justiça (o Senhor Jesus) partiu deste mundo, este tornou-se a noite. Continuará sendo a noite até que Ele venha novamente. O holocausto estará queimando até o romper do dia! Na presente era, o valor da redenção do Senhor está continuamente suplicando por nós! A noite, os israelitas poderiam estar no acampamento ainda a murmurar, mas o holocausto sobre o altar continuamente intercedia por eles! Deveríamos perceber que, de semelhante modo, o sangue intercede por nós. Uma vez que tenhamos aceitado a cruz, ela fala por nós eternamente! Isso é a salvação eterna.
No futuro, quando virmos a cruz no céu, ela não terá envelhecido através das eras. Por isso, a salvação que temos recebido não se tornará mero monumento através do tempo. A eternidade não será uma vida monótona e sem gosto; ela pode ser longa, mas não tirará a glória da cruz. Na eternidade, veremos Deus desvendar a glória da cruz a nós, pouco a pouco. "Senhor, ensina-nos o eterno frescor da cruz!" Por que razão as hostes celestiais louvam ao Senhor? Apocalipse 5 versículo 12 diz: "Digno é o Cordeiro que foi morto, de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor." Naquele dia, também louvaremos ao Senhor para sempre por causa da Sua cruz. A cruz é o tema da Bíblia, hoje, na terra. Ela será a causa do louvor na glória, no futuro.
Irmãos! quão fresca é a cruz de Cristo! Ela não conhece o significado do tempo; não sabe o que é velhice. Que sejamos constantemente motivados por ela! Oh! que possamos perder-nos na cruz, todos os dias da nossa vida! Oh! que ela não perca seu poder sobre nós um dia sequer! Oh! que permitamos que ela faça uma obra mais profunda em nós cada dia! Possa o Pai abrir-nos os olhos a fim de vermos o mistério oculto na cruz de Seu Filho. Gálatas capítulo 6 versículo 14 diz: "Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo."
Sabemos que muitas vezes caímos inconscientemente. Graças a Deus Pai que não nos rejeita por isso. A Bíblia diz em 1ª João capítulo 1, versículo 7, que "o sangue de Jesus, Seu Filho, nos purifica de todo pecado." Ele não nos purificou apenas uma vez. O sangue de Seu Filho ainda nos purifica continuamente. A palavra "purifica" no original tem o sentido de ação contínua. Essa é a incessante obra da cruz de Cristo. . Quão maravilhoso é que Deus nos tenha preparado tal salvação! Se tropeçarmos sem querer e viermos a Ele e confessarmos os pecados, Ele nos perdoará e o sangue de Seu Filho nos purificará de todo pecado. Que frescor eterno há na cruz de Cristo!
A SALVAÇÃO ETERNA
No futuro, quando virmos a cruz no céu, ela não terá envelhecido através das eras. Por isso, a salvação que temos recebido não se tornará mero monumento através do tempo. A eternidade não será uma vida monótona e sem gosto; ela pode ser longa, mas não tirará a glória da cruz. Na eternidade, veremos Deus desvendar a glória da cruz a nós, pouco a pouco. "Senhor, ensina-nos o eterno frescor da cruz!" Por que razão as hostes celestiais louvam ao Senhor? Apocalipse 5 versículo 12 diz: "Digno é o Cordeiro que foi morto, de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor." Naquele dia, também louvaremos ao Senhor para sempre por causa da Sua cruz. A cruz é o tema da Bíblia, hoje, na terra. Ela será a causa do louvor na glória, no futuro.
Irmãos! quão fresca é a cruz de Cristo! Ela não conhece o significado do tempo; não sabe o que é velhice. Que sejamos constantemente motivados por ela! Oh! que possamos perder-nos na cruz, todos os dias da nossa vida! Oh! que ela não perca seu poder sobre nós um dia sequer! Oh! que permitamos que ela faça uma obra mais profunda em nós cada dia! Possa o Pai abrir-nos os olhos a fim de vermos o mistério oculto na cruz de Seu Filho. Gálatas capítulo 6 versículo 14 diz: "Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo."
CAPÍTULO 3
O MENSAGEIRO DA CRUZ
No tempo presente, deveríamos atentar à palavra que pregamos. Não precisamos mencionar os que pregam o falso evangelho. A crença deles de qualquer forma está errada. O que pregamos é a crucificação do Senhor Jesus Cristo e como ela salva os pecadores da condenação do pecado e do poder do pecado. Ao pregar, damos muita atenção ao esboço, à lógica e ao pensamento. Fazemos o melhor que podemos para tornar nosso falar claro. Dessa forma, mesmo a pessoa mais iletrada pode entender. Também damos atenção à psique do homem e empenhamo-nos o máximo em nossa eloqüência para corresponder ela. O que pregamos é verdadeiro e bíblico: o nosso tema é a cruz do Senhor Jesus. Sabemos que o Senhor Jesus morreu pelos pecadores na cruz para que todo o que Nele crê seja salvo. Também sabemos que a crucificação do Senhor Jesus não visa somente a substituição, mas também a crucificação do pecador e juntamente com ele seu pecado. Conhecemos a maneira de ser salvos. Sabemos como morrer com o Senhor, como aplicar a morte do Senhor pela fé e como morrer com Ele a fim de lidar com o pecado e o ego. Também temos clareza acerca de outras doutrinas afins na Bíblia. A nossa pregação é apresentada de maneira exata e clara para que qualquer dos ouvintes ou leitores possa compreendê-la. Os ouvintes prestam muita atenção a nós quando pregamos a cruz do Senhor; eles gostam dela e são tocados por ela. Podemos mesmo ser dotados de eloqüência e ser aptos a apresentar a verdade de modo persuasivo. Podemos pensar que nossa obra é muito eficaz! Sob tais circunstâncias, deveríamos ver muitas pessoas recebendo vida e muitos crentes ganhando a mais abundante vida. Entretanto, os resultados são contrários ao que esperamos. Embora os ouvintes sejam tocados no local de reunião, eles não ganham qualquer coisa que esperávamos vê-los ganhar após deixar o local de reunião, muito embora as palavras ainda estejam frescas na mente deles. Eles não têm qualquer mudança em sua vida. Entendem o que pregamos, mas isso não tem qualquer influência em seu viver diário. Apenas armazenam no cérebro a palavra pregada. Eles não a aplicam no coração.
Uma possível explicação para isso é que o que você possui é apenas eloqüência, palavras e sabedoria. É como se atrás de suas palavras não houvesse o poder que toca o coração das pessoas. Você tem as melhores palavras e a melhor voz, contudo atrás das palavras e da voz você não tem o tipo de poder que "guia" a vida das pessoas. Em outras palavras, você pode fazer com que as pessoas ouçam-no atentamente no local de reunião, mas o Espírito Santo não coopera com você. Portanto, seu labor é ineficiente e não produz resultados duradouros. Suas palavras não conseguem deixar marca duradoura na vida das pessoas. Apesar de da sua boca fluírem palavras, de seu espírito não flui vida para alimentar, levantar e vivificar os ouvintes que perecem.
Nos últimos anos, o Senhor tem-me dito para ser cuidadoso quanto a esse tipo de pregação. Não almejamos ser oradores populares. (Nosso Senhor é doador de vida). Nós almejamos ser canais de vida, conduzindo-a para dentro do coração das pessoas. Ao pregar a cruz, deveríamos ter a vida da cruz fluindo para a vida de outros. A coisa mais lamentável a meu ver é que, embora muitos preguem a cruz hoje, as pessoas não têm ganhado a vida de Deus. Elas parecem concordar com nossas palavras e recebem-na alegremente; contudo, não têm recebido a vida de Deus. Muitas vezes, enquanto pregamos a morte substitutiva da cruz, os homens parecem entender o significado e o porquê da substituição, e ser tocados no momento. Entretanto, não podemos ver a Graça de Deus operando nos ouvintes a ponto de, verdadeiramente, obterem a vida regenerada. Pregamos também a co-crucificação e a explicamos de maneira bem clara e comovente. No momento em que as pessoas ouvem, podem orar e decidir-se a morrer juntamente com o Senhor e a ganhar as experiências de vencer o pecado e o ego. Mas após tudo haver terminado, não as vemos ganhar a mais abundante vida de Deus. Tais resultados entristecem-me muito. Isso faz com que me humilhe diante do Senhor a fim de buscar a Sua luz. Se tiver a mesma experiência que eu, espero que você se contriste diante do Senhor como eu e arrependamo-nos das nossas faltas. O que nos falta de fato no momento são homens e mulheres que preguem a cruz, contudo o que mais necessitamos além disso são pregadores que preguem a cruz no poder do Espírito Santo.
Leiamos agora a Palavra de Deus. Paulo disse: "Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder." (1Co 2:1-4). Nesses versículos vemos três coisas: 1) a mensagem que Paulo pregou; 2) a pessoa do próprio Paulo, e 3) a maneira com que Paulo pregou sua mensagem. Que o Senhor nos capacite para pregarmos o Evangelho da Cruz no poder do Espírito Santo.
A mensagem que Paulo pregou foi o Senhor Jesus Cristo, e este crucificado. O assunto da sua pregação foi a cruz de Cristo e o Cristo crucificado. Ele nada sabia exceto isso. Se esquecermos da cruz e não fizermos dela e de Cristo nosso único assunto, quanto nós e nossos ouvintes iremos perder! Creio que certamente não somos dos que não pregam a cruz.
