O Mistério do Hades - o mundo dos mortos | G. H. Lang
O INFERNO E O PARAÍSO
Uma investigação sobre a constituição e o futuro do homem, com observações sobre o inferno e o paraíso.
Tesouros pesados e valiosos podem ficar pendurados por um pequeno gancho. Semelhantemente, consequências importantes e de longo alcance podem derivar da solução de um pequeno argumento.
Posto que na morte o espírito do homem volta a Deus, que o deu (Eclesiastes 12:7), pensa-se que o homem vai para Deus no céu. Se esse fosse o significado da passagem, teríamos o ensino de que na morte os injustos e os justos vão para o céu, pois o texto fala do homem como homem. Isso já basta para mostrar que não é esse o sentido da passagem. Além disso, o significado dado presume que o homem, — a entidade consciente, a pessoa, o eu, — é o seu espírito. Mas se o homem não é o seu espírito, então a opinião declarada não tem base bíblica.
Muitos aniquilacionistas consideram que o homem (a pessoa) é composto de apenas duas partes (o corpo e o espírito) e que quando são separadas na morte, a pessoa (o eu consciente) deixa de existir até que as duas partes sejam reunidas na ressurreição. Mas, se a pessoalidade consciente deixou de existir, é extremamente difícil conceber que seja a mesma pessoa consciente que volta a existir.
Não seria uma nova pessoalidade que surgiria na ressurreição? Como a continuação da pessoalidade pode persistir durante a inexistência e como esse novo homem deve ser moralmente responsabilizado pelos atos daquela pessoa anterior e ser sujeito a um julgamento justo?
Sem falar que isso acarretaria (o que já ouvimos alguns declararem) na desintegração da pessoa do Homem, Jesus Cristo, entre sua morte e ressurreição. De acordo com a teoria, durante esse período sua humanidade era inexistente, de modo que, enquanto o Filho de Deus sempre existiu, Cristo só passou a existir depois da ressurreição. É heresia fatal, a qual, por si só, obsta a doutrina em questão.
Como alternativa, resta aos aniquilacionistas adotarem a visão de que a pessoalidade liga-se ao espírito, como outros dessa escola ensinam. Mas se a alma é a pessoa e após a morte a alma tem uma existência separada, então a declaração deles colapsa.
Como alternativa, resta aos aniquilacionistas adotarem a visão de que a pessoalidade liga-se ao espírito, como outros dessa escola ensinam. Mas se a alma é a pessoa e após a morte a alma tem uma existência separada, então a declaração deles colapsa.
Posto que há o envolvimento de questões muito sérias, o estudo que fazemos é de grande importância prática. Podemos dizer que muitos temas mais interessantes e proveitosos só podem ser corretamente entendidos pelo entendimento correto da pergunta: alma ou espírito, qual dos dois é o homem?
A CRIAÇÃO DO HOMEM
A criação do homem está registrada em Gênesis capítulo 2 versículo 7: “Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente”. Aqui estão três etapas:
(1) Uma forma material formada somente de partículas materiais: o pó. Este é o corpo.
(2) Uma coisa soprada por Deus, chamada em Eclesiastes capítulo 12 versículo 7 de “espírito”. O “folego” de Gênesis 2 versículo 7, e o “espírito” de Eclesiastes 12 versículo 7, são a mesma coisa, fato confirmado pela combinação dos dois termos em Gênesis capítulo 7 versículo 22: “Tudo o que tinha fôlego de espírito de vida em seus narizes.” (arc).
(3) O resultado foi que o homem se tornou o que aqui se chama de alma, “alma vivente”.
1. Quanto ao corpo, observemos que ele em si não era o homem. O corpo estava lá, formado e preparado, mas o homem ainda não estava lá. O corpo era uma forma inanimada, que precedeu a existência do homem. A ideia é oposta aos materialistas saduceus e sua afirmação de que o corpo é o homem e que quando o corpo morre, a existência do homem acaba.
2. O mesmo se aplica ao sopro ou espírito que Deus soprou. O folego também existia antes do homem, pois Deus o soprou no corpo. Não era Deus; não era divino. Não diz que Deus soprou de si mesmo ou que soprou seu Espírito no corpo. Não era uma coisa que podemos definir quanto à sua substância ou natureza, mas que Deus chama de “espírito”.
O texto de Zacarias capítulo 12 versículo 1, declara que algo foi criado, algo que Deus “formou” dentro do homem, como uma peça feita pelo oleiro. A palavra hebraica traduzida por “formou” é a mesma palavra traduzida por “oleiro” em Zacarias capítulo 11 versículo 13, cuja primeira ocorrência se dá em Gênesis capítulo 2 versículo 8: “O homem que [Deus] havia formado”.
Isso é oposto ao panteísmo e doutrinas filosóficas semelhantes que sustentam que há certa medida de divindade em todos os homens através da criação. A imanência de Deus em toda a criação é verdade, mas a identidade de todas as coisas ou de qualquer coisa criada com Deus é erro, — erro fatal.
Portanto, o espírito não era o homem, pois o homem só veio a existir por causa do sopro do espírito no corpo, cuja conjunção de duas coisas separadas, anteriormente existentes, resultou na criação de uma terceira: “O homem passou a ser alma vivente” (Gênesis 2:7).
3. Restou apenas que o homem é o que o texto em estudo descreve por “alma vivente”. O homem é a alma, não o espírito, mesmo quando o espírito não está no corpo. Este ensino é contrário à teoria aniquilacionista já mencionada.
É bastante certo que toda filosofia falsa que tem obscurecido o pensamento dos homens foi instilada na mente humana pelos espíritos das trevas na Babilônia antes de Moisés escrever Gênesis e, desde então, tem infectado todos os povos.
Moisés foi educado em todas as filosofias no Egito durante sua formação acadêmica. Mas, quando ele foi corrigido pelo Deus da verdade, ele narrou a criação do universo, e do homem em particular, de modo a negar todo conceito falso de então e de hoje.
A composição tríplice do homem está implícita por toda a Palavra de Deus, e é, às vezes, claramente declarada. É o que vemos em 1ª Tessalonicenses capítulo 5 versículo 23: “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”.
O corpo é distinto do espírito: “O corpo sem o espírito está morto” (Tiago 2:26, arc), e o espírito é distinto da alma: “A palavra de Deus… penetra até ao ponto de dividir alma e espírito” (Hebreus 4:12).
O homem tem um corpo com o qual ele se relaciona com o mundo material, mas o corpo não é o homem. Ele tem um espírito com o qual lida com o reino espiritual, mas o espírito não é o homem. O próprio homem, o eu consciente, é a alma.
