A SALVAÇÃO DA ALMA - Parte 1 - Watchman Nee
O assunto abordado nestas mensagens é comumente omitido pelo povo de Deus. Contudo, somos definitivamente informados pelo Senhor com esta palavra: “...a salvação preparada para revelar-se no último tempo. Obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma" (1 Pe 1:5, 9). Como o fim está muito próximo, é incumbência dos cristãos saber o que é a salvação da alma.
Watchman Nee apresenta-nos o significado, o meio e a manifestação da salvação da alma: o significado é negar-se, o meio é a cruz e a manifestação é o Reino. Na segunda parte ele aborda o mesmo assunto de maneira mais profunda, mas de uma perspectiva diferente, mostrando a esfera da salvação do crente, o segredo de uma vida vitoriosa e a fé pela qual se vive essa vida.
Esta mensagem sobre "A Salvação da Alma" está associado a outra mensagem do irmão Watchman Nee sobre "O Poder Latente da Alma", e serve como uma resposta ao problema discutido naquela obra, sobre o poder desordenado profundamente escondido na alma do homem. Porque esta mensagem revela-nos o aspecto positivo de Deus em relação à nossa alma, espera-se que os leitores possam alcançar uma maior apreciação pela dimensão da tão graciosa salvação de Deus dada ao homem.
Estas mensagens sobre "A Salvação da Alma" deve ser lido em atitude espiritual e não deve ser tomado como toda a revelação de um assunto tão sublime e importante. É preciso buscar mais na Palavra em submissão ao Espírito Santo para receber todo o ensinamento sobre ele. Leia estas mensagens em humildade de espírito para que você possa ser um bem-aventurado com os ensinamentos contidos nelas.
Minha oração é para que todos os que lerem estas mensagens sejam cheios da fé do Filho de Deus no homem interior para poderem compreender e apreender os ensinamentos contidos nestas mensagens. Que Deus os abençoe.
PARTE 1
A SALVAÇÃO DA ALMA
1. SEU SIGNIFICADO: NEGAR-SE A SI MESMO
"O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo." (1 Ts 5:23)
O assunto da salvação da alma, tanto quanto sei, nunca foi notado por muitas pessoas. Quando abordamos a questão da salvação, há algo de extrema importância que devemos conhecer: a tremenda diferença entre o nosso espírito e a nossa alma. De acordo com 1ª Tessalonicenses 5 versículo 23, o homem possui três elementos importantes: "...vosso espírito, alma e corpo...". Falando resumidamente, o espírito é a faculdade através da qual o homem está apto a ter comunhão com Deus e a qual nenhum dos animais inferiores possui. Por esta razão, estes não podem louvar a Deus. A alma é o órgão do pensamento, vontade e emoção no homem, – algo que os animais inferiores também possuem, pois a alma diz respeito à vida animal (ou animada). Por último, o corpo é a parte do homem que se comunica com o mundo material. Visto que somos seres humanos compostos de espírito, alma e corpo, nossa salvação deve, por conseguinte, se estender a todas essas partes.
“... a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor" (1 Co 5:5). Esse versículo fala da salvação do nosso espírito. “... aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo" (Rm 8:23). Esse versículo diz respeito à salvação do nosso corpo. No entanto, o que gostaríamos de considerar agora é a salvação da nossa alma. Para isso, vamos examinar cuidadosamente todas as passagens do Novo Testamento em que a salvação da alma é mencionada para estarmos preparados para entender o que isso realmente significa.
"Então, disse Jesus a Seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Porquanto, quem quiser salvar a sua vida [da alma] perdê-la-á; e quem perder a vida [da alma] por minha causa achá-la-á. Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma? Porque o Filho do Homem há de vir na glória de Seu Pai, com os Seus anjos, e, então, retribuirá a cada um conforme as suas obras. Em verdade vos digo que alguns há, dos que aqui se encontram, que de maneira nenhuma passarão pela morte até que vejam vir o Filho do Homem no Seu reino." (Mt 16:24-28)
"Então, disse Jesus a Seus discípulos..." - Aqui ficamos sabendo que as palavras que o Senhor Jesus pronunciou são ditas aos Seus discípulos e não aos de fora [que são incrédulos]. Se são discípulos, então são salvos. Portanto, vamos levar em consideração que as palavras seguintes são diretamente para os santos salvos e não para os pecadores perdidos.
"Se alguém quer vir após Mim..." – Isto é, se alguém entre os salvos quiser seguir o Senhor. Este alguém é um discípulo salvo que especialmente deseja seguir o Senhor. "Siga-me" dá a solução para as condições que estão estabelecidas logo depois.
"... a si mesmo se negue..." – Negar a si mesmo significa desrespeitar-se, [não se importar com seu ego, com suas vontades, seus privilégios], é esvaziar-se de si mesmo ou renunciar a seus privilégios, [renunciar seus desejos e prazeres neste mundo, sua própria vontade]. Renunciar a si mesmo denota pôr de lado o seu eu para buscar a mente de Deus [e fazer a vontade de Deus], para que em todas as coisas não siga a própria mente, [nem sua própria vontade], nem seja egoísta. Somente este tipo de pessoa pode seguir o Senhor. Isto certamente dispensa explicação, pois como alguém pode seguir o Senhor e seguir a si mesmo?
"... tome a sua cruz e siga-Me" – Isto é muito mais profundo do que negar a si mesmo. Negar a si mesmo é somente desrespeitar-se, [não dá lugar para o seu ego, suas vontades e seus privilégios], enquanto tomar a cruz é obedecer a Deus. Tomar a cruz significa aceitar tudo o que Deus decidiu para a pessoa e desejar sofrer de acordo com a vontade Dele. Negando a nós mesmos e tomando a cruz podemos verdadeiramente seguir o Senhor.
"Porquanto, quem quiser salvar a sua vida [da alma] perdê-la-á; e quem perder a sua vida [da alma] por Minha causa achá-la-á." – No grego a palavra “vida" é psiquê, que significa "alma", por isso esse verso nos fala sobre a salvação ou perda da nossa alma. Isso trará luz ao assunto que estamos examinando.
"Porquanto" conecta a frase seguinte com a precedente. Esse conectivo nos ajudará a ver que a frase "a si mesmo se negue, tome a sua cruz" no versículo anterior é a mesma coisa que salvar ou perder a alma mencionada no versículo seguinte.
"Porquanto, quem quiser salvar a sua alma..." - Tal interpretação significa que embora alguém tenha o desejo de seguir o Senhor, no entanto não deseja negar a si mesmo e tomar sua cruz. Isso nos ajuda a entender um pouco mais o significado de salvar a alma. Isso revela quanto uma pessoa é relutante em desrespeitar a si mesma, para renunciar a seus privilégios e permitir-se sofrer por causa da obediência a Deus. Por essa razão podemos reconhecer que o significado de salvar a alma é justamente o oposto de negar a si mesmo e tomar a cruz. Se alguém sabe o que é negar a si mesmo e carregar a cruz, também sabe o que significa salvar a sua própria alma.
O Senhor nos diz que se uma pessoa for tão consciente de si mesma para não desejar negar-se, tomar a sua cruz e sofrer por causa da obediência a Deus, no final ela perderá sua alma. Tentando salvar a sua alma comportando-se assim, resultará em perda no futuro. Perder a sua alma significa que no final, [na Era do Reino Milenar] ela sofrerá e perderá todo seu deleite. Ela não obterá o que busca.
"... e quem perder a vida por Minha causa..." – Isso é o negar a si mesmo e tomar a cruz do verso anterior. Perder a alma é o mesmo que negar a si mesmo. O Senhor explica que se por amor a Ele alguém desejar abandonar todos os prazeres de sua alma e sofrer de acordo com a vontade de Deus, salvará sua alma. Isso simplesmente significa que aquele que deseja, por amor ao Senhor, negar seus próprios pensamentos e desejos e não estar satisfeito com as coisas do mundo, mas passar por muitos sofrimentos, receberá do Senhor em outro tempo, [isto é, na Era vindoura do Reino Milenar,] receberá bênção e alegria, o que seu coração deseja.
Com o estudo desse versículo devemos estar aptos para entender qual é o significado da salvação da alma. Salvar a alma denota ganhar para si mesmo felicidade e alegria neste mundo para completa satisfação do coração. Perder a alma fala de perder sua própria alegria, desejo e satisfação neste mundo.
Portanto, perder a alma (o que requer negar a si mesmo e carregar a cruz) sem dúvida não é o que geralmente denominamos como “perecer". O Senhor nos mostra que salvar a sua alma é não negar a si mesmo e não tomar a cruz. Este conceito não tem relação com a ideia usual de "salvo" ou "perdido," –
Além disso, se a salvação da alma significasse ter a vida eterna (o que não é o caso), então perder a alma denotaria ir para o lago de fogo. Então o que o Senhor Jesus diz não seria coerente com o que é dito antes. Porque Ele estava falando para os discípulos, os quais já haviam recebido a vida eterna (a salvação do espírito); e sabemos que um descrente (incrédulo) não pode negar a si mesmo nem tomar a sua cruz e seguir o Senhor. Se o Senhor desejasse que uma pessoa tivesse vida eterna, sem dúvida pediria que ela crêsse em vez de ordenar que negasse a si mesma. Somente aquele que já tem a vida eterna está preparado para negar a si mesmo, tomar a cruz e seguir o Senhor. Porque um pecador que ainda não possui vida eterna não precisa tentar seguir o Senhor, mas sim crer Nele.
"Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?" – Aqui nosso Senhor continua explicando quanto é prejudicial ao homem ganhar os prazeres de sua alma neste mundo e perdê-la no mundo vindouro (a Era do Reino Milenar). O que Ele quer dizer é que se alguém não nega a si mesmo, toma a cruz e segue de perto o Senhor, mas faz as coisas de acordo com o desejo da sua alma para satisfazê-la, então virá o tempo em que perderá sua alma, embora possa ter ganho o mundo inteiro.
Ainda que o homem possa ter muitos prazeres por seguir os seus próprios desejos, no final, diz o Senhor, ele terá de devolver tudo através da perda de todos os prazeres da sua alma. De acordo com o ponto de vista do Senhor, será muito melhor para alguém ganhar sua alma no final do que ganhá-la no princípio. Nada pode ser trocado pela satisfação final da alma. Portanto, perder a alma agora é muito melhor do que perdê-la no final.
"... quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á..." – Se um homem salva sua alma agora, quando ele irá perdê-la? "... e quem perder a vida por minha causa achá-la-á". Novamente, quando o homem achará sua alma? Vemos nesta mesma passagem que o Senhor responde essas questões com estas palavras: “Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com os Seus anjos, e, então, retribuirá a cada um conforme as suas obras" (Mt 16:27).
"... conforme as suas obras" significa de acordo com o que cada um faz' na vida presente. Essas obras dividem-se em duas categorias: (1) salvar sua alma agora e (2) perder sua alma agora por amor ao Senhor. “[Ele] retribuirá a cada um conforme as suas obras" significa que o Senhor fará com que o crente que salva sua alma agora a perca e fará com que outro crente que perde sua alma agora por amor a Ele a ganhe no reino vindouro. E quando isso acontecerá? Na hora da Sua volta. Entretanto, deixemos perfeitamente claro que se um crente cuida das coisas da carne, satisfaz seu próprio prazer e recusa-se a sofrer por Cristo, receberá a reprovação do Senhor em vez de receber a Sua glória e poderá até chorar e ranger seus dentes na volta do Senhor. Mas se um crente desejar perder seus próprios direitos, ser completamente separado do mundo e ser fielmente obediente à vontade de Deus, será louvado pelo Senhor e gozará a Sua alegria para a completa satisfação de seu coração.
A vinda do Senhor e sua recompensa estão especialmente relacionadas com o reinar com Ele no Seu reino. O próprio Senhor nos informa imediatamente para onde Ele está vindo. Nessa mesma passagem Ele expõe: “... até que vejam vir o Filho do Homem no Seu reino" (Mt 16:28). O que o Senhor Jesus quer dizer é que, quando Ele vier para a Terra reinar por mil anos, alguns dos crentes reinarão com Ele enquanto outros crentes não reinarão.
Portanto, a essência dessa Escritura é dividir os discípulos que creram no Senhor e possuem a vida eterna em duas classes de crentes: uma classe nega a si mesma e toma a cruz; outra classe não nega a si mesma e não toma a sua cruz. Uma classe de crentes quer abandonar tudo pelo Senhor e perder a alma (perder o prazeres da alma neste mundo), enquanto a outra classe de crentes busca os prazeres do mundo para si e não quer perder a alma (não querem perder os prazeres da alma neste mundo). Um discípulo de Cristo é alguém que o Senhor separou dos pecadores. E novamente Ele irá separar: desta vez, separando um discípulo que nega a si mesmo daquele que não nega a si mesmo. Precisamos saber que nossa futura posição no reino vindouro é decidida por 'nossas obras' hoje. Tudo o que hoje significa ganhar, no reino vindouro terá o significado de perder; tudo o que hoje significa perder, no futuro terá o significado de ganhar. Se ganhar hoje significa ganhar o mundo e evitar o sofrimento, então ganhar no reino vindouro por perder hoje seu desfrute da vida da alma neste mundo, negando a si mesmo, significará ganhar o reino vindouro sem sofrimento. Se perder hoje o desfrute da vida da alma neste mundo significa abandonar o mundo e não fazer a sua própria vontade, então perder no futuro por não negar a si mesmo significará perder o reino vindouro, o milênio, e não obter o que se deseja. O que o Senhor quer dizer é que todo aquele que é gratificado pelo mundo hoje perderá a sua posição no reinado com Ele no futuro (no mundo vindouro, na Era do Reino Milenar). Portanto, a salvação da nossa alma é completamente diferente daquilo que geralmente conhecemos como salvação do nosso espírito (que significa ter a vida eterna).
Como o nosso espírito é salvo? “... o que é nascido do Espírito é espírito" (Jo 3:6). No contexto de João 3 somos informados que aquele que crê tem a vida eterna. Para o crente, seu espírito é salvo. Por conseguinte, a salvação do espírito significa ter a vida eterna. Mas como a alma é salva? A passagem que estamos considerando nos diz que se perdermos nossa alma por amor ao Senhor, ela será salva. Portanto, a salvação do espírito é ter vida eterna, enquanto a salvação da alma é possuir o reino. Meu espírito é salvo por Cristo carregar a cruz por mim; a minha alma é salva por eu mesmo carregar minha cruz.
Meu espírito é salvo porque Cristo deu Sua vida por mim; minha alma é salva porque nego a mim mesmo e sigo o Senhor.
Nosso espírito é salvo na base da fé; uma vez que se crê no Senhor Jesus, a questão está esclarecida para sempre, nunca mais será mudada. Nossa alma é salva na seguinte base: é uma questão para toda vida, um curso a ser terminado.
Pela fé o nosso espírito é salvo, porque "quem crê no Filho tem a vida eterna" (Jo 3:36). A nossa alma é salva pelas obras porque o Senhor "retribuirá a cada um conforme as suas obras" (Mt 16:27). Uma vez que o nosso espírito é salvo ao crermos no Senhor Jesus, a vida eterna é assegurada. Embora todos os demônios do inferno se levantem para nos tentar, eles não podem nos fazer perecer. Embora os anjos dos céus venham para nos atingir, nem assim eles podem nos fazer perecer. Nem mesmo o Deus Triúno pode nos fazer perecer. No entanto, nada pode nos assegurar hoje a salvação da nossa alma, pois se ela será ganha ou não, isso será decidido quando o Senhor vier novamente com Seu reino.
A salvação do nosso espírito é decidida hoje, porque por crer no Senhor se tem a vida eterna. A salvação da alma, entretanto, é decidida na vinda do Filho do Homem no Seu reino.
A salvação do nosso espírito é um presente atual, pois "Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha vida eterna" (Jo 3:16). A salvação da nossa alma, no entanto, é uma recompensa futura dada na volta do Senhor para aqueles que fielmente O seguiram.
Para que a alma seja salva uma pessoa precisa ter primeiro o espírito salvo. Sem a salvação do espírito não há possibilidade de a alma ser salva.
Marcos 8 versículos 31 ao 38
"Quem quiser, pois, salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por causa de mim e do evangelho salvá-la-á" (Mc 8:35). Aqui são adicionadas as palavras "e do evangelho" - As pessoas geralmente assumem que isso se refere aos que pregam o evangelho do Senhor. Se isso fosse verdade, não seriam os pregadores os únicos que teriam sua alma salva? Mas o que é declarado aqui é simplesmente o evangelho e não a pregação dele. O que é o evangelho? Nada mais que o "evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus" (Mc 1:1), a "tão grande salvação" (Hb 2:3), "conduzindo muitos filhos à glória" (Hb 2:10). Não é apenas o evangelho da libertação daqueles que têm sido escravos do pecado por meio da saída espiritual do Egito, mas é o glorioso evangelho da entrada espiritual em Canaã. “Perder a vida por minha causa" (Mateus) é ser constrangido pelo amor. "Perder a vida por causa... do evangelho" (Marcos) é ser movido por um futuro melhor para si mesmo, que é a busca pelo reino.
"Porque qualquer que, nesta geração adúltera e pecadora..." (Mc 8:38). Isso se refere a qualquer um que não deseja perder a vida da alma, ou seja, qualquer um que nesta geração não sofra pelo Senhor e pela Sua palavra. Nesta geração adúltera e pecadora requer-se a perda da alma para dar testemunho da palavra do Senhor. A menos que uma pessoa deseje realmente perder sua alma, ela não estará pronta para testemunhar nesta geração sem se envergonhar do Senhor. Muitos filhos de Deus não querem nem se atrevem a dar testemunho diante dos homens em nome do Senhor que os redimiu porque temem ser ridicularizados e querem preservar sua imagem, isto é, preservar sua própria alma nesta vida. Tais pessoas certamente sofrerão perda no reino. Ninguém que não queira perder sua vida da alma nesta era poderá ver a glória do Senhor na era vindoura. Todos os que reinarão com Cristo no futuro terão perdido sua alma hoje. Ninguém que perde sua alma na era presente deixará de ganhar na próxima era.
Lucas 17 versículos 26 ao 37
Nessa passagem de Lucas 17 todas as palavras "vida" são "alma" no grego. Aqui somos informados quando a alma será salva. "Digo-vos que, naquela noite, dois estarão numa cama; um será tomado, e deixado o outro" (Lc 17:34-35). Isso aponta para o tempo do arrebatamento. A diferença aqui é que um será tomado e outro deixado. Ser tomado significa ser arrebatado para o céu (conforme Gênesis 5:24). Assim, o significado do verso 33 é claro (“Quem quiser preservar a sua vida perdê-la-á; e quem a perder de fato a salvará"). Aquele que tiver salvado sua alma nesta era será deixado para trás na vinda do Filho do Homem, enquanto aquele que perder sua alma nesta era será tomado na vinda do Filho do Homem. Aparentemente não há diferença entre as duas pessoas, nem em trabalho, nem em lugar; no entanto, no arrebatamento haverá diferença! Num piscar de olhos, que enorme diferença!
