02 - MORRER COM O SENHOR PARA O EGO.
Mensagem 02
"MORRER COM O SENHOR PARA O EGO".
Após os crentes receberem o tratamento da cruz com relação ao pecado, o corpo do pecado será neutralizado e não será mais capaz de agir. Entretanto, devido à falta de atenção à vida do ego, esta ainda vive. Nesse estágio, a vida do ego é semelhante à vida de Adão antes da queda. Não era espiritual porque não fora transformada pelo fruto da árvore da vida, e não era carnal, pois não havia pecado. Ela pertencia a si mesma, e, sendo assim, podia pecar se o quisesse, e ser espiritual se o quisesse. A vida dos crentes nesse período é muito semelhante a isso. Não é espiritual porque seu espírito ainda não é livre e não alcançou um andar segundo a vida mais elevada de Deus. Não é carnal porque a pessoa recebeu a consumação da cruz e se considera morta para o pecado. Ela pertence ao ego, é anímica, natural e não transformada. Se não for cuidadosa, cairá e será contaminada pelo pecado da carne. Se prosseguir e proclamar a consumação da cruz, tornar-se-á completamente espiritual. Contudo, se os crentes permanecerem na esfera do ego, cairão na maioria das vezes e muitas vezes tornar-se-ão carnais. Nesse período, os crentes estão na condição mais vulnerável da vida cristã. O perigo, então, é fazer o bem por esforço próprio. Algumas vezes leva longo tempo para Deus mostrar aos crentes que eles ainda estão no ego e ainda tentam cumprir a vontade de Deus por esforço próprio.
O ego inclui muitas coisas. Vontade, emoções, amor e inteligência estão no seu domínio. O ego é a própria pessoa. A vida do ego é o poder pelo qual vivemos. O ego é também a alma; é um órgão. A vida do ego é a vida da alma, é o poder que motiva esse órgão. Quando um homem está no ego, a vida do ego comunicará poder, isto é, o próprio poder do ego, para diversas partes do homem: a vontade, as emoções, o amor, a inteligência, etc, e fará com que o homem pratique o bem e trabalhe. Sua vontade é suficientemente forte para resistir as tentações exteriores. Suas emoções alegram a pessoa e a levam a pensar que Deus está muito próximo dela. Seu amor ao Senhor é profundo e sincero. Sua inteligência leva-a a produzir muitos ensinamentos bíblicos maravilhosos e muitos métodos de realizar a obra de Deus. Mas, por fim, tudo é feito pelo ego e não pela vida espiritual de Deus. Nesse período, Deus muitas vezes concede Graça especial aos crentes para que recebam muitos dons maravilhosos. Ao perceber que todos esses dons provêm de Deus, espera-se que o homem se volte completamente de si mesmo para Deus. Entretanto, na experiência, o que um crente faz é totalmente o oposto do que Deus pretende. Não apenas não se volta inteiramente a Deus, como tira vantagem desses dons para proveito próprio. Como resultado, esses dons tornam-se uma ajuda para prolongar a vida do ego. Portanto, Deus tem de trabalhar muitos dias e anos até que essa pessoa desista de si mesma e se volte inteiramente a Ele.
Após um crente ser trazido por Deus a uma compreensão profunda da maldade do ego, ele estará disposto a levar o ego à morte. Mas qual é a maneira de o ego morrer? Não há outra maneira senão a cruz. Devemos ler duas passagens da Bíblia para entender a relação entre a cruz e o ego. "Estou crucificado com Cristo" (Gl 2:19). "Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo se negue, tome cada dia a sua cruz e siga-Me" (Lc 9:23). O que Gálatas 2:19 fala é algo que foi cumprido uma vez por todas. Após perceber que nosso ego precisa ser levado à morte, deveríamos então, pela fé, reconhecer de modo definitivo que "estou crucificado com Cristo". A palavra no texto original é egó, o "eu", a pessoa. Além da cruz, certamente não há outro caminho para levar o ego à morte. Devemos atentar também para as palavras "com Cristo". A crucificação do ego não é um ato independente dos crentes. Os crentes não devem cravar o ego na cruz por si mesmos, com a própria força. A crucificação do ego deve ser junto com Cristo e em conjunto com Cristo. Isso não quer dizer que ajudamos Cristo a colocar o ego na cruz. Pelo contrário, significa que Cristo já cumpriu esse fato, e agora eu apenas o reconheço e creio na sua realidade. Aqui o ponto principal é Cristo. Essa é a razão de se dizer: "Estou crucificado com Cristo", e não "Cristo está crucificado comigo". Não que queiramos levar o ego à morte e que Cristo vem meramente acompanhar-nos. Pelo contrário, foi Cristo que na morte carregou toda nossa "pessoa", nosso ego, para a cruz e pregou-o ali. Portanto, não crucifico o ego novamente, mas simplesmente reconheço o fato. A palavra "estou" nos mostra que é um fato e não um desejo.