A pessoalidade do homem é inerente à alma, fato que se tornará ainda mais claro neste estudo, mas que já pode ser visto em passagens, como, por exemplo: “Todas as almas, pois, que descenderam de Jacó foram setenta almas” (Êxodo 1:5, arc); “Quando uma alma pecar” (Levítico 4:2, arc); “Quando [uma alma] tocar” (Levítico 5:2); “Quando [uma alma] jurar” (Levítico 5:4); “A [alma] que dela comer” (Levítico 7:18). O sentido evidente é “se uma pessoa” fizer isto ou aquilo. Veja também Ezequiel capítulo 16 versículo 5: “Antes, foste lançada em pleno campo, pelo nojo da tua alma, no dia em que tu nasceste”.
O SIGNIFICADO DA PALAVRA "MORTE"
Mas é preciso lembrar sempre e com cuidado que, na Bíblia, o termo “vida” não significa meramente existência, mas muito mais: significa certo modo ou qualidade de existência.
O mesmo sucede com relação ao termo “morte”: não significa inexistência, mas um estado ou modo oposto de existência. Existem muitas coisas que não mostram a propriedade chamada de “vida”. Todo raciocínio aniquilacionista presume esse falso sentido das palavras “vida” e “morte” e não pode se desenvolver sem isso.
Contudo, em sentido real, Adão morreu no dia em que desobedeceu a Deus, de acordo com a sentença: “No dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gênesis 2:17), mas ele não deixou de existir naquele dia. Assim, por meio de uma forte antítese, está escrito: “A [viúva] que se entrega aos prazeres, mesmo viva, está morta”, o que não pode ser interpretado que a viúva deixa de existir enquanto ela existe (1 Timóteo 5:6). Semelhantemente, falamos de uma morte vivente.
Igualmente impressionante é o argumento de nosso Senhor Jesus contra os aniquilacionistas de seus dias (Lucas 20:37-38). Primeiramente, Ele admite que Abraão, Isaque e Jacó estão mortos, ao dizer que “os mortos hão de ressuscitar”, e depois acrescenta imediatamente que “Deus não é Deus de mortos, e sim de vivos; porque para Ele todos vivem”.
Assim, mortos em um sentido, estão vivos em outro, mostrando que ambos os termos descrevem apenas condições relativas de existência. De forma semelhante, o Senhor diz pela boca do Pai do filho pródigo: “Este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado” (Lucas 15:24), embora, em outro sentido, ele estivesse tão vivo na terra distante quanto estava após retornar. Está claro que a primeira morte não causa a aniquilação do pecador ou não poderia haver para ele uma segunda morte.
A palavra morte, por si só, não significa deixar de existir, e os que dizem que a segunda morte significa aniquilação são obrigados a mostrar que as Escrituras acrescentam à palavra esse sentido que não lhe pertence. A segunda morte é o “lago de fogo” (Apocalipse 20:14). A besta e o falso profeta são lançados para dentro do lago de fogo antes dos mil anos do reinado de Cristo (Apocalipse 19:20). Ao final do período, eles ainda estão lá, quando Satanás é lançado para dentro dali (Apocalipse 20:10). Portanto, mil anos na segunda morte não destruíram a existência da besta e do falso profeta, e a sentença para os três é que eles “serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos”. Seria impossível atormentar o que deixara de existir.
É consistente com a santidade e o amor de Deus que: (1) os anjos que abusaram do favor divino ficarão confinados por milhares de anos naquele lugar de tormento chamado Tártaro (2 Pedro 2:4); (2) e o rico, que abusou da bondade divina na terra, será atormentado nas chamas da seção de tormenta do Hades por um período desconhecido por nós, pois ainda não terminou (Lucas 16:19-31); (3) e a besta e o falso profeta, que blasfemaram do santo nome de Deus, sofrerão tormentos no lago de fogo por, no mínimo, mais de mil anos.
Se isso é compatível com o amor e a justiça de Deus, por que não o deveria ser por dez mil anos, por cem mil anos, por um bilhão de anos ou para sempre, sobretudo, no caso daqueles que rejeitaram o incrível amor de Deus em Cristo, calcaram aos pés o Filho de Deus e resistiram ao Espírito da verdade? Será que não somos competentes para formar opinião própria sobre o que Deus pode ou não fazer consistentemente com o seu caráter e por causa dele? Podemos apenas inclinar a cabeça em reverência ao que Deus revelou, certos de que Deus sempre agirá coerentemente com o que Ele é, pois Ele não pode agir de outra forma.
Podemos estimar melhor qual sentença o Juiz dá, considerando as sentenças Ele já proferiu, bem como as declarações que Ele faz sobre sentenças futuras.
O QUE ACONTECE NA MORTE?
1. O corpo. O corpo morto de Jesus foi colocado no sepulcro.
2. O espírito. As últimas palavras de Jesus na cruz foram: “Pai, nas Tuas mãos entrego o meu espírito!” (Lucas 23:46). O espírito humano voltou a Deus, que o deu. Vemos nitidamente que o espírito humano não é o Espírito divino no caso de nosso Senhor, pois a sua humanidade santa foi uma coisa criada, concebida pela operação do Espírito Santo em Maria (Lucas 1:35). Anos mais tarde, seu espírito humano foi ungido com poder pelo Espírito de Deus sobre ele; e na cruz, Jesus entregou seu espírito humano ao Pai: um ato impossível em relação ao Espírito de Deus com quem ele, como Deus, estava em união indissolúvel. Assim, a distinção necessária e inevitável entre o humano e o divino é mantida. Para que ele pudesse morrer, Jesus entregou o espírito humano, que lhe animava o corpo.
3. A alma. Mas o Espírito de profecia em Davi colocou na boca do Messias estas palavras: “Não deixarás a minha alma na morte [Sheol]” (Salmo 16:10). Mais tarde, no dia de Pentecostes, Pedro aplicou essas palavras a Cristo: “Não deixarás a minha alma no Hades” (Atos 2:27, arc).
Devemos resistir com firmeza o erro de Apolinário de Laodiceia (310-390 d.C.), que apregoava que a pessoa de Cristo era composta de apenas um corpo e uma alma humanos, com o Espírito (ou Logos) divino ocupando nele o lugar do espírito humano. A humanidade de Jesus, como a nossa, compunha-se de corpo, alma e espírito.
Devemos resistir com firmeza o erro de Apolinário de Laodiceia (310-390 d.C.), que apregoava que a pessoa de Cristo era composta de apenas um corpo e uma alma humanos, com o Espírito (ou Logos) divino ocupando nele o lugar do espírito humano. A humanidade de Jesus, como a nossa, compunha-se de corpo, alma e espírito.
Sheol e Hades são palavras equivalentes em hebraico e em grego, respectivamente. Há nas Escrituras informações abundantes sobre essa região. Este fato está muito longe de afirmar, como fazem os espíritas, que não há informações certas sobre o estado após a morte, exceto o que eles acham que recebem dos espíritos através dos médiuns.