A nossa mensagem e assunto podem ser bons. Todavia, não temos a experiência de ter uma mensagem boa e, ainda assim, ser incapazes de dispensar vida a outros? Deixe-me ressaltar que uma vez que a mensagem que pregamos é importante, se ela não pode dar vida a outros, a nossa obra é quase totalmente vã. Deveríamos lembrar que o objetivo da nossa obra é dar vida às pessoas. Pregamos a morte substitutiva da cruz para que Deus dê a Sua vida aos que crêem. Se as pessoas são incitadas ou estimuladas ou até se arrependem e concordam com o que pregamos, mas não têm a vida de Deus nelas, de que adiantará isso? Elas podem mostrar-se simpáticas exteriormente, mas não são salvas. Portanto, a nossa meta não é fazer as pessoas se arrependerem por si mesmas nem influenciá-las em sua mente, mas dispensar a vida de Deus a elas para que tenham vida e sejam salvas. Até mesmo ao pregar as verdades mais profundas ou tentar ajudar outros a compreender a verdade sobre a co-crucificação, o mesmo princípio permanece verdadeiro. É fácil fazer com que as pessoas saibam e entendam o que pregamos. Também não é difícil fazer com que outros aceitem nossos ensinamentos em sua mente. Qualquer cristão com um pouco de conhecimento pode entender se você lhe explicar os assuntos de modo suficientemente claro. Entretanto, se desejar que ele ganhe vida e poder e que experimente o que você prega, não existe outro caminho a não ser o de Deus dispensar a mais rica vida a ele, por seu intermédio. Deveríamos saber que nossa única obra é ser canais da vida de Deus, comunicando vida ao espírito dos outros. Portanto, mesmo que o assunto ou a mensagem que pregamos sejam bons, ainda necessitamos descobrir se somos ou não canais adequados para Deus transmitir vida ao interior das pessoas.
A mensagem pregada por Paulo era a cruz do Senhor Jesus Cristo. A sua mensagem não era em vão, pois ele era um vivo canal de vida. Ele gerou muitos por meio do Evangelho da Cruz. O que ele pregava era a palavra da cruz. Sobre ele mesmo, disse que estava "em fraqueza, temor e grande tremor". Ele era um homem crucificado! Somente um homem crucificado pode pregar a palavra crucificada. Ele não tinha confiança em si próprio e não confiava em si mesmo. Fraqueza, temor, tremor, ser esvaziado da autoconfiança, considerar-se totalmente inútil: essas são as características de um homem crucificado. Em Gálatas capítulo 2 versículo 19, Paulo disse: "Estou crucificado com Cristo.", e em 1ª Coríntios 15 versículo 31, ele diz: "Dia após dia, morro!" Somente um Paulo morto para si mesmo poderia pregar uma palavra sobre crucificação. Se não houvesse morrido de modo real, a vida da morte do Senhor não poderia ter fluído dele. É fácil pregar a cruz, mas não é fácil pregá-la como um homem crucificado. A não ser que alguém seja uma pessoa crucificada, ele não pode pregar a palavra da cruz e não pode dar a outros a vida da cruz. . Rigorosamente falando, a não ser que alguém conheça a cruz, na experiência, ele não é digno de pregar a cruz.
A mensagem de Paulo era a crucificação. Ele próprio era um homem crucificado e pregou a cruz à maneira da cruz. Era um homem da cruz, pregando a mensagem da cruz com o espírito da cruz. Muitas vezes o que pregamos é a cruz, mas a nossa atitude, as nossas palavras e nosso sentimento não dão a impressão de que pregamos a cruz! Muitas pregações sobre a cruz não são feitas no espírito da cruz! Em 1ª Coríntios capítulo 2 versículo 1, Paulo disse: "Eu (...) fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho (mistério) de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria". Aqui o mistério de Deus refere-se à palavra da cruz. Paulo não pregou a cruz com excelência no falar ou sabedoria. No versículo 2, Paulo diz: "A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder". Esse é o Espírito da cruz. A cruz de Cristo é sabedoria para Deus, mas loucura para o homem. Ao pregar a palavra dessa loucura, deveríamos ter a aparência de "loucura", a atitude de "loucura" e o falar de "loucura". Paulo obteve a vitória porque era de fato um homem crucificado. Ele pregava a cruz com o espírito da cruz e a atitude da cruz. Os que não têm experimentado a crucificação não serão preenchidos com o espírito de crucificação, e não são dignos de pregar a palavra da cruz.
Após ver a experiência de Paulo, não nos diz ela a razão de nossas falhas? A mensagem que pregamos pode ser boa, mas deveríamos examinar-nos à luz do Senhor: somos realmente homens crucificados? Com que tipo de espírito, palavra e atitude pregamos a cruz? Possamos humilhar-nos diante dessas questões para que Deus tenha misericórdia de nós.
Não nos referimos aos que pregam um "evangelho diferente". Falamos apenas acerca dos que pregam "o Evangelho da Graça de Deus". A palavra não é incorreta, nossa mensagem não é má; todavia, por que os outros não ganham vida? Isso deve ser por causa da falha do pregador! É a pessoa que está errada, e não a palavra que perdeu o poder.
É o homem que tem obstruído o fluir da vida de Deus, e não a Palavra de Deus que tem perdido a eficácia. Quando o homem que prega a cruz não possui, ele mesmo, a experiência da cruz nem o espírito da cruz, não pode dispensar aos outros a vida da cruz. Não podemos dar a outros o que não temos. Se a cruz não se torna a nossa vida, não podemos dar a vida da cruz a outros. A deficiência do nosso serviço advém de gostar de dar a cruz a outros sem perceber que não a temos em nós. Os que são bons em pregar a outros, devem ser bons em pregar primeiro a si mesmos. Caso contrário, o Espírito não cooperará com eles.
Embora a mensagem que pregamos seja importante, não devemos enfatizar demais a mensagem e esquecer de nós mesmos. Podemos obter algum conhecimento dos livros sobre a palavra da cruz que pregamos. Podemos utilizar a mente buscando os seus muitos significados na Bíblia. Entretanto, todos eles serão emprestados; eles não nos pertencem. Os que têm mente esperta são mais perigosos que os demais. Um pregador pode colocar-se em maior perigo que outros, pois todo o estudo, leitura, pesquisa e ouvir pode ter sido feito para os outros e não para si mesmo. Ele pode laborar para os outros simplesmente para encontrar-se espiritualmente faminto! Podemos ouvir palavras profundas sobre os vários aspectos da cruz ou ler livros sobre os significados da substituição e co-crucificação. Se tivermos mente esclarecida, podemos mesmo ordenar adequadamente esses ensinamentos, de modo que, ao falar, desenvolvamos as coisas que ouvimos e pensamos de maneira muito clara e sincera, tendo tudo bem organizado e todos os pontos apresentados com clareza e os argumentos divididos nitidamente. Podemos levar os ouvintes a pensar que entenderam tudo. Contudo, a despeito do fato de que tenham entendido tudo, não há um poder motivador que faça com que busquem ganhar o que compreenderam. Eles parecem pensar que entender as doutrinas da cruz seja suficiente. Eles param nas coisas que entenderam e não buscam obter o que a cruz lhes promete dar. Mesmo que o orador entenda o pensamento dos ouvintes, tenha voz audível e sincera, e insista que não tomem somente a doutrina, mas busquem ter a experiência, seus ouvintes podem ser incitados apenas naquele momento. Eles ainda não receberam vida; ainda têm somente a teoria, e não tem a experiência. Nunca devemos estar satisfeitos com nós mesmos e achar que a nossa língua "de prata" pode manobrar os ouvintes. Eles podem ficar emocionados no momento, contudo serão apenas considerações ou doutrinas que temos de dar-lhes? Ou precisamos dar-lhes vida? Sem dar vida ao homem, em nada contribuímos para sua espiritualidade. Qual é o proveito de dar ao homem somente considerações ou doutrinas? Que esse conceito seja profundamente incutido em nosso ser para que nos arrependamos da inutilidade da nossa obra passada!
A razão por que ninguém ganha vida pela nossa pregação da cruz é que: 1) nós mesmos não temos a experiência da cruz, e 2) não fazemos uso do espírito da cruz para pregar a palavra da cruz.
Os que não estão crucificados não podem ser e não são dignos de pregar a mensagem da cruz. A cruz que pregamos deveria crucificar-nos primeiro. A mensagem que pregamos deveria queimar em nossa vida primeiro para que a nossa vida e a nossa mensagem possam estar mescladas. Desse modo a nossa vida tornar-se-á nossa mensagem viva. A cruz que pregamos não deve ser mera mensagem. Deveríamos diariamente experimentar de fato a cruz em nossa vida. O que pregamos não deveria ser somente uma mensagem, e, sim, a vida que temos diariamente. Ao pregar, dispensamos essa vida a outros. O Senhor Jesus disse que a Sua carne é comida e Seu sangue é bebida. Partilhar da cruz do Senhor Jesus pela fé é como comer a Sua carne e beber o Seu sangue. Entretanto, comer e beber não são apenas palavras vazias. Após comer e beber, digerimos o que comemos e bebemos a fim de tornar-se parte de nós: tornar-se nossa vida. Nossa falta reside no fato de que muitas vezes estudamos a Palavra de Deus fiados em nossa sabedoria e preparamos nossos apontamentos com as considerações próprias. Freqüentemente tomamos o conhecimento ganho de livros e doutrinas que ouvimos dos mestres e amigos e fazemos deles nossos sermões. Embora tenhamos tantos bons pensamentos e idéias, e embora os ouvintes nos ouçam com muita atenção e interesse, todo a obra termina ali mesmo. Não podemos dispensar a vida de Deus a outros. Apesar de pregar a palavra da cruz, não podemos dispensar a vida da cruz a outros. Podemos apenas dar pensamentos e idéias às pessoas. Entretanto, o que falta a elas não são bons pensamentos, mas vida!
