A ORIGEM DAS DOENÇAS E A CURA | Watchman Nee
AS DOENÇAS
As doenças são um acontecimento comum na vida. Para entendermos como devemos manter nosso corpo em condições de glorificar a Deus, precisamos primeiro saber que atitude vamos tomar com respeito às doenças, como poderemos tirar proveito delas, e também como obter a cura. Se não soubermos lidar com as doenças, certamente estaremos incorrendo em grave erro, tal a relevância delas.
AS DOENÇAS E O PECADO
A Bíblia revela que existe uma relação muito estreita entre a doença e o pecado. A conseqüência final do pecado é a morte. As doenças encontram-se no meio dos dois, entre o pecado e a morte. Elas são o efeito do pecado e o prelúdio da morte. Se no mundo não houvesse pecado, não haveria nem doenças nem morte. Se Adão não tivesse pecado, não haveria doença na Terra. Disso podemos ter certeza absoluta. As doenças, assim como outros males, surgiram por causa do pecado.
Os seres humanos possuem duas naturezas: a física e a não-física. Ambas sofreram com a queda de Adão e Eva. O espírito e a alma das pessoas foram prejudicados pelo pecado, e o corpo das pessoas foi invadido por doenças. O pecado do espírito e da alma, juntamente com as doenças do corpo, comprovam que as pessoas tem de morrer.
Quando o Senhor Jesus veio ao mundo para nos salvar, Ele não apenas perdoou o pecado das pessoas, mas também curou o corpo delas. Ele salvou tanto o corpo como a alma. No início do Seu ministério, Jesus curou as enfermidades. Ao completar Sua obra na cruz, Ele se tornou propiciação para os nossos pecados. Atentemos para o número de pessoas doentes que Jesus curou quando estava aqui na Terra! Mostrava-se sempre pronto para tocar os doentes e levantá-los. A julgar pelo que Jesus mesmo realizou e pelo que mandou que Seus discípulos fizessem, temos de reconhecer que a salvação que Ele provê inclui a cura das enfermidades. Seu evangelho é de perdão e de cura. Os dois andam sempre juntos. O Senhor Jesus salva as pessoas dos pecados e das doenças, para que assim conheçam o amor do Pai. Lendo os evangelhos, os Atos dos Apóstolos, as epístolas ou o Antigo Testamento, verificamos que perdão e cura andam sempre lado a lado.
Todos sabemos que Isaías capítulo 53 é o texto do Antigo Testamento que apresenta o evangelho com maior clareza. Existem várias passagens do Novo Testamento que fazem referência a esse capítulo, mostrando o cumprimento das profecias de Isaías na obra redentora do Senhor Jesus. "O castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados." (v. 5). Esse texto afirma, de modo inequívoco, que Deus nos concedeu tanto a cura do corpo como a paz da alma. Isso se torna mais claro ainda quando vemos o verbo "levar" empregado de duas maneiras diversas. Ele "levou sobre si o pecado de muitos" (v. 12) e "as nossas dores (doenças) levou sobre Si" (v. 4). O Senhor Jesus leva nossos pecados e nossas doenças. Já que Ele levou nossos pecados, não precisamos carregá-los. Da mesma forma, já que Ele levou nossas doenças, já não precisamos levá-las. O pecado prejudicou tanto nossa alma quanto nosso corpo, por isso o Senhor Jesus salva ambos. Ele nos livra das doenças e também dos pecados. Os crentes hoje podem louvar a Deus como fez Davi: "Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga ao Seu Santo Nome. Ele é quem perdoa todas as tuas iniqüidades; quem sara todas as tuas enfermidades." (Sl 103:1,3). É lamentável que muitos cristãos só possam pronunciar esse louvor pela metade, pois conhecem apenas meia salvação. Isso constitui uma perda tanto para Deus quanto para a humanidade.
Notemos que a salvação de Deus não seria completa se o Senhor Jesus simplesmente perdoasse os nossos pecados, mas não curasse as doenças. Como poderia Ele salvar nossa alma e ainda assim deixar nosso corpo ser atormentado pelas enfermidades? Quando Jesus estava aqui na Terra, acaso não deu importância a esses dois aspectos? Algumas vezes, Ele perdoou primeiro para depois curar. Em outras vezes, Ele curou para depois salvar. Ele age conforme nossa capacidade de receber. Examinando os evangelhos, percebemos que o Senhor Jesus realizou mais curas do que qualquer outra obra, porque para os judeus daquele tempo era mais fácil acreditar nas curas do que no perdão (Mt 9.5). Hoje, porém, os cristãos comportam-se do modo contrário. Naqueles dias, os homens criam que o Senhor tinha poder para curar enfermidades, mas duvidavam da sua graça para perdoar. Hoje os crentes crêem no poder do Senhor Jesus para perdoar, mas duvidam da graça do Senhor Jesus para curar. Confessam que o Senhor Jesus veio para salvar os homens de seus pecados, todavia ignoram o fato de que Ele é igualmente o Salvador que cura. Pela incredulidade, as pessoas divide o Salvador perfeito em dois, embora a verdade continue sendo que Cristo é, para sempre, o Salvador do nosso corpo e da nossa alma, competente para nos curar e para nos perdoar.
Para o Senhor, perdoar as pessoas não é suficiente. As pessoas precisam de cura também. Por isso, depois do Senhor Jesus ter declarado ao paralítico: "Homem, estão perdoados os teus pecados", Ele ordenou: "Levanta-te, toma o teu leito e vai para casa". (Ver Lucas 5.20,24). Quanto a nós, embora afligidos por pecados e doenças, achamos que o perdão do Senhor é suficiente. Aceitamos carregar as enfermidades e buscamos a cura por outros meios. O Senhor Jesus, porém, não quer que os amigos do paralítico, que já recebeu o perdão, voltem com ele para casa ainda confinado a uma cama.
No tocante à relação entre o pecado e a doença, a concepção do Senhor é contrária à nossa. Achamos que o pecado é relacionado com o reino espiritual, algo que desagrada a Deus e que Ele condena. As doenças, porém, são apenas um fenômeno natural, que nada têm a ver com Deus. No entanto o Senhor Jesus considera tanto os pecados da alma quanto as enfermidades do corpo como obras de Satanás. O Senhor Jesus veio "para destruir as obras do diabo." (1 Jo 3.8). Por isso, Ele expulsa os demônios e cura as doenças. Quando Pedro, sob revelação, fala do ministério de cura do Senhor, declara que Ele "andou... fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo." (At 10.38). Os pecados e as doenças acham-se intimamente associados, assim como a alma e o corpo. O perdão e a cura se complementam.
A DISCIPLINA DE DEUS
Tendo visto o que o Senhor pensa com respeito à enfermidade, voltemos, agora, nossa atenção para as causas das doenças dos crentes.
"Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem. Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo." (1 Co 11.30-32). Paulo explica aqui que a doença é uma forma pela qual Deus nos corrige. Os crentes sofrem essa disciplina por terem errado diante do Senhor. O objetivo é levá-los a julgarem a si mesmos, e a eliminarem seus erros. Ao castigar Seus filhos, Deus usa de misericórdia para com eles, para que não sejam condenados com o mundo. Quando nos arrependemos de nossos erros, o Senhor afasta sua disciplina. Portanto podemos então evitar a doença efetuando um autojulgamento.
Em muitos casos, a doença é uma disciplina divina, no sentido de nos alertar para pecados aos quais não damos atenção. Ele quer que os deixemos. Deus permite que tenhamos enfermidades para que Ele possa nos disciplinar e nos purificar das faltas. Ele pesa sua mão sobre nós para chamar nossa atenção para algum erro que estejamos abrigando, alguma injustiça ou dívida, o orgulho ou amor a este mundo, autoconfiança ou cobiça na obra, ou para algum ato de desobediência ao Senhor. A doença é, portanto, uma disciplina manifesta de Deus sobre o pecado. Disso, porém, não devemos inferir que quem está doente é necessariamente mais pecaminoso que os outros. (Ver Lucas 13.2). Pelo contrário, geralmente o Senhor disciplina os mais santos. Jó é um ótimo exemplo disso.
Toda vez que Deus corrige um crente e este adoece, ele pode receber grandes bênçãos, porque o Pai dos espíritos "nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade." (Hb 12.10). A doença faz com que nos lembremos do passado e o examinemos, para ver se há algum pecado oculto, alguma desobediência a Deus ou vontade própria. Desse modo, podemos ficar sabendo se existe alguma barreira entre nós e Deus. Quando examinamos o coração, enxergamos como nossa vida tem sido dominada pelo ego, e se acha muito distante da santidade do Senhor. Esses exercícios espirituais nos capacitam a crescer espiritualmente e a obter a cura de Deus.
Portanto a primeira atitude a tomar quando estamos doentes não é correr de um lado para outro em busca da cura ou dos meios para isso. Tampouco devemos ficar ansiosos ou temerosos. O que temos de fazer é nos abrir inteiramente à luz de Deus, e nos submetermos a um exame, com o desejo sincero de saber se o castigo se deve a algum erro que praticamos. Devemos julgar a nós mesmos. Assim o Espírito Santo nos mostrará em que temos falhado. Depois, teremos de confessar e abandonar imediatamente tudo aquilo que o Espírito Santo nos indicar. Se cometemos algum pecado que prejudicou outras pessoas, devemos fazer o máximo para repará-lo, crendo também que Deus nos aceitou. Precisamos oferecer-nos novamente a Ele, dispostos a obedecer plenamente à Sua vontade.