Infelizmente, porém, os leitores das versões bíblicas atuais podem não aproveitar bem este estudo, por causa da variedade de termos empregados para traduzir Sheol e Hades: “sepulcro”, “morte” e “inferno”. O maior erro é quando o termo “inferno” passou a significar o lugar final dos perdidos, ou seja, o lago de fogo, o qual nunca é o sentido de Sheol ou Hades. O leitor diligente deve prestar atenção aos termos originais fornecidos no texto ou na margem do texto bíblico sempre que ocorrerem.
ONDE ESTÁ O HADES?
1. A Pessoa que subiu é a mesma Pessoa que desceu, e pelas palavras expressas que Jesus disse a Maria imediatamente após a ressurreição, é certo que Ele não foi ao Pai na hora da morte: “Ainda não subi para meu Pai, mas vai ter com os meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai” (João 20:17). Visto que a ascensão de Jesus ao Pai ainda não havia ocorrido, fica claro que seu espírito humano, que ele entregou ao Pai quando morreu, não era ele próprio. As palavras também não admitem o pensamento, pois o homem não pode enviar de si mesmo a sua pessoalidade, o seu eu, mas sobre Jesus lemos que ele entregou o seu espírito (Lucas 23:46) ou, como podemos dizer, expirou o espírito, sendo a reversão exata do ato da criação, quando Deus inspirou o espírito (“soprou… o fôlego”, Gênesis 2:7). Portanto, o espírito não era Jesus mesmo, mas parte de sua humanidade composta que ele poderia dispensar pelo ato da vontade. O homem não possui esse poder. Ele tem de usar de violência para acabar com sua vida. Mas Cristo recebera esse poder do Pai, segundo ele mesmo afirmara que o Pai lhe dera autoridade para entregar sua vida por vontade própria (João 10:17-18).
2. O reino ao qual Cristo desceu, chamado de Hades em outras passagens que já citamos, está nas “regiões inferiores da terra”, conforme Efésios declara nitidamente. As Escrituras sempre o situam lá e em nenhum outro lugar.
O patriarca Jacó disse: “Hei de descer para meu filho ao Sheol” (Gênesis 37:35, tb), e o grande profeta Samuel, quando Deus permitiu que viesse do mundo dos mortos para anunciar a destruição de Saul (permissão e evento excepcionais), disse: “Por que me inquietaste, fazendo-me subir?” (1 Samuel 28:15). Cristo disse a respeito de Cafarnaum: “Elevar-te-ás, porventura, até o céu? Descerás até o Hades” (Mateus 11:23, tb). Tão certo como o céu está acima da superfície da terra, o Hades está na direção oposta, está debaixo da terra. O Hades está no coração da terra.
Os leitores dos grandes clássicos não terão dificuldade em lembrar que, no mundo antigo, era comum a crença de que o lugar dos mortos estava dentro da terra. Desconhecemos haver outra opinião na mente dos homens.
Não devemos aceitar os detalhes e condições do lugar dos mortos sem a confirmação das Escrituras, assim como os detalhes e condições descritos pelos escritores medievais, como Dante. Mas, os fatos gerais da localização do mundo dos mortos na terra e de suas duas regiões divididas, uma de tormento e outra de conforto, são claramente adotados pelas Sagradas Escrituras (como em Lucas capítulo 16 versículos 19 ao 31) e confirmados como realidade.
E alguns detalhes também são confirmados como realidade. Os poetas fizeram com que os visitantes entrassem e saíssem daquele reino por meio de uma caverna ou abertura na terra. Semelhantemente, o Apocalipse apresenta hordas de demônios que sairão do abismo através de um poço ou abertura (Apocalipse 9:1-11). Tomamos a ideia central de cada caso para apresentar a concepção de que o reino dos mortos está dentro da terra.
Não foi o espírito de Estêvão que adormeceu, pois ele o entregou ao seu Senhor. Mais tarde, veremos que a alma também não “dorme” em relação ao outro reino para o qual ela vai na morte. Portanto, o termo “adormeceu” só pode significar a relação da alma com a vida terrena que ela deixa na morte.
Mas, Estêvão não foi para o céu quando morreu? Não é verdade que todos os que morrem em Cristo vão para o céu? É a crença quase universal dos protestantes, mas não há base bíblica para isso.
Se as palavras de Salomão “e o espírito volte a Deus, que o deu” significam isso, então os santos antes do tempo de Cristo foram para o céu e, como observado anteriormente, não apenas os santos, mas também os ímpios, pois a declaração aplica-se a todos os homens.
Há estudiosos que afirmam que, quando o Senhor Jesus ressuscitou, ele libertou do Hades os mortos piedosos e os removeu para o paraíso na presença de Deus, e que, desde então, é para lá que todo o povo do Senhor vai quando morre. Em nenhum lugar a Bíblia faz tal declaração, mas é totalmente contra.
Devemos perguntar: Onde estava a multidão de almas durante os quarenta dias anteriores à ascensão de Cristo? Ressuscitadas quando ele ressuscitou, como afirma a teoria, qual era a localização dessas almas durante esse período?
Mas sabemos definitivamente que um dos mais renomados homens de Deus do Antigo Testamento não subiu ao céu com o Senhor Jesus, pois no Pentecostes, que ocorreu depois da ascensão, Pedro declarou nitidamente que “Davi não subiu aos céus.” (Atos 2:34). Por que Davi foi deixado para trás? Não há razão para pensar que ele o foi, pois, no que diz respeito às Escrituras, os outros mortos piedosos também não subiram ao céus.
Alford traz a seguinte tradução: “O próprio Davi não subiu”. Whitby traduz: “Davi [ainda] não subiu”. O cônego Cook comenta: “A alma de Davi ainda está no estado intermediário”. Se Davi tivesse subido apenas algumas semanas antes de Pedro pregar, o apóstolo não poderia ter declarado: “Davi não subiu”. O aoristo usado no versículo (ἀνέβη, anebē) abrange todo o tempo precedente, desde a morte de Davi até o discurso de Pedro.
Se a qualquer momento Davi tivesse subido, a ideia e a conclusão do argumento de Pedro teriam deixado de existir. A força persuasiva do argumento residia no fato de que ninguém, exceto Jesus Cristo, havia subido. Portanto, ele e somente ele cumpriu a profecia. Se alguém mais houvesse subido do sepulcro para o trono de Deus, como estaria certo que ele não cumpriu a predição?