Não podemos dar aos outros o que não temos. Se temos vida, podemos dar vida a outros. Se o que temos são somente pensamentos, podemos somente dar pensamentos às pessoas. Se não tivermos a experiência da crucificação em nossa vida, se não tivermos a experiência de morrer juntamente com o Senhor vencendo o pecado e o ego, se não tivermos a experiência de tomar a cruz e seguir ao Senhor para sofrer por Ele, e se apenas conhecermos a palavra da cruz a partir dos escritos e da boca de outros e, no entanto, não tivermos nós mesmos a experiência, certamente não poderemos dar vida às pessoas, mas somente teorias da vida da cruz. . Somente quando somos transformados pela cruz e quando recebemos a vida e o espírito da cruz, podemos dispensar a cruz a outros. A cruz deveria, diariamente, efetuar uma obra mais profunda em nossa vida para podermos ter experiências sólidas do sofrimento e da vitória da cruz. Ao pregar, nossa vida fluirá espontaneamente por intermédio das palavras e o Espírito derramará Sua vida por meio da nossa vida para saciar os sedentos, os ouvintes. As idéias podem alcançar somente o cérebro do homem; elas resultam apenas em mais pensamentos para seu cérebro. Somente a vida pode alcançar o espírito do homem e o resultado é que o seu espírito recebe tanto uma vida regenerada como uma vida mais abundante.
O pensamento, palavras, eloqüência e teorias do homem podem somente incitar e alcançar a alma humana, pois podem somente estimular a motivação, a emoção, a mente e a vontade do homem. Somente a vida pode alcançar o espírito do homem. Toda a obra do Espírito Santo é em nosso espírito. Em Romanos capítulo 8 versículo 16, Paulo diz: "O Próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus". Em Efésios capítulo 3 versículo 16, ele diz: "Para que Deus vos conceda, conforme as riquezas da Sua glória, que sejais fortalecidos com poder pelo Seu Espírito no homem interior". Somente quando estamos na experiência do espírito, fluindo a vida em nosso espírito, o Espírito Santo pode derramar Sua vida no espírito de outros por nosso intermédio. Assim sendo, é a coisa mais inútil salvar os pecadores e edificar os santos pela própria mente, eloqüência e teoria do homem. Embora o que alguém fale seja muito persuasivo exteriormente, devemos saber que o Espírito Santo não coopera com ele. O Espírito Santo não está por detrás de suas palavras e não trabalha com ele por intermédio da Sua autoridade e poder. Os ouvintes apenas ouvem as palavras; não há mudança alguma na vida. Apesar de algumas vezes fazerem votos e resoluções, estes são apenas estímulos na alma. Não há vida atrás das palavras. Como resultado, não existe o poder para que ganhem o que ainda não obtiveram. Onde há vida, há poder. Nas questões espirituais, não haverá poder se não houver vida. Portanto, se você não permite que o Espírito Santo derrame Sua vida por intermédio da sua vida no espírito de outros, estes não terão a vida do Espírito Santo e não terão o poder para praticar o que você prega. O que buscamos não é eloqüência, mas o poder do Espírito Santo. Que o Espírito de Deus nos faça compreender que pensamentos podem somente alcançar a alma do homem, e apenas a vida pode fluir para o espírito humano.
A vida a que nos referimos aqui é a experiência da palavra de Deus em nossa vida e a experiência da mensagem que pregamos. A vida da cruz é a vida do Senhor Jesus. Deveríamos primeiro testar nossa mensagem por meio da experiência. O ensinamento que entendemos é somente ensinamento. Deveríamos deixar primeiro o ensinamento trabalhar em nós para que o ensinamento que entendemos se torne parte da nossa vida e parte dos elementos vitais de nosso viver diário, e não mais se torne somente ensinamento, mas a vida de nossa vida. É como o alimento que comemos tornando-se a carne da nossa carne e osso dos nossos ossos. Assim, tornamo-nos um ensinamento vivo. Dessa maneira, a palavra que pregamos já não é apenas uma teoria que conhecemos, mas nossa vida real. Isso é o que a Bíblia quer dizer em Tiago 1 versículo 22, com "praticantes da Palavra". Freqüentemente entendemos mal o termo "praticantes". Achamos que "praticantes" são os que dão o melhor de si para seguir a palavra que ouvem e entendem. Entretanto, isso não é o "praticar" na Bíblia.
É verdade que devemos tomar a decisão de praticar o que ouvimos, mas o "praticar" na Bíblia não é o "praticar" com a própria força da pessoa. Antes, é permitir que o Espírito Santo, a partir da vida da pessoa, viva a palavra que ela conhece. Isso é um tipo de viver, e não um tipo de obra. Se existir o viver, espontaneamente haverá a obra. Fazer algumas obras esporádicas não é o "praticar" descrito na Bíblia. Deveríamos cooperar com o Espírito Santo em nossa vida por meio da vontade a fim de, na experiência, viver o que conhecemos. Dessa maneira estaremos aptos a dispensar vida a outros.
Saberemos que exemplo seguir se olharmos para o Senhor Jesus Cristo. Em João capítulo 3 versículos 14 e 15, o Senhor Jesus disse: "Assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que Nele crê tenha a vida eterna." e em João capítulo 12 versículos 32 e 33, Ele disse: "E Eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a Mim mesmo. Isto dizia, significando de que gênero de morte estava para morrer." O Senhor Jesus teve de ser crucificado antes de atrair todos a Si mesmo e dispensar a vida espiritual a outros. Ele mesmo teve de morrer primeiro, experimentar a cruz primeiro e ter o operar da cruz interior e exteriormente, fazendo Dele um homem crucificado em realidade primeiro, antes de ter o poder de atrair todos para Si. O discípulo não está acima do Seu mestre. Se o nosso Senhor teve de ser levantado antes de poder atrair todos a Si mesmo, não deveríamos nós, que levantamos o Senhor Jesus crucificado, ser levantados e crucificados antes de poder atrair as pessoas para o Senhor? A fim de que o Senhor Jesus dispensasse vida espiritual a outros, Ele teve de ser levantado na cruz. Da mesma maneira, se desejamos dispensar a vida espiritual a outros, também precisamos ser levantados na cruz. . Somente então o Espírito Santo derramará Sua vida por meio de nós. A fonte da vida provém do dispensar da vida a outros por intermédio da cruz. Não deveria também o canal da vida provir do dispensar da vida a outros por meio da cruz?
Temos dito que a nossa obra é dispensar vida a outros. Entretanto, nós mesmos não possuímos a vida para dar a outros, para avivar a outros e para suprir a outros. Nós não somos a Fonte, mas o canal. A Fonte é o Senhor Jesus Cristo. A vida de Deus flui por meio de nós e flui do nosso interior. Somos os canais. Os canais não devem ser obstruídos senão a água não pode fluir por eles. A palavra da cruz efetua a obra de desobstrução, removendo tudo o que pertence a Adão e ao homem natural, a fim de que possamos receber a vida do Espírito Santo e Dele ser saturados. Dessa maneira, o nosso espírito constantemente carregará a cruz do Senhor até o ponto de a nossa vida tornar-se a vida de cruz. . Trataremos esse ponto de forma breve. Uma vez que estejamos saturados do Espírito Santo e tenhamos a vida de cruz, o Espírito Santo nos usará para fluir a vida de cruz do nosso interior para os que estão ao nosso redor. Se realmente permitirmos à cruz que faça profunda obra em nós, a ponto de ficarmos preenchidos pelo Espírito Santo, espontaneamente deixaremos fluir vida para suprir os que contatamos, seja ao falar ou pregar em público ou a indivíduos. Isso não é algo que exije esforço intencional ou planejamento, mas algo muito espontâneo. Daremos fruto espontaneamente. Isso é o que o Senhor Jesus quis dizer em João capítulo 7 versículo 38: "Quem crer em Mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva". Existem vários significados aqui. Seu ser mais interior primeiro deve ser esvaziado e receber o operar completo da cruz. Seu ser mais interior deve ser cheio da água viva do Espírito Santo. A vida em seu ser mais interior não é suficiente apenas para sua própria necessidade, mas superabundante e suficiente a ponto de fluir dele rios de água viva para suprir a outros da mesma água viva. Devemos atentar à palavra "fluir" aqui. Não é por meio de manobras pela voz, pela psicologia, pela eloqüência, por doutrina ou por conhecimento. Embora tais métodos possam ajudar-nos algumas vezes, eles não são a água viva. Tampouco o emprego desses métodos é o fluir da água viva. Fluir é algo muito natural; não requer qualquer labor humano. Pelo contrário, tudo desliza normalmente. Não necessitamos de nenhuma eloqüência ou teoria. Precisamos somente pregar a palavra da cruz do Senhor fielmente e as pessoas receberão a vida de que carecem. A vida e o poder do Espírito Santo de alguma forma fluirão espontaneamente através do nosso espírito. Caso contrário, mesmo que ensinemos diligentemente, os ouvintes ouvirão indiferentemente! Algumas vezes podem ouvir atentamente e entender e ser tocados pelo que ouviram. Contudo, somente reagirão com a palavra "maravilhoso". Eles ainda não têm o poder e a vida para levar a cabo o que ouviram. Óh, meus irmãos, que possamos ser os canais da vida de Deus hoje!
Para ser os canais da vida de Deus, precisamos ter a experiência. Tratamos dessa questão nas mensagens anteriores. A não ser que a tenhamos, o Espírito Santo não trabalhará conosco. Após receber o poder do Espírito Santo, todas as nossas obras serão em natureza um testemunho. (Em Lucas capítulo 24 versículos 48 e 49, o Senhor Jesus disse: "Vós sois testemunhas destas coisas. Eis que Eu vou enviar sobre vós a promessa de meu Pai; mas vós permanecei na cidade, até que sejais revestidos de poder lá do alto.") Na verdade, toda a nossa obra é um testemunho para o Senhor. Uma testemunha não pode testificar o que não viu. Ninguém pode testificar o que não experimentou. Falando seriamente, a pessoa dá falso testemunho se não tem experiência do que prega! Se fizermos isso, o Espírito Santo não cooperará conosco. Outra coisa que deveríamos saber é que, quer esteja o Espírito Santo ou o espírito maligno operando, deve haver homens como canais de poder. Se não temos experiência do que pregamos, o Espírito Santo definitivamente não poderá usar-nos como Seu canal por meio do qual Ele emana Sua vida para o coração das pessoas.