Deus "não aflige, nem entristece de bom grado os filhos dos homens." (Lm 3.33). Quando o Senhor vê que já atingimos o objetivo do autojulgamento, Ele cessa a disciplina. Deus tem prazer em afastar Sua disciplina, depois que ela cumpriu seus objetivos. A Bíblia afirma que, se julgarmos a nós mesmos, não seremos julgados. Deus quer que fiquemos livres do pecado e do ego. Quando alcançamos esse objetivo, a doença desaparece, porque esta já realizou sua missão. O que precisamos compreender hoje é que Deus nos castiga com um propósito específico. Por isso, devemos permitir sempre que o Espírito Santo nos revele nossos pecados, a fim de atingirmos o alvo divino, e não precisemos mais de disciplina. Aí então Deus nos cura.
Quando confessamos nossos pecados e os abandonamos, crendo também no perdão de Deus, podemos confiar nas promessas divinas, acreditando, sem nenhum temor, que Ele vai nos curar. Com a consciência livre de acusação, temos ousadia para nos aproximar de Deus e receber Sua graça. Quando nos achamos separados Dele, temos dificuldade para crer, ou então nem temos coragem para isso. Contudo, depois que abandonamos o pecado e recebemos o perdão, temos livre acesso à presença de Deus, através da iluminação do Espírito Santo e da obediência a Ele. Removida a causa da doença, ela desaparecerá. Agora o crente enfermo já não tem dificuldade em crer que "o castigo que nos traz a paz estava sobre o Senhor Jesus, e pelas Suas pisaduras fomos sarados". Nesse momento, a presença do Senhor se manifesta abundantemente, e Sua vida entra em nosso corpo para torná-lo vivo.
Será que temos nítida consciência de que nosso Pai celeste não está satisfeito conosco em muitas áreas? Ele se utiliza das enfermidades como forma de ajudar-nos a perceber nossas fraquezas. Se não abafarmos a voz da consciência, o Espírito Santo certamente nos mostrará o motivo do castigo. Deus se deleita em perdoar nossos pecados e curar nossas doenças. A grande obra redentora do Senhor Jesus contém tanto o perdão quanto a cura. Ele não vai permitir que nada se interponha entre nós e Ele. Deus quer que vivamos por Ele melhor do que vivíamos antes. É hora de confiarmos Nele e de Lhe obedecermos inteiramente. O nosso Pai celestial não deseja nos castigar. Ele está muito desejoso de curar-nos, para podermos manter uma comunhão mais íntima com Ele, ao contemplar Seu amor e Seu poder.
A DOENÇA E O EGO
As circunstâncias adversas e negativas servem para expor nossa verdadeira condição. Em si, elas não são pecado. Apenas revelam o que existe em nós. A doença é uma dessas circunstâncias que nos permitem enxergar o real estado de nossa alma.
Como é triste ver um cristão que, por causa dos seus próprios desejos, murmura contra o Senhor na hora da provação! Ele não entende que o que Deus lhe dá é o melhor para ele. Pelo contrário, seu coração fica dominado pelo desejo de obter cura imediata. (O que queremos dizer quando nos referimos a uma doença dada por Deus, na realidade, é que o Senhor permite a doença, pois ela procede diretamente de Satanás. Então, qualquer enfermidade que acomete um cristão acontece com a permissão de Deus e também com um propósito definido. A experiência de Jó é um exemplo perfeito dessa verdade). Por causa disso, o Senhor prolonga a doença. Ele só retira esse Seu instrumento de disciplina depois de atingir Seu objetivo. A meta de Deus em Seu relacionamento com o crente é levar este a uma condição de total submissão a Ele, de modo a receber com alegria tudo que Ele fizer em sua vida. Deus não se agrada daquele que o louva na prosperidade, mas reclama Dele na adversidade. Ele não quer que Seus filhos duvidem do Seu amor, nem que interpretem mal os seus atos com tanta facilidade. Quer que eles O obedeçam até à morte.
Deus deseja que Seus filhos entendam que tudo o que lhes sobrevém provém Dele. Por mais perigosas que sejam as circunstâncias físicas ou ambientais, elas passam pela medida de Sua mão. Até mesmo a queda de um fio de cabelo depende da vontade Dele. Se alguém resiste ao que lhe sobrevém, está resistindo ao próprio Deus, que permite esse acontecimento. E se ele, depois de um doloroso período de enfermidade, deixar que o ódio domine seu coração, essa revolta na verdade é contra o Senhor, que permitiu que tal provação lhe sobreviesse. A questão em foco não é se o crente deve ficar doente, mas sim se ele está se opondo a Deus. Este quer que os seus, quando doentes, esqueçam-se da doença. Sim, temos de nos esquecer da enfermidade e buscar resolutamente o Senhor. Suponhamos que a vontade divina seja que eu fique doente e permaneça assim. Será que estou preparado para aceitar isso? Será que sou capaz de me humilhar sob a potente mão de Deus sem resistir a ela? Ou será que, em meio ao sofrimento, estou querendo uma cura que não se encontra dentro do atual propósito do Senhor para mim? Será que saberei esperar até que Seu propósito para essa enfermidade se cumpra, para depois pedir-Lhe a cura? Ou será que vou buscar outros meios de cura enquanto Ele está me disciplinando? Será que, nas horas de profundo sofrimento, costumo batalhar por algo que Ele não vai conceder de imediato? Precisamos examinar profundamente essas questões quando nos encontramos doentes.
Ainda abrigamos nossos desejos pessoais. Essas aspirações provam o quanto o viver diário é dominado por nossos próprios pensamentos. Tanto na obra de Deus quanto no relacionamento com outros, agarramo-nos tenazmente a nossos pensamentos e opiniões. Assim, o Senhor tem de levar-nos até perto das portas da morte, a fim de ensinar-nos como é insensato de nossa parte resistir-Lhe. Ele permite que passemos por águas profundas, para que sejamos quebrados e nos esqueçamos da nossa vontade própria, ou seja, aquela conduta que tanto desagrada a Ele. Parece que um grande número de cristãos não segue nada do que o Senhor diz. Só se dispõem a obedecer após sofrerem aflições físicas. Por isso, depois que a persuasão por meio do amor perde a eficácia, o Senhor emprega o método da disciplina. O propósito do castigo é quebrar a vontade humana. Todo cristão doente deve pensar seriamente nisso.
Além do desejo e da vontade próprias, Deus também abomina um coração cheio de amor-próprio. Esse sentimento ameaça a vida espiritual, destruindo as obras espirituais. Se Deus não remover nosso amor-próprio, não teremos condições de correr com rapidez nossa carreira espiritual. O amor-próprio tem muito a ver com o nosso corpo. Dizer que amamos a nós mesmos significa que estimamos nosso corpo e nossa vida da alma. Por isso, é para destruir essa característica odiosa que Deus, muitas vezes, permite enfermidades. Por causa do nosso amor ao ego, tememos o enfraquecimento do nosso corpo. Entretanto é isso que Deus faz, permitindo que experimentemos a dor. E quando pensamos que vamos melhorar, a doença se agrava. Queremos continuar vivendo, mas tal esperança parece extinguir-se. Naturalmente, Deus trata de modo diverso com cada pessoa. Com algumas, Ele age de forma drástica. Com outras, opera levemente. O propósito divino, porém, é sempre transformar o coração cheio de amor-próprio. Muitas pessoas fortes precisam ser levadas até perto das portas da morte para que seu amor-próprio se desfaça. Que é que lhe resta para amar agora com o corpo enfraquecido, a vida em perigo, a doença devorando progressivamente a saúde, e a dor minando-lhe as forças? A essa altura a pessoa está realmente desejando morrer, desesperada e também sem amor-próprio. Seria o ápice da tragédia não se voltar para Deus nesse momento, invocando Dele Sua promessa de cura.
Quando o coração do crente está longe do coração divino. Deus permite que ele fique doente para que se esqueça de si mesmo. Contudo, quanto mais doente ele fica, maior é o seu amor-próprio. Na ansiedade de obter a cura, ele vive em função de sua doença. Quase todos os pensamentos giram em torno dele mesmo! Quanta atenção ele agora devota à alimentação, procurando ver o que deve e o que não deve comer! Como fica preocupado quando algo sai errado! Ele tem muito cuidado com seu conforto e com seu repouso. Se sua temperatura oscila, ou se passou uma noite ruim, fica agoniado, como se isso fosse fatal para sua vida. Como ele se torna sensível à maneira como outros o tratam! Será que pensam bastante nele? que cuidam bem dele? que o visitam com a freqüência devida? Passa horas incontáveis, pensando em seu corpo. E assim não tem tempo para meditar no Senhor ou naquilo que ele pode estar querendo realizar em sua vida. Em verdade, muitos simplesmente são "enfeitiçados" por suas próprias doenças! Só sabemos realmente como é excessivo o amor que temos por nós mesmos quando ficamos doentes.
Deus não tem prazer em nosso amor-próprio. Ele quer que compreendamos o enorme prejuízo que isso nos causa. O Senhor quer também que, nas horas de enfermidade, aprendamos a não nos absorver com nossos sintomas, mas a atentarmos exclusivamente para Ele. É Seu desejo que Lhe entreguemos nosso corpo por inteiro, aceitando Seus cuidados. Toda vez que sentirmos um sintoma adverso, devemos nos voltar para o Senhor, e não para o nosso corpo.
Devido a esse amor ao ego, assim que o crente adoece, busca logo a cura. Ele não percebe que, antes de suplicar sua cura à Deus, deve primeiro limpar seu coração, abandonando o pecado. Contudo ele está com os olhos fixos na cura. Não se preocupa em perguntar a Deus por que ele permitiu essa doença, do que é que ele deve arrepender-se, ou como pode deixar o Senhor aperfeiçoar sua obra nele. Ele só consegue contemplar a própria fraqueza. Anseia ficar bom novamente, buscando por toda parte os meios para a sua cura. Então, querendo ser curado rapidamente, ele suplíca isso a Deus, e busca informação com o homem. Quando o crente se acha nessa situação, o Senhor não pode realizar Seu propósito na vida dele. É por essa razão que alguns se curam apenas temporariamente. Depois de algum tempo, a antiga enfermidade volta. Como pode haver uma cura duradoura se ele não removeu a raiz da doença?