Em seu grande trabalho sobre 'O Credo dos Apóstolos' (Artigo 5º, que diz: “Desceu ao inferno”), o bispo Pearson mostra que é muito fraca a base da opinião em questão. Ele diz:
“A próxima consideração é: se em virtude de sua descida, as almas daqueles que creram Nele antes, — os patriarcas, os profetas e todo o povo de Deus, — foram libertadas daquele lugar e estado em que estavam, e se Cristo desceu ao inferno com este propósito: transladá-las para um lugar e estado muito mais gloriosos e felizes. Essa tem sido, nos últimos tempos da igreja, a opinião comum da maioria dos homens. […]
“Mas mesmo essa opinião, por mais geral que seja, não tem o consentimento da antiguidade, nem a certeza que simula. Por mais de quinhentos anos depois de Cristo, muitos poucos criam que Cristo libertou os santos do inferno para deixar lá todos os condenados. Muitos dos antigos acreditavam que os santos não foram removidos de lá, e só poucos reconheciam que eles foram removidos.”
Mas alguns perguntam: O que aconteceu com os que, depois que Cristo ressuscitou, saíram dos sepulcros e apareceram a muitos? (Mateus 27:52-53). Será que “foram para o céu” com o Senhor Jesus? Que respondam aqueles a quem Deus pode ter dado informações particulares sobre o assunto, pois a Bíblia não ensina que eles foram para o céu.
Em contrapartida, podemos perguntar: O que aconteceu com Lázaro e as outras pessoas que foram ressuscitadas, conforme descrevem as Escrituras? Foram para o céu sem morrer novamente ou ainda estão na terra? Será que, no devido tempo, não voltaram ao estado de morte, do qual haviam sido temporariamente trazidos de volta para manifestar o poder de Deus?
O fato de que Cristo “levou cativo o cativeiro” (Efésios 4:8) não sugere que ele tenha levado os mortos piedosos para o céu. A própria ilustração impossibilita a ideia. A ilustração foi tirada da antiga prática de um comandante vitorioso conduzir à capital muitos e os mais nobres de seus cativos acorrentados e exibi-los para a glória do comandante em uma entrada triunfal.
De forma alguma, a expressão significa que o inimigo do comandante recuperou do cativeiro alguns que foram levados cativos e voltaram com ele para casa em liberdade.
Podemos ver claramente o sentido em Juízes capítulo 5 versículo 12, de onde a frase é citada em passagens posteriores. Quando o conquistador Baraque retorna da vitória obtida contra Sísera, Débora clama: “Levanta-te, Baraque, e leva presos teus prisioneiros.” (arc).
As passagens do Novo Testamento comemoram a conquista que o Senhor Jesus obteve contra as hostes das trevas: "Por isso, diz: Quando Jesus subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens." (Ef 4:8); "E, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz." (Cl 2:15). Este é também o tema do Salmo capítulo 68 versículo 18: "Subiste às alturas, levaste cativo o cativeiro; recebeste homens por dádivas, até mesmo rebeldes, para que o Senhor Deus habite no meio deles." Deste versículo é extraída a citação em Efésios. A ilustração é novamente militar.
O salmista descreve Deus entre um exército poderoso: “Os carros de Deus são vinte mil, sim, milhares e milhares” (Salmo 68:17), e em seguida, lemos: “Levaste cativos muitos prisioneiros” (Salmo 68:18, nvi), que é frase semelhante anteriormente usada com relação a Baraque.
QUANDO E ONDE ESTÁ O PARAÍSO?
Fiz jardins e parques [“paraísos”,] e os enchi de árvores frutíferas de toda espécie” (Eclesiastes 2:4-5, nvt). Os parques não eram as casas. Como os vinhedos, os parques estão a certa distância do palácio. Na Septuaginta, a palavra é usada para aludir ao jardim do Éden.
Mas, se o artigo definido “o paraíso” aponta para uma região que é predominantemente o paraíso, e se o paraíso está nas regiões superiores, então o que se conclui? Nada, no que diz respeito ao nosso tema. É certo que nem todos os santos vão para o paraíso quando morrem.
Paulo está usando a experiência como prova de que tinha sinais excepcionais de que ele era apóstolo, o que caracteriza que a experiência é excepcional e não geral. O fato de um evento incomum acontecer com um cristão durante a vida não é prova de que acontece com todos os cristãos quando morrem.
O artigo definido “o paraíso” não especifica o sentido de uma região nos céus, porque Cristo o usou quando disse ao ladrão: “Hoje estarás comigo no paraíso.” (Lucas 23:43), e é indiscutível que naquele dia Cristo não foi às regiões celestiais, mas foi ao Hades, “às regiões inferiores da terra.” (Efésios 4:9). Portanto, a região de bem-aventurança do Hades, o “seio de Abraão” (Lucas 16:22), era o paraíso. Nós, os seguidores do Senhor Jesus, sentimos que uma região que era adequada para Ele no estado de morte é adequada para nós.
No que diz respeito ao significado da palavra, pode haver muitos paraísos, como disse Salomão: “Fiz… parques [“paraísos”]”. Portanto, pode ser que o
O Senhor Jesus em Sua presença universal não está apenas no céu, está também no meio de dois ou três santos vivos que se reúnem em Seu nome na terra (Mateus 18:20). Está também no Hades: “Aquele que desceu… subiu… para encher todas as coisas”, para ocupar “o Universo,” para impregnar tudo com a Sua presença, como o perfume do bálsamo encheu a casa (João 12:3, onde é usado o mesmo verbo que em Efésios 4:10, πληρόω, pléroó). "Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para encher todas as coisas." (Ef 4:10).
A alma, libertada das tramas do corpo debilitado e transtornado de nossa humilhação, pode apreciar essa presença com mais intensidade e desfrutá-la com mais alegria. Paulo estava coberto de razão ao dizer que partir e estar com Cristo seria muito melhor do que ficar acorrentado dia e noite ao lado de um soldado pagão e grosseiro, como era naquele tempo a sua situação angustiante (Filipenses 1:23).
Observemos que o apóstolo não está fazendo a afirmação geral de que “o morrer é lucro”. A afirmação foi feita estritamente acerca de si mesmo. Ele acabara de declarar sua “ardente expectativa e esperança” de que Cristo continuasse a ser “engrandecido no meu corpo, quer pela vida, quer pela morte”. Nem todo crente vive com esse propósito firme e supremo. Nem todo cristão dedicou o corpo a Cristo, a ponto de estar tão disposto à morte quanto à vida. Em seguida, Paulo acrescenta: “Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro.” (Filipenses 1:20-21).
Sem dúvida, é verdade para quem vive com o objetivo de engrandecer a Cristo, mas não diz respeito aos crentes que não vivem assim; por exemplo, àqueles que são eliminados prematuramente em seus pecados, como aconteceu com Ananias e Safira e os maus cristãos vivos da igreja em Corinto (Atos 5:1-11; 1 Coríntios 11:30).