Aqui se apresenta o problema mais sério. Se desejamos ser arrebatados, ver o Senhor e entrar no reino, precisamos primeiro perder nossa alma nesta era. Por amor ao Senhor devemos abandonar tudo o que não é de acordo com a vontade de Deus, tudo o que nos amarra e tudo o que possa impedir nosso coração de buscar as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado a direita de Deus. Devemos pensar nas coisas lá do alto, e não nas que são aqui da terra (Cl 3:1-2). Se formos como a mulher de Ló, tentando preservar a alma e não querendo abandonar nada, não seremos tomados para onde o Senhor nos ordena estar, muito embora não pereçamos em Sodoma e Gomorra com os pecadores. Pode não haver diferença na vida eterna, mas haverá diferença no arrebatamento.
Lucas 12 versículos 15 ao 21
"Então, lhes recomendou: Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui. E lhes proferiu ainda uma parábola, dizendo: O campo de um homem rico produziu com abundância. E arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que farei, pois não tenho onde recolher os meus frutos? E disse: Farei isto: destruirei os meus celeiros, e os reconstruirei maiores e aí recolherei todo o meu produto e todos os meus bens. Então, direi à minha alma: tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te. Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é o que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus." (Lc 12:15-21)
Novamente a palavra “vida" aqui é "alma" no texto original. Podemos dizer, portanto, que ganhar a alma significa fazê-la desfrutar, ser feliz e ser satisfeita neste mundo. Perder a alma, ao contrário, significa fazê-la sofrer – ser afligida e pobre neste mundo. Este homem rico, devido à abundância dos seus grãos e bens, deu à sua alma desfrute, prazer e satisfação neste mundo. Ele já ganhou sua alma neste mundo.
Assim, ganhar a alma é fazê-la feliz neste mundo, enquanto perder a alma é não deixar nada para ela neste mundo. O que os nossos olhos veem, nossos ouvidos ouvem e nossas mãos e pés tocam é através do corpo, mas aquilo que é prazer interior, consciente, é da alma. A alma é o lugar dos nossos desejos naturais. Ela nos habilita a sentir e desfrutar. O desejo desta vida da alma exige ser satisfeito. Uma boa música pode acalmar a emoção e a literatura e a filosofia podem elevar o pensamento. Porém, se as pessoas buscam extrema satisfação neste mundo e nas coisas que há neste mundo, elas perderão a satisfação no mundo vindouro (perderão o reino vindouro, a era do reino milenar). Se já recebemos conforto dessas coisas agora, perderemos a glória no mundo vindouro.
Aquele que salva sua alma no presente mesmo que ele seja uma pessoa que crê no Senhor, – já ganhou os prazeres derivados dos seus ouvidos, olhos e coração, portanto, na era vindoura, perderá todos esses prazeres. Aquele que ganha agora perderá no futuro, enquanto aquele que perde agora ganhará no futuro. Isso é o que precisamos entender sobre a salvação da alma. Ganhar a glória, desfrute e satisfação do reino no futuro é ganhar a alma. Perder isso no futuro é perder a alma.
Tendo sido salvos, obviamente não podemos ser “não salvos" outra vez. Contudo, nossas obras têm muito a ver com nossa posição no reino futuro. O que, então, estamos buscando agora? Como é difícil para os jovens abandonarem os prazeres deste mundo. Muitos buscam encontrar satisfação em uma moradia especial, em comida, roupa, diversão e outras coisas mais. Eles já salvaram sua alma hoje, por isso a perderão nos dias vindouros. Alguém que já é salvo nunca irá para o inferno, mas pode não desfrutar das bênçãos do reino milenar!
O Senhor não nos instrui a sermos ascéticos; Ele somente nos persuade a não sermos cativados pelas coisas deste mundo. Essas coisas podem ser legítimas, no entanto nem tudo que é legítimo é proveitoso. Por esta razão é que Paulo diz: "Todas as coisas são lícitas, mas nem todas as coisas convêm..." (1 Co 10:23). Seja roupa, comida ou moradia, não devemos buscá-las para o nosso próprio prazer. Devemos fazer todas as coisas para a glória de Deus. Se começarmos a condescender com o excesso dessas coisas, vamos nos extraviar.
Aquele que ama o mundo salva sua própria alma. Já que o pecado entrou no mundo, não devemos buscar nada deste mundo caído e pecador. Aquele que não amar o mundo e perder sua vida da alma neste mundo por causa do Senhor, reinará com Ele no mundo vindouro (na era do reino milenar).
2. SEU MEIO: A CRUZ
“Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada" (Mt 10:34). Por que o Senhor disse isso dessa forma? Porque todos pensam que Ele veio trazer paz para a Terra. Para corrigir esse conceito, Ele diz abertamente aos Seus ouvintes que não veio trazer a paz, mas espada. Mais tarde veremos que essa paz mencionada aqui não se refere ao assunto de paz e ausência de guerra entre as nações no mundo; mas, refere-se a certas situações e relacionamentos na família.
“... não vim trazer paz, mas espada." – o que significa essa palavra? Por espada o Senhor não tem em mente uma arma usada em combate ou no campo de batalha. Ele simplesmente declara que veio trazer uma espada para a Terra. Simeão disse a Maria, logo após o nascimento de Jesus, que "uma espada traspassará a tua própria alma, para que se manifestem os pensamentos de muitos corações" (Lc 2:35). Em Mateus 10 o uso da palavra espada tem o mesmo significado. Significa que ao longo da vida de uma pessoa ela pode não navegar em calmaria, mas terá dificuldades como se fosse uma espada traspassando sua alma. Por isso o que o Senhor está tentando dizer, é que Ele veio não para nos fazer desfrutar, mas para nos ferir.
"Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra" (Mt 10:35). Esse versículo começa com conjunção “pois", indicando que as palavras seguintes explicam a palavra "espada" mencionada no verso anterior. Naturalmente falando, o relacionamento entre pai e filho é geralmente considerado muito agradável, mas esse relacionamento agora será marcado pela alienação. A filha será alheia à sua mãe, a nora será alheia à sogra e assim por diante.
"Assim, os inimigos do homem serão os da sua própria casa" (Mt 10:36). Ter um inimigo é ter amargura. Os da sua própria casa, os quais você ama, virarão as costas para você, ferindo seu coração. Agora haverá hostilidade e rancor no seu lar.
O Senhor continuou: "Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a Mim não é digno de Mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a Mim não é digno de Mim..." (Mt 10:37). Duas vezes nesse versículo Jesus menciona as palavras “não é digno de Mim". Você já perguntou por que devemos amar mais o Senhor do que nosso próprio pai, mãe ou filho? Se no mundo você ama mais uma pessoa do que o Senhor, não está pronto para ser Seu discípulo. Para ser discípulo de Cristo você precisa amar completamente o Senhor. Esta é a condição para ser Seu discípulo. É completamente impossível para você amar o Senhor e outra pessoa igualmente ao mesmo tempo.
O Senhor também disse: "... e quem não toma a sua cruz e vem após Mim não é digno de Mim" (Mt 10:38). Esse versículo resume o que foi dito antes, – este é o caminho da cruz! O que significa tomar a cruz? O Senhor não disse que aquele que não toma sua carga e O segue não é digno Dele. Não, Ele disse que quem não toma a sua cruz e O segue não é digno Dele. Uma carga não é uma cruz. . Carga é algo inevitável; cruz, no entanto, está sujeita à escolha da pessoa e portanto pode ser evitada.
O que a primeira cruz na história foi, assim devem ser as incontáveis pequenas cruzes que vêm depois dela; assim como a cruz original foi escolhida pelo Senhor, a cruz de hoje também precisa ser escolhida por nós.
Algumas pessoas assumem que estão carregando a cruz sempre que passam alguma privação ou se encontram angustiadas. No entanto, isso não é verdade porque isso pode naturalmente acontecer com qualquer pessoa, até mesmo com aqueles que não são crentes. Todas as cruzes que alguém toma precisam ser escolhidas por ele. No entanto, é preciso guardar-se de um erro aqui: não se deve criar cruzes para si mesmo. Devemos tomar a cruz, não criá-la.
É um grande engano considerar tudo o que recai sobre nós como cruz para tomarmos. Qualquer cruz que nós mesmos criamos não é reconhecida como cruz a ser tomada.
Então, o que é uma cruz? Deve ser parecida com o que o Senhor mesmo disse: "Meu Pai... faça-se a Tua vontade" (Mt 26:42). Ele disse ao Seu Pai para não responder conforme a vontade do Filho, mas conforme a vontade do Pai. Isto é a cruz. . Tomar a cruz é escolher a vontade que o Pai decidiu. Posso dizer sinceramente que se nós não escolhemos a cruz diariamente, não temos cruz para carregar. Se o Senhor tivesse esperado até que a cruz viesse até Ele aqui na Terra, como seria possível para Ele ter sido o Cordeiro imolado desde antes da fundação do mundo? Pois Ele não tinha escolhido a cruz no céu quando estava lá? e então, "a Si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens... e, reconhecido em figura humana, a Si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz" (Fp 2:7-8). Nosso Senhor realmente escolheu a cruz.