A enfermidade é um dos métodos que Deus utiliza para falar conosco. O Senhor não quer que fiquemos ansiosos, buscando a cura imediatamente. Pelo contrário, Ele nos pede para orarmos com atitude de obediência a Ele. Como é triste ver uma pessoa esperando ansiosamente a cura, e sem poder dizer ao Senhor: "Fala, Senhor, porque Teu servo ouve." Nossa única preocupação é livrar-nos da dor e da fraqueza. Apressamo-nos em procurar o melhor remédio. A doença nos leva a inventar muitas formas de cura. Cada sintoma nos atemoriza, e logo nosso cérebro se põe a trabalhar. Deus parece estar longe de nós. Negligenciamos nossa condição espiritual. Todos os nossos pensamentos se centralizam no sofrimento e nas formas pelas quais poderemos obter a cura. Se o remédio faz efeito, damos graças a Deus. Se o restabelecimento, porém, demora, começamos a entender mal o amor do nosso Pai celestial. Será que nessa ânsia de nos livrar da dor, estamos sendo guiados pelo Espírito Santo? Será que achamos que podemos glorificar a Deus pela força da carne?
O REMÉDIO
O amor-próprio, naturalmente, cria os seus recursos particulares. Em vez de os cristãos recorrerem a Deus, objetivando eliminar a raiz da doença, eles anseiam pela cura, indo buscá-la nos remédios. Não pretendemos analisar extensamente essa questão, se um crente pode ou não tomar medicamentos. Todavia queremos dizer que, quando o Senhor Jesus nos salvou, fez também provisão para nossa cura física. Assim, parece ignorância, se não incredulidade, recorrer a invenções humanas.
Muitos crentes questionam se os filhos de Deus devem ou não tomar remédio. Dão a entender assim que, solucionando essa questão, todas as demais estarão resolvidas. Será que eles estão cientes de que o viver espiritual não se pauta pelo "poder ou não poder", e sim pela direção de Deus? Perguntamos, então: um crente que, levado pelo amor-próprio, recorre a remédios e busca ansiosamente a cura, está sendo guiado pelo Espírito Santo? Ou será que está agindo por sua própria decisão? Quando o homem age segundo sua natureza, geralmente busca a salvação pelas obras. Só após muita relutância, depois de haver passado por várias circunstâncias adversas, é que aceita a salvação pela fé. Será que isso também não acontece em relação à cura do corpo? Com respeito à cura divina, a luta talvez seja muito mais intensa do que no tocante ao perdão dos pecados. Os crentes sempre acabam reconhecendo que só poderão entrar na eternidade se crêrem no Senhor Jesus para sua salvação. No entanto, quando se trata da cura física, eles se perguntam por que é que teriam de depender da salvação do Senhor Jesus, quando existem à sua disposição tantos recursos médicos. A questão, então, não é saber se podemos ou não tomar remédios, mas, se o uso deles, por decisão própria do crente, não limita a salvação de Deus. O mundo já não inventou muitas teorias para salvar o homem do pecado? Não oferece tantas escolas de filosofia, de psicologia, de ética e de educação, além de um grande número de rituais, regras e práticas para ajudar as pessoas a serem boas? Será que nós, os crentes, podemos aceitar tais recursos como sendo perfeitos e eficazes? Somos salvos pela obra que o Senhor Jesus consumou na cruz, ou por esses enganos engenhosos criados pelo homem? De modo semelhante, o mundo inventou remédios dos mais variados tipos para aliviar o homem de suas doenças.
Reconhecemos que às vezes Deus utiliza intermediários para manifestar Seu poder e Sua glória. Contudo, pelo relato das Escrituras, e pela experiência dos cristãos, percebemos que, depois da queda do homem, parece que nossos sentimentos passaram a controlar nossa vida. Isso produziu em nós uma inclinação natural para buscar esses intermediários em vez de recorrer a Deus. É por isso que, nas horas de enfermidade, os crentes têm mais interesse por remédios do que pelo poder do Senhor. Embora possam proclamar que confiam nesse poder, no coração estão quase que totalmente confiantes no medicamento, como se Deus não pudesse exercitar Seu poder sem o uso do remédio. Não é de espantar que eles estejam sempre revelando intranqüilidade, ansiedade e temor, buscando com afinco e por toda parte os melhores meios de cura. Não gozam da paz que brota de uma confiança plena em Deus. Como seu coração se acha tão dominado pela idéia de usar medicamentos, voltam-se para o mundo e sacrificam a presença de Deus. O plano do Senhor era trazê-los para mais perto Dele, por meio da doença. E no entanto, exatamente o oposto é que parece estar acontecendo. É possível que alguns sejam realmente capazes de usar remédios sem prejudicar sua vida espiritual, mas são poucos. Muitos crentes tendem a confiar mais nos recursos intermediários do que em Deus. Por conseguinte, sua vida espiritual passa a sofrer em razão do uso de medicamentos.
Muitos argumentam que já que os remédios vêm de Deus, certamente podemos tomá-los. Contudo o que queremos enfatizar é isto: será que o Senhor nos orienta a tomar medicamentos? Não desejamos discutir se o remédio vem ou não de Deus. Queremos é verificar se Deus deu o Senhor Jesus aos Seus filhos como Salvador dos seus males físicos. Devemos buscar a cura através do poder natural dos medicamentos, como fazem os não-crentes e os crentes fracos, ou devemos aceitar o Senhor Jesus, a quem Deus preparou para nós, confiando totalmente em Seu nome?
Confiar em medicamentos é uma atitude diametralmente oposta a aceitar a vida do Senhor Jesus. Concordamos que os remédios e outros recursos médicos possuem eficácia. Entretanto não passam de agentes de cura naturais, e ficam muito aquém da provisão de Deus para os Seus filhos, que é o melhor para eles. Podemos pedir ao Senhor para abençoar os remédios e sermos curados. Podemos também dar graças a Deus por eles, depois de curados, reconhecendo que a cura foi uma operação divina. Entretanto tal cura não é a mesma que ocorreria se aceitássemos a vida do Senhor Jesus. Quem age assim está enveredando pelo caminho mais fácil, abandonando o campo de batalha da fé. As doenças se encaixam no contexto do nosso conflito com Satanás. Se o único propósito almejado fosse a cura, poderíamos empregar quaisquer meios. Contudo, como estão em jogo objetivos mais elevados, será que não deveríamos ficar quietos diante de Deus, aguardando por Sua operação?
Não queremos declarar dogmaticamente que o Senhor nunca abençoa os remédios. Sabemos que Deus já abençoou muitas vezes, pois Ele é extremamente bom e generoso. Entretanto os cristãos que confiam unicamente nos medicamentos não estão permanecendo na base da redenção. Assumem a mesma posição que os homens do mundo. Nessa questão, não podem dar testemunho de Deus. Tomar comprimidos, aplicar pomadas e injeções são práticas que não podem nos comunicar a vida do Senhor Jesus. Quando confiamos em Deus, colocamo-nos numa posição acima do natural. A cura pelos medicamentos é sempre lenta e dolorosa; a cura divina é rápida e abençoada.
O restabelecimento pelos remédios jamais poderá nos conceder o mesmo proveito espiritual da cura que obtemos quando confiamos em Deus. Essa é uma verdade irrefutável. Quando alguém está de cama, doente, arrepende-se profundamente de seus pecados. No entanto, se é curado pelo uso de medicamentos, afasta-se ainda mais de Deus. Se, porém, se curasse, esperando e confiando em Deus, não sofreria esse "efeito colateral". Quem recebe a cura divina confessa seus pecados, nega a si mesmo, confia no amor de Deus e depende do poder Dele. . Aceita a vida e a santidade do Senhor, estabelecendo com Ele um relacionamento novo, que nunca se desfará.
Através da doença, Deus quer nos ensinar a cessar toda atividade própria, para que passemos a confiar inteiramente Nele. Muitas vezes, quando buscamos a cura ansiosamente, estamos sendo dominados pelo nosso amor-próprio. Esquecemo-nos de Deus e da lição que Ele quer nos ensinar. Será que, se os crentes se esvaziassem do amor-próprio, buscariam a cura com tanta ansiedade? Se realmente cessassem suas atividades, buscariam o auxílio da medicina humana? De modo nenhum. Fariam um auto-exame cuidadoso diante de Deus, buscando primeiro entender a razão de ser da doença. Depois, então, pediriam a cura, com base no amor do Pai. Quando uma pessoa recorre à medicina, busca ansiosamente a cura. Quando se volta para o poder de Deus, aspira calmamente descobrir qual é a vontade Dele. Os crentes buscam a cura com ansiedade porque estão cheios de amor-próprio, de desejos impetuosos e de sua própria força. Se aprendessem a depender do poder divino, reagiriam de forma diferente. Ao confiar em Deus para a cura, é necessário que confessemos os pecados e os abandonemos e nos dediquemos totalmente ao Senhor.