Uma vida que morre para o ego é possível, real e atingível. Os apóstolos nos tempos antigos alcançaram esse tipo de vida; o ego deles passou no teste. Portanto, é-nos possível obtê-la também. Entretanto, devemos lembrar-nos que é "crucificado com" e não "crucificado sozinho". Separados do Senhor nada podemos fazer. Crucificar o ego com a força do ego é uma tarefa impossível e jamais pode ser feita. Se não estivermos unidos com o Senhor em Sua morte, nosso ego nunca morrerá.
Em Sua morte, Cristo sozinho levou à cruz toda a velha criação, junto com cada parte dela. Se tentarmos encontrar outra maneira fora da maneira do Senhor e tentarmos realizar qualquer coisa fora do que Ele cumpriu, não somente seremos tolos, mas também desperdiçaremos o tempo. Portanto, não devemos fazer nada a não ser achegar-nos ao Senhor em plena certeza de fé e reconhecer a Sua realização como sendo nossa; em seguida devermos orar para que o Espírito Santo aplique em nós a obra da cruz do Senhor e expresse essa mesma obra a partir de nós. Devemos achegar-nos diante de Deus para repreender o ego e oferecer tudo a Deus. Pelo Espírito do Senhor, deveríamos levar à morte tudo o que está incluído na vida do ego. Devemos dizer a Deus: "De agora em diante não mais eu, não mais minha aparência, opiniões, gostos ou preconceitos. Porei tudo isso na cruz. Começando de hoje, viverei somente de acordo com a Tua vontade. Ó Senhor! És Tu, e não eu".
O fato de o ego estar morto não significa que de agora em diante não existe; significa que daqui para frente se submeterá a Deus e não permitirá que seus gostos e desgostos tomem conta, mas permitirá que a cruz crucifique e elimine todos os seus pensamentos e atividades egoístas. Fazer com que a vida do ego pare de dirigi-lo significa que o viver que se origina da vida do ego está morto e não há mais vida do ego e viver do ego, e somente a casca do ego permanece. O ego inclui a vontade, as emoções, a inteligência etc. Isso não quer dizer que ao crer que nosso ego foi crucificado com Cristo, nossa vontade, emoções, intelecto etc. serão anulados! Ninguém pode aniquilar as poucas faculdades que compõem seu ser apenas crendo que foi crucificado com o Senhor! Morrer com o Senhor simplesmente significa não mais permitir que o ego seja o dono, não agir mais segundo a própria vontade, emoções e pensamentos, e não mais permitir que a vida do ego tenha maneira própria; significa permitir que o Senhor Espírito governe tudo o que o ego engloba, de modo que a pessoa obedecerá a vida de Deus no seu interior.
Uma vez que o ego não está morto, ele não se submeterá ao Espírito Santo. Uma vez que o ego saia da cruz, imediatamente reassumirá sua velha postura. Os crentes não têm nem o poder nem a maneira de subjugar a si mesmos. Gálatas 2:19-20 esclarece muito esse ponto: "[Eu] [o ego] estou crucificado com Cristo (...) e esse viver que agora tenho na carne". A Bíblia não fala claramente aqui? Na primeira sentença Paulo deixa muito claro que seu ego foi crucificado, contudo na segunda não diz ele que o ego ainda existe? Portanto, a crucificação do ego não implica a sua eliminação; pelo contrário, significa a interrupção das suas atividades e a permissão de que o Senhor seja o Mestre. Isso deve estar muito claro. O que foi dito acima foi alcançado uma vez por todas. É, porém, suficiente apenas crer uma vez que fomos crucificados com Cristo? Acaso isso irá resolver o problema uma vez por todas? Isso nos leva à segunda passagem da Bíblia: "A si mesmo se negue, tome cada dia a sua cruz e siga-Me" (Lc 9:23). Esse versículo ressalta que as três coisas que deveríamos fazer são, na verdade, apenas uma dividida em três passos. O primeiro passo é negar o ego. Negar significa rejeitar, descartar, ignorar e não reconhecer a interpelação de alguém. O significado de negar o ego é simplesmente não permitir que ele seja o senhor. Esse passo é um ato definido; é crer especificamente que "estou crucificado com Cristo". Para preservar o trabalho desse passo, devemos levar a cabo o segundo passo, que consiste em "cada dia" tomar a cruz. Isso significa que, uma vez que entregamos o ego à cruz voluntariamente e o impedimos de ser o senhor, devemos, então, continuar a negá-lo diariamente.