Nas áreas de vestuário, alimento e moradia também temos escolha. Podemos escolher o que vestir, o que comer e como morar. A intensidade com que buscamos essas coisas deve se limitar apenas às nossas necessidades naturais nessas áreas. Se buscamos essas coisas para satisfazer nossas luxúrias, não estamos tomando a cruz. Não podemos determinar quem deve vestir tal roupa, comer tal tipo de comida ou viver em tal tipo de casa; mas qualquer um que desejar extrair extrema satisfação dessas coisas não toma a cruz. Ninguém se atreve a dizer o que você deve ter ou o que não deve ter. Ao contrário, você é quem deve perguntar se sua alma extrai prazer e satisfação dessas coisas.
Qualquer coisa que supra suas necessidades é permitida por Deus. Roupa, comida e abrigo são coisas legítimas. No Antigo Testamento podemos ver Deus provendo essas coisas para os filhos de Israel. Portanto, Ele nunca pretendeu ter seus filhos totalmente ocupados com este assunto. Se procurarmos por absoluto prazer nessas áreas não estaremos tomando a cruz.
Quão frequentemente as pessoas não estão vestidas para proteger o corpo e não estão comendo para satisfazer sua fome, mas para buscar puro prazer. Todas as necessidades naturais devem ser supridas, mas a luxúria proveniente da carne não deve ser satisfeita. Nada deve ser em excesso.
Deus realmente interfere na roupa, comida, moradia e viagem do homem? De fato Ele interfere. E a interferência se constitui na cruz. Vamos ilustrar este assunto:
Quando Adão estava no Jardim do Éden, todas as suas provisões necessárias eram devidamente supridas. Ele poderia comer os frutos de todas as árvores, exceto o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Então ele comeu dessa árvore porque seu fruto proibido era bom para comer e agradável para os olhos e não porque ele iria preencher sua necessidade natural; isso se tornou uma luxúria para ele.
O que Deus permite está restrito à necessidade natural; qualquer coisa que exceda isso é impróprio e considerado como coisa do mundo, como roupa, comida e abrigo; e por esta razão devemos buscar somente o suprimento das necessidades e não a gratificação das concupiscência. Devemos considerar a vontade de Deus como regra absoluta nessas coisas. De outra maneira, poderemos seguir a vontade da carne tanto nos satisfazendo completamente como também maltratando nosso corpo como se fôsse-mos mais santos que os outros. Precisamos entender que nenhum extremo é aprovado por Deus em Sua Palavra: Ele nem nos diz para desfrutarmos das coisas deste mundo nem nos declara que o ascético maltrato do corpo tem algum valor contra a satisfação da carne. (Compare 1 João 2:14-15 e Colossenses 2:23).
"Quem acha a sua vida perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por Minha causa achá-la-á" (Mt 10:39). Esse versículo conclui a passagem de Mateus 10 que estávamos estudando. O que então significa tomar a cruz? Significa que uma pessoa perde sua vida da alma por amor a Cristo, é ferida em seu coração por amor a Cristo e sofre angústia e tristeza por amor a Cristo, – tudo isso é perder a vida da alma. Algumas pessoas se recusam a sofrer ou disciplinar seu desejo emocional; e por permitirem que sua alma desfrute excessivamente, certamente perderão. Perder a alma por amor ao Senhor não é deixá-la ser satisfeita em suas exigentes luxúrias e deleites. Se por amor a Cristo deixamos de buscar o que naturalmente mais gostamos, isso será reconhecido como perder a alma por amor a Ele.
Vamos reconhecer que ganhar a alma hoje se aplica em perder a alma no futuro; e perder a alma hoje se aplica em ganhar a alma no futuro. Em outras palavras, perder a alma hoje por amor ao Senhor denota a recusa de permitir que ela seja gratificada e favorecida neste mundo, e perder a alma no futuro significa perder a satisfação e desfrute e a glória do reino vindouro. Quando aquele dia vier, ou seja, quando o reino chegar, algumas pessoas terão a sua alma satisfeita enquanto outras terão sua alma insatisfeita. Todo aquele que nesta era satisfez os desejos de sua alma com excessivo desfrute além das necessidades naturais não terá nada no reino futuro. Igualmente, todo aquele que por amor ao Senhor perdeu essas coisas neste mundo, será plenamente satisfeito no reino do mundo vindouro. Todo aquele que vencer este mundo será recompensado no reino do mundo vindouro. Isto é absolutamente certo.
A salvação do nosso espírito é concedida no momento em que cremos no Senhor Jesus. A salvação da nossa alma depende do que fazemos hoje. Caso você ame roupas, comidas e amigos e tem tudo isso para satisfação de sua alma, deixe-me dizer-lhe com a autoridade do Senhor que você perderá a glória do reino. “Bem-aventurados vós, os que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados vós, os que agora chorais, porque haveis de rir," diz o Senhor (Lc 6:21), mas "ai de vós, os que estais agora fartos!" (Lc 6:25). Por que os que estão fartos são desventurados? Porque eles já estão satisfeitos agora. Por que os que choram são abençoados? Porque eles serão satisfeitos no futuro (na era do reino milenar). Esta, então, é a diferença entre o ai e a bem-aventurança.
Lucas 14 versículos 25 ao 35
A porta pela qual os que creem no Senhor Jesus são salvos é ampla, mas a porta pela qual os que O seguem e são glorificados com Ele é estreita. "Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora" (Jo 6:37). Isto é salvação. No entanto, há condições para os que desejam seguir o Senhor e ser Seu discípulo.
"Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida [da alma], não pode ser Meu discípulo" (Lc 14:26). Aqui o Senhor reconsidera a questão que diz respeito à alma. Ele primeiro menciona o pai, a mãe, a esposa, filhos, irmãos e irmãs e então menciona a alma. Se alguém está apto a não olhar para sua alma como preciosidade, é livre de todas as amarras. Deve-se pôr de lado qualquer coisa que satisfaça e pacifique a alma.
O Senhor não disse que alguém deve lançar fora seu pai, mãe, esposa, filhos, irmãos e irmãs. O que Ele disse é que uma pessoa deve se livrar da vida natural para que possa reunir todo o amor que tem por outras pessoas para então amar mais o Senhor. Isso é um dever. Antes de um homem começar a segui-Lo, uma barreira formidável é colocada diante dele pelo Senhor. Se ele puder superá-la, estará apto para vencer qualquer coisa no futuro. O Senhor não espera para pôr essa barreira depois que se entrou pela porta. Não, ela está ali logo no início. E aquele que a supera está pronto para ser discípulo do Senhor.
Depois que Cristo salva uma pessoa, a primeira coisa que é colocada na porta do discipulado é essa condição. O Senhor não estabelece essa condição três ou cinco anos depois que a pessoa nasce de novo. Se uma pessoa será Seu discípulo é um assunto a ser decidido bem no princípio.
"E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser Meu discípulo" (v. 27). Isso explica o versículo precedente. O que acontece é o levar a cruz. Então o Senhor apresenta três parábolas para ilustrar o que é levar a cruz:
1ª) A Parábola do Construtor da Torre - (Lc 14:28-30)
"Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir?" (Lc 14:28). O Senhor fala sobre calcular os gastos. Não podemos facilmente conceber que o significado aqui é que se não temos fundos não devemos continuar com a ideia de construir uma torre? No entanto, se fosse assim o Senhor não teria chamado a grande multidão (que eram poucos) para segui-Lo. Será, então, que por causa da falta de fundos não precisamos construir? De modo nenhum. Porque se todos põem tudo o que têm, ninguém poderá dizer que há insuficiência de fundos. O que o Senhor realmente quer dizer aqui é se uma pessoa deseja pôr tudo o que tem para construir uma torre. Por exemplo, se a construção da torre custará 5.000 reais e o homem deseja gastar apenas 3.000 para guardar os 2.000 restante para outros propósitos, isso não pode ser considerado como não ter fundo suficiente. O fundo tornou-se insuficiente somente porque ele guardou uma parte para outros propósitos que não o de construir a torre. Aquele que guarda amor para outros não está pronto para amar a Cristo. Deve-se aborrecer o pai, mãe, esposa, filhos, irmãos e irmãs – e até mesmo a própria vida, – com a finalidade de tirá-los para fora do coração. Cristo não pergunta quanto uma pessoa dá, mas se ela deu tudo a Ele.
"Para não suceder que, tendo lançado os alicerces e não podendo acabar, todos os que a virem zombem dele, dizendo: Este homem começou a construir e não pôde acabar" (Lc 14:29-30). Este será o fim daquele que não deseja amar o Senhor totalmente. Ele tem de parar de construir a torre depois de ter posto os alicerces porque guardou um pouco para si e não deseja dar tudo para o Senhor.
2ª) A Parábola do Rei que vai à Guerra - (Lc 14:31-32)
"Ou qual é o rei que, indo para combater outro rei, não se assenta primeiro para calcular se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil?" (Lc 14:31). Mobilizar dez mil não significa que esse é o número total de soldados que o rei tem. Isso simplesmente significa que ele deseja usar somente dez mil. Se ele mobilizar a nação inteira, sem dúvida será vitorioso.
"Caso contrário, estando o outro ainda longe, envia-lhe uma embaixada, pedindo condições de paz" (Lc 14:32). Isso quer dizer que se o rei não deseja pôr em jogo toda a sua tropa, é melhor para ele pedir condições de paz e reconhecer sua derrota.