Hoje em dia há muitos enfermos. E Deus tem um propósito específico para cada uma dessas enfermidades. Sempre que abrimos mão de dominar por meio do "nosso ego", o Senhor nos cura. Quando os cristãos não recebem a doença de bom grado, não a vendo como o melhor que Deus tem para nós, quando eles buscam outros meios de cura que não o Senhor, recusando-se a submeter-se a Ele, adoecem novamente, mesmo depois de terem sido curados. Se se apegarem ao amor-próprio, e ficarem o tempo todo preocupados consigo mesmos, Deus lhes dará mais motivos para sentirem auto piedade. Ele vai lhes mostrar que a medicina terrena não pode curar permanentemente. O Senhor quer que Seus filhos saibam que um corpo forte e saudável não é para a satisfação própria, nem para ser usado segundo os próprios desejos, mas somente para Deus. O espírito de cura é um espírito de santidade. Carecemos é de santidade; não de cura. Precisamos ser libertos primeiro é do nosso ego; não da doença.
Quando renunciamos à medicina e a outros meios humanos, confiando no Pai celestial de coração sincero, verificamos que nossa fé se torna mais robusta. Iniciamos um novo relacionamento com Deus, e passamos a viver por uma vida em que antes não confiávamos. Entregamos nosso corpo, alma e espírito ao nosso Pai celestial. Descobrimos que a vontade de Deus é manifestar o poder do Senhor Jesus e o amor do Pai. Assim aprendemos a exercitar fé no sentido de provar que o Senhor redime o nosso corpo e também o nosso espírito e a nossa alma.
"Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida..." (Mt 6.25). O Senhor cuida de tudo aquilo que lhe entregamos. Se obtivermos a cura imediata, louvemos a Deus. Se nossos sintomas se agravarem, não devemos duvidar, mas procurar nos firmar nas promessas divinas, sem permitir que o nosso amor-próprio reviva. Deus pode estar usando essa situação para extinguir as últimas partículas do nosso amor pelo ego. Se nos preocuparmos com o nosso corpo, começaremos a duvidar; se contemplarmos as promessas de Deus, chegaremos para mais perto Dele, nossa fé crescerá e, por fim, obteremos a cura divina.
Entretanto devemos ter cuidado para não cair em extremos. A vontade de Deus é que descansemos exclusivamente Nele. Contudo, depois que negarmos definitivamente os nossos próprios meios, e confiarmos em Deus de maneira plena, pode ser do Seu agrado que utilizemos alguns recursos naturais para ajudar nosso corpo. Estamos nos referindo a coisas como "um pouco de vinho", que Paulo receitou para Timóteo. Ele possuía um estômago fraco, sendo freqüentemente afligido por indisposições. Em vez de repreendê-lo pela falta de fé e por não ter sido curado diretamente por Deus, o apóstolo persuadiu-o a tomar um pouco de vinho, pois isso lhe seria benéfico. O que ele recomenda aí é o uso de um elemento como o vinho que, em si mesmo, é neutro.
Esse acontecimento nos ensina uma lição. É verdade que devemos crer em Deus e depender Dele (como Timóteo certamente fez). No entanto não podemos cair em extremos. Se nosso corpo estiver fraco, devemos acatar a direção do Senhor, comendo certos alimentos especialmente nutritivos.
Nessas condições, fortaleceremos nosso corpo pelo consumo desses alimentos. Enquanto não experimentarmos a redenção completa, continuaremos sendo seres humanos que ainda possuem um corpo físico. Desse modo, portanto, devemos estar atentos às necessidades naturais desse corpo físico.
O consumo de elementos nutritivos não implica anular a fé. Os crentes precisam ter cuidado apenas para não se limitarem ao uso deles, sem a fé em Deus.
É MELHOR SER CURADO
Alguns crentes caíram em extremos. Refiro-me a cristãos naturalmente duros e obstinados, que foram quebrantados pela doença que Deus lhes enviou. Submeteram-se à disciplina divina e se tornaram bondosos, amáveis, mansos e santos. Entretanto a doença foi tão eficaz na transformação de sua vida que eles começaram a apreciar mais a enfermidade do que a saúde, passando a considerá-la como uma enzima para o crescimento espiritual. Já não aspiram à cura. Aceitam com uma resignação incomum toda doença que lhes sobrevém. Argumentam que, se tivessem de ser sarados, Deus interviria curando-os. De acordo com seu entendimento, é mais fácil ser espiritual na doença do que na saúde. Acham que o repouso e o sofrimento os aproximam mais de Deus do que a atividade. Crêem que é melhor ficar deitados na cama do que correr de um lado para o outro. Conseqüentemente, não querem buscar a cura divina. Como poderemos ajudá-los a entender que a saúde é mais proveitosa do que a doença? Reconhecemos que é durante a enfermidade que muitos crentes abandonam seus pecados e passam a gozar de uma comunhão mais profunda com Deus. Admitimos que muitos inválidos e enfermos são extremamente santos e espirituais. Contudo precisamos dizer também que muitos cristãos se encontram bastante confusos em várias questões.
Um doente pode ser santo, mas tal santidade é um tanto anormal. Quem sabe se depois de restabelecido e, tendo liberdade de escolha, ele não voltará ao mundo e ao amor a si mesmo? Doente, ele é santo. Com saúde, torna-se mundano. Então ele crê que o Senhor precisa mantê-lo enfermo prolongadamente, a fim de conservá-lo santo. Para ser santo, ele depende da doença! Entendamos, porém, que, para termos uma vida com o Senhor, de modo nenhum precisamos estar restritos à enfermidade. Jamais abriguemos o pensamento de que, se um indivíduo não estiver sob o jugo da doença, não terá forças para glorificar a Deus em suas obrigações diárias. Pelo contrário, ele deve ser capaz de manifestar a vida do Senhor normalmente no seu viver diário. E muito bom sermos capazes de suportar o sofrimento, mas não será muito melhor podermos obedecer a Deus quando cheios de saúde?
Devemos reconhecer que a cura - a cura divina - é algo que pertence a Deus. Na ânsia de buscar a cura por meio da medicina, naturalmente nos afastamos de Deus. Por outro lado, quando aspiramos ser curados pelo Senhor, nos aproximamos Dele. Quem é curado por Deus glorifica-o mais do que quem está sempre enfermo. A doença pode glorificar a Deus, pois lhe oferece uma oportunidade de manifestar Seu poder de curar (Jo 9.3). Contudo, como é que alguém que permanece doente por um período muito longo pode glorificar a Deus? Quando Deus nos cura, testemunhamos do Seu poder e também da Sua glória.
O Senhor Jesus nunca ensinou que a doença é uma bênção que Seus seguidores devem suportar até à morte. Em nenhum momento Ele deu a entender que ela fosse uma expressão do amor do Pai. Ele conclama seus discípulos a tomarem a cruz, mas não permite que o doente permaneça enfermo por muito tempo. O Senhor afirma que devemos sofrer por Ele, mas nunca que devemos ficar doentes por Ele. O Senhor prediz que neste mundo teremos tribulações, mas não inclui a doença entre elas. Ele suportou profundo sofrimento aqui na Terra, mas nunca ficou doente. Além do mais, toda vez que encontrou alguém enfermo, Ele curou. Ele ensina que a doença vem do pecado e do diabo.
Precisamos fazer distinção entre sofrimento e doença. "Muitas são as aflições do justo", observa o salmista, "mas o Senhor de todas o livra. Preserva-lhe todos os ossos, nem um deles sequer será quebrado." (Sl 34.19-20). Tiago pergunta: "Está alguém entre vós sofrendo? Então "faça oração" para obter graça e força. O apóstolo continua: "Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja" para que seja curado (Tg 5.13-14).
Em 1ª Coríntios capítulo 11 versículos 30 a 32, Paulo analisa essa questão das enfermidades do crente de forma bastante abrangente. A doença é a disciplina de Deus. Se o cristão se dispuser a julgar a si mesmo, Deus afastará a enfermidade. Ele não deseja que os Seus filhos fiquem doentes por muito tempo. Nenhuma disciplina é permanente. Removida a causa, desaparece o castigo. "Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; mas depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça." (Hb 12.11). Vemos, então, que a disciplina é apenas momentânea. Depois, vem o excelente fruto de justiça. Não devemos interpretar a disciplina de Deus como punição. Estritamente falando, os crentes não são mais julgados. Em 1ª Coríntios capítulo 11 versículo 31, Paulo confirma essa idéia. Não devemos mais pensar de acordo com o conceito de lei, como se para cada pecado houvesse uma punição correspondente. O que temos aqui não é um problema judicial, mas familiar.
Voltemos ao proveitoso ensino bíblico a respeito do nosso corpo. O ensinamento de 3ª João capítulo 1 versículo 2 pode derrubar completamente o conceito errado de alguns: "Amado, acima de tudo, faço votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera a tua alma." Essa é a oração do apóstolo João, conforme a revelação do Espírito Santo, expressando o pensamento eterno de Deus a respeito do corpo do crente. Deus não quer que Seus filhos passem a vida toda doentes, incapazes de servi-lo com diligência. Ele os quer fisicamente saudáveis, assim como a alma deles está saudável. Por isso, podemos concluir, sem sombra de dúvida, que a doença prolongada não é da vontade de Deus. Ele pode nos disciplinar temporariamente, através da doença, mas não tem prazer na enfermidade demorada.
Em 1ª Tessalonicenses capítulo 5 versículo 23, Paulo reafirma que a doença excessivamente prolongada não é da vontade de Deus. Nosso corpo deve estar como o nosso espírito e a nossa alma. O Senhor não se compraz em ver nosso corpo fraco, doente e atormentado pela dor, ao passo que nosso espírito e nossa alma se acham sãos e inculpáveis. Seu propósito é salvar o homem completo, e não apenas parte dele.