Uma possível explicação para isso é que o que você possui é apenas eloqüência, palavras e sabedoria. É como se atrás de suas palavras não houvesse o poder que toca o coração das pessoas. Você tem as melhores palavras e a melhor voz, contudo atrás das palavras e da voz você não tem o tipo de poder que "guia" a vida das pessoas. Em outras palavras, você pode fazer com que as pessoas ouçam-no atentamente no local de reunião, mas o Espírito Santo não coopera com você. Portanto, seu labor é ineficiente e não produz resultados duradouros. Suas palavras não conseguem deixar marca duradoura na vida das pessoas. Apesar de da sua boca fluírem palavras, de seu espírito não flui vida para alimentar, levantar e vivificar os ouvintes que perecem.
Nos últimos anos, o Senhor tem-me dito para ser cuidadoso quanto a esse tipo de pregação. Não almejamos ser oradores populares. (Nosso Senhor é doador de vida). Nós almejamos ser canais de vida, conduzindo-a para dentro do coração das pessoas. Ao pregar a cruz, deveríamos ter a vida da cruz fluindo para a vida de outros. A coisa mais lamentável a meu ver é que, embora muitos preguem a cruz hoje, as pessoas não têm ganhado a vida de Deus. Elas parecem concordar com nossas palavras e recebem-na alegremente; contudo, não têm recebido a vida de Deus. Muitas vezes, enquanto pregamos a morte substitutiva da cruz, os homens parecem entender o significado e o porquê da substituição, e ser tocados no momento. Entretanto, não podemos ver a Graça de Deus operando nos ouvintes a ponto de, verdadeiramente, obterem a vida regenerada. Pregamos também a co-crucificação e a explicamos de maneira bem clara e comovente. No momento em que as pessoas ouvem, podem orar e decidir-se a morrer juntamente com o Senhor e a ganhar as experiências de vencer o pecado e o ego. Mas após tudo haver terminado, não as vemos ganhar a mais abundante vida de Deus. Tais resultados entristecem-me muito. Isso faz com que me humilhe diante do Senhor a fim de buscar a Sua luz. Se tiver a mesma experiência que eu, espero que você se contriste diante do Senhor como eu e arrependamo-nos das nossas faltas. O que nos falta de fato no momento são homens e mulheres que preguem a cruz, contudo o que mais necessitamos além disso são pregadores que preguem a cruz no poder do Espírito Santo.
Leiamos agora a Palavra de Deus. Paulo disse: "Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder." (1Co 2:1-4). Nesses versículos vemos três coisas: 1) a mensagem que Paulo pregou; 2) a pessoa do próprio Paulo, e 3) a maneira com que Paulo pregou sua mensagem. Que o Senhor nos capacite para pregarmos o Evangelho da Cruz no poder do Espírito Santo.
A MENSAGEM PREGADA POR PAULO
A nossa mensagem e assunto podem ser bons. Todavia, não temos a experiência de ter uma mensagem boa e, ainda assim, ser incapazes de dispensar vida a outros? Deixe-me ressaltar que uma vez que a mensagem que pregamos é importante, se ela não pode dar vida a outros, a nossa obra é quase totalmente vã. Deveríamos lembrar que o objetivo da nossa obra é dar vida às pessoas. Pregamos a morte substitutiva da cruz para que Deus dê a Sua vida aos que crêem. Se as pessoas são incitadas ou estimuladas ou até se arrependem e concordam com o que pregamos, mas não têm a vida de Deus nelas, de que adiantará isso? Elas podem mostrar-se simpáticas exteriormente, mas não são salvas. Portanto, a nossa meta não é fazer as pessoas se arrependerem por si mesmas nem influenciá-las em sua mente, mas dispensar a vida de Deus a elas para que tenham vida e sejam salvas. Até mesmo ao pregar as verdades mais profundas ou tentar ajudar outros a compreender a verdade sobre a co-crucificação, o mesmo princípio permanece verdadeiro. É fácil fazer com que as pessoas saibam e entendam o que pregamos. Também não é difícil fazer com que outros aceitem nossos ensinamentos em sua mente. Qualquer cristão com um pouco de conhecimento pode entender se você lhe explicar os assuntos de modo suficientemente claro. Entretanto, se desejar que ele ganhe vida e poder e que experimente o que você prega, não existe outro caminho a não ser o de Deus dispensar a mais rica vida a ele, por seu intermédio. Deveríamos saber que nossa única obra é ser canais da vida de Deus, comunicando vida ao espírito dos outros. Portanto, mesmo que o assunto ou a mensagem que pregamos sejam bons, ainda necessitamos descobrir se somos ou não canais adequados para Deus transmitir vida ao interior das pessoas.
PAULO PREGOU A MENSAGEM DA CRUZ
A MANEIRA COMO PAULO PREGOU A MENSAGEM DA CRUZ
Após ver a experiência de Paulo, não nos diz ela a razão de nossas falhas? A mensagem que pregamos pode ser boa, mas deveríamos examinar-nos à luz do Senhor: somos realmente homens crucificados? Com que tipo de espírito, palavra e atitude pregamos a cruz? Possamos humilhar-nos diante dessas questões para que Deus tenha misericórdia de nós.
Não nos referimos aos que pregam um "evangelho diferente". Falamos apenas acerca dos que pregam "o Evangelho da Graça de Deus". A palavra não é incorreta, nossa mensagem não é má; todavia, por que os outros não ganham vida? Isso deve ser por causa da falha do pregador! É a pessoa que está errada, e não a palavra que perdeu o poder.
É o homem que tem obstruído o fluir da vida de Deus, e não a Palavra de Deus que tem perdido a eficácia. Quando o homem que prega a cruz não possui, ele mesmo, a experiência da cruz nem o espírito da cruz, não pode dispensar aos outros a vida da cruz. Não podemos dar a outros o que não temos. Se a cruz não se torna a nossa vida, não podemos dar a vida da cruz a outros. A deficiência do nosso serviço advém de gostar de dar a cruz a outros sem perceber que não a temos em nós. Os que são bons em pregar a outros, devem ser bons em pregar primeiro a si mesmos. Caso contrário, o Espírito não cooperará com eles.
Embora a mensagem que pregamos seja importante, não devemos enfatizar demais a mensagem e esquecer de nós mesmos. Podemos obter algum conhecimento dos livros sobre a palavra da cruz que pregamos. Podemos utilizar a mente buscando os seus muitos significados na Bíblia. Entretanto, todos eles serão emprestados; eles não nos pertencem. Os que têm mente esperta são mais perigosos que os demais. Um pregador pode colocar-se em maior perigo que outros, pois todo o estudo, leitura, pesquisa e ouvir pode ter sido feito para os outros e não para si mesmo. Ele pode laborar para os outros simplesmente para encontrar-se espiritualmente faminto! Podemos ouvir palavras profundas sobre os vários aspectos da cruz ou ler livros sobre os significados da substituição e co-crucificação. Se tivermos mente esclarecida, podemos mesmo ordenar adequadamente esses ensinamentos, de modo que, ao falar, desenvolvamos as coisas que ouvimos e pensamos de maneira muito clara e sincera, tendo tudo bem organizado e todos os pontos apresentados com clareza e os argumentos divididos nitidamente. Podemos levar os ouvintes a pensar que entenderam tudo. Contudo, a despeito do fato de que tenham entendido tudo, não há um poder motivador que faça com que busquem ganhar o que compreenderam. Eles parecem pensar que entender as doutrinas da cruz seja suficiente. Eles param nas coisas que entenderam e não buscam obter o que a cruz lhes promete dar. Mesmo que o orador entenda o pensamento dos ouvintes, tenha voz audível e sincera, e insista que não tomem somente a doutrina, mas busquem ter a experiência, seus ouvintes podem ser incitados apenas naquele momento. Eles ainda não receberam vida; ainda têm somente a teoria, e não tem a experiência. Nunca devemos estar satisfeitos com nós mesmos e achar que a nossa língua "de prata" pode manobrar os ouvintes. Eles podem ficar emocionados no momento, contudo serão apenas considerações ou doutrinas que temos de dar-lhes? Ou precisamos dar-lhes vida? Sem dar vida ao homem, em nada contribuímos para sua espiritualidade. Qual é o proveito de dar ao homem somente considerações ou doutrinas? Que esse conceito seja profundamente incutido em nosso ser para que nos arrependamos da inutilidade da nossa obra passada!
A razão por que ninguém ganha vida pela nossa pregação da cruz é que: 1) nós mesmos não temos a experiência da cruz, e 2) não fazemos uso do espírito da cruz para pregar a palavra da cruz.
O MOTIVO DO INSUCESSO DOS QUE PREGAM A CRUZ
VIDA
O pensamento, palavras, eloqüência e teorias do homem podem somente incitar e alcançar a alma humana, pois podem somente estimular a motivação, a emoção, a mente e a vontade do homem. Somente a vida pode alcançar o espírito do homem. Toda a obra do Espírito Santo é em nosso espírito. Em Romanos capítulo 8 versículo 16, Paulo diz: "O Próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus". Em Efésios capítulo 3 versículo 16, ele diz: "Para que Deus vos conceda, conforme as riquezas da Sua glória, que sejais fortalecidos com poder pelo Seu Espírito no homem interior". Somente quando estamos na experiência do espírito, fluindo a vida em nosso espírito, o Espírito Santo pode derramar Sua vida no espírito de outros por nosso intermédio. Assim sendo, é a coisa mais inútil salvar os pecadores e edificar os santos pela própria mente, eloqüência e teoria do homem. Embora o que alguém fale seja muito persuasivo exteriormente, devemos saber que o Espírito Santo não coopera com ele. O Espírito Santo não está por detrás de suas palavras e não trabalha com ele por intermédio da Sua autoridade e poder. Os ouvintes apenas ouvem as palavras; não há mudança alguma na vida. Apesar de algumas vezes fazerem votos e resoluções, estes são apenas estímulos na alma. Não há vida atrás das palavras. Como resultado, não existe o poder para que ganhem o que ainda não obtiveram. Onde há vida, há poder. Nas questões espirituais, não haverá poder se não houver vida. Portanto, se você não permite que o Espírito Santo derrame Sua vida por intermédio da sua vida no espírito de outros, estes não terão a vida do Espírito Santo e não terão o poder para praticar o que você prega. O que buscamos não é eloqüência, mas o poder do Espírito Santo. Que o Espírito de Deus nos faça compreender que pensamentos podem somente alcançar a alma do homem, e apenas a vida pode fluir para o espírito humano.
