18 - COMO DISCERNIR A CONDIÇÃO ESPIRITUAL DO HOMEM - Watchman Nee
UMA LEI QUE NÃO É AFETADA PELA ORAÇÃO
Há uma lei imutável de Deus operando em nós. Seu propósito específico está quebrantando e liberando nosso espírito para seu livre exercício. Devemos compreender que nada nas nossas orações, rogos ou promessas afetará ou mudará este propósito; é de acordo com Sua lei de realizar um quebrantamento e liberação em nós; todas as nossas orações não alterarão esta lei. Se você deliberadamente enfiar a mão numa fogueira, a oração o livrará da queimadura e da dor? (exceto no caso de um milagre). Se você não deseja ser queimado pelo fogo, mas deliberadamente coloca a mão no meio dele apesar disto, então não pense que a oração o protegerá das consequências; não o fará. Da mesma maneira, percebamos que o modo de Deus tratar conosco é deliberado, de acordo com Sua lei. A fim de se manifestar, o nosso espírito deve passar pela nossa alma. Até que nossa alma seja espatifado, simplesmente não pode fluir. Não procure transtornar esta lei e seus efeitos ao orar pedindo bênçãos; tais orações são em vão. O orar nunca poderá transformar a lei de Deus.
Devemos resolver esta questão de uma vez para sempre. O caminho da obra espiritual acha-se quando Deus se manifesta através de nós. Este é o único caminho que Deus ordenou. Para quem está intato, o evangelho está bloqueado e não pode fluir através da vida. Curvemo-nos totalmente diante de Deus. Obedecer a lei de Deus é muito melhor do que dizer muitas orações. É muito melhor parar de orar por bênçãos e confessar: "Deus, prostro-me diante de Ti". Sim, quão frequentemente nossas orações por bênçãos realmente erguem barreiras. Ansiamos pela bênção, mas parece que achamos a misericórdia de Deus nas experiências que esmagam. Se apenas procurássemos a iluminação, aprendêssemos a submeter-nos à Sua mão, e obedecêssemos à Sua lei, descobriríamos que o resultado seria a própria bênção pela qual ansiamos.
COMO DICERNIR A CONDIÇÃO ESPIRITUAL DO HOMEM
Conhecer o homem é vital para um obreiro. Quando alguém vem para nós, devemos discernir sua condição espiritual, sua natureza e a extensão do seu progresso espiritual. . Devemos resolver quanto daquilo que falou realmente está no seu coração e quanto ele deixou sem dizer. Além disto, devemos perceber suas características — se ele é empedernido (duro como pedra, inflexível, insensível) ou se ele é humilde, e se sua humildade é verdadeira ou falsa. Nossa eficácia no serviço está estreitamente relacionada com nosso discernimento da condição espiritual do homem. Se o Espírito de Deus nos capacita através do nosso espírito a conhecer a condição da pessoa diante de nós, podemos, então, oferecer a palavra certa.
Nos Evangelhos, descobrimos que sempre que os homens vinham para nosso Senhor, Ele sempre tinha a palavra certa. Esta é uma coisa maravilhosa. O Senhor não falou à mulher samaritana acerca do novo nascimento, nem contou a Nicodemos acerca das águas vivas. A verdade do novo nascimento era para Nicodemos, ao passo que a verdade das águas vivas era para a mulher samaritana. Quão apropriadas eram as palavras do Senhor. Aqueles que não O tinham seguido, o Senhor os convidou a vir a Ele; mas os que desejavam segui-Lo, o Senhor os convidou a carregar a cruz. Para um que se ofereceu, o Senhor falou sobre contar o custo; e para um que se demorava, o Senhor Jesus disse: "Deixa os mortos enterrarem seus próprios mortos". As palavras de nosso Senhor eram apropriadíssimas, porque conhecia todos os homens. Nosso Senhor sabia se vinham como interessados sinceros ou meramente para fazer espionagem contra Ele; e aquilo que Ele lhes dizia sempre era bem aplicável. Que Deus seja misericordioso conosco afim de que nós, também, possamos aprender com o Senhor Jesus como conhecer os homens ao ponto de sermos eficazes ao lidarmos com eles.