AS ALMAS DEBAIXO DO ALTAR
Mas, quando o Espírito da verdade usa com cuidado divino símbolos, imagens e figuras de linguagem, eles ensinam com grande precisão e vivacidade àqueles que têm olhos para ver e ouvidos para ouvir. Os hieróglifos têm um significado claro para quem sabe lê-los, mesmo durante o período em que as pessoas não sabiam lê-los ou no período posterior em que os estudiosos diferiam quanto ao significado. A pesquisa paciente trouxe explicações e reconciliação.
Mas para João, arrebatado em espírito àquele mundo extremamente sensorial (“achei-me em espírito”, Apocalipse 1 versículo 10, isto é, em estado de êxtase.), essas “almas” estavam visíveis. Por conseguinte, a morte não acaba com a existência da alma. As almas estão conscientes: lembram-se do que aconteceu com elas na terra pelas mãos dos ímpios; sabem o que o futuro trará de vingança para elas; ponderam a situação; questionam o aparente atraso da defesa de Deus por elas; suplicam ao seu Senhor; recebem resposta, conselho e encorajamento; ganham imediatamente o sinal da aprovação do Mestre, a “vestidura branca”, como recompensa por não terem contaminado as vestes neste mundo impuro, e a promessa Dele de que O acompanharão pessoalmente e constantemente no reino (Apocalipse 3:4-5).
O recebimento das vestiduras brancas também mostra que nem todos os santos aguardam uma sessão do tribunal de Cristo, quando Ele virá do céu; pois as almas recebem o veredicto e a aprovação do Senhor antes da vinda Dele e da ressurreição delas.
A visão contém algo mais que não é de todo notado pela maioria dos leitores. Quando Samuel veio do Hades para falar com Saul (1 Samuel 28:12-14), a médium viu o profeta Samuel. Ela viu o profeta Samuel “subindo da terra”, indicação clara de que o Sheol (Hades) está dentro da terra. Ela disse que “um ancião” subia e estava “envolto numa capa”. A descrição era tão exata que Saul, que conhecia o profeta Samuel muito bem na terra, reconheceu-o e convenceu-se de que o verdadeiro Samuel estava presente, embora o rei não tivesse visto a aparição, pois o texto diz: “Entendeu Saul que era Samuel”, ele não viu que era Samuel. Igualmente, a pergunta que ele fez à feiticeira: “Que é o que vês?” (1 Samuel 28:13-14, arc), mostra que ele não tinha visto a forma. A cena torna evidente que a alma sem o corpo tem forma e roupas que podem ser vistas por alguém dotado desse tipo de visão, como tinham a médium e, mais tarde, João; e a cena mostra também que a forma e as roupas da alma nesse estado correspondem reconhecidamente com a forma e roupas materiais externas da antiga vida terrena. Isso tem a ver com a questão do reconhecimento após a morte e com outros pontos interessantes que agora não examinaremos.
A Bíblia presume ou afirma a realidade dessa forma da alma. O homem rico, na seção de tormenta do Hades, tem um corpo que sente o tormento proveniente de uma “chama”. Na seção do paraíso do Hades, há “água” que pode refrescar a sua “língua”. Lázaro tem um “dedo”. O homem rico e Abraão têm olhos, ouvidos e voz, pois veem, ouvem e falam (Lucas 16:19-31). Se a realidade do tormento for negada, então a realidade da felicidade nesse estado terá de ser renunciada. O fato de ambas as realidades serem sutis em comparação com as brutas realidades deste mundo não torna as realidades sutis e suas experiências menos reais, senão muito mais sérias.
As mesmas coisas se aplicam às almas “debaixo do altar”. João as vê, e vê que cada uma recebe uma “vestidura”, que é apropriada e significativa (Apocalipse 6:9, 11).
Paulo ansiava por uma experiência semelhante, ainda que muito mais elevada. Mesmo que o estado sem corpo fosse muito melhor do que a sua dolorosa situação como prisioneiro, isso por si só não é o melhor. Em outra ocasião, quando ele estava em liberdade e regozijando-se em seu serviço maravilhoso e privilegiado, ele falou de maneira diferente. Primeiro, ele falou do presente: “Os que estamos neste tabernáculo (neste corpo humano) gememos angustiados”. Depois, Paulo mencionou o estado intermediário após a morte: “Não por querermos ser despidos (sem a cobertura adequada)”, pois não é algo desejável, sendo tão desagradável e impróprio para a alma quanto para o corpo. E então, Paulo falou do futuro: “Aspirando por sermos revestidos da nossa habitação celestial; se, todavia, formos encontrados vestidos e não nus”, ou seja, na vinda do Senhor (2 Coríntios 5:1-10; cf. 5:4, 2-3).
(Compare o desejo evidente que o espírito maligno tem de voltar ao corpo que ele deixou. Sem um corpo material, ele vagava inquieto, como um homem sedento que busca água no deserto (Mateus 12:43-45). Os demônios também imploraram a Jesus para entrar no corpo dos porcos, quando foram expulsos do corpo de um homem (Mateus 8:31). Os não crentes reconhecem a aflição dos seres sem corpo. Por causa do pavor e do contato profano com o mundo demoníaco, eles têm mais sensibilidade com essas questões do que os ocidentais modernos voltados às coisas materiais. Um motorista chinês explicou que as tempestades de areia do deserto de Gobi são espíritos malignos: “O que eles querem é um corpo e, por falta de um corpo melhor, pegam uma mortalha de areia”).
Se um homem, por mais perfeito que fosse sua constituição física e mesmo que pertencesse à família real, se apresentasse nu para um julgamento perante o rei no trono, ele seria seriamente culpado. Não apenas a beleza pessoal, mas também a roupa e a roupa adequada são indispensáveis. Os oficiais da corte impediriam algo tão impróprio. Receberá o Rei dos reis menos respeito? Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouve isso e coloca no coração que não a morte, mas a ressurreição ou o arrebatamento condizem com a transladação para as regiões celestiais e à corte do Deus da glória. Foi assim com o próprio Cristo.
Para entrar nos santuários, ou seja, nos lugares santos, o sacerdote tinha de pertencer ao povo redimido de Deus, ser imaculado quanto à sua pessoa (Levítico 21:1-24; cf. 21:23) e vestir-se de roupas de glória e ornamento (Êxodo 28:1-43; cf. 28:2).
Eram quesitos indispensáveis para o acesso à presença de Deus. Antes de ser vestido com as roupas sagradas, o corpo perfeito tinha de ser lavado com água (Levítico 8:6-9; 16:4), que é a obra que Cristo, o nosso Moisés, deseja realizar em nós nesta vida terrena pela Sua palavra e disciplina (Efésios 5:25-27; Hebreus 12:10), em preparação ao futuro dia em que seremos vestidos para ter acesso e servir no verdadeiro santuário de cima.