A vida a que nos referimos aqui é a experiência da palavra de Deus em nossa vida e a experiência da mensagem que pregamos. A vida da cruz é a vida do Senhor Jesus. Deveríamos primeiro testar nossa mensagem por meio da experiência. O ensinamento que entendemos é somente ensinamento. Deveríamos deixar primeiro o ensinamento trabalhar em nós para que o ensinamento que entendemos se torne parte da nossa vida e parte dos elementos vitais de nosso viver diário, e não mais se torne somente ensinamento, mas a vida de nossa vida. É como o alimento que comemos tornando-se a carne da nossa carne e osso dos nossos ossos. Assim, tornamo-nos um ensinamento vivo. Dessa maneira, a palavra que pregamos já não é apenas uma teoria que conhecemos, mas nossa vida real. Isso é o que a Bíblia quer dizer em Tiago 1 versículo 22, com "praticantes da Palavra". Freqüentemente entendemos mal o termo "praticantes". Achamos que "praticantes" são os que dão o melhor de si para seguir a palavra que ouvem e entendem. Entretanto, isso não é o "praticar" na Bíblia.
É verdade que devemos tomar a decisão de praticar o que ouvimos, mas o "praticar" na Bíblia não é o "praticar" com a própria força da pessoa. Antes, é permitir que o Espírito Santo, a partir da vida da pessoa, viva a palavra que ela conhece. Isso é um tipo de viver, e não um tipo de obra. Se existir o viver, espontaneamente haverá a obra. Fazer algumas obras esporádicas não é o "praticar" descrito na Bíblia. Deveríamos cooperar com o Espírito Santo em nossa vida por meio da vontade a fim de, na experiência, viver o que conhecemos. Dessa maneira estaremos aptos a dispensar vida a outros.
Saberemos que exemplo seguir se olharmos para o Senhor Jesus Cristo. Em João capítulo 3 versículos 14 e 15, o Senhor Jesus disse: "Assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que Nele crê tenha a vida eterna." e em João capítulo 12 versículos 32 e 33, Ele disse: "E Eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a Mim mesmo. Isto dizia, significando de que gênero de morte estava para morrer." O Senhor Jesus teve de ser crucificado antes de atrair todos a Si mesmo e dispensar a vida espiritual a outros. Ele mesmo teve de morrer primeiro, experimentar a cruz primeiro e ter o operar da cruz interior e exteriormente, fazendo Dele um homem crucificado em realidade primeiro, antes de ter o poder de atrair todos para Si. O discípulo não está acima do Seu mestre. Se o nosso Senhor teve de ser levantado antes de poder atrair todos a Si mesmo, não deveríamos nós, que levantamos o Senhor Jesus crucificado, ser levantados e crucificados antes de poder atrair as pessoas para o Senhor? A fim de que o Senhor Jesus dispensasse vida espiritual a outros, Ele teve de ser levantado na cruz. Da mesma maneira, se desejamos dispensar a vida espiritual a outros, também precisamos ser levantados na cruz. . Somente então o Espírito Santo derramará Sua vida por meio de nós. A fonte da vida provém do dispensar da vida a outros por intermédio da cruz. Não deveria também o canal da vida provir do dispensar da vida a outros por meio da cruz?
O CANAL DA VIDA
Temos dito que a nossa obra é dispensar vida a outros. Entretanto, nós mesmos não possuímos a vida para dar a outros, para avivar a outros e para suprir a outros. Nós não somos a Fonte, mas o canal. A Fonte é o Senhor Jesus Cristo. A vida de Deus flui por meio de nós e flui do nosso interior. Somos os canais. Os canais não devem ser obstruídos senão a água não pode fluir por eles. A palavra da cruz efetua a obra de desobstrução, removendo tudo o que pertence a Adão e ao homem natural, a fim de que possamos receber a vida do Espírito Santo e Dele ser saturados. Dessa maneira, o nosso espírito constantemente carregará a cruz do Senhor até o ponto de a nossa vida tornar-se a vida de cruz. . Trataremos esse ponto de forma breve. Uma vez que estejamos saturados do Espírito Santo e tenhamos a vida de cruz, o Espírito Santo nos usará para fluir a vida de cruz do nosso interior para os que estão ao nosso redor. Se realmente permitirmos à cruz que faça profunda obra em nós, a ponto de ficarmos preenchidos pelo Espírito Santo, espontaneamente deixaremos fluir vida para suprir os que contatamos, seja ao falar ou pregar em público ou a indivíduos. Isso não é algo que exije esforço intencional ou planejamento, mas algo muito espontâneo. Daremos fruto espontaneamente. Isso é o que o Senhor Jesus quis dizer em João capítulo 7 versículo 38: "Quem crer em Mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva". Existem vários significados aqui. Seu ser mais interior primeiro deve ser esvaziado e receber o operar completo da cruz. Seu ser mais interior deve ser cheio da água viva do Espírito Santo. A vida em seu ser mais interior não é suficiente apenas para sua própria necessidade, mas superabundante e suficiente a ponto de fluir dele rios de água viva para suprir a outros da mesma água viva. Devemos atentar à palavra "fluir" aqui. Não é por meio de manobras pela voz, pela psicologia, pela eloqüência, por doutrina ou por conhecimento. Embora tais métodos possam ajudar-nos algumas vezes, eles não são a água viva. Tampouco o emprego desses métodos é o fluir da água viva. Fluir é algo muito natural; não requer qualquer labor humano. Pelo contrário, tudo desliza normalmente. Não necessitamos de nenhuma eloqüência ou teoria. Precisamos somente pregar a palavra da cruz do Senhor fielmente e as pessoas receberão a vida de que carecem. A vida e o poder do Espírito Santo de alguma forma fluirão espontaneamente através do nosso espírito. Caso contrário, mesmo que ensinemos diligentemente, os ouvintes ouvirão indiferentemente! Algumas vezes podem ouvir atentamente e entender e ser tocados pelo que ouviram. Contudo, somente reagirão com a palavra "maravilhoso". Eles ainda não têm o poder e a vida para levar a cabo o que ouviram. Óh, meus irmãos, que possamos ser os canais da vida de Deus hoje!
Para ser os canais da vida de Deus, precisamos ter a experiência. Tratamos dessa questão nas mensagens anteriores. A não ser que a tenhamos, o Espírito Santo não trabalhará conosco. Após receber o poder do Espírito Santo, todas as nossas obras serão em natureza um testemunho. (Em Lucas capítulo 24 versículos 48 e 49, o Senhor Jesus disse: "Vós sois testemunhas destas coisas. Eis que Eu vou enviar sobre vós a promessa de meu Pai; mas vós permanecei na cidade, até que sejais revestidos de poder lá do alto.") Na verdade, toda a nossa obra é um testemunho para o Senhor. Uma testemunha não pode testificar o que não viu. Ninguém pode testificar o que não experimentou. Falando seriamente, a pessoa dá falso testemunho se não tem experiência do que prega! Se fizermos isso, o Espírito Santo não cooperará conosco. Outra coisa que deveríamos saber é que, quer esteja o Espírito Santo ou o espírito maligno operando, deve haver homens como canais de poder. Se não temos experiência do que pregamos, o Espírito Santo definitivamente não poderá usar-nos como Seu canal por meio do qual Ele emana Sua vida para o coração das pessoas.
Portanto, que a cruz que pregamos possa crucificar-nos nela! Que possamos tomar a cruz que pregamos! Que primeiro ganhemos a vida que desejamos dispensar a outros! Que a cruz que pregamos seja a cruz que diariamente experimentamos em nossa vida! Se a mensagem que pregamos deve ter efeito permanente, precisa primeiro tornar-se o alimento do nosso espírito. Ela precisa estar profundamente gravada em nosso coração e ser queimada e marcada em nossa vida pelos sofrimentos do viver diário. Por meio disso, cada ação nossa levará a marca da cruz. . Somente os que trazem no corpo as marcas do Senhor Jesus podem pregá-Lo. (Em Gálatas capítulo 6 versículo 17, Paulo disse: "Daqui em diante ninguém me moleste; pois eu trago em meu corpo as marcas de Jesus.") Irmãos, deixem-me dizer-lhes: embora os pensamentos que repentinamente cruzam sua mente ou o conhecimento que você adquire dos livros concedam-lhe o sorriso dos ouvintes, eles não terão efeito duradouro. Se a sua obra é apenas fazer as pessoas sorrirem, podemos achar que estamos fazendo grande obra com nossos sermões, meramente coletando algum material da mente, vontade e emoção (vida da alma). Esse, entretanto, não é o alvo da nossa obra! Nossa obra é levar, proclamar, a vida de Deus para dentro das pessoas!
O SUCESSO DO APÓSTOLO PAULO
CAPÍTULO 4
A CRUZ E SEU MENSAGEIRO
A. EXPERIÊNCIA PESSOAL
Após ler 2ª Coríntios capítulo 4 (por favor, leia em sua Bíblia), iremos perceber a experiência íntima desse servo do Senhor. O versículo 12 revela o segredo de toda a sua obra: "Em nós opera a morte; mas em vocês, a vida". Paulo passava pela morte diariamente. A cada dia ele permitia que a cruz fizesse uma profunda obra em seu coração para que outros ganhassem vida. Se alguém não tem a morte da cruz em si mesmo, os outros não podem ganhar a vida de cruz. Paulo estava disposto a sofrer morte para que outros ganhassem vida. Somente os que morreram podem dar vida a outros. Todavia, como isso é difícil!