A obra do Senhor Jesus revela também a vontade de Deus com respeito à doença, pois Ele só fez a vontade do Pai. Na cura do leproso, por exemplo, Ele descortina para nós, de modo especial, o coração de Deus para com o doente. O leproso suplicou: "Senhor, se quiseres, podes purificar-me". Vemos aqui um homem batendo à porta do céu, perguntando se é a vontade de Deus curar. O Senhor estendeu a mão, tocou-o, e disse: "Quero, fica limpo!" (Mt. 8.2,3). Com freqüência, a cura revela a mente de Deus. Aquele que pensa que Deus está relutante em curar, não conhece a vontade divina. Em Seu ministério terreno, o Senhor Jesus "curou todos os que estavam doentes." (v. 16). Como é que podemos declarar arbitrariamente que Ele agora mudou de atitude?
O interesse de Deus para nós hoje é que a Sua vontade seja feita na terra assim como é feita no céu (Mt 6.10). A vontade de Deus é realizada no céu, onde não existe enfermidade. Ela é absolutamente incompatível com a doença. Às vezes, os cristãos pedem a cura divina, mas logo perdem a esperança, dizendo em seguida: "Seja feita a vontade do Senhor.".
Parece que para eles a vontade do Senhor é sinônimo de doença e morte. Essa atitude é um erro muito grave. Deus não deseja que Seus filhos fiquem doentes, embora algumas vezes permita que isso aconteça, para o benefício deles. Seu plano eterno é que Seu povo tenha saúde. O fato de não haver doença no céu, mostra de maneira absoluta qual é a vontade de Deus.
Se analisarmos bem a fonte das enfermidades, teremos mais um motivo para buscar a cura. Todos os doentes eram "oprimidos do diabo." (At 10.38). Acerca da mulher que estava encurvada, e não podia endireitar-se, o Senhor Jesus disse que Satanás a "trazia presa." (Lc 13.16). Ao curar a sogra de Pedro, Ele "repreendeu a febre." (Lc 4.39), da mesma forma que repreendeu os demônios (veja versículos 31 a 41). Lendo o Livro de Jó, vemos que quem causou a doença dele foi o diabo (capítulo 1 e 2). E quem o curou foi Deus (capítulo 42). O espinho que importunava e enfraquecia Paulo era um "mensageiro de Satanás." (2 Co 12.7); mas quem o fortaleceu foi Deus. Quem tem o poder da morte é o diabo (Hb 2.14). Sabemos que a doença culmina com a morte, pois é uma de suas facetas. Assim como Satanás tem o poder da morte, tem também o das doenças, pois a morte nada mais é, que, o auge do processo de enfermidade.
Essas passagens deixam claro que a doença tem sua origem no diabo. Deus permite que Satanás ataque Seus filhos, porque existem pecados na vida deles. Quem se recusa a abandonar o pecado que o Senhor requer que ele deixe, permitindo assim que a enfermidade continue em sua vida, está agindo como se tivesse virado as costas a uma ordenança divina, dando as boas-vindas à doença. Com isso, esse indivíduo se coloca voluntariamente sob a opressão de Satanás. Quem seria tão obtuso a ponto de querer retornar à escravidão, depois de ter obedecido à vontade revelada de Deus? Reconhecendo que a doença procede do diabo, devemos resistir-lhe. Temos de estar cientes de que ela provém do inimigo, por isso não devemos acolhê-la. O Filho de Deus veio para nos libertar, não para nos prender.
Por que Deus não remove nossas enfermidades quando elas já não são necessárias? Essa é uma pergunta que muitos crentes fazem. Atentemos para o princípio pelo qual o Senhor lida conosco, e que é sempre este: "Seja feito conforme a tua fé." (Mt 8.13). Deus deseja que Seus filhos sejam sempre saudáveis, mas permite que continuem doentes por causa da incredulidade e da falta de oração. Se os servos de Deus consentem em ter a doença - ou pior ainda - se a acolhem, como se ela fosse livrá-los do mundo e torná-los mais santos, o Senhor não pode fazer nada a não ser conceder-lhes o que pedem. Muitas vezes, Deus lida com Seus filhos de acordo com o que eles podem receber. Ele pode ter grande prazer em curá-los, mas, pelo fato de não orarem com fé, perdem essa dádiva preciosa.
Então, devemos entender que a bênção espiritual que recebemos pela doença é muito inferior à que obtemos pelo restabelecimento. Se confiarmos em Deus, buscando Nele a cura, com certeza continuaremos a andar em santidade depois de curados, a fim de preservar nossa saúde. Quando o Senhor nos torna saudáveis, passa a possuir nosso corpo. A alegria de um novo relacionamento e de uma nova experiência com o Senhor é indescritível, não tanto por causa da cura, mas por causa do novo toque de vida que recebemos. Nessas ocasiões, os crentes glorificam ao Senhor muito mais do que na hora da enfermidade.
Portanto, os servos de Deus devem levantar-se e lutar pela cura. Antes, porém, precisamos ouvir o que o Senhor tem a nos dizer através da doença. Depois, com sinceridade de coração, pratiquemos tudo aquilo que Ele nos revelou. Além disso, entreguemos novamente o corpo ao Senhor. Se pudermos recorrer aos anciãos da igreja que possam nos ungir com óleo (Tg 5.14,15), vamos chamá-los e cumprir a ordem das Santas Escrituras. Ou então exercitemos a fé com serenidade, tomando posse da promessa de Deus (Êx 15.26). Deus há de curar-nos.
Gostaríamos de considerar, diante de Deus, algumas questões a respeito da doença.
1. A Relação Entre as Doenças e o Pecado:
Antes da queda do homem, não existia nenhuma espécie de enfermidade. A doença surgiu depois que o homem pecou. De modo geral, pode-se dizer que tanto a doença quanto a morte são fruto do pecado, pois pela transgressão de um só homem entraram no mundo o pecado e a morte (Rm 5.12). A doença, assim como a morte, atingiu a todos os homens. Nem todos pecaram do mesmo modo que Adão; no entanto, por causa da transgressão dele, todos morrem. Onde há pecado há morte também. Entre os dois, está a doença. Esse, portanto, é o ponto comum a todas as enfermidades. Na realidade, porém, existem mais de uma causa dos males que afligem os seres humanos. Algumas doenças brotam do pecado; outras, não. No que diz respeito à humanidade como um todo, as doenças não vêm do pecado. Já com relação aos indivíduos em particular, o pecado pode ou não ser a causa. Precisamos fazer distinção entre as duas situações. É absolutamente certo que, se não houvesse pecado, não haveria nem morte nem doença. Não havendo morte, obviamente não poderia haver doença. A morte é fruto do pecado, e a enfermidade vem pelo princípio da morte. Mesmo assim, não se pode aplicar esse raciocínio indiscriminadamente a todos os indivíduos. Embora muitos fiquem enfermos por causa do pecado, outros adoecem por razões outras que não o pecado. No que diz respeito à relação entre o pecado e as doenças, devemos fazer uma distinção cuidadosa entre a aplicação dessa relação à humanidade como um todo e sua aplicação aos homens individualmente.
Devemos lembrar que em vários livros do Antigo Testamento, como Levítico e Números, a promessa de Deus era que, se o povo de Israel lhe obedecesse, andasse em seus caminhos, não se rebelasse contra suas leis, e não pecasse contra ele, o Senhor os protegeria de muitas enfermidades. Isso demonstra claramente que várias doenças têm origem no pecado ou na rebelião contra Deus. Todavia o Novo Testamento revela que algumas enfermidades não são causadas por nenhuma transgressão cometida pelo próprio doente.
Certa vez, Paulo escreveu que entregava a Satanás, para destruição da carne, o homem que tinha pecado, vivendo com a mulher do próprio pai (1 Co 5.4-5). Isso mostra, de modo claro, que algumas enfermidades provêm do pecado. Se o pecado for simples, sua conseqüência será uma doença. Se for grave, será a própria morte. A julgar pelo que está escrito em 2ª Coríntios capítulo 7, esse homem só não ficou doente a ponto de morrer porque sua tristeza produziu o arrependimento que o levou à salvação, e não trouxe pesar (2 Co 7.9-10). Paulo pediu à igreja em Corinto para perdoar tal homem (2 Co 2.6-7). Em 1ª Coríntios capítulo 5, o apóstolo diz para entregar a carne desse homem (não sua vida) a Satanás. Ele devia ficar doente, mas não morrer.
Paulo afirma ainda que os membros dessa igreja, que comiam do pão e bebiam do cálice do Senhor sem discernir o Seu Corpo, haviam ficado fracos e doentes, e alguns haviam até morrido (1 Co 11.29-30). Isso revela que a desobediência ao Senhor foi a causa da enfermidade deles.
As Escrituras contêm bastantes revelações, provando que muitos (não todos) adoecem por causa de pecado. Desse modo, a primeira atitude que devemos tomar quando doentes é nos examinar para descobrir se pecamos contra Deus. Com isso, muitos vão descobrir que seus males, na verdade, se devem ao pecado. Alguma vez na vida rebelaram-se contra Deus, ou desobedeceram à Sua Palavra. Desviaram-se. Assim que se conscientizarem disso, e confessarem esse pecado, a doença desaparecerá. Inúmeros irmãos em Cristo têm passado por experiências desse tipo. Logo depois que, diante de Deus, descobrem a causa da doença, ela vai embora. Esse fenômeno ultrapassa o entendimento da medicina.
A doença não surge necessariamente do pecado; muitas vezes, porém, se origina no pecado. Reconhecemos que várias moléstias têm causas naturais. Entretanto não podemos dizer que a causa de toda doença seja natural.
Pessoalmente, concordo com as palavras desse irmão. Quantas pessoas às vezes adoecem, apesar de tomarem medidas preventivas.