Se alguém perguntar se a justiça imputada ao crente ao crer em Cristo não inclui todas essas coisas que são evidentemente necessárias, a resposta será um notório não. Uma consideração basta para explicar tudo. A justiça imputada é a “justiça de Deus”, a qual é necessariamente indefectível e irrenunciável. Mas, de acordo com a lei, era possível que o sacerdote tivesse um defeito físico ou estivesse pessoalmente impuro e com as roupas contaminadas. Não fosse assim, que necessidade haveria de existir leis e cerimônias de purificação?
A perfeição física, a lavagem com água à porta do tabernáculo e o uso de roupas especiais não eram requisitos para obter o perdão dos pecados e viver a vida de homem perdoado no campo. Contudo, para ter acesso a Deus e ao serviço sacerdotal, tudo isso era tão indispensável quanto o sangue expiatório.
A justiça imputada estabelece por completo e para sempre a posição judicial do crente como justificado perante a lei de Deus. Mas, a justiça prática tem de ser acrescentada para assegurar muitos dos grandiosos privilégios que se tornam possíveis aos justificados.
Quem tem ouvidos, que ouça, pois a perda e a vergonha serão de quem se contentou em permanecer deformado e imperfeito no estado moral, ou desprezou a lavagem com água e agora se vê impróprio para usar as roupas nobres necessárias para obter o acesso ao trono da glória.
O desprezo pela graça não apenas causa a perda do acesso ao coração a Deus, como o crente descuidado sabe, mas assegura o confisco de grande parte do que a graça teria concedido no futuro. Este é o peso da advertência que nosso Senhor anuncia desde os céus como especialmente aplicável quando Sua vinda estiver perto: “Eis que venho como vem o ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se veja a sua vergonha.” (Apocalipse 16:15).
Portanto, podemos perder as “vestes”. Se a referência é à justiça imputada, então podemos perder a justificação e os que outrora foram salvos serão posteriormente perdidos. Quem rejeita essa conclusão, que investigue o que isso significa quanto aos eternamente justificados, e que enfrente o que está envolvido com a perda das vestes.
No templo, os guardas assumiam seus postos ao anoitecer. O capitão do templo, a qualquer hora que escolhesse, andava sem avisar com um grupo de homens, e se um guarda fosse pego dormindo em seu posto, ele era despido, as vestes, queimadas e ele, deixado sair envergonhado. A vergonha de sua nudez era o equivalente da vergonha de ter dormido quando estava de serviço. Nesse estado de desonra, ele não ousaria entrar na casa de Deus para cantar ou servir. Levaria muito tempo para que a desgraça daquela noite desaparecesse da memória — dele ou dos outros. Alma minha, mantenha-se acordada durante esta curta noite do dever, enquanto seu Senhor está ausente! Você não sabe a que hora da noite Ele virá, e será horrível não ser vestido com a casa celestial, se Ele vier subitamente e encontrar você dormindo!
Voltemos ao quinto selo de Apocalipse capítulo 6 versículos 9 ao 11: "Quando Ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da Palavra de Deus e por causa do testemunho que deram. Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmente eles foram." Aqui fala de “almas” e não de “espíritos”. O homem tem espírito como parte de seu ser composto, mas ele não é espírito, como são os anjos.
Para entrar nos santuários, ou seja, nos lugares santos, o sacerdote tinha de pertencer ao povo redimido de Deus, ser imaculado quanto à sua pessoa (Levítico 21:1-24; cf. 21:23) e vestir-se de roupas de glória e ornamento (Êxodo 28:1-43; cf. 28:2).
Eram quesitos indispensáveis para o acesso à presença de Deus. Antes de ser vestido com as roupas sagradas, o corpo perfeito tinha de ser lavado com água (Levítico 8:6-9; 16:4), que é a obra que Cristo, o nosso Moisés, deseja realizar em nós nesta vida terrena pela Sua palavra e disciplina (Efésios 5:25-27; Hebreus 12:10), em preparação ao futuro dia em que seremos vestidos para ter acesso e servir no verdadeiro santuário de cima.
Se alguém perguntar se a justiça imputada ao crente ao crer em Cristo não inclui todas essas coisas que são evidentemente necessárias, a resposta será um notório não. Uma consideração basta para explicar tudo. A justiça imputada é a “justiça de Deus”, a qual é necessariamente indefectível e irrenunciável. Mas, de acordo com a lei, era possível que o sacerdote tivesse um defeito físico ou estivesse pessoalmente impuro e com as roupas contaminadas. Não fosse assim, que necessidade haveria de existir leis e cerimônias de purificação?
A perfeição física, a lavagem com água à porta do tabernáculo e o uso de roupas especiais não eram requisitos para obter o perdão dos pecados e viver a vida de homem perdoado no campo. Contudo, para ter acesso a Deus e ao serviço sacerdotal, tudo isso era tão indispensável quanto o sangue expiatório.
A justiça imputada estabelece por completo e para sempre a posição judicial do crente como justificado perante a lei de Deus. Mas, a justiça prática tem de ser acrescentada para assegurar muitos dos grandiosos privilégios que se tornam possíveis aos justificados.
Quem tem ouvidos, que ouça, pois a perda e a vergonha serão de quem se contentou em permanecer deformado e imperfeito no estado moral, ou desprezou a lavagem com água e agora se vê impróprio para usar as roupas nobres necessárias para obter o acesso ao trono da glória.
O desprezo pela graça não apenas causa a perda do acesso ao coração a Deus, como o crente descuidado sabe, mas assegura o confisco de grande parte do que a graça teria concedido no futuro. Este é o peso da advertência que nosso Senhor anuncia desde os céus como especialmente aplicável quando Sua vinda estiver perto: “Eis que venho como vem o ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se veja a sua vergonha.” (Apocalipse 16:15).
Portanto, podemos perder as “vestes”. Se a referência é à justiça imputada, então podemos perder a justificação e os que outrora foram salvos serão posteriormente perdidos. Quem rejeita essa conclusão, que investigue o que isso significa quanto aos eternamente justificados, e que enfrente o que está envolvido com a perda das vestes.
No templo, os guardas assumiam seus postos ao anoitecer. O capitão do templo, a qualquer hora que escolhesse, andava sem avisar com um grupo de homens, e se um guarda fosse pego dormindo em seu posto, ele era despido, as vestes, queimadas e ele, deixado sair envergonhado. A vergonha de sua nudez era o equivalente da vergonha de ter dormido quando estava de serviço. Nesse estado de desonra, ele não ousaria entrar na casa de Deus para cantar ou servir. Levaria muito tempo para que a desgraça daquela noite desaparecesse da memória — dele ou dos outros. Alma minha, mantenha-se acordada durante esta curta noite do dever, enquanto seu Senhor está ausente! Você não sabe a que hora da noite Ele virá, e será horrível não ser vestido com a casa celestial, se Ele vier subitamente e encontrar você dormindo!