Qual o significado de morte aqui? Não é somente a morte para o pecado, o ego e o mundo. Aqui, ela tem significado mais profundo que isso. Essa morte é o espírito que é manifestado pela crucificação do Senhor Jesus. Ele não morreu pelo próprio pecado. Sua cruz foi uma manifestação da Sua santidade. A Sua crucificação foi totalmente em benefício de outros. Ele morreu em obediência à vontade de Deus. Esse é o significado dessa morte aqui. Não é somente em benefício próprio que somos crucificados para o pecado e o mundo, mas é por causa da nossa obediência ao Senhor Jesus que diariamente sofremos oposição dos pecadores e somos levados à morte. Devemos permitir que a morte do Senhor Jesus trabalhe em nós a ponto de verdadeiramente termos a experiência da morte do nosso ego e de sermos santificados. Além disso, devemos permitir ao Espírito Santo, por meio da cruz, realizar uma obra mais profunda em nós para que vivamos a cruz em realidade. Devemos não apenas ter a morte da cruz, mas além disso ter a vida de cruz. Quando temos a morte da cruz, estamos mortos para o pecado e para a vida adâmica. Quando temos a vida de cruz, damos um passo a mais e tomamos o espírito da cruz como a própria vida no viver diário. Isso significa que manifestamos no viver diário o espírito do Senhor Jesus como o Cordeiro que sofreu em silêncio. Em 1ª Pedro 2 versículo 23 diz que o Senhor Jesus: "quando era ultrajado, não revidava com ultraje, quando era maltratado não fazia ameaças, mas entregava-se Àquele que julga retamente." Esse é um passo mais profundo do que ser crucificado para o pecado, o ego e o mundo. Possa a cruz tornar-se nossa vida a fim de que sejamos uma cruz viva e manifestemos a cruz em tudo.
Paulo era capaz de dar vida a outros porque para ele o viver é Cristo. Ele não apenas aplicou passivamente a morte da cruz para terminar com tudo o que provinha do velho Adão, mas ativamente tomou a cruz como sua vida e dia a dia viveu a cruz em realidade. Dia após dia, Paulo apreendeu o significado da cruz do Senhor Jesus. Ao mesmo tempo, dia após dia, expressou a vida do Senhor Jesus como o Cordeiro (na cruz). Em 2ª Coríntios capítulo 4 versículo 10, Paulo diz que estava "levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo". No versículo 11, Paulo diz que estava disposto a ser sempre entregue "à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal". No versículos 8 e 9, portanto, Paulo pôde ser "atribulado, porém não angustiado; perplexo, porém não desanimado; perseguido, porém não desamparado; abatido, porém não destruído". No versículo 12, Paulo permitiu que a morte do Senhor Jesus "operasse" nele. Uma morte capaz de operar é uma "morte viva". É a vida da morte, a vida da cruz. Ele estava sempre disposto a suportar insultos, arbitrariedades, perseguições cruéis e equívocos irracionais por causa do Senhor Jesus. Ele estava disposto a ser entregue à morte sem dizer uma palavra. Sob tais circunstâncias, ele era como seu Senhor que, apesar de ter poder para pedir ao Pai que enviasse doze legiões de anjos para resgatá-Lo e escapar das circunstâncias pelo método humano, preferiu não fazê-lo. Paulo preferiu deixar a "morte viva" de Jesus, isto é, a vida e o espírito da cruz, operar nele até o ponto em que ele agisse e se conduzisse no espírito da cruz. Paulo percebeu que com a cruz havia o poder, um poder que o capacitava a entregar-se à morte por causa de Jesus e a sofrer perseguição e tribulações sob a mão humana. Quão profundamente havia a cruz operado em Paulo! Que bom seria se também pudéssemos levar "no corpo o morrer de Jesus!" Quem pode dizer ao Senhor que está disposto a morrer e a não resistir em meio a todas as circunstâncias de oposição e sofrimento! Mas se queremos que outros ganhem a cruz, ela deve primeiro controlar nossa vida. É somente após a cruz ter sido trabalhada em nossa vida por meio de ardentes sofrimentos e oposições que podemos reproduzir essa cruz na vida de outros. Em outras palavras, a vida da cruz é a vida que põe em prática o sermão do Senhor na montanha (Veja na Bíblia: Mateus capítulos 5 ao 7. Em Mateus 5 versículos 38, 44, o Senhor Jesus disse: "Tendes ouvido que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem.)
A passagem aqui em 2ª Coríntios capítulo 4 diz-nos claramente que não devemos apenas pregar, mas manifestar a vida do Senhor Jesus, e devemos deixar a vida do Senhor Jesus fluir a partir do nosso corpo. Em 2ª Coríntios capítulo 4 versículos 10 ao 18, Paulo diz: "Trazendo sempre no corpo o morrer de Jesus, para que a vida de Jesus, da mesma forma, seja revelada em nosso corpo. Pois nós, que estamos vivos, somos cotidianamente entregues à morte por amor a Jesus, para que a sua vida também se manifeste em nosso corpo mortal. De maneira que em nós opera a morte, entretanto em vós, a vida! Assim está escrito: “Cri, por isso declarei!” Com esse mesmo espírito de fé, nós igualmente cremos e, por esse motivo, falamos. Temos certeza de que Aquele que ressuscitou o Senhor Jesus dentre os mortos, da mesma forma nos ressuscitará com Ele e nos apresentará convosco. Tudo isso é para o vosso benefício, para que a graça, que está alcançando mais e mais pessoas, faça transbordar as muitas ações de graça para a glória de Deus. Portanto, não desanimamos! Ainda que o nosso exterior esteja se desgastando, o nosso interior está em plena renovação dia após dia. Pois as nossas aflições leves e passageiras estão produzindo para nós uma glória incomparável, de valor eterno. Sendo assim, fixamos nossos olhos, não naquilo que se pode enxergar, mas nos elementos que não são vistos; pois os visíveis são temporais, ao passo que os que não se vêem são eternos". Portanto, podemos deixar a vida do Senhor Jesus fluir somente quando constantemente levamos no corpo o morrer de Jesus, quando somos entregues à morte por causa dEle, quando sofremos perda em nossa reputação, mente e corpo por Sua causa e quando expressamos o caminho do Cordeiro do Gólgota em meio a todos esses sofrimentos. Infelizmente, muitas vezes gostamos de tomar os atalhos! Pouco percebemos que não há atalho para manifestar a vida do Senhor Jesus!
Em 2ª Coríntios capítulo 4 versículo 12, Paulo diz: "Em nós, opera a morte; mas, em vocês, a vida". Porque a morte do Senhor Jesus pôde operar em Paulo, ele foi capacitado a ter a vida do Senhor Jesus trabalhada em seus ouvintes para que recebessem a vida espiritual. A palavra "vida" nesse versículo é zoé, que na língua original significa a vida espiritual, a vida mais elevada. O que Paulo foi capaz de exaltar e dar a outros não foi apenas o seu falar, pensamentos e uma cruz de madeira. Paulo desejou que eles ganhassem a vida espiritual do Senhor. Essa vida espiritual operou no coração deles e possibilitou-lhes atingir o alvo da mensagem de Paulo. Essa não foi uma pregação vã, mas uma pregação que entrou no coração árido de seus ouvintes com extraordinária vida e poder, para que realmente, receberam a vida da cruz que Paulo pregou. O resultado da nossa pregação da cruz deveria produzir tal resultado. Não deveríamos estar satisfeitos se a nossa pregação não tem resultado como a de Paulo. Resumindo, alguém que não vive a cruz como Paulo o fez não pode esperar ter um resultado como o dele. Se não somos pessoas crucificadas, certamente nos será difícil pregar a cruz e conceder vida a outros.
B. O MÉTODO DE PREGAR
Cada um de nós tem dons naturais. Alguns podem ter mais; outros, menos. Após ter passado pela experiência da cruz, temos a tendência de confiar na força natural ou valer-nos dela para anunciar a cruz que acabamos de experimentar. Como nosso coração deseja que os ouvintes vejam o que temos visto ou ganhem a mesma experiência que nós! Contudo, quão frios e indiferentes estão os ouvintes! Como eles nos desapontam! Pouco percebemos que nossa experiência da cruz ainda é imatura, nossos excelentes dons naturais precisam ser crucificados com o Senhor e a cruz deve trabalhar em nós. Deveríamos manifestar a cruz não somente em nossa vida, mas também em nossa obra. Antes de alcançar a maturidade, tendemos a considerar que a força natural não é prejudicial, mas proveitosa. Desejamos saber por que não podemos valer-nos da força natural. Só quando vemos que a obra realizada valendo-nos da habilidade natural causa apenas aceitação temporária por parte dos outros, e não efetua uma sólida obra do Espírito Santo no espírito das pessoas, é que começamos a entender que o dom natural é insuficiente e devemos procurar um poder maior. Quão numerosos são os que pregam a cruz com a força da própria pessoa! Não estou dizendo que eles não têm a experiência da cruz. É possível que realmente a tenham. Enquanto trabalham, não declaram que estão confiando nos próprios dons ou poder. Pelo contrário, oram diligentemente e procuram obter a bênção de Deus e a ajuda do Espírito Santo. Até certo ponto, sabem que não são dignos de confiança. Contudo, todas essas realizações não os ajudam, porque na parte mais profunda de seu coração eles ainda confiam em si mesmos, achando que sua eloqüência, lógica, pensamentos ou parábolas vão comover as pessoas! O significado da crucificação é estar desamparado, em fraqueza e em temor e tremor. Isso quer dizer morrer. Isso é o que ocorre quando uma pessoa é crucificada. Portanto, se manifestamos a vida da cruz na vida diária, deveríamos também manifestar o espírito da cruz na obra do Senhor. Devemos considerar-nos desamparados e sempre achar-nos indignos de confiança, estando em temor e tremendo por nós mesmos. Se fizermos isso, obteremos fruto por meio da confiança no Espírito Santo.
