16. A ALMA É QUEBRANTADA PARA LIBERAR O ESPÍRITO - W. Nee


O QUE O ESPÍRITO FAZ DE UMA ALMA QUEBRANTADA?

Ao lidar com o homem, o Espírito de Deus nunca passa por cima do espírito do homem. Nem nosso espírito pode passar por cima da nossa alma. Este é um princípio muito importante para ser compreendido. Assim como o Espírito Santo não passa por cima do espírito do homem, assim também nosso espírito não desconsidera a nossa alma, para então passar a funcionar diretamente. A fim de tocar em outras vidas, nosso espírito deve passar através da nossa alma. Se a nossa alma não for quebrantada, Deus não pode realizar Sua obra através de nós. Não há saída para o espírito humano nem para o Espírito Santo. O nosso espírito não pode fluir porque é resistido e bloqueado pela nossa alma. É por isso que sugerimos repetidas vezes que a nossa alma deve ser quebrantada.

A coisa em mãos está ali antes de Deus começar a operar. Não pertence a Deus, nem precisa da Sua ordem, do Seu poder, ou da Sua decisão para ser realizada. Não é algo que está sob a mão de Deus, mas, sim, é uma ação independente de Deus.
Antes de nossa alma ser quebrantada, estamos ocupados com nossas próprias coisas, andamos no nosso próprio caminho, e amamos a nossa própria gente. Se Deus quiser usar nosso amor para amar os irmãos, Ele deve primeiramente quebrantar nossa alma. Este amor que nós temos, passa assim, a ficar maior. O nosso espírito deve amar, mas tem de amar através da nossa alma. Se a nossa alma estiver ocupada com a coisa em mãos, o nosso espírito será privado do nosso canal apropriado para amar.

Mais uma vez: quando o nosso espírito precisa usar a nossa vontade, descobre que ela está agindo independentemente, já ocupada pela coisa em mãos. Para quebrantar nossa vontade, Deus deve dar-nos um golpe pesado até que nos prostremos no pó e digamos: "Senhor, não ouso pensar, não ouso pedir, não ouso resolver por conta própria. Em toda e qualquer coisa preciso de Ti". Ao sermos feridos, devemos aprender que nossa vontade não deve agir independentemente de Deus.

Sem a cooperação da nossa alma, o nosso espírito sofre grandes desvantagens. Imaginemos que um irmão vai pregar a Palavra de Deus, e tem uma preocupação no seu espírito. Se, porém, deixa de achar pensamentos à altura, não pode entregar a mensagem, e ela logo desaparecerá. Embora a mensagem permeie a totalidade do seu espírito, tudo é fútil se sua mente não conseguir comunicá-la.

Não podemos trazer os homens à salvação, meramente com a mensagem em nosso espírito; esta deve ser expressa através da nossa mente. A mensagem de Deus revelada em nosso espírito deve ser expressa pela nossa alma. Sem pronunciamento, é impossível tornar conhecida aos outros a Palavra de Deus. As palavras do homem não são as de Deus, mas as palavras de Deus devem ser comunicadas pelas dos homens. Quando o homem tem as palavras de Deus, Deus pode falar por meio do homem. Quando o homem não tem as palavras de Deus, Deus não pode falar por meio do homem. O problema hoje é que, embora nosso espírito esteja disponível a Deus — capaz de receber a mensagem de Deus — nossa alma é impulsionada por tais pensamentos múltiplos e confusos desde a manhã até à noite, ao ponto que nosso espírito não pode achar saída.

Deste modo, Deus deve esmagar nossa alma. Quebrar nossa vontade tirando as coisas da "mão", de modo que a nossa vontade não possa agir independentemente de Deus. Não é a fim de que não tenhamos mente, mas, sim, é a fim de que não pensemos segundo a carne, de acordo com nossas imaginações que divagam. Não para que sejamos destituídos de emoções, mas, sim, a fim de que todas as nossas emoções estejam sob o controle e a restrição do nosso espírito. Isto dá ao nosso espírito uma vontade, uma mente, e emoções que podem ser usadas. Deus quer que nosso espírito use a nossa alma para amar, para pensar, e para decidir. Embora não seja Sua intenção exterminar a nossa alma, devemos receber esta experiência básica de sermos quebrantados, se aspiramos o serviço eficaz a Deus.

Até que isto aconteça, o nosso espírito e a nossa alma estão em desarmonia, sendo que cada um aje independentemente do outro. Quando somos quebrantados, a nossa alma está submetida ao controle do nosso espírito, e dessa maneira, unifica nossa personalidade, de modo que a nossa alma quebrantada seja um canal para o nosso espírito fluir e expressar Deus.

Ora, deve ser reconhecido que uma personalidade unificada, pode frequentemente caracterizar uma pessoa não-salva, mas, neste caso, o nosso espírito está sob o controle da nossa alma. Embora o espírito humano exista, é tão surrado pela alma que o máximo que pode fazer é levantar uns protestos conscientes. O nosso espírito é totalmente dominado pela nossa alma. Depois de alguém ser salvo, no entanto, é a intenção de Deus que experimente a inversão desta ordem. Assim como a sua alma controlava o seu espírito antes de ser salvo, assim agora o seu espírito deve ter domínio absoluto sobre a sua alma.

Podemos usar o ciclismo como ilustração. No terreno plano, pedalamos a bicicleta e as rodas giram pela estrada a fora. Semelhantemente, quando o nosso espírito é forte, e a nossa alma é quebrantada, "pedalamos" e as "rodas" giram pela estrada afora. Podemos resolver se vamos continuar, ou parar, e com que velocidade viajaremos. No caso de uma bicicleta num declive, no entanto, as rodas giram sem pedalarmos, pois, parece que a estrada simplesmente nos leva adiante. De modo semelhante, se a nossa alma for dura e sem quebrantamentos, será como uma bicicleta descendo uma ladeira, a roda livre, fora de controle. Se o Senhor nos for gracioso, nivelando a ladeira da nossa experiência por meio de quebrantar a nossa alma — de modo que este não fique a dar conselhos e fazer decisões de modo independente - seremos como aqueles que podem usar apropriadamente seu espírito.

Jesus é o Senhor!
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