Aquele que deseja investir tudo na construção ou na guerra encontrará exatamente o necessário; mas se guardar um pouco para si, experimentará muita insuficiência. Suponha que eu vá a uma livraria para comprar uma Bíblia, e ela custe 60 reais, que é tudo o que tenho. Se pago somente R$ 10, naturalmente não será suficiente; mas mesmo que eu pague R$ 59 e guarde somente R$ 1 para mim, isso ainda não será suficiente. Portanto, é absolutamente certo que aquele que não toma a sua cruz e segue totalmente o Senhor não é digno nem capaz de ser um discípulo Dele.
Não é devido à insuficiência, mas por guardar um pouco para si. Por isso o não guardar nada para si é a cruz. . Devemos colocar tudo sobre a cruz. Alguns podem perguntar: como sabemos que essa parábola nos ensina a necessidade de colocar tudo sobre a cruz? Porque isso é o que o Senhor mesmo explica no versículo seguinte:
"Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo" (Lc 14:33). Esse versículo comenta as duas parábolas. O problema com as duas pessoas mencionadas não está no fato de elas não terem o suficiente, mas em não desejarem gastar tudo. Quão frequentemente queremos ambos; estamos como que divididos entre amar o mundo por um lado e amar o Senhor por outro. Não podemos amar totalmente o Senhor, porém amar somente o mundo é algo que nos faz sentir envergonhados por sermos injustos com Ele.
O fato de alguém relutar em gastar tudo para construir uma torre e ainda ficar receoso de não gastar pelo menos um pouco resultará na colocação do alicerce, mas a torre ficará inacabada. Se estiver despreparado para entregar todos os seus guerreiros, a única saída será enviar um embaixador para pedir condições de paz. Essa pessoa precisa desconsiderar o assunto de ser discípulo do Senhor. Para ser discípulo de Cristo é preciso renunciar a tudo o que tem. Ela não pode segurar o mundo com uma mão e o Senhor com a outra. Ela precisa pôr de lado um ou outro, – se não for o mundo, então será Cristo.
3ª) A Parábola do Sal - (Lc 14:34-35)
Essa parábola retrata as consequências para esses dois tipos de pessoa sobre os quais acabamos de discutir. De acordo com Mateus 5 versículo 13 (“vós sois o sal da terra"), nessa passagem o sal deve apontar para os cristãos.
"O sal é certamente bom; caso, porém, se torne insípido, como restaurar-lhe o sabor?" (Lc 14:34). O sal é bom porque é proveitoso para o homem. “Sabor" significa ser posto à parte e ser santificado. Como é de tremenda importância para o cristão ser separado do mundo. Se o sal perder seu sabor, como poderá salgar novamente? Por exemplo, uma pessoa compra um pedaço de carne fresca e pensa em dar-lhe sabor. Se não há sal, ou se este perder seu sabor, como ela pode fazer com que a carne fique salgada? “Nem presta para terra, nem mesmo para o monturo; lançam-no fora" (Lc 14:35a). Esse versículo fala da consequência de perdermos nosso sabor cristão por perdermos nossa separação do mundo.
"Terra" representa o reino. Colocar no reino de Deus um cristão sem sabor é muito improvável.
"Monturo" é um lugar desonrado e sujo, por isso sugere o inferno ou o lago de fogo. Pôr um cristão que perdeu seu sabor no inferno é igualmente improvável, pois ele já está salvo.
"Lançam-no fora" – Já que ele está incapacitado tanto para o reino como para o inferno, deve ser lançado fora, isto é, deve ser lançado para fora da glória do reino.
"Quem tem ouvidos para ouvir, ouça" (Lc 14:35b). Isso é uma advertência. Qualquer coisa que nos separa de Cristo nos faz perder nosso próprio sabor. Sabor é poder, falta de sabor é fraqueza. Como é sério este assunto! Não devemos amar o mundo. Ao contrário, precisamos amar o Senhor – e amá-Lo de todo nosso coração. De outra forma, não teremos parte no reino vindouro. A questão não é quanto tenho feito, mas se estou sobre o altar. Vamos nos consagrar ao Senhor hoje, porque poderá ser muito tarde quando aquele Dia (o Dia da Sua volta) chegar.
Todas as três parábolas nos informam sobre a vida de um crente que não perdeu sua alma hoje. A razão de não gastar todos os fundos para construir a torre, de não mobilizar todas as forças para lutar numa batalha e de tornar-se sal sem sabor ou degenerado por se misturar com o mundo é o amor que se tem pela própria alma, é não desejar deixar-se sofrer ou abandonar os encantos do mundo. Para esse tipo de pessoa, a glória do reino vindouro só é fracamente vista porque ela cuida somente do momento presente neste mundo. Se tivesse desejado negar as demandas da sua própria alma por negar-se a si mesma, tomando a cruz e fazendo a vontade de Deus, não teria sido difícil para ela construir ou lutar, abandonar seu pai, mãe, cônjuge, filhos, irmãos, irmãs, e até mesmo sua própria vida, e ser totalmente separada do mundo para se tornar sal com sabor. Se nesta era não perdermos nossa alma, mas fizermos aquilo de que gostamos, ou se nossa consagração é imperfeita, seremos lançados fora durante o tempo do reino milenar e ridicularizados por termos falhado no discipulado.
3. SUA MANIFESTAÇÃO: O REINO
"Quem ama a sua vida da alma perde-a; mas aquele que odeia a sua vida da alma neste mundo, guardá-la-á para a vida eterna." (Jo 12:25).
"Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição; mas somos dos que tem fé para a salvação da alma." (Hb 10:39).
"... obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma." (1 Pe 1:9).
Quando lemos Lucas 21 versículos 5 ao 19, podemos prontamente perceber que esta passagem das Escrituras fala de salvação da alma: “É na vossa perseverança que ganhareis a vossa alma" (v. 19). Sempre que a Bíblia fala sobre salvação, ela enfatiza a fé. Aqui, no entanto, é dito que pela perseverança ganhamos nossa alma. Há, consequentemente, uma diferença entre salvação da nossa alma e a salvação do nosso espírito.
Se me lembro corretamente, o evangelho segundo João menciona em 35 ocasiões que aquele que crer tem a vida eterna. Em todo o Novo Testamento há não menos de 150 exemplos onde aparecem declarações como crer e ser justificado, crer e ter a vida eterna, crer e ser salvo e assim por diante. Aqui, porém, fala-se de perseverança. Perseverança é obra, não fé. Por esta razão a salvação da alma é bastante diferente de ter simplesmente vida eterna.
Vamos ler cuidadosamente e considerar como esta passagem de Lucas capítulo 21, fala da salvação da alma:
"Falavam alguns a respeito do templo, como estava ornado de belas pedras e de dádivas; então disse Jesus: Vedes estas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra que não seja derribada. Perguntaram-lhe: Mestre, quando sucederá isto? E que sinal haverá de quando estas coisas estiverem para se cumprir?" (Lc 21:5-7). O templo mencionado é o templo sagrado de Jerusalém. “Perguntaram-Lhe", refere-se aos discípulos. "Estas coisas", aponta para a destruição do templo nos dias - que o Senhor disse que viriam, – em que não ficaria pedra sobre pedra. O versículo 7 merece atenção especial. A questão parece ser similar ao que está registrada na passagem paralela de Mateus 24, ainda que exista uma grande diferença entre elas. Portanto, vamos comparar as duas passagens mais de perto:
"No monte das Oliveiras, achava-se Jesus assentado, quando se aproximaram dele os discípulos, em particular, e lhe pediram: Dize-nos quando sucederão estas coisas e que sinal haverá da Tua vinda e da consumação desta era?" (Mt 24:3). Mateus fala da destruição de Jerusalém e também da vinda do Senhor e do fim deste mundo (fim desta era), enquanto Lucas 21 trata exclusivamente da destruição de Jerusalém. Em Lucas os discípulos perguntaram somente quando estas coisas acontecerão (isto é,
A destruição de Jerusalém foi subsequentemente cumprida em 70 d.C. A declaração do Senhor de que não ficaria pedra sobre pedra está desde então cumprida.
"Respondeu Jesus: Vede que não sejais enganados; porque muitos virão em Meu nome, dizendo: Sou eu! E também: Chegou a hora! Não os sigais. Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não vos assusteis; pois é necessário que primeiro aconteçam estas coisas, mas o fim não será logo" (Lc 21:8-9). Este é o aviso que o Senhor dá aos Seus discípulos, para serem cuidadosos durante o período da iminente destruição de Jerusalém. A história da Igreja prova que depois da ascensão do Senhor Jesus houve muitos que falsamente se proclamaram ser o Cristo. Isso o Senhor quer, que os Seus saibam que, embora muitos falsamente se proclamarão como Cristo e haja notícias de guerras e tumultos, o fim não será logo.
"Então, lhes disse: Levantar-se-á nação contra nação, e reino contra reino; haverá grandes terremotos, epidemias e fome em vários lugares, coisas espantosas e também grandes sinais do céu. Antes, porém, de todas estas coisas, lançarão mão de vós e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, levando-vos à presença de reis e governadores, por causa do Meu nome...' (Lc 21:10-12). Tudo isso se cumpriu na era apostólica: os discípulos foram presos, perseguidos, flagelados, encarcerados – e foram levados diante dos reis e dos príncipes.
"... e isto vos acontecerá para que deis testemunho" (Lc 21:13). Eles então sofreram para que tivessem a oportunidade de testemunhar. Como de fato testemunharam nas sinagogas. Como Paulo testemunhou diante de Félix e também diante dos que estavam em Roma.