Lembro-me, também, do relato de um de meus colegas sobre sua experiência na Faculdade de Medicina de Pequim. Havia um professor com muitos conhecimentos, mas com pouca paciência. Por isso, nas provas, freqüentemente elaborava questões bem simples. Certa vez, ele perguntou por que as pessoas contraíam a tuberculose. Apesar de tratar-se de uma pergunta bastante simples, muitos não conseguiram dar a resposta certa. Alguns responderam que certos indivíduos tinham o bacilo da tuberculose. O professor considerou essa resposta errada, argumentando que a Terra estava cheia de bacilos da tuberculose, mas nem por isso todos possuíam a doença. Somente sob determinadas condições favoráveis, lembrou ele, esses bacilos causam a moléstia. Os bacilos por si só não podem causar a doença. Muitos estudantes se esqueceram de como é importante haver as condições favoráveis.
Estejamos cientes, portanto, de que a despeito da presença de muitos fatores naturais, os cristãos só adoecem com a permissão de Deus, dada sob condições apropriadas.
Cremos, sem dúvida nenhuma, que existem explicações naturais para as doenças. Isso já foi provado cientificamente. Todavia reconhecemos que muitas das moléstias que acometem os cristãos são causadas por pecados cometidos contra Deus, conforme Paulo diz em 1ª Coríntios capítulo 11. É essencial, portanto, que antes de o doente pedir a cura, deve pedir perdão. Muitas vezes, logo depois de acometidos pela doença, podemos descobrir onde foi que transgredimos contra o Senhor, ou em que fomos desobedientes à Sua Palavra. Quando confessamos o pecado e resolvemos o problema, a enfermidade desaparece. De fato, isso é algo extremamente maravilhoso. Desse modo, temos primeiro de entender a relação entre o pecado e as doenças. No que diz respeito à humanidade em geral, a doença advém do pecado. No que se refere ao indivíduo, também, ela pode advir do pecado.
2. A Obra do Senhor e a Doença:
"Certamente, Ele (Jesus) tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas Ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades." (Is 53.4-5). De todos os textos do Antigo Testamento, o capítulo 53 de Isaías é o mais citado no Novo Testamento. Essa profecia faz referência ao Senhor Jesus Cristo, principalmente como nosso Salvador. No versículo 4, o profeta Isaías afirma que o Senhor Jesus Cristo "tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si". Em Mateus capítulo 8 versículo 17, a Palavra de Deus declara que isso aconteceu "para que se cumprisse o que fora dito por intermédio do profeta Isaías: Ele mesmo tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças". Aqui o Espírito Santo ensina que o Senhor Jesus veio ao mundo para tomar as nossas enfermidades e carregar as nossas doenças. Antes de ser crucificado, Ele já havia tomado nossas enfermidades e carregado nossas doenças. Isso quer dizer que, durante Seu ministério terreno, o Senhor Jesus fez da cura Sua missão e responsabilidade. Ele não somente pregou, mas curou também. Ele pregou as boas novas, e também fortaleceu o fraco, restaurou a mão mirrada, purificou o leproso e levantou o paralítico. Enquanto estava neste mundo, o Senhor Jesus devotou-se à realização de milagres, e também ao ministério da Palavra. Ele andou fazendo o bem, curando os enfermos e expulsando os demônios. O propósito de Sua obra foi destruir a doença, que é resultado do pecado. Ele veio para resolver o problema da morte e das enfermidades, e também do pecado.
Muitos crentes conhecem bem o Salmo 103. Eu mesmo gosto bastante de lê-lo. Ali Davi proclama: "Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga ao Seu Santo Nome." Por que bendizer ao Senhor? "Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nem um só de seus benefícios." Quais são os seus benefícios? "Ele é quem perdoa todas as tuas iniqüidades; quem sara todas as tuas enfermidades." (vs. 1-3). Desejo que os irmãos compreendam que as doenças acham-se associadas a dois elementos: a morte e o pecado. Dissemos anteriormente que a morte é o resultado do pecado. A doença se acha entre um e a outra. Tanto a enfermidade como a morte surgem do pecado. Nesse salmo, vemos que as enfermidades se acham associadas ao pecado. E por causa dele que existe doença no nosso corpo. Junto com o perdão da nossa iniqüidade, vem a cura da doença. O grande problema do nosso corpo é o pecado interior que o acomete exteriormente. Contudo o Senhor Jesus desfaz a ambos.
No entanto, existe uma diferença fundamental entre o tratamento de Deus para com a nossa iniqüidade e para com a nossa doença. Por quê? Jesus Cristo carregou nossos pecados em Seu corpo na cruz. Será que permanece ainda algum pecado sem perdão? Nenhum, absolutamente, pois a obra de Deus é tão completa que destruiu totalmente o pecado. Já no tocante ao fato de o Senhor Jesus haver tomado nossas enfermidades, e carregado nossas doenças, enquanto estava aqui na Terra, Ele não erradicou todas elas. Observemos que Paulo não disse: "Quando cometo pecado, então estou santificado". O que ele disse foi: "Quando sou fraco, então, é que sou forte." (2 Co 12.10). Portanto Deus trata do pecado de modo completo e ilimitado, enquanto que, com a doença, Ele o faz apenas em parte.
Na redenção, Deus trata a enfermidade de modo diferente do pecado. A destruição do pecado é absolutamente ilimitada; já a da doença, não. Timóteo, por exemplo, continuou com o estômago fraco. O Senhor permitiu que Seu servo continuasse com essa enfermidade. Portanto, na salvação, Deus erradica o pecado de modo completo, mas não a doença. Alguns cristãos afirmam que o Senhor Jesus trata com o pecado, mas não com a doença. Outros acreditam que o tratamento da doença é tão amplo e abrangente quanto o do pecado. Contudo as Escrituras mostram com toda clareza que o Senhor Jesus trata tanto com o pecado quanto com a doença. Enquanto o tratamento com o pecado é ilimitado; com a doença, é limitado. Devemos contemplar o Cordeiro de Deus tirando todo o pecado do mundo. Ele carregou o pecado de todas as pessoas. O problema do pecado, portanto, já está resolvido. Já a doença ainda ataca os servos de Deus.
Nós, porém, afirmamos que entre os filhos de Deus não deveria haver tanta enfermidade, pois o Senhor Jesus já levou sobre si nossas doenças. Sem sombra de dúvida, enquanto Jesus esteve neste mundo, Ele se empenhou em curar os enfermos. A cura foi um dos aspectos de Seu ministério. A profecia de Isaías capítulo 53 versículo 4 se cumpriu em Mateus capítulo 8 e não em Mateus capítulo 27. Realizou-se antes do Calvário. Se tivesse sido realizada na cruz, ela seria ilimitada. Mas, não. O Senhor Jesus levou sobre si as nossas doenças antes da crucificação. Isso significa que, nesse aspecto, Sua obra não apresenta resultados ilimitados, como acontece com nossos pecados, que Ele levou até à cruz.
Mesmo assim, inúmeros crentes permanecem doentes porque perderam a oportunidade de serem curados. Não conseguem ver que o Senhor já levou sobre si as nossas enfermidades. E com relação a isso, vamos acrescentar algumas palavras mais. Sempre devemos orar pedindo a cura, a não ser que tenhamos a mesma convicção de Paulo. Ele orou três vezes, mas depois teve certeza de que sua fraqueza permaneceria por lhe ser útil. . Somente depois que ele orou pela terceira vez, quando então o Senhor lhe mostrou claramente que Sua graça lhe bastava, e que Seu poder seria aperfeiçoado, na fraqueza, foi que Paulo a aceitou. Enquanto não tivermos certeza de que Deus quer que levemos nossas fraquezas, devemos pedir com ousadia que Ele mesmo as leve, e remova a enfermidade. Não é para ficar doentes que os servos de Deus estão aqui na Terra, mas para glorificar ao Senhor. Se pela doença trouxerem glória a Deus, será ótimo. Contudo nem todas as enfermidades o glorificam. Conseqüentemente, devemos aprender a confiar no Senhor enquanto doentes, reconhecendo que Ele carrega sobre si também a nossa enfermidade. Enquanto Ele estava aqui no mundo, curou um grande número de pessoas, e Ele é o mesmo ontem, hoje e para sempre. Entreguemos nossa enfermidade a Ele, pedindo-lhe a cura.
3. A Atitude do Crente Para Com a Doença:
Toda vez que um cristão adoece, deve primeiro buscar ao Senhor, no intuito de descobrir a causa do mal, sem contudo, abrigar muita ansiedade pela cura. Paulo nos dá um bom exemplo, mostrando que conhecia bem sua fraqueza. Devemos examinar a nós mesmos para ver se desobedecemos ao Senhor, se de algum modo pecamos, se somos devedores de alguém, se violamos alguma lei natural, ou se negligenciamos alguma obrigação especial. Precisamos entender que quebrar uma lei natural muitas vezes constitui pecado contra Deus, pois foi Ele quem as estabeleceu e governa o universo por meio delas. Muitos têm medo de morrer, buscando apressadamente os médicos assim que adoecem. Isso revela que estão ansiosos pela cura. O cristão não deve ter essa atitude. Devemos, primeiro, procurar identificar a causa da doença. Infelizmente, muitos irmãos não possuem paciência nenhuma. No momento em que adoecem, logo procuram um remédio. Parecem estar tão temerosos de perder sua preciosa vida que, ao mesmo tempo em que buscam a Deus, através da oração, pedindo cura, correm a um médico querendo os recursos dele. Isso mostra como estão dominados pelo "eu". E como poderiam estar menos dominados pelo "eu" na doença, se isso é o normal para eles? Aqueles que costumam estar dominados pelo "eu" são os que, assim que adoecem, buscam a cura com ansiedade.