Nos 397 lugares onde ocorre a palavra “espírito” no Novo Testamento, o homem nunca é chamado de espírito, porque homem propriamente dito não é espírito, mas alma. A propósito, os “espíritos em prisão” citados em 1ª Pedro capítulo 3 versículo 19 não são seres humanos, mas os anjos caídos a quem Pedro menciona novamente em 2ª Pedro capítulo 2 versículo 4: "Ora, se Deus não poupou anjos quando pecaram, antes, precipitando-os no Tártaro (região mais profunda e terrível do Hades), os entregou a abismos de trevas, reservando-os para juízo." (compare com Gênesis 6:1-4 e Judas 1:6). Judas capítulo 1 versículo 6 diz: "E a anjos, os que não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio, Ele tem guardado sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do grande Dia." A interpretação é inquestionável pelo fato de eles estarem no mundo inferior, na prisão, no Tártaro — região bem conhecida pelo mundo antigo. O Tártaro, que é o nome que Pedro usa, refere-se à parte mais profunda e terrível do Hades, a prisão dos anjos caídos, ao passo que o espírito do homem não vai para o mundo inferior, mas para “Deus, que o deu” (Eclesiastes 12:7).
Portanto, é a alma que é a pessoa do homem e, contrário ao que defendem os aniquilacionistas, não deixa de existir ou perde o senso da pessoalidade por estar sem o espírito ou o corpo. Tampouco o homem nessa condição incompleta pode estar na presença santíssima de Deus no céu.
Para entrar no Santo dos Santos, o sumo sacerdote tinha de ser vestido com roupas especialmente puras e gloriosas. O Homem Jesus Cristo só entrou no Santuário Celestial quando já estava com o Seu glorioso corpo da ressurreição, e somente assim, os subsacerdotes, Seus seguidores, podem entrar. Para permanecer ali, o homem deve ter a sua estrutura completa e ser moralmente perfeito, que é o ponto da oração de Paulo pelos irmãos: “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda (na presença) de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Tessalonicenses 5:23). Isso mostra que a frase os “espíritos dos justos aperfeiçoados” aponta para a ressurreição. Hebreus capítulo 12 versículo 23 diz: "A universal assembléia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados." A frase os “espíritos dos justos aperfeiçoados” aponta para a ressurreição. . Pouco antes, falando sobre eles em Hebreus capítulo 11 versículos 4 ao 39, o escritor conclui: “Para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados” (Hebreus 11:40). Todas as outras glórias, às quais a passagem em Hebreus capítulo 12 versículos 21 ao 24, diz que chegamos, são futuras — serão realizadas na vinda do Senhor: "E tão terrível era a visão, que Moisés disse: Estou todo assombrado, e tremendo. Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos; a universal assembléia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados; e a Jesus, o Mediador de uma Nova Aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel."
Portanto, é a alma que é a pessoa do homem e, contrário ao que defendem os aniquilacionistas, não deixa de existir ou perde o senso da pessoalidade por estar sem o espírito ou o corpo. Tampouco o homem nessa condição incompleta pode estar na presença santíssima de Deus no céu.
O uso do termo “espíritos” em Hebreus capítulo 12 versículo 23, pode parecer contrário à afirmação de que o homem não é chamado de espírito! É um caso raro, talvez o único no Novo Testamento, do sentido IV que o professor de teologia Cremer, dá ao termo pneuma (πνεῦμα). “Denota uma essência que não precisa de vestimenta corporal para sua realidade interior”. Em outras palavras, em Hebreus capítulo 12 versículo 23, o homem (a alma, sem o corpo) é descrito como espírito, com o sentido de uma substância espiritual destituída de cobertura material. Isso não anula a distinção regular que a Bíblia faz entre alma e espírito, mas indica apenas a imaterialidade da alma (o eu, em si mesmo). O leitor deve, por todos os meios, estudar a abordagem que Cremer faz sobre os termos pneuma (πνεῦμα) e psyché (ψυχή) e observar sua conclusão: “Portanto, a ψυχή [psyché, alma] é o sujeito, ou, o eu da vida da alma”.
Apocalipse capítulo 6 versículos 9 ao 11 diz: "Quando Ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da Palavra de Deus e por causa do testemunho que deram. Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, Santo e Verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmente eles foram." As almas que João viu estão “debaixo do altar”. Nenhum dos primeiros seis selos, dos quais este é o quinto, descreve eventos ocorridos na presença de Deus no céu. Todos lidam com assuntos da terra ou como são vistos da terra. Portanto, o altar não está no céu. O livro mostra um altar no céu, mas especifica que é o “altar de ouro”, isto é, do incenso (compare com Êxodo 30:3) e o posiciona “diante do trono” ou na “presença de Deus”: "Veio outro anjo e ficou de pé junto ao altar, com um incensário de ouro, e foi-lhe dado muito incenso para oferecê-lo com as orações de todos os santos, sobre o altar de ouro que se acha diante do trono." (Apocalipse 8:3); "O sexto anjo tocou a trombeta, e ouvi uma voz procedente dos quatro ângulos do altar de ouro que se encontra na presença de Deus." (Apocalipse 9:13). Neste livro, “diante do trono” sempre significa os céus superiores. Mas o altar em questão é o altar do holocausto (ou do sacrifício), embora não do sacrifício expiatório. Nós, cristãos, possuímos um altar do sacrifício expiatório (Hb 13:10), que é a cruz de Jesus, o Cordeiro de Deus. Mas também não é este o altar que está em vista aqui.
A visão é bastante simples. No tabernáculo, o altar do holocausto era de bronze, quadrado e oco e tinha uma grade sobre a qual os sacerdotes punham a lenha e as vítimas. Quando o fogo consumia tudo, as cinzas do sacrifício caíam através da grade até debaixo do altar, de onde eram de vez em quando removidas.
O lugar, ou seja, o “altar”, onde esses mártires de Cristo sacrificaram a pessoa e a vida deles por causa de Cristo é obviamente a terra. Portanto, a visão está declarando o que já vimos em outras passagens bíblicas, que o lugar dos mortos é debaixo da terra: Ele “havia descido até às regiões inferiores da terra” (Efésios 4:9), de onde aqueles que ainda lá estiverem serão removidos na ressurreição.
Depois que essas páginas foram escritas, descobri que Vitorino de Pettau (morto em 303 d.C.), o mais antigo e conhecido comentarista latino do Apocalipse, já tinha dado a mesma explicação. F. F. Bruce resumiu o comentário da seguinte forma: “O altar em Apocalipse 6 versículo 9, é a terra: o altar de bronze do holocausto e o altar de ouro do incenso no tabernáculo correspondem à terra e ao céu, respectivamente. Portanto, as almas debaixo do altar estão no Hades, na seção do paraíso, onde está ‘distante de sofrimentos e chamas, [onde estão] os demais santos.’”.