Negar o ego deve ser "diariamente" e ininterruptamente. Essa questão não pode ser realizada uma vez por todas. O Senhor precisa conceder-nos uma cruz diária para carregar. O ego é muito ativo e Satanás, que tira vantagem do ego, também é incansável. A todo o momento, o ego procura uma oportunidade de restaurar-se e jamais deixar escapar a menor chance que seja. Assim, é de suma importância que tomemos a cruz diariamente. É nisso que os crentes precisam ser vigilantes. Devemos "cada dia" e momento após momento tomar a cruz que o Senhor nos tem dado; e ainda continuamente reconhecer que a cruz do Senhor é nossa e não dar qualquer espaço para o ego nem permitir que ele assuma qualquer posição.
O terceiro passo é seguir o Senhor; isto é positivamente honrá-Lo como Senhor e obedecer completamente a Sua vontade. Dessa maneira, o ego não terá chance nem possibilidade de se desenvolver. Esses três passos estão totalmente baseados e centralizados na cruz. O primeiro passo, de negar o ego, é do lado negativo. O segundo passo, de tomar a cruz, é negativamente positivo. O terceiro passo, de seguir o Senhor, é do lado positivo. O ensinamento nessas duas passagens não deve ser desvinculado um do outro. Se os tomarmos e os praticarmos juntos, teremos a experiência de vencer o tempo todo. Entretanto, devemos permitir que o Espírito Santo faça Sua própria obra em nós e permitir que a obra consumada da cruz seja trabalhada em nós. Nosso pensamento em geral é que estamos muito desejosos de dar a Cristo nossas coisas más, sujas, pecaminosas e satânicas e tê-las pregadas na cruz com Ele. Estamos muito dispostos a livrar-nos das coisas más do ego. Entretanto, nosso problema freqüente é que achamos que deveríamos manter as coisas boas do ego. Na visão de Deus, o ego está totalmente corrompido e é afetado profundamente pela queda de Adão. De acordo com Deus, Ele não pode curar a vida do ego nem melhorá-la. Não há outra maneira senão crucificá-la com Cristo. O mundo está disposto a deixar que tudo se vá e até mesmo se dispõe a sacrificar seu próprio dinheiro e tempo; contudo, encontra muita dificuldade em negar o ego e crucificá-lo.
Sempre consideramos que o ego não é de todo mau. Esse é o ponto de vista humano. É claro que o homem natural não tem a intenção de preservar somente sua bondade. Entretanto, inconscientemente e involuntariamente, ele preserva o lado bom do ego e leva à morte o lado mau. Pouco nos damos conta de que o ego ou está totalmente vivo ou totalmente morto. Se a parte boa do ego é mantida viva, não há garantia de que a sua parte má esteja morta. Portanto, os crentes têm uma lição séria a aprender aqui. Eles devem estar dispostos a crucificar com Cristo tanto a parte boa como a parte má do ego. O ego natural de muitas pessoas é honesto por nascimento. Alguns são muito pacientes, outros são amáveis. É muito difícil para elas levar todo o ego à morte. No subconsciente, elas mantêm sua honestidade, paciência e amor, e deixam que as outras coisas erradas sejam crucificadas com o Senhor. Esses crentes devem aprender de Deus a perceber que eles mesmos não são confiáveis. Somente então submeter-se-ão ao Senhor. Podemos aprender uma lição de Pedro nesse ponto. Antes de experimentar a morte e ressurreição de Cristo e o preencher do Espírito Santo, Pedro realmente pensava que seu amor pelo Senhor fosse correto. Entretanto, sua promessa de "morrer com o Senhor" foi cumprida? A falha de Pedro foi causada pela sua total confiança em si mesmo; ele confiou em na própria bondade. Contudo não percebeu isso. Afinal, é difícil perceber o ego. Devemos confiar na avaliação que Deus faz de nós e colocar o ego na cruz.
