Evangelho de Marcos | Estudo 17
LEITURA BÍBLICA:
Marcos 8:27-31; 9:30-31; 10:32-34; João 20:31; 2 Coríntios 1:21-22; Gálatas 2:20
O Evangelho de Marcos é uma biografia de Alguém que viveu de acordo com a economia neotestamentária de Deus. A fim de entender essa biografia, precisamos perceber que cada evento registrado nela é significativo. Agradecemos a Deus que o restante do Novo Testamento, especialmente as Epístolas de Paulo, nos ajudam a interpretar os detalhes da biografia do Senhor Jesus em Marcos. As mensagens dadas nos Estudos-Vida das Epístolas de Paulo também nos ajudarão a entender o significado do Evangelho de Marcos, como biografia de uma vida totalmente de acordo com a economia neotestamentária de Deus e para ela.
Em mensagem anterior ressaltamos que no capítulo 8 de Marcos temos uma revelação de Cristo, com Sua morte e ressurreição. As Epístolas de Paulo também enfatizam Cristo e Sua morte e ressurreição. Na verdade, um versículo, Filipenses 3:10, abrange os três: “Para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com Cristo na Sua morte”. Aqui vemos a Pessoa de Cristo e também Sua morte e ressurreição.
Nas últimas mensagens abordamos os primeiros quatro capítulos de Marcos. Vimos que quando o Senhor Jesus foi batizado, o Espírito de Deus desceu sobre Ele. Daí em diante, como registram os capítulos um e dois, Ele teve um viver de pregar o evangelho, ensinar a verdade, expulsar demônios, curar enfermos e purificar leprosos. Ele trouxe perdão às pessoas e também as introduziu no desfrute Dele mesmo como justiça exteriormente e vida interiormente. Além disso, Ele as introduziu em Sua satisfação e liberação. Além disso, Ele viveu sendo um com Deus, amarrando o inimigo de Deus, e negando o relacionamento natural e permanecendo no relacionamento da vida espiritual.
No capítulo 4, o Senhor Jesus revela o significado de Seu viver nos três capítulos anteriores. O significado de Seu viver é que Ele é o Semeador, plantando a Si mesmo como semente nas pessoas. Ele