O cristão deve entender que a ansiedade de nada adianta. Ele pertence a Deus, por isso sua cura não é tão simples. Ainda que ele seja curado agora, adoecerá de novo. Primeiro precisa resolver seu problema com o Senhor; o problema do corpo poderá ser resolvido depois.
Devemos nos dispor para aceitar qualquer lição que nos venha pela doença. A razão é que, colocando-nos diante de Deus, resolveremos muitos dos nossos problemas. Descobriremos, por exemplo, que muitas vezes a doença se deve a algum pecado. Depois de confessá-lo, pedindo o perdão, podemos esperar a cura que vem de Deus. E quem tiver avançado um pouco mais na comunhão com o Senhor, talvez possa descobrir que o problema é fruto de um ataque do inimigo. Ou então que nossa falta de saúde se deve a uma disciplina de Deus. O Senhor nos corrige por meio da doença para tornar-nos mais santos, mais brandos ou mais maleáveis. Quando colocamos essas questões diante de Deus, podemos descobrir a causa exata de nossa enfermidade. Algumas vezes, o Senhor poderá permitir que recebamos alguma ajuda médica; de outras, porém, Ele poderá curar-nos instantaneamente, sem essa ajuda.
Precisamos entender que a cura está nas mãos de Deus. Devemos aprender a confiar naquele que cura. No Antigo Testamento, Deus tem um nome especial: "Eu Sou o Senhor, que te sara." (Êx.15.26). Devemos buscá-lo, pois ele será misericordioso para conosco nisso também.
Não tenhamos muita pressa em buscar a cura. primeiro vamos nos colocar diante de Deus. Uma providência que devemos tomar é chamar os "presbíteros" da igreja para ungir-nos com óleo. Isso representa o óleo da Cabeça que flui para nós, membros do corpo. O óleo que a Cabeça recebe desce pelo corpo inteiro. Como membros do corpo de Cristo, podemos esperar que o óleo derramado sobre a Cabeça venha até nós. E onde a vida flui, a doença desaparece. Portanto o propósito da unção é trazer a nós o óleo da Cabeça. É possível que, por causa de alguma desobediência, de pecado ou outra razão, o crente tenha se desligado da circulação do Corpo de Cristo, perdendo a proteção que vem Dele. Por isso, precisa chamar os presbíteros da igreja para reintegrá-lo à circulação e ao fluxo da vida do Corpo de Cristo. Quando algum membro do nosso corpo físico está enfermo, a vida não pode fluir livremente para ele. O mesmo acontece no Corpo de Cristo. Desse modo, a unção com óleo tem por objetivo restaurar esse fluxo. Os presbíteros representam a igreja. Eles ungem o crente em nome do Corpo de Cristo, a fim de que o óleo da Cabeça possa voltar a fluir para ele. Então, que o óleo da Cabeça venha sobre aquele membro no qual a vida foi obstruída! Nossa experiência mostra que tal unção pode levantar instantaneamente até alguém que se acha gravemente enfermo.
Alguns já reconheceram que a causa de sua doença é o individualismo. E isso, de fato, pode ser a causa principal. Existem cristãos fortemente individualistas. Fazem tudo por si mesmos, conforme sua própria vontade. Se Deus pesa a mão sobre eles, adoecem, porque não recebem as forças que vêm do Corpo de Cristo. Não podemos, de forma nenhuma, achar que tal assunto é simples. As causas das doenças podem ser muitas e variadas. Um crente pode ter uma enfermidade por estar desobedecendo a um mandamento do Senhor, recusando-se a realizar a vontade Dele. Outros podem adoecer em conseqüência de algum pecado em particular. Outros, ainda, sofrem os efeitos do individualismo. Há alguns casos de atitude independente, que Deus ignora e não disciplina. Em outros, porém, ele envia uma doença com o objetivo de corrigir o crente, principalmente se quem toma essa atitude conhece a igreja. Esses, o Senhor não deixa sem a disciplina devida.
É possível também que a enfermidade seja a conseqüência de um físico enfraquecido. Se alguém profanar o próprio corpo, Deus destruirá esse "templo". Muitos se acham enfermos porque adotam práticas que prejudicam o corpo.
Resumindo, podemos dizer que toda doença tem uma causa. Quando um crente contrai uma enfermidade, deve logo procurar identificar as causas dela. Depois de confessá-las, uma por uma, a Deus, deve chamar os presbíteros da igreja para cumprir a ordenança de confessar os pecados uns aos outros, e orar uns pelos outros. Em seguida, os presbíteros devem ungir o doente com óleo, para que a vida do Corpo de Cristo lhe seja restaurada. O influxo da vida nele fará desaparecer a doença. Cremos nas causas naturais, mas temos de afirmar, também, que as espirituais têm maior peso que as naturais. Se cuidarmos das espirituais, a doença desaparecerá por completo.
4. A Disciplina de Deus e a Doença:
Um maravilhoso fato que observamos na Bíblia é que a cura de um incrédulo é relativamente fácil; já a de um crente, nem tanto. Vemos claramente no Novo Testamento que sempre que um incrédulo buscava o Senhor era imediatamente curado. A cura divina é dada tanto aos crentes quanto aos não-crentes. Todavia a Bíblia fala de alguns crentes que não foram curados. Entre eles, estão Trófimo, Timóteo e Paulo. E esses homens estão entre os mais espirituais. Paulo afirma que deixou Trófimo doente em Mileto (2 Tm 4.20). Além disso, exortou Timóteo a que tomasse um pouco de vinho por causa do seu estômago e das suas freqüentes enfermidades (1 Tm 5.23). O próprio Paulo experimentou um espinho na carne, que o fez sofrer muito, e o debilitava bastante (2 Co 12.7). Qualquer que fosse a natureza desse espinho - problema nos olhos ou alguma outra doença - ele maltratava sua carne. Todos sentimos muito desconforto pela simples picada de um espinho num dedo. No caso de Paulo, porém, era um espinho enorme. O incômodo era tão intenso que ele se referiu à sua condição física como fraqueza. Apesar de esses três homens serem crentes extremamente espirituais, nenhum deles foi curado. Esses irmãos tiveram de suportar a doença.
É evidente que as conseqüências de uma enfermidade diferem bastante dos efeitos do pecado. O pecado não produz nenhum fruto de santidade; já a doença, sim. Quanto mais uma pessoa comete pecado, mais corrupta se torna. A doença, porém, produz o fruto da santidade, porque por ela Deus está aplicando Sua disciplina sobre o doente. Sob tais circunstâncias, convém que aprendamos a submeter-nos à poderosa mão de Deus.
Se alguém está enfermo, deve buscar a presença do Senhor, para resolver o problema das causas da doença. Se, depois disso, a mão de Deus continuar pesando sobre ele, deve entender que essa enfermidade tem algum propósito, como, por exemplo, refreá-lo para que não se torne orgulhoso nem libertino. É preciso, então, aceitar a doença e assimilar as lições que ela contém para nós. Se não aprendermos essas lições, a enfermidade não nos trará nenhum proveito. Por si só, a doença não santifica ninguém. Contudo, atentando para as lições que ela ensina, podemos alcançar a santidade. Há casos em que, durante o período da enfermidade, o crente piora espiritualmente, tornando-se ainda mais egocêntrico. É por isso que, nessas ocasiões, precisamos descobrir qual a lição que Deus quer que aprendamos. Temos de ver que proveito podemos extrair dela. Pode ser que a mão de Deus esteja sobre nós para nos manter mais humildes, como aconteceu a Paulo. Disse ele: "... para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações..." (2 Co 12.7). Ou pode ser que estejamos praticando um individualismo obstinado que Deus deseja enfraquecer. Qual seria a utilidade da doença, se ela não nos levasse a aprender as lições da fraqueza? Muitos estão doentes em vão, porque jamais aceitam que o Senhor toque em seus problemas específicos, e os resolva.
Não devemos enxergar a doença como algo terrível. Quem é que está no controle dessa situação? É Deus. Por que, então, devemos ficar ansiosos por causa das nossas enfermidades, como se tudo estivesse na mão do inimigo? Lembremo-nos de que todas as nossas doenças passaram pelo crivo de Deus. Para sermos exatos, é Satanás quem dá origem a elas; é ele quem torna as pessoas doentes. No entanto os que já leram o livro de Jó entendem que, para isso, ele precisa da permissão de Deus, e tudo está debaixo do mais absoluto controle do Senhor. Sem a permissão divina, Satanás não pode lançar enfermidade em ninguém. É verdade que Deus permitiu que Jó fosse acometido de uma enfermidade, mas observemos que o Senhor não permitiu que o inimigo tocasse em sua vida. Por que, então, quando somos acometidos por uma moléstia, ficamos tão agitados, cheios de desespero, ansiosos para sermos curados, e temos tanto medo de morrer?
É sempre bom ter em mente que as doenças estão nas mãos de Deus. Ele as controla e limita. No caso de Jó, depois que se encerrou seu período de provação, a doença desapareceu, pois já tinha realizado seu propósito nele. "Tendes ouvido da paciência de Jó e vistes que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo." (Tg.5.11). É uma pena que tantos crentes estejam doentes, mas não reconheçam o propósito da doença, nem aprendam sua lição! Todas as enfermidades estão nas mãos do Senhor, e elas vêm a cada um de nós na medida exata de nossa necessidade, para que possamos aprender as lições. Quanto mais cedo aprendermos, mais rápido ficaremos livres delas.