Isso confirma o comentário supramencionado do bispo Pearson sobre o artigo 5º de "O Credo dos Apóstolos", quando ele expõe a visão mantida nos primeiros séculos do cristianismo.
As Escrituras ensinam muito mais sobre o Hades, mas, para nos aprofundar, teríamos de fazer um estudo separado. Aqui, lidamos com o tema apenas quando relacionado ao assunto em questão.
É verdade, como indicado acima em Hebreus 12 versículo 23, que as palavras alma e espírito assumem, pelo uso constante, nuances de significado derivadas do sentido primário.
O estudante as descobrirá e não ficará confuso se primeiro tiver entendido firmemente o sentido primário e dominante de ambas as palavras. Mantendo diante de si esse conhecimento, acreditamos que o estudante verificará que o sentido primário esclarecerá muitos textos e assuntos obscuros bíblicos. Ele verá que a alma é a pessoa, — uma alma viva na terra; uma alma morta no mundo inferior, — e será vivificada na imortalidade pela ressurreição, com um corpo de glória incorruptível e indestrutível. A expressão “alma imortal” é incorreta e enganosa quando usada para descrever nosso estado atual ou o estado dos mortos. Ser imortal é ser incapaz de morrer. O homem ainda não é isso.
Nem a humanidade inocente de Adão, nem a humanidade sem pecado de Jesus eram imortais, pois ambas podiam morrer e morreram. Mas os homens salvos se tornarão imortais na ressurreição, como aconteceu com o Homem Jesus Cristo. Agora, a alma (o homem) tem uma existência sem fim, mas só terá a imortalidade, no devido sentido da palavra, na ressurreição. Somente os salvos (em Cristo) serão incapazes de morrer. Os perdidos (incrédulos) existirão para sempre, mas em um estado denominado de “morte”, a “segunda morte”.
Descrevemos corretamente a morte como uma “dissolução”, pois a parceria entre o espírito, a alma e o corpo do homem é dissolvida. Falando de nosso Senhor na ressurreição, lemos o fato glorioso de que Ele vive “segundo o poder de vida indissolúvel” e “a morte já não tem domínio sobre Ele”. "Constituído não conforme a lei de mandamento carnal, mas segundo o poder de vida indissolúvel." (Hebreus 7:16). "Sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre Ele. Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus." (Romanos 6:9-10).
É dessa vida que os salvos participarão para todo o sempre. Mas para eles, como foi para Jesus, ela só pode ser alcançada pela ressurreição ou pelo arrebatamento, mas nunca pela morte.
Esse estudo será muito proveitoso, se for visto que a opinião de o crente, ao morrer, ir para a glória diminui a noção da necessidade da ressurreição ou do arrebatamento e, por conseguinte, da volta de Cristo, quando estes ocorrerem; e também se fizer com que alguns corações sintam que esses eventos são absolutamente indispensáveis: a apropriada e bendita esperança do crente. Como Pedro exorta: “Esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo” (1 Pedro 1:13).
A visão é bastante simples. No tabernáculo, o altar do holocausto era de bronze, quadrado e oco e tinha uma grade sobre a qual os sacerdotes punham a lenha e as vítimas. Quando o fogo consumia tudo, as cinzas do sacrifício caíam através da grade até debaixo do altar, de onde eram de vez em quando removidas.
O lugar, ou seja, o “altar”, onde esses mártires de Cristo sacrificaram a pessoa e a vida deles por causa de Cristo é obviamente a terra. Portanto, a visão está declarando o que já vimos em outras passagens bíblicas, que o lugar dos mortos é debaixo da terra: Ele “havia descido até às regiões inferiores da terra” (Efésios 4:9), de onde aqueles que ainda lá estiverem serão removidos na ressurreição.
Depois que essas páginas foram escritas, descobri que Vitorino de Pettau (morto em 303 d.C.), o mais antigo e conhecido comentarista latino do Apocalipse, já tinha dado a mesma explicação. F. F. Bruce resumiu o comentário da seguinte forma: “O altar em Apocalipse 6 versículo 9, é a terra: o altar de bronze do holocausto e o altar de ouro do incenso no tabernáculo correspondem à terra e ao céu, respectivamente. Portanto, as almas debaixo do altar estão no Hades, na seção do paraíso, onde está ‘distante de sofrimentos e chamas, [onde estão] os demais santos.’”.
Isso confirma o comentário supramencionado do bispo Pearson sobre o artigo 5º de "O Credo dos Apóstolos", quando ele expõe a visão mantida nos primeiros séculos do cristianismo.
As Escrituras ensinam muito mais sobre o Hades, mas, para nos aprofundar, teríamos de fazer um estudo separado. Aqui, lidamos com o tema apenas quando relacionado ao assunto em questão.
É verdade, como indicado acima em Hebreus 12 versículo 23, que as palavras alma e espírito assumem, pelo uso constante, nuances de significado derivadas do sentido primário.
O estudante as descobrirá e não ficará confuso se primeiro tiver entendido firmemente o sentido primário e dominante de ambas as palavras. Mantendo diante de si esse conhecimento, acreditamos que o estudante verificará que o sentido primário esclarecerá muitos textos e assuntos obscuros bíblicos. Ele verá que a alma é a pessoa, — uma alma viva na terra; uma alma morta no mundo inferior, — e será vivificada na imortalidade pela ressurreição, com um corpo de glória incorruptível e indestrutível. A expressão “alma imortal” é incorreta e enganosa quando usada para descrever nosso estado atual ou o estado dos mortos. Ser imortal é ser incapaz de morrer. O homem ainda não é isso.
Descrevemos corretamente a morte como uma “dissolução”, pois a parceria entre o espírito, a alma e o corpo do homem é dissolvida. Falando de nosso Senhor na ressurreição, lemos o fato glorioso de que Ele vive “segundo o poder de vida indissolúvel” e “a morte já não tem domínio sobre Ele”. "Constituído não conforme a lei de mandamento carnal, mas segundo o poder de vida indissolúvel." (Hebreus 7:16). "Sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre Ele. Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus." (Romanos 6:9-10).
É dessa vida que os salvos participarão para todo o sempre. Mas para eles, como foi para Jesus, ela só pode ser alcançada pela ressurreição ou pelo arrebatamento, mas nunca pela morte.
Esse estudo será muito proveitoso, se for visto que a opinião de o crente, ao morrer, ir para a glória diminui a noção da necessidade da ressurreição ou do arrebatamento e, por conseguinte, da volta de Cristo, quando estes ocorrerem; e também se fizer com que alguns corações sintam que esses eventos são absolutamente indispensáveis: a apropriada e bendita esperança do crente. Como Pedro exorta: “Esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo” (1 Pedro 1:13).
Jesus é o Senhor!