Somente os que estão crucificados estão dispostos e aptos a confiar no Espírito Santo e em Seu poder. Sempre que tivermos a mínima confiança em nós mesmos, não confiaremos no Espírito. Paulo mesmo era alguém que havia sido crucificado com o Senhor. Ao trabalhar, Paulo manifestava o espírito da cruz. Ele não era de forma alguma autoconfiante (Paulo não confiava em si mesmo). Por ter pregado o Salvador da cruz à maneira da cruz, Paulo tinha a demonstração do Espírito e de poder. (Em 1ª Coríntios capítulo 2 versículo 4, Paulo disse: "Minha mensagem e minha pregação não se formaram de palavras persuasivas de conhecimento, mas constituíram-se em demonstração do poder do Espírito"). Devemos ser capazes de dizer como Paulo disse em 1ª Tessalonicenses capítulo 1 versículo 5, que "o nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção". Se o Espírito Santo e Seu poder não operar por trás do nosso falar, nossas palavras serão inúteis mesmo que sejam atraentes. Oh! que possamos desprezar as habilidades naturais e estar dispostos a perder tudo a fim de ganhar o poder do Espírito Santo de Deus!
Nisso reside a chave para a diferença entre frutificação e esterilidade num evangelista. Algumas vezes, vemos dois evangelistas que têm a mesma eloqüência e expressões. Contudo, Deus é capaz de usar um deles para dar muito fruto. O outro pode ser espiritual e bíblico no falar, e o público pode também prestar muita atenção a ele; entretanto, nada resulta do seu falar; não há fruto. Não é difícil descobrir a razão por trás dessa diferença. Segundo minha observação, posso ver que um deles é uma pessoa realmente crucificada; ele tem a experiência. O outro somente permanece na imaginação. Os que não têm nada exceto "imaginações" certamente não podem pregar a cruz à maneira da cruz. Se os que têm a vida da cruz proclamam sua experiência a partir do seu espírito, o Espírito Santo certamente estará com eles. Mesmo que alguns sejam mais eloqüentes que outros, e sejam capazes de analisar e ilustrar bem, o Espírito Santo não operará com eles a menos que a cruz já tenha feito uma obra sólida em seu coração. O que nos falta é a obra profunda da cruz em nós, que resulte no Espírito Santo trabalhando conosco em nossa pregação do Evangelho e em Sua vida fluindo por nosso intermédio. Embora o Senhor possa por vezes utilizar nossos dons naturais, essa não é a fonte da frutificação. As obras feitas por meio da vida natural são essencialmente obras vãs. Somente as obras realizadas por meio da vida sobrenatural podem produzir muito fruto.
Aqui podemos considerar outra passagem da Bíblia. Isso nos explicará a diferença entre confiar na vida natural e confiar na vida sobrenatural. Em João capítulo 12 versículos 24 e 25, o Senhor Jesus disse: "Se o grão de trigo não cair na terra e morrer, fica ele só; mas se morrer, produz muito fruto. Quem ama a sua vida da alma, perdê-la-á e quem odeia a sua vida da alma neste mundo, guardá-la-á para a vida eterna". Aqui o Senhor explicou detalhadamente o princípio de produzir fruto. O grão de trigo deve primeiro morrer para então produzir muito fruto. A morte é a vereda necessária para a produção de fruto; é o único caminho para produzir fruto. Costumamos orar ao Senhor que nos conceda maior poder para produzir mais fruto. Entretanto, o Senhor disse-nos que primeiro devemos morrer e ter a experiência da cruz antes ter a autoridade do Espírito Santo. Freqüentemente tentamos saltar sobre o Calvário para alcançar o Pentecoste. Pouco percebemos que sem a cruz a crucificar-nos e despojar-nos de tudo o que é natural, o Espírito Santo não pode trabalhar conosco para ganhar a outros. Somente por meio da morte da nossa vida da alma pode haver a produção de fruto.
A natureza do fruto aqui também prova o que dissemos anteriormente, que o propósito de nossa obra é dar vida a outros. Quando o grão de trigo morre, produz muitos grãos. Ao morrer, dispensa vida a muitos outros grãos. Todos esses outros grãos contêm vida em si mesmos. A vida que possuem origina-se de um grão morto. Se de fato morrermos, poderemos tornar-nos canais de vida de Deus e dispensar vida a outros. Essa vida não é um termo vazio; com ela existe o real poder de Deus. Quando esse poder é liberado de nós, ele dá vida às pessoas.
Aqui, o fruto resultante do grão de trigo é múltiplo; é "muito fruto". Quando estamos restringidos em nossa vida, o máximo que conseguimos obter pelo labor é uma ou duas pessoas. Isso não quer dizer que não salvaremos ninguém. Entretanto, quando morrermos como o grão de trigo, daremos "muito fruto". O que quer que façamos, mesmo se formos negligentes em umas poucas palavras, ainda assim levaremos outros a ser salvos ou edificados. Que possamos produzir muito fruto!
Mas, exatamente, que significa cair na terra e morrer? Compreenderemos isso ao ler a seguinte palavra do Senhor em João capítulo 12 versículo 25: "Quem ama a sua vida da alma, perdê-la-á; e quem odeia a sua vida da alma neste mundo, guardá-la-á para a vida eterna". Vida aqui é mencionada algumas vezes. No texto original, diferentes palavras são utilizadas para "vida". Uma denota a vida da alma ou vida natural. Outra denota a vida espiritual. . Portanto, o que o Senhor Jesus diz aqui é: "Quem ama a sua vida da alma perderá o desfrute no mundo vindouro (na era do reino milenar); e quem odeia a sua vida da alma neste mundo, guardará para o mundo vindouro (para o desfrute da era do reino milenar)". Posto de maneira simples, esse versículo diz-nos que deveríamos colocar a vida da alma na morte da mesma maneira que um grão de trigo é plantado na terra. Posteriormente, daremos muito fruto na vida espiritual, que permanecerão eternamente. Queremos ter muito fruto. Entretanto, não sabemos como levar à morte a vida da alma e como fazer viva a vida espiritual. A vida da alma é simplesmente a vida natural composta por: Mente (pensamentos); Vontade (desejos); e Emoção (sentimentos). A carne é capaz de viver por causa da vida da alma. A vida da alma é o órgão pelo qual vivemos. Tudo o que uma pessoa possui por natureza, como vontade, poder, emoção e pensamento, são todos partes da alma. Tudo o que a vida natural possui é o subproduto da vida da alma. O intelecto, pensamento, eloqüência, emoção e habilidades pertencem à vida da alma. A vida espiritual é a vida de Deus. Essa vida não se desenvolve de nenhuma parte da vida da alma, mas é especificamente dada a nós por Deus quando cremos na cruz do Senhor e somos regenerados. O que Deus efetua em nós agora é desenvolver essa vida espiritual e fazê-la crescer. Todas as nossas boas obras e o poder para trabalhar resultam da vida espiritual. Sua intenção é conduzir nossa vida da alma à cruz.
Muitas vezes o poder da nossa obra vem da habilidade natural ou da vida da alma. Descobrimos que sempre precisamos usar nossa eloqüência, sabedoria, conhecimento e habilidades. Uma das coisas mais terríveis é o poder que empregamos na pregação; ele provém da vida da alma. Exercitamos o poder natural. Isso reduz drasticamente o fruto. Em nossa obra, não sabemos como aplicar o poder da vida espiritual. Muitas vezes, tomamos a vida da alma como se fosse a vida espiritual. Como resultado, acabamos por fazer uso do poder natural. Freqüentemente, temos de aguardar até que todo o poder natural de nosso corpo se esgote antes de começar a confiar no poder da vida espiritual. Muitos nem mesmo chegam a esse padrão. Sempre que se sentem fracos no vigor físico, reconhecem que não podem mais trabalhar. Outros que estão mais adiantados continuariam na fraqueza e prosseguiriam a trabalhar tentando confiar na força do Senhor. Entretanto, se verdadeiramente compreendermos a maneira de morrer para nossa força natural (almática), e se crermos no poder da vida espiritual que Deus pôs em nós, não dependeremos da força natural para o nosso trabalho, seja nos momentos em que estivermos sem essa força, seja quando estivermos cheios dela. Fico triste que muitas obras cristãs permaneçam na alma, não obstante o fato de esses cristãos serem muito zelosos e sinceros. Tal obra jamais toca a esfera espiritual. A diferença entre usar o poder espiritual e o poder da alma é algo que palavras não conseguem explicar. Somente podemos compreendê-la no espírito e no coração. Contudo, quando o Espírito Santo nos iluminar, chegaremos à percepção plena dela na experiência.
Porque é preciso cuidar da fraqueza que há entre os muitos filhos de Deus, trataremos essa questão em detalhes. Contudo, podemos somente aguardar que o Espírito Santo de Deus nos mostre pessoalmente o significado real dessa verdade e a maneira de praticá-la na experiência. Existem principalmente três aspectos para as características da obra da alma. Primeiro é a habilidade natural, segundo é a emoção, e terceiro é a mente.
A HABILIDADE NATURAL DA ALMA
A EMOÇÃO DA ALMA
A MENTE DA ALMA
Existe outro trabalho da mente. Creio que muitos obreiros de Deus freqüentemente encontram-se envolvidos nesse indesejável trabalho. É a memória. Nós, por vezes, pregamos aos outros a partir da memória! Memorizamos as mensagens que ouvimos e falamos aos outros a partir do que lembramos. Às vezes falamos às pessoas partindo das passagens da Bíblia que memorizamos ou de velhos sermões, velhos comentários. Tudo isso são obras da mente. Não quer dizer que nunca tenhamos experimentado o que pregamos. Talvez o que saibamos e lembremos sejam coisas ensinadas por Deus. Talvez realmente tenhamos experimentado as coisas que sabemos e lembramos. Entretanto, isso não descarta o fato de que ainda são obras da mente. Podemos ter experimentado uma verdade, que ao tempo da nossa experiência pode ter sido vida para nós. Contudo, após um tempo o conhecimento da verdade permanece somente na nossa cabeça. Começamos a pregar de memória a verdade que experimentamos anteriormente, mas isso se tornou mero trabalho da mente. Nossa mente e memória são órgãos da alma. Confiar nelas significa confiar no poder da vida da alma. Desse modo ainda estamos sob o controle da vida natural.