Vamos ser francos. Muitos estão doentes porque amam demais a si mesmos. Se o Senhor não remover esse amor-próprio do coração deles, não poderá usá-los em Seu reino. Portanto temos de abandonar o amor-próprio. Alguns não pensam em mais nada, a não ser em si mesmos. O cosmo inteiro parece girar ao redor deles. Eles são o centro da Terra e também do Universo. Dia e noite, estão voltados para si mesmos. Todos existem em função deles. Tudo gira ao seu redor. Até mesmo Deus, nos céus, é para eles; Cristo é para eles; a igreja, também. Como é que o Senhor pode destruir tal egocentrismo? Por que é que algumas doenças são difíceis de curar? Observemos que tais doentes buscam intensamente a compaixão dos outros. Se parassem de desejar essa piedade, sua doença logo desapareceria.
Um fato impressionante é que muitos estão doentes simplesmente porque gostam de tal situação. Quando enfermos, recebem muita atenção e amor de que comumente não desfrutam quando estão com saúde. É muito comum essas pessoas adoecerem só para poder ser amadas. Tais indivíduos precisam de uma repreensão severa. Se estivessem dispostos a receber a correção de Deus nessa questão em particular, logo ficariam curados.
Conheço um irmão que procurava receber amor e atenção de outros o tempo todo. Sempre que lhe perguntavam como estava passando, normalmente respondia queixando-se de seus problemas de saúde. Dava um relatório detalhado de quantos minutos estivera com febre, quanto tempo durara a dor de cabeça, quantas vezes por minuto respirava, e como a batida do seu coração estava irregular. Vivia em constante desconforto. Gostava de falar aos outros sobre seus problemas, para que pudessem se compadecer dele. Não conversava sobre outro assunto a não ser a interminável história de suas doenças. E às vezes ainda queria saber por que Deus nunca o curava.
Reconheço que é difícil falar a verdade, o que às vezes pode nos custar caro. Certo dia, senti-me impulsionado a dizer-lhe, com todo carinho, que sua doença prolongada se devia ao amor que ele tinha por ela. Ele naturalmente negou. No entanto insisti, dizendo que ele tinha medo de que sua enfermidade desaparecesse. Disse-lhe que desejava a compaixão, o amor e o cuidado dos outros, e como não podia obter essas coisas de outra forma, conseguia-as por meio da doença. Disse-lhe também que ele devia livrar-se desse desejo egoísta, para que Deus pudesse curá-lo. Falei-lhe que, quando alguém lhe perguntasse como estava, devia dizer: "Está tudo bem". Será que estaria mentindo se dissesse isso quando não tivesse passado bem a noite? Nesse caso, ele devia lembrar-se da mulher de Suném. Ela deitou o filho morto na cama do homem de Deus e foi em busca de Eliseu. Quando lhe perguntaram: "Vai tudo bem contigo, com teu marido, com o menino? Ela respondeu: Tudo bem!" (2 Reis 4.26). Como podia ela dizer isso, sabendo que a criança já estava morta e deitada sobre a cama de Eliseu? Porque tinha fé. Ela cria que Deus ia ressuscitar seu filho. Assim também o irmão devia crer hoje.
Seja qual for a causa de uma enfermidade, venha ela de dentro ou de fora, ela terminará quando Deus tiver realizado Seus propósitos nesse indivíduo. Os casos de Paulo, Timóteo e Trófimo são exceções. Embora eles tivessem experimentado doenças prolongadas, reconheciam que isso era útil para sua obra. Aprenderam a cuidar de si mesmos para a glória de Deus. Paulo persuadiu Timóteo a tomar um pouco de vinho e a ter mais cuidado com o que comia e bebia. A despeito da fragilidade da saúde deles, não negligenciaram a obra de Deus. O Senhor lhes deu graça suficiente para vencer as dificuldades. Paulo trabalhou apesar de sua fraqueza. Lendo seus escritos, podemos facilmente concluir que ele realizou o trabalho de dez homens. Deus usou esse indivíduo fraco para fazer o serviço de mais de dez pessoas sãs. Embora seu corpo fosse frágil, o Senhor lhe deu força e vida. Esses homens, porém, são exceções na Bíblia. Hoje também alguns servos de Deus, em condições especiais, podem receber o mesmo tratamento. Entretanto os crentes em geral, principalmente os iniciantes, devem se examinar para ver se pecaram. Depois de confessar seus pecados, verão suas doenças curadas imediatamente.
Finalmente, precisamos entender, perante o Senhor, que algumas vezes Satanás pode desfechar ataques repentinos contra nós. Ou então nós mesmos, inadvertidamente, podemos violar alguma lei natural. Mesmo que seja esse o caso, podemos levar isso diante do Senhor. Se for um ataque do inimigo, vamos repreendê-lo em nome do Senhor. Certa vez, uma irmã teve uma febre prolongada. Afinal descobriu que se tratava de um ataque satânico. Ela a repreendeu em nome do Senhor. E a febre desapareceu. Se alguém violar uma lei natural, colocando a mão no fogo, por exemplo, ela certamente ficará queimada. Vamos cuidar bem de nós mesmos. Não esperemos adoecer para depois confessar nossa negligência. E importante cuidar bem do corpo constantemente.
5. O Modo de Buscar a Cura:
Como é que devemos buscar a cura de Deus? Há três frases no Evangelho de Marcos que precisamos analisar. Considero-as muitíssimo valiosas, pelo menos para mim. A primeira menciona o poder do Senhor; e a segunda, a vontade do Senhor; e a terceira, a ação do Senhor.
(a) O Poder do Senhor: Deus pode!
"Perguntou Jesus ao pai do menino: Há quanto tempo isto lhe sucede? Desde a infância, respondeu; e muitas vezes o tem lançado no fogo e na água, para o matar. Mas, se tu podes alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos. Ao que lhe respondeu Jesus: Se tu podes crer, tudo é possível ao que crê." (Mc 9.21-23). O Senhor simplesmente repetiu as duas palavras que o pai da criança havia pronunciado. O pai clamou: "Se tu podes, ajuda-nos". O Senhor respondeu: "Se tu podes crer, tudo é possível ao que crê". O problema aqui não é "se tu podes", mas "se tu podes crer".
Vamos recordar o primeiro estágio da cura do paralítico. O Senhor perguntou aos fariseus: "Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus pecados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda?" (Mc 2.9). Os fariseus naturalmente pensaram que era mais fácil dizer que os pecados estavam perdoados, pois quem poderia provar se estavam ou não? Entretanto as palavras que o Senhor disse e os efeitos delas mostraram-lhes que, além de curar as doenças, Ele podia perdoar os pecados. Ele não perguntou o que era mais difícil, mas o que era mais fácil. Para o Senhor, ambos são igualmente fáceis. Para o Senhor, era tão fácil ordenar ao paralítico que se levantasse e andasse, como perdoar os seus pecados. Para os fariseus, ambos eram difíceis.
(b) A Vontade do Senhor: Deus quer!
Sim, o Senhor realmente pode, mas como posso saber se Ele quer? Não conheço a vontade Dele. Talvez Ele não queira me curar. Vejamos mais uma história encontrada em Marcos. "Aproximou-se dele um leproso rogando-Lhe, de joelhos: Senhor, se quiseres, podes purificar-me! Jesus, profundamente compadecido, estendeu a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero, fica limpo!" (Mc 1.40-41).
Por maior que seja o poder de Deus, se Ele não quiser curar, Seu poder não vai me valer. O primeiro problema a ser resolvido é: Deus pode? E o segundo é: Deus quer? Não existe doença mais impura do que a lepra. Ela é tão impura que a lei estabelecia que qualquer um que tocasse num leproso tornava-se impuro também. E no entanto o Senhor Jesus tocou no leproso e disse-lhe: "Quero te curar". Se Ele quis curar o leproso, com mais razão ainda quer curar-nos de nossas doenças. Podemos proclamar com ousadia: 'Deus pode!' e 'Deus quer!'.
(c) A Ação do Senhor: Deus faz!
Há algo mais para Deus fazer. "Em verdade vos afirmo que, se alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar no seu coração, mas crer que se fará o que diz, assim será com ele. Por isso, vos digo que tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco." (Mc 11.23-24). Como é que a fé age? A fé crê que Deus pode, que Ele quer e que já o fez. Se crermos que recebemos, certamente receberemos. Se Deus nos der Sua Palavra, poderemos agradecer-Lhe, dizendo: "Deus me curou; Ele já operou a cura!"
Muitos crentes apenas esperam ser curados. A esperança vê os fatos no futuro; já a fé as considera no passado. Se realmente crermos, não vamos esperar vinte anos, nem cem anos. Levantamo-nos imediatamente, dizendo: "Graças a Deus, Ele me curou! Graças a Deus, já recebi! Graças a Deus, estou limpo! Graças a Deus, estou bem!" Uma fé perfeita pode proclamar que Deus pode, que Deus quer e que Deus já realizou o ato.
A fé opera com o que "é", e não com o que "se deseja". Permita-me uma ilustração simples. Suponhamos que pregamos o evangelho para alguém e ele confessa que creu. Perguntamos-lhe, então, se ele está salvo. Se essa pessoa responder que deseja ser salva, sua resposta é inadequada. Se ela disser: "Serei salva", a resposta ainda está incorreta. Mesmo que ela diga: "Tenho certeza de que serei salva", ainda está faltando algo. Se ela responder: "Estou salva", aí sim, está certa. Quem crê está salvo. A fé sempre vê os fatos no passado, isto é, já acontecidos. A fé verdadeira não diz: "Creio que serei curado". Quem crê agradece a Deus e diz: "Recebi a cura!".
Guardemos estas três verdades: Deus pode, Deus quer, Deus faz. Quando nossa fé atinge o terceiro estágio, a doença se vai.
(Extraído do livro: "O Homem Espiritual volume 3, capítulo. 10" - Watchman Nee)
Jesus é o Senhor!