"Assentai, pois, em vosso coração de não vos preocupardes com o que haveis de responder; porque eu vos darei boca e sabedoria a que não poderão resistir, nem contradizer todos quantos se vos opuserem. E sereis entregues até por vossos pais, irmãos, parentes e amigos; e matarão alguns dentre vós. De todos sereis odiados por causa do meu nome. Contudo, não se perderá um só fio de cabelo da vossa cabeça" (Lc 21:14-18). Aqui o Senhor profetiza o que eles experimentariam mais tarde.
"E na vossa perseverança que ganhareis a vossa alma" (Lc 21:19). Neste último assunto, os discípulos são responsabilizados. Quando todos esses sofrimentos e perseguições lhes sobreviessem, eles precisariam manter sua perseverança. E assim ganhariam sua alma.
Sendo assim, ganhar nossa alma significa nada mais do que reinar com Cristo e gozar juntos na glória do reino milenar, na volta do nosso Senhor. Porque se ganhar nossa alma significasse o mesmo que termos vida eterna, então o que é dito no versículo 19 seria totalmente incompreensível. Por crer, alguém pode ter a vida eterna, e então ele é salvo. Mas no versículo 19 é-nos dito que uma pessoa deve suportar com perseverança todos esses sofrimentos para ganhar a sua alma.
João 12 versículo 25
O que significa amar nossa alma? É satisfazer todos os nossos desejos e agradar todas as nossas paixões. Se o Senhor, por exemplo, nos chama para deixar de fazer algo, precisamos pôr de lado a nós mesmos e então obedecer ao Senhor. Todas as vezes que Lhe obedecemos devemos nos pôr de lado. Não teremos sucesso em buscar obedecer à vontade do Senhor se amamos nossa própria alma. Como um exemplo a mais, o Senhor poderia querer que abandonássemos determinada coisa ou uma pessoa que carinhosamente amamos. Continuaríamos a segui-lo se amássemos nossa alma? Quão frequentemente somos apegados a uma pessoa, ou a uma coisa, ou a uma questão. Muitos são cercados por amigos; eles recusam deixar sua alma caminhar insatisfeita.
Não precisamos mencionar muitas coisas obviamente erradas, pois somos bem conscientes de que elas são pecaminosas. No entanto, somos insensíveis às coisas das quais normalmente tiramos grande prazer, como se fôsse-mos apegados a elas. Sabemos que dinheiro é uma palavra muito ignóbil para ser mencionada; ainda assim, quantas pessoas desejam ter parte com ele! Um vestido ou uma deliciosa iguaria pode enlaçar uma pessoa. Por que é tão duro para o homem não amar sua própria alma? Porque por não amá-la ele deliberadamente a faz sofrer. Amar sua alma é não deixá-la sofrer. Porém, por amá-la, a pessoa invariavelmente a perderá. Porque ela já terá cedido para sua alma os excessivos desejos e desfrutes neste mundo.
Quando a alma sofrerá perda? No tempo em que o Senhor vier estabelecer o reino. Qualquer um que amar sua alma neste mundo não estará apto para desfrutar da glória com o Senhor no reino que há de vir. Cremos que tanto a possessão da vida eterna como a entrada no céu são assuntos certos e positivos. Mas com relação a reinar na era do reino milenar que há de vir, e experimentar um futuro desfrute na alma, isto requer que não amemos nossa alma neste mundo.
Afirmei antes e afirmarei novamente agora que assim como Deus coloca diante do pecador o céu ou o inferno para que ele escolha (e se o pecador pode ver claramente, ele sem dúvida escolherá o céu), Ele também coloca o reino milenar e este mundo diante do cristão para que ele escolha. Escolhemos o reino? Ou escolhemos este mundo? Quão triste é que o pecador goste de escolher o céu, ao passo que um grande número de cristãos prefere ter este mundo! Muitos pensam que ser salvo é suficiente; no entanto, vamos perceber que depois que nascemos de novo, Deus coloca o futuro reino diante de nós para escolhermos.
Aquele que está satisfeito agora perderá a satisfação na glória e não desfrutará mais. "Quem ama a sua vida perde-a", declara o Senhor, “mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna." Quão intimamente enlaçada está a nossa alma ao mundo! Amar a alma neste mundo é gratificar-se a si mesmo neste mundo. Comer e se vestir bem, ter muitos amigos e fãs, gozar de fama e louvores entre os homens – tudo isso é desejável, mas alimenta a alma! No entanto, aquele que alimenta sua alma agora a perderá sua alma na era do reino milenar.
Perder a alma no futuro não é ir para o inferno, mas é fazê-la sofrer no tempo da era do reino milenar, visto que ela não pode reinar com o Senhor. Durante a era do reino o Senhor determinará dez ou cinco cidades para Seus discípulos governarem. De acordo com as profecias do Antigo Testamento, esta será a era dourada. Como será muito bom e agradável governar sobre dez ou cinco cidades ao mesmo tempo! Porém, aquele que tiver ganhado sua alma neste mundo, a perderá neste aspecto durante a era do reino. Quão importante deve ser isso! Todo aquele que está satisfeito neste mundo, – o que significa dizer todo aquele que tem sua alma satisfeita agora não terá nada no reino milenar. Eu disse muitas vezes e continuarei a dizer: aquele que odeia sua própria alma neste mundo, – isto é, que não permite que sua alma seja satisfeita e gratificada nesta era, mas vira as costas para o mundo e volta a sua face para Deus e sempre se arma do desejo de sofrer por causa do Senhor - ganhará sua alma no reino; mas aquele que ganha neste mundo perderá no outro mundo que há de vir. Todo aquele que possui hoje neste mundo não possuirá nada no futuro mundo que há de vir. Para ganhar no futuro mundo que há de vir é preciso perder alguma coisa neste mundo hoje.
Ser salvo e ter a vida eterna é definitivo porque todo crente entrará na Nova Jerusalém (na eternidade que virá após o período do reino milenar). Mas antes de o velho céu e a Terra passarem, alguns crentes não participarão do reino milenar, porque somente "aquele que odeia a sua vida [da alma] neste mundo, preservá-la-á para a vida eterna". Vamos notar que o Senhor odeia duas coisas: Ele odeia nosso pecado e a nossa vida da alma, – isto é, nossa vida do eu. Porque odeia nossos pecados, Ele morreu por nós para que, crendo Nele, possamos ter a vida eterna. E porque odeia nossa vida da alma, Ele nos lapidará, trabalhará em nossa vida da alma para que possamos entrar no reino milenar.
Aqui está a diferença entre a alma e o pecado; o que a alma ama pode não ser pecado. Mentira, orgulho, ciúme e coisas como essas são, sem dúvida, pecado; mas vestir extravagantemente e comer exageradamente são ações que pertencem à alma. Vestir-se luxuosamente, comer comidas finas e gastar levianamente podem não ser rotulados como pecado, mas certamente dão oportunidade para a alma desfrutar lascivamente.
Madame Guyon, que viveu no século 17, era muito profunda no Senhor. Ela viu claramente a diferença entre pecado e alma. Embora ela não tenha explicado da mesma forma, contudo sua experiência confirma essa diferença. Ela nasceu e foi criada na França, e sua família frequentava o círculo da nobreza. Então, todas as vezes que ela ia a Paris ficava cheia de medo de que seu interior fosse afetado pelo que via lá. Mais tarde, Madame Guyon teve vitória completa sobre estas tentações. No entanto, ela teve outro temor: olhar-se no espelho. Por ser uma mulher muito bonita, quanto mais ela se olhava no espelho, mais estava consciente de sua beleza. Até o seu porte era muito mais requintado do que o das outras mulheres. Certamente hoje a experiência dessa mulher serve para ilustrar a vida da alma. A alma é a verdadeira natureza do homem.
Por crer no Senhor, o homem tem em seu espírito a salvação eterna e pode entrar na Nova Jerusalém (que virá após a era do reino milenar), mas pela purificação da sua alma, pondo de lado a sua vida da alma, o homem pode entrar no reino milenar. A razão pela qual Deus não quer que nos vistamos muito extravagantemente, comamos muitas iguarias ou vivamos muito luxuosamente neste mundo, é porque não quer que sejamos contaminados pelo mundo, porque tudo isso está infectado por Satanás. Como é fácil para nós cairmos no molde deste mundo através da forma como vestimos, ou comemos, ou moramos. Mas quando o reino vier, poderemos muito mais plenamente apreciar as belezas da natureza porque elas somente nos farão louvar mais o poder criador de Deus. Sim, naquele dia poderemos até apreciar a nós mesmos, porque compreenderemos que aquilo em que nos tornamos é resultado da salvação de Deus - e isso fará com que nós demos mais louvores a Ele. No período do reino milenar, Satanás estará atado e aprisionado por mil anos, e a justiça reinará sobre a Terra (Ap 20:1-3).
Quando Jesus, o Filho de Deus, estava na Terra, a cruz era a única coisa que Ele tinha como propriedade; todo o resto Ele tomou emprestado. A manjedoura era emprestada, a moradia era emprestada, o asno sobre o qual entrou em Jerusalém era emprestado, a sala onde comeu a páscoa era emprestada e, finalmente, o túmulo no qual foi sepultado era emprestado. Todas as coisas no mundo, exceto a cruz, o Senhor tomou emprestadas. Contudo, como somos diferentes Dele!
É certo que todo aquele que crê no Senhor Jesus está salvo e estará na Nova Jerusalém, e todo aquele que vence o mundo entrará no reino milenar que virá antes da Nova Jerusalém (Ap 20 e 21). Deus nos chama para abandonarmos o mundo e buscar o reino, odiar a nossa própria vida e amar o reino.