Essas três coisas são os itens principais da obra da alma. Tal obra natural (almática) não é pecado; não significa que seja absolutamente incapaz de salvar pessoas. Entretanto, os frutos serão escassos. Deveríamos vencer essa obra da alma confiando na cruz. O Senhor Jesus disse-nos que a vida da alma deveria cair na terra e morrer como um grão de trigo. Segundo a experiência, amamos muito as habilidades naturais. Amamos os sentimentos e confiamos na mente. Porém, o Senhor disse-nos que deveríamos odiar a vida da alma. Se não a odiarmos, pelo contrário, a amarmos, perderemos o poder da vida espiritual sobrenatural. Nessa questão, a morte da cruz deve realizar uma profunda obra. Devemos entregar à cruz a vida da alma que apreciamos. Devemos estar dispostos a morrer com o Senhor aqui e a remover a dependência das habilidades naturais, dos sentimentos e da mente. Não removemos essas obras com relutância. Pelo contrário, odiamos de âmago delas. Em nossa obra, devemos não somente estar despreocupados sobre ter ou não habilidades naturais, sobre ter ou não emoções e pensamentos, mas devemos ir além e nutrir uma aversão por tal vida natural e estar dispostos a entregá-la à crucificação.
Se tivermos a atitude constante de odiar a vida da alma do lado negativo, e se não formos em nada transigentes, aprenderemos na experiência a confiar no poder da vida espiritual e produzir fruto para Deus. Que possamos não mais confiar no poder da alma, e que possamos confiar no poder do Espírito.
A MANEIRA DE UMA PESSOA CRUCIFICADA PREGAR A CRUZ.
Devemos prestar atenção a esse ponto. Isso tem muito a ver com o sucesso ou fracasso. Alguém pode pedir a um cristão apóstata que libere uma mensagem. Ele pode falar da experiência passada exercitando a memória. Pode até falar persuasivamente. Entretanto, sabemos que o Espírito Santo possivelmente não poderá operar com ele. Todas as obras feitas por nós pelo exercício da memória são mais ou menos equivalentes à pregação de crentes apóstatas. Temos de perceber que muitas vezes o trabalho que realizamos pela mente é desperdício de energia. A mente só pode alcançar a mente das pessoas; jamais pode mover o espírito delas ou dar-lhes vida. Velhas experiências nunca podem equipar-nos para novas obras. Precisamos deixar Deus renovar em nosso espírito as velhas experiências.
A mesma coisa é mais verdadeira ainda no que diz respeito a pregar a salvação da cruz aos pecadores. Podemos ter sido salvos há muitas décadas. Se trabalharmos a partir da memória, não será a nossa mensagem velha demais e sem sabor? Somente quando percebemos de novo em nosso espírito a desgraça do pecado, experimentamos de novo o amor da cruz e compartilhamos com Cristo de Seu desejo intenso de que os pecadores se acheguem a Ele, é que seremos capazes de retratar a cruz de forma viva diante dos homens e levá-los a crer. Caso contrário, se tentarmos persuadir outros pelo nosso amor e zelo, poderemos terminar ficando endurecidos e frios! É possível que enquanto pregamos o sofrimento da cruz, nosso coração não tenha sido sequer tocado pelos sofrimentos e não tenha sido derretido por eles! (Em Gálatas capítulo 3 versículo 1, Paulo diz: "Ó gálatas insensatos! Quem vos enfeitiçou? Ora, não foi diante dos vossos olhos que Jesus Cristo foi exposto como crucificado?)
Devemos abrir o nosso espírito ao Senhor e permitir ao Espírito Santo derramar Suas palavras e Sua mensagem por meio do nosso espírito, de modo que primeiramente nosso espírito seja infundido com a palavra do Senhor e a mensagem que pregamos. Não devemos depender de sentimentos, habilidades naturais e pensamentos, mas confiar unicamente no poder do Espírito Santo e devemos permitir que Sua mensagem seja impressa em nosso espírito bem como no espírito dos ouvintes. Toda vez que pregamos, devemos ser como Isaías, que primeiro recebeu um encargo para a profecia e, então, proferiu-a. Em Isaías, a frase "sentença tal em tal lugar" é muito significativa. Toda vez, antes de pregar a Palavra de Deus, devemos receber a incumbência de Deus em nosso espírito. Sempre que pregamos, devemos tomar o encargo da mensagem que pregamos em nosso espírito e não considerá-lo liberado até que nossa obra seja feita. Devemos orar para que o Senhor nos dê esse encargo a fim de que nossa obra não resulte das emoções, habilidades naturais ou mente. Devemos também ter a experiência de Jeremias capítulo 20 versículo 9, que disse: "Quando pensei: não me lembrarei Dele e já não falarei no Seu nome, então isso me foi no coração como fogo ardente, encerrado nos meus ossos; já desfaleço de sofrer e não posso mais". Não devemos pregar Suas palavras descuidada ou tolamente. Pelo contrário, devemos primeiramente deixar que elas queimem em nosso espírito a ponto de sermos compelidos a falar. Entretanto, se não estivermos dispostos a levar à morte a nossa vida da alma e seu poder, nunca estaremos aptos a receber uma palavra nova do Senhor em nosso espírito.
Portanto, irmãos, se almejamos ser usados pelo Senhor para salvar pecadores, reavivar os santos e anunciar a cruz, devemos deixar a cruz trabalhar em nós. Por meio dessa obra, por um lado, tornamo-nos desejosos de ser levados à morte na cruz por causa do Senhor, e, por outro, ficamos desejosos de levar nossa vida da alma à morte na cruz. Ao mesmo tempo, não mais confiamos em nós mesmos ou em qualquer coisa que advenha de nós. Pelo contrário, odiamos todo o nosso poder natural. Dessa maneira veremos a vida de Deus e Seu poder fluírem para o espírito das pessoas por intermédio do nosso falar.
Entretanto, embora como pregadores do evangelho estejamos prontos do nosso lado, ainda podemos falhar. É claro que podemos não falhar completamente, mas por que falhamos? Isso se deve a: "A OPRESSÃO E ATAQUE DE SATANÁS".
A OPRESSÃO E ATAQUE DE SATANÁS CONTRA OS MENSAGEIROS DA CRUZ
Uma vez que temos tal adversário e tais oposições, torna-se necessário que conheçamos a vitória da cruz. A obra perfeita do Senhor Jesus na cruz não apenas solucionou o problema dos pecadores, mas também pronunciou o juízo sobre Satanás. O Senhor Jesus Cristo já derrotou Satanás na cruz. . Hebreus capítulo 2 versículos 14 e 15 diz: "Para que, por Sua morte (pela morte do Senhor Jesus Cristo), destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida". Colossenses capítulo 2 versículo 15 diz: "Despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz". A cruz é o lugar onde Satanás é vencido. Ele recebeu seu ferimento mortal na cruz de Cristo. . Sabemos que o Filho de Deus se manifestou para destruir as obras do diabo, mas onde elas foram destruídas? A resposta óbvia é: "na cruz". (1ª João capítulo 3 versículo 8 diz: "Aquele que vive habitualmente no pecado é do diabo, pois o diabo péca desde o princípio. Para isto, o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do diabo.") Sabemos também que o Senhor Jesus veio para "amarrar o valente", mas onde Ele o fez? Naturalmente, isso também ocorreu na cruz do Calvário. Mateus capítulo 12 versículo 29 diz: "Ou ainda, como pode alguém entrar na casa do valente e roubar-lhe todos os bens sem primeiro amarrá-lo? Só depois disso será possível saquear a sua casa". Precisamos saber que o Senhor Jesus obteve a vitória na cruz. . Louvado seja o Senhor!
A VITÓRIA DE CRISTO NA CRUZ
Uma vez, enquanto trabalhava no sul da província de Fukien, Satanás veio oprimir-me e atacar muitas vezes. O que o Senhor me mostrou foi que eu deveria permanecer firme na base da cruz e louvá-Lo. Algumas vezes meu espírito sentiu grande opressão; não pude estar livre. Foi como se mil toneladas estivessem sobre meu coração. Umas poucas vezes ao entrar no local de reuniões pude sentir a atmosfera poluída; o diabo trabalhava ativamente. Sob tais circunstâncias orei muito, mas sem sucesso. Entretanto, no momento que comecei a louvar a vitória de Cristo na cruz, gloriar-me na cruz e desprezar o inimigo, dizendo-lhe que ele não podia mais agir e estava destinado ao fracasso, então senti real libertação, e a atmosfera do local de reuniões mudou. Louvado seja o Senhor! A cruz de Cristo é vitoriosa! Louvado seja o Senhor! Satanás está derrotado! Devemos aprender a aplicar a múltipla vitória da cruz de Cristo mediante a oração para resistir aos ardis, ao poder e aos ataques do inimigo. Levantando-se oposições e confusão, podemos recorrer à vitória da cruz de Cristo no Calvário. Apesar de não sentir nada, devemos crer que ao invocar a vitória de Cristo na cruz, o inimigo é derrotado.
Se estivermos realmente identificados com a cruz de Cristo dessa maneira, se permitirmos que ela realize uma obra mais profunda em nossa vida e em nosso serviço a Deus, e se confiarmos plenamente na sua vitória, Deus irá conceder-nos a vitória aonde quer que formos. Que Deus faça de nós, servos vencedores por meio da vitória de Cristo na cruz no Calvário.
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Jesus é o Senhor!