Se considerarmos a avaliação de Deus sobre o mundo, ficaremos mais seguros desse fato. Deus disse: "Não há justo, nem um sequer" (Rm 3:10). Para o mundo, realmente não há nenhum justo? Existem uns poucos justos de acordo com o ponto de vista do mundo! O motivo de Deus considerar nenhum justo é que toda justiça deles é produzida por eles mesmos. O ego é profundamente cultivado pela natureza de Adão. "Acaso pode a fonte jorrar do mesmo lugar o que é doce e o que é amargoso?" (Tg 3:11). O homem pensa possuir o que o inundo aceita como justiça. Contudo, "desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus" (Rm 10:3). Os que se acham justos não são justos; são também pecadores destinados à perdição. Somente os que receberam toda a pessoa do Senhor Jesus são justos.
Podemos examinar outro trecho da Palavra que nos diz como a bondade da vida do ego deve ser levada à morte antes que alguém possa produzir bons frutos. Essa passagem, entretanto, lida mais com a vida do ego do que propriamente com o ego. "Se o grão de trigo, não cair na terra, e morrer, fica ele só; mas se morrer, produz muito fruto" (Jo 12:24). Aqui o Senhor fala aos que Nele crêem. Essa é a razão de essa palavra ser um chamamento. "Se alguém Me serve, siga-Me" (Jo 12:26). Após dizer essas palavras, Jesus não nos deixou em trevas, mas continuou explicando: "Quem ama a sua vida da alma perde-a; e quem odeia a sua vida da alma neste mundo, guardá-la-á para a vida eterna [no original, a vida espiritual]". O ensinamento aqui é que a vida do ego deve ser levada à morte. A vida é muito preciosa. Pode-se sofrer a perda de tudo, menos da vida. Contudo, aqui está um chamamento para perder nossa vida. Nossa vida do ego foi-nos concedida pelo nascimento; é legítima e é boa. Contudo, aqui o Senhor requer que a levemos à morte. Que é essa vida? É uma vida natural, uma vida que temos em comum com todos os animais, uma vida com mobilidade. Nosso intelecto, amor e emoções são todos dominados por essa vida. Cada habilidade do corpo é controlada por ela. Cada parte do nosso ser é controlada por ela. Apesar de não ser errado exercitar o intelecto, amor e emoções, essa vida dominante, essa vida que provém do nascimento natural, não é espiritual. A menos que a vida espiritual se torne a expressão e a força motriz de todas as habilidades dos crentes, um crente "perderá" sua vida, isto é, ele nunca produzirá fruto. Essa vida do ego é bela e atrativa. Nosso Senhor utiliza o trigo como ilustração. A casca de um grão de trigo é muito atrativa. Sua cor é dourada. Embora seja belo, ele é inútil se permanecer meramente como grão. Ele deve ser separado (ou ir junto) de seus companheiros e cair na terra, um lugar escuro, oculto e de sofrimento, e morrer ali. Quando morre, ele perde a beleza e tudo o que tem. Não será mais um objeto de admiração do homem como antes. Se verdadeiramente estivermos dispostos a morrer, e se realmente morrermos, perderemos os muitos elogios do homem. Nossa beleza natural será destruída. Quando o ego morre, temos de aguardar direção e liderança do Senhor, e não ousamos depender mais da própria inteligência.
Antes podíamos ter tido amor e ter amado a muitos, podíamos motivar-nos a amar o Senhor. Quando o ego morre, teremos de deixar o amor do Senhor amar por meio de nós e permitir ao Espírito Santo permear nosso coração com o amor do Senhor. Não ousaremos ser motivados pelo amor natural.