Hebreus 10 versículos 38 e 39
"Se retroceder, nele não se compraz a Minha alma" (Hb 10:38b). Somente o crente tem a possibilidade de retroceder. O justo que já é salvo pode retroceder. A palavra “Minha" refere-se a Deus, porque Ele não tem prazer em uma pessoa justa que retrocede.
“Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da alma" (Hb 10:39). Qual será a dimensão desse retrocesso? Nós os que cremos nunca pereceremos, pois já temos a vida eterna; no entanto, existe a possibilidade de retrocedermos para a perdição. O que é, então, a perdição? Não significa que nos tornamos não salvos, mas uma perda de todas as coisas, o ser fendido até o alicerce e ter todas as coisas abaladas. “... somos, entretanto, da fé, para a conservação da alma." Aqui novamente a Bíblia fala sobre a salvação da alma, e uma vez mais a escolha é posta diante de nós. Podemos retroceder para a perdição ou rumar energicamente, apesar das dificuldades, para a salvação da alma.
Algumas pessoas consideram a frase: "retrocedem para a perdição" muito desagradável, por isso afirmam que tais palavras não se aplicam aos cristãos. Entretanto, somente os cristãos podem retroceder para a perdição; os pecadores já estão tão atrás que se pode corretamente perguntar: para onde mais eles podem retroceder? Todos os que não creem em Jesus, Filho de Deus, já estão condenados. Somente os cristãos têm a possibilidade de retroceder para a perdição. O que um crente faz na Terra deverá ser recompensado.
Contudo, se um crente retroceder, ele sofrerá perda. Mesmo que ele tenha pregado no nome do Senhor, expulsado demônios no nome do Senhor e feito muitas maravilhas e milagres em nome do Senhor, Ele não o reconhecerá, mas lhe dirá: “... nunca vos conheci. Apartai-vos de Mim, os que praticais a iniquidade." (Mt 7:23).
“Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da alma" (Hb 10:39). A salvação da alma é devido à fé. Que tipo de fé? O que significa ter fé para a salvação da alma? Vamos ler Hebreus 11, que declara: “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem" (Hb 11:1). Essa é a fé que salva a alma, a fé por meio da qual o justo vive. Essa fé é "a certeza de coisas que se esperam" e não fé de crer em Jesus. Esse é o tipo de fé que pode salvar nossa alma. Essa fé é "a convicção de fatos que se não veem" e não a crença no Senhor Jesus Cristo. Muitas vezes o apóstolo João diz que "aquele que crê no Filho tem a vida eterna"; ele fala sobre crer no Senhor. No entanto, aqui a Bíblia fala sobre coisas que se esperam e não se veem. O que são essas coisas? Vamos ler mais adiante no capítulo 11 de Hebreus: "Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra. Porque os que falam desse modo manifestam estar procurando uma pátria. E, se, na verdade, se lembrassem daquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar. Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade" (Hb 11:13-16). Podemos entender isso agora? Aqui nos é dito que tipo de fé é essa. É crer que Deus tem preparado uma cidade no reino para eles, é crer que neste mundo eles são nada mais que estrangeiros e peregrinos, é crer que sua pátria não está neste mundo e é crer que sua herança está no futuro e não nesta presente era. Essa cidade fortificada nunca cairá. Os justos creem neste fato dia a dia, e dia a dia vivem por essa fé. E fazendo assim a alma está sendo salva por essa fé. Que pena que muitos crentes se esquecem de que eles são somente estrangeiros e peregrinos neste mundo.
"Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança. Pois, segundo o Seu querer, Ele nos gerou pela Palavra da Verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas" (Tg 1:17-18). O versículo 17 fala da dádiva, enquanto o versículo 18 fala de como Deus nos gerou pela Palavra da Verdade para que fôssemos um tipo de primícias das Suas criaturas. Esses dois versos se completam. Porque o versículo 17 fala de como Deus nos dá Sua dádiva e o versículo 18 nos mostra que essa dádiva não é outra senão a vida eterna que Ele nos dá. Tudo isso indica que a pessoa que recebeu a carta de Tiago já tinha essa dádiva, tendo sido gerada por Deus pela Palavra da Verdade, – salva para se tornar primícias.
"Sabeis estas coisas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus. Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a Palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma" (Tg 1:19-21). Ao chamá-los “amados irmãos" Tiago sugere que todos eles são indivíduos salvos. O que ele tenta inculcar neles é isto: vocês já nasceram de novo e sabem disso, mas isso não é tudo, já que vocês devem "acolher, com mansidão, a Palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma". Aqui ele nos mostra claramente que uma pessoa pode ter nascido de novo, mas sua alma pode ainda não ser salva até que receba a Palavra que é apta para salvá-la. Por isso a salvação da alma é algo adicional depois da regeneração (sem regeneração, certamente, não há possibilidade de a alma ser salva). Deus nos dá esta Palavra implantada, que é o evangelho do reino. Ele nos diz que precisamos perder nossa alma hoje. Como dissemos repetidamente, não podemos fazer nada; no entanto, se desejamos deixar o Espírito Santo trabalhar, Ele é perfeitamente capaz de fazer todas as coisas.
Na realidade, os princípios por trás da posse da vida eterna e da salvação da alma são os mesmos. Se o pecador não quer ser salvo, ele não será salvo. De fato, "quem quiser receba de graça a água da vida" (Ap 22:17), mas aquele que se recusa a ir ao Senhor não tem como ser salvo. Igualmente , se não desejamos perder nossa alma, o Senhor não estará pronto para nos pôr no reino. A menos que peçamos ao Senhor que nos faça desejar perder nossa alma, Ele não pode fazer nada por nós.
"Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros..." (1Pe 1:3-4). Por causa desses dois versículos podemos estar certos de que as pessoas que receberam esta carta já eram regeneradas.
"... que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo" (1Pe 1:5). Que tipo de fé é exposto aqui? É o mesmo tipo de fé mencionado em Hebreus 10 versículo 38, como o viver pela fé. Embora eles já sejam salvos, ainda não possuem a salvação preparada para ser revelada no último tempo. É bom ser regenerado, mas ainda não é o suficiente, a menos que isso seja acompanhado pela salvação preparada para ser revelada no último tempo.
“Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo; a quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais alegria indizível e cheia de glória..." (1Pe 1:6-8). Esses versículos explicam como, em vista da salvação a ser revelada no futuro, podemos nos regozijar grandemente com alegria no meio de ardentes tentações.
'... obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma" (1Pe 1:9). Essa palavra fala claramente sobre salvação da alma. Pedro também confirma que a pessoa regenerada precisa receber outra salvação, que é a salvação da alma. Quando essa salvação será obtida? No último tempo, que começa com a vinda do Senhor Jesus sobre as nuvens para a Terra. Para nós que somos salvos, o destino final é o mesmo, mas haverá diferenças no reino. Verdadeiramente nosso espírito foi salvo por crermos no Senhor; no entanto, adicionalmente nossa alma precisa ser salva.
"Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma..." – As concupiscências da carne lutam contra a alma para bloquear a salvação dela.
"Porque estáveis desgarrados como ovelhas; agora, porém, vos convertestes ao Pastor e Bispo da vossa alma." - Devemos guardar esse verso, sabendo que há um Pastor e Bispo da nossa alma.
Finalmente, podemos sugerir mais duas passagens das Escrituras para serem consideradas:
“Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da alma" (Hb 10:39). A salvação da alma é devido à fé. Que tipo de fé? O que significa ter fé para a salvação da alma? Vamos ler Hebreus 11, que declara: “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem" (Hb 11:1). Essa é a fé que salva a alma, a fé por meio da qual o justo vive. Essa fé é "a certeza de coisas que se esperam" e não fé de crer em Jesus. Esse é o tipo de fé que pode salvar nossa alma. Essa fé é "a convicção de fatos que se não veem" e não a crença no Senhor Jesus Cristo. Muitas vezes o apóstolo João diz que "aquele que crê no Filho tem a vida eterna"; ele fala sobre crer no Senhor. No entanto, aqui a Bíblia fala sobre coisas que se esperam e não se veem. O que são essas coisas? Vamos ler mais adiante no capítulo 11 de Hebreus: "Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra. Porque os que falam desse modo manifestam estar procurando uma pátria. E, se, na verdade, se lembrassem daquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar. Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade" (Hb 11:13-16). Podemos entender isso agora? Aqui nos é dito que tipo de fé é essa. É crer que Deus tem preparado uma cidade no reino para eles, é crer que neste mundo eles são nada mais que estrangeiros e peregrinos, é crer que sua pátria não está neste mundo e é crer que sua herança está no futuro e não nesta presente era. Essa cidade fortificada nunca cairá. Os justos creem neste fato dia a dia, e dia a dia vivem por essa fé. E fazendo assim a alma está sendo salva por essa fé. Que pena que muitos crentes se esquecem de que eles são somente estrangeiros e peregrinos neste mundo.
Tiago 1 versículos 17 ao 21
"Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança. Pois, segundo o Seu querer, Ele nos gerou pela Palavra da Verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas" (Tg 1:17-18). O versículo 17 fala da dádiva, enquanto o versículo 18 fala de como Deus nos gerou pela Palavra da Verdade para que fôssemos um tipo de primícias das Suas criaturas. Esses dois versos se completam. Porque o versículo 17 fala de como Deus nos dá Sua dádiva e o versículo 18 nos mostra que essa dádiva não é outra senão a vida eterna que Ele nos dá. Tudo isso indica que a pessoa que recebeu a carta de Tiago já tinha essa dádiva, tendo sido gerada por Deus pela Palavra da Verdade, – salva para se tornar primícias.