Sem tal conhecimento que lhe é dado, o irmão somente pode lidar com as almas de acordo o seu próprio entendimento. Se um irmão tem um sentimento especial num certo dia, falará a todas as pessoas de acordo com aquele sentimento, seja com qualquer um que lhe apareça. Se um irmão tem um assunto predileto, falará sobre ele a todos que vierem a ele. Como um trabalho destes pode ser eficaz? Nenhum médico pode usar a mesma receita para todos os seus pacientes. Infelizmente, alguns daqueles que servem a Deus têm uma só receita. Embora não possam primeiramente diagnosticar as enfermidades das pessoas, estão procurando curá-las. A despeito da sua ignorância das complexidades do homem e da sua falta de discernimento da condição espiritual do homem, mesmo assim, parecem estar bem prontos para tratar toda enfermidade. Quão sem discernimento é ter uma só uma receita espiritual, e mesmo assim, procurar tratar de todas as doenças espirituais!
Você imaginou que são os lentos que não podem discernir, e que somente os habilidosos o podem? Não. Nesta obra, os lentos e os habilidosos são igualmente excluídos. Você não pode usar sua mente ou seu sentimento (independentes) para discernir as pessoas. Seja quão aguçada for sua
Depois de encontrar-se com uma alma, cada obreiro deve primeiramente discernir qual é a verdadeira necessidade daquele indivíduo diante de Deus. Frequentemente, você não pode confiar naquilo que ele diz. Embora ele possa insistir corretamente que tem "dor de cabeça," esta pode ser mero sintoma de uma condição mais profunda cujas raízes devem ser achadas noutra parte. Simplesmente porque sente algum calor, não significa que tem uma "febre alta." É provável que ele lhe diga muitas coisas que não têm qualquer aplicação ao caso dele. Uma "pessoa doente" compreende bem raramente qual é seu problema verdadeiro; é-lhe necessário, portanto, que você faça seu diagnóstico e lhe ofereça os meios da cura. Talvez você queira que a pessoa lhe conte a sua necessidade, mas a pessoa tende a enganar-se. Somente um diagnosticador treinado, que tem perícia em reconhecer enfermidades espirituais, pode discernir a necessidade real do "paciente." Em cada diagnóstico você deve ter a certeza. Um diagnóstico que é meramente subjetivo, certamente afligirá as pessoas com doenças imaginárias, insistindo teimosamente que isto ou aquilo é o mal delas.
Às vezes, descobrimos que a enfermidade específica está além da nossa capacidade para ajudar. Não seja tão tolo, supondo que pode lidar com toda e qualquer situação, e ajudar a todos. Em prol daqueles aos quais você pode ajudar, você deve gastar e ser gasto. Quando você não pode ser útil, deve contar ao Senhor dizendo: "Senhor, isto está além da minha capacidade; não posso discernir esta doença. Ainda não aprendi discernir esta situação. Ó Senhor, sê misericordioso".
Nunca devemos pensar que podemos dar conta de todo o trabalho espiritual, nem devemos procurar monopolizá-lo. Aqui temos nossa oportunidade de ver o fornecimento da parte dos diferentes membros do Corpo. Se você achar que certo irmão ou irmã pode tratar do problema, procure-o e diga: "Isto está além da minha capacidade; talvez esteja dentro da sua jurisdição." Cooperando desta maneira no Corpo, aprendemos a agir com mútuo relacionamento, não independentemente.
Devemos ressaltar isto mais uma vez: todo obreiro deve aprender diante do Senhor como conhecer o homem. Quantas vidas, são estragadas depois de passarem pelas mãos de irmãos zelosos que não aprenderam, mas, sim, dão em vão opiniões subjetivas para suprir necessidades objetivas! As pessoas não estão necessariamente padecendo dos males que nós imaginamos que tenham. Nossa responsabilidade é discernir sua verdadeira condição espiritual. Se não participamos primeiramente do entendimento espiritual, como poderemos esperar que ajudemos os demais filhos de Deus? Que a graça e a paz do Senhor seja com o nosso espírito.