Antes podíamos ter tido emoções e podíamos estar jubilosos, irados, tristes e alegres à vontade; podíamos ter comunhão com o Senhor por intermédio dos sentimentos e podíamos sentir Sua alegria. Com a morte do ego, teremos de deixar o Senhor controlar nossas emoções. Ficaremos tristes quando o Senhor estiver triste. Ficaremos alegres quando o Senhor estiver alegre. Teremos de deixar o Senhor ter liberdade em nós. Mesmo que por vezes percamos o sentimento do Senhor, ainda teremos de permanecer fiéis e não mudaremos de atitude. Não ousaremos mudar por causa das emoções. O que antes nos parecia proveitoso será considerado como perda por causa de Cristo. Ao morrer com o Senhor para o pecado, abandonamos as coisas ilícitas. Ao ser crucificados com o Senhor para o ego, abandonamos as coisas lícitas. Esse, sem dúvida, é um passo difícil de dar. Estreita é a porta e apertado o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que a encontram. Que tipo de morte é essa? É a morte da cruz. O Senhor mesmo disse isso (Jo 12:33). Portanto, não temos qualquer escolha a não ser morrer para nossa vida ego. Devemos morrer alegremente com o Senhor e participar da comunhão da Sua cruz. Cada dia, deveríamos manter uma atitude de odiar a vida do ego para preservá-la para a vida eterna, isto é, dar fruto para a vida eterna e produzir muitos grãos. Isso não é algo da noite para o dia. Se fosse assim, teria sido fácil. Mas a palavra do nosso Senhor é: "Quem odeia a sua vida da alma neste mundo". Devemos odiar nossa vida do ego uma vez que vivemos no mundo. Se praticarmos isso incessantemente, nosso ego será despojado do seu poder.
O Senhor disse que deveríamos "odiar" essa vida do ego. Odiar é uma espécie de atitude; é uma atitude duradoura. Portanto, deveríamos voluntariamente levar essa vida do ego à morte; deveríamos ter plena compreensão da pobreza dessa vida do ego e odiá-la.
Qual o resultado da morte dessa vida do ego? O resultado são os muitos grãos. O motivo, o real motivo de o Senhor não poder usar-nos é que trabalhamos pelo nosso intelecto, amor etc. Essa vida da alma é de nível inferior; não é de nível elevado. Sendo assim, dificilmente poderá dar fruto. Embora tenha alguns méritos, somente "o que é nascido do Espírito é espírito". A vida do ego, e tudo o mais que a acompanha, é completamente inútil. Se realmente colocarmos a nós mesmos, nossa vida do ego, isto é, tudo o que podemos fazer e tudo o que somos, completamente na cruz do Senhor, veremos como o Senhor nos usará. Se estivermos vazios interiormente, não haverá qualquer barreira para a água viva de Deus jorrar de nós.
Portanto, crentes, assim como nosso ego nos havia preenchido, assim também agora Cristo nos deve preencher. Caso contrário ainda não teremos recebido a salvação plena. A chave para receber a salvação e a chave para ser salvos é ser libertados do ego. É fácil um crente que vive no ego cair em pecado. Essa é a razão pela qual para morrer completamente para o pecado, deve-se morrer completamente para o ego.
Cristo não é apenas o Salvador que nos livra do pecado; é também o Salvador que nos salva do nosso ego. Morrer para o ego é a única vereda para o viver espiritual. Contudo, além de Deus, ninguém pode levar nossa vida do ego à morte. Entretanto, se não estivermos dispostos, Deus nada pode fazer.
A atividade do ego algumas vezes está completamente oculta sob um véu espiritual. Um crente pode não reconhecê-la de imediato por si mesmo. Essa é a razão de Deus ter de remover o véu por meio de todos os tipos de circunstâncias exteriores para que o crente venha a conhecer a si mesmo. A coisa mais difícil é uma pessoa conhecer a si mesma. Não nos conhecemos. E por isso que temos de passar pela mão disciplinadora de Deus antes de perceber a maldade do ego. Se na experiência não morremos para o nosso ego, não obtivemos nenhum progresso real na vida espiritual. Se você e eu estivermos dispostos a deixar o Espírito Santo do Senhor aplicar a morte do ego a nós e operá-la em nós hoje, veremos grande progresso em nossa vida.
Irmãos! Possamos declarar juntos em unanimidade: "Não seja como Eu quero, e, sim, como Tu [o Pai] queres" (Mt 26:39)! O artigo acima lida com questões relativas à vida espiritual. Que o leitor não considere isso como uma espécie de teoria. Deve-se comparar a experiência espiritual com as palavras ditas aqui. Fazendo isso, entender-se-á essas palavras. Todos somos bebês em Cristo. Que o Senhor nos dirija passo a passo. Se não temos a experiência da morte do nosso ego, é melhor dizer que não a temos. Contudo, nunca devemos tomar a vida do ego como se fosse a vida espiritual.
Que Deus nos abençoe!
Livro: "A Cruz". (Watchman Nee)
Jesus é o Senhor!