"Sabeis estas coisas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus. Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a Palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma" (Tg 1:19-21). Ao chamá-los “amados irmãos" Tiago sugere que todos eles são indivíduos salvos. O que ele tenta inculcar neles é isto: vocês já nasceram de novo e sabem disso, mas isso não é tudo, já que vocês devem "acolher, com mansidão, a Palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma". Aqui ele nos mostra claramente que uma pessoa pode ter nascido de novo, mas sua alma pode ainda não ser salva até que receba a Palavra que é apta para salvá-la. Por isso a salvação da alma é algo adicional depois da regeneração (sem regeneração, certamente, não há possibilidade de a alma ser salva). Deus nos dá esta Palavra implantada, que é o evangelho do reino. Ele nos diz que precisamos perder nossa alma hoje. Como dissemos repetidamente, não podemos fazer nada; no entanto, se desejamos deixar o Espírito Santo trabalhar, Ele é perfeitamente capaz de fazer todas as coisas.
Na realidade, os princípios por trás da posse da vida eterna e da salvação da alma são os mesmos. Se o pecador não quer ser salvo, ele não será salvo. De fato, "quem quiser receba de graça a água da vida" (Ap 22:17), mas aquele que se recusa a ir ao Senhor não tem como ser salvo.
1ª Pedro 1 versículos 3 ao 9
"... que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo" (1Pe 1:5). Que tipo de fé é exposto aqui? É o mesmo tipo de fé mencionado em Hebreus 10 versículo 38, como o viver pela fé. Embora eles já sejam salvos, ainda não possuem a salvação preparada para ser revelada no último tempo. É bom ser regenerado, mas ainda não é o suficiente, a menos que isso seja acompanhado pela salvação preparada para ser revelada no último tempo.
“Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo; a quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais alegria indizível e cheia de glória..." (1Pe 1:6-8). Esses versículos explicam como, em vista da salvação a ser revelada no futuro, podemos nos regozijar grandemente com alegria no meio de ardentes tentações.
'... obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma" (1Pe 1:9). Essa palavra fala claramente sobre salvação da alma. Pedro também confirma que a pessoa regenerada precisa receber outra salvação, que é a salvação da alma. Quando essa salvação será obtida? No último tempo, que começa com a vinda do Senhor Jesus sobre as nuvens para a Terra. Para nós que somos salvos, o destino final é o mesmo, mas haverá diferenças no reino. Verdadeiramente nosso espírito foi salvo por crermos no Senhor; no entanto, adicionalmente nossa alma precisa ser salva.
1ª Pedro 2 versículo 11
1ª Pedro 2 versículo 25
Finalmente, podemos sugerir mais duas passagens das Escrituras para serem consideradas:
(1) “Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e, se primeiro começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus? E, se o justo apenas se salva, onde aparecerá o ímpio e o pecador? Portanto, também os que padecem segundo a vontade de Deus encomendem-lhe a sua alma, como ao fiel Criador, fazendo o bem." (1 Pe 4:17-19 - ARC). Podemos verdadeiramente guardar a Palavra de Deus. Já nos tornamos casa de Deus; e ainda assim o julgamento deve começar pela casa de Deus. Alguns justos são apenas salvos! Por isso, nós que sofremos de acordo com a vontade de Deus confiemos nossa alma ao fiel Criador! Devemos ser muito determinados em não deixar nada para nossa alma, nem buscar satisfazer seus desejos, mas sofrer de acordo com a vontade de Deus.
(2) “Por isso, irmãos, procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum. Pois desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo." (2Pe 1:10-11). Essas pessoas são chamadas de irmãos, indicando que elas já são nascidas de novo. No entanto, mais adiante se ressalta que elas precisam ser mais diligentes para assegurarem sua vocação e eleição. Ter a vida eterna é ter algo irremovível, mas no reino algumas pessoas podem ser removidas.
Vamos comparar estas duas frases: "apenas se salva" e “amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo". A primeira frase fala de uma pessoa apenas salva, – há alguma coisa mais do que apenas ser nascido de novo. Não é como em um exame escolar em que sete é a nota para aprovação, e um estudante tira exatamente sete, nem um ponto a mais. Espiritualmente falando, como é triste tal desempenho, porque isso pode ser visto como alguém que é simplesmente meio salvo. Ao contrário, devemos ser aqueles que podem ter amplamente suprida a entrada no reino.
Precisamente aqui podemos usar uma história para ilustrar este ponto. Logo depois da Segunda Guerra Mundial, uma grande celebração aconteceu em Londres, onde o número de espectadores superou qualquer coisa vista na história da cidade. A guerra tinha apenas acabado, e os soldados tinham retornado para casa para uma marcha triunfal. Eles foram recebidos calorosamente por toda a nação; e por toda parte em que passavam havia grande aplauso e muito louvor. Porque, no entendimento das pessoas, se não fosse a coragem daqueles soldados a Inglaterra poderia não ter se salvado. Enquanto os soldados marchavam, a onda sonora dos aplausos e louvores seguia incessantemente. Fila após fila tinha passado, até que subitamente houve uma explosão no ar com a tremenda onda de tão grande aplauso e louvor. Muitos que assistiam foram comovidos até as lágrimas. E em certo momento a nobreza saudou e o rei tirou sua coroa. Por quê? Porque imediatamente atrás das filas que marchavam vinham os soldados que tinham perdido seus membros ou tinham sido terrivelmente feridos no corpo! Então, quando esses homens mutilados e feridos passaram, eles foram os que receberam a mais alta honra e maior louvor; porque os soldados que tinham marchado na frente deles tinham passado, mas a glória que eles receberam foi muitíssimo menor do que a que receberam os feridos.
Muitos dos que são apenas salvos estarão no novo céu e nova terra após a era do reino milenar, no entanto poderão não estar aptos para amplamente entrar no reino de Deus. Mas aqueles que sofreram na Terra e abandonaram alguma coisa por amor a Cristo, receberão muito mais naquele dia, como os soldados feridos receberam muito mais durante a marcha triunfal em Londres: aplauso sonoro, mais alto louvor e grande glória. Possamos cada um de nós sofrer por Cristo para que coroas sejam colocadas em nossa cabeça naquele dia. Mas para que isso aconteça, nossa alma precisa ser salva. Vamos ser mais pobres, vamos ser feridos, vamos sofrer mais e abandonar todas as coisas por amor ao Senhor. Que Deus nos abençoe.
(2) “Por isso, irmãos, procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum. Pois desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo." (2Pe 1:10-11). Essas pessoas são chamadas de irmãos, indicando que elas já são nascidas de novo. No entanto, mais adiante se ressalta que elas precisam ser mais diligentes para assegurarem sua vocação e eleição. Ter a vida eterna é ter algo irremovível, mas no reino algumas pessoas podem ser removidas.
Vamos comparar estas duas frases: "apenas se salva" e “amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo". A primeira frase fala de uma pessoa apenas salva, – há alguma coisa mais do que apenas ser nascido de novo. Não é como em um exame escolar em que sete é a nota para aprovação, e um estudante tira exatamente sete, nem um ponto a mais. Espiritualmente falando, como é triste tal desempenho, porque isso pode ser visto como alguém que é simplesmente meio salvo. Ao contrário, devemos ser aqueles que podem ter amplamente suprida a entrada no reino.
Precisamente aqui podemos usar uma história para ilustrar este ponto. Logo depois da Segunda Guerra Mundial, uma grande celebração aconteceu em Londres, onde o número de espectadores superou qualquer coisa vista na história da cidade. A guerra tinha apenas acabado, e os soldados tinham retornado para casa para uma marcha triunfal. Eles foram recebidos calorosamente por toda a nação; e por toda parte em que passavam havia grande aplauso e muito louvor. Porque, no entendimento das pessoas, se não fosse a coragem daqueles soldados a Inglaterra poderia não ter se salvado. Enquanto os soldados marchavam, a onda sonora dos aplausos e louvores seguia incessantemente. Fila após fila tinha passado, até que subitamente houve uma explosão no ar com a tremenda onda de tão grande aplauso e louvor. Muitos que assistiam foram comovidos até as lágrimas. E em certo momento a nobreza saudou e o rei tirou sua coroa. Por quê? Porque imediatamente atrás das filas que marchavam vinham os soldados que tinham perdido seus membros ou tinham sido terrivelmente feridos no corpo! Então, quando esses homens mutilados e feridos passaram, eles foram os que receberam a mais alta honra e maior louvor; porque os soldados que tinham marchado na frente deles tinham passado, mas a glória que eles receberam foi muitíssimo menor do que a que receberam os feridos.
Muitos dos que são apenas salvos estarão no novo céu e nova terra após a era do reino milenar, no entanto poderão não estar aptos para amplamente entrar no reino de Deus. Mas aqueles que sofreram na Terra e abandonaram alguma coisa por amor a Cristo, receberão muito mais naquele dia, como os soldados feridos receberam muito mais durante a marcha triunfal em Londres: aplauso sonoro, mais alto louvor e grande glória. Possamos cada um de nós sofrer por Cristo para que coroas sejam colocadas em nossa cabeça naquele dia. Mas para que isso aconteça, nossa alma precisa ser salva. Vamos ser mais pobres, vamos ser feridos, vamos sofrer mais e abandonar todas as coisas por amor ao Senhor. Que Deus nos abençoe.
Jesus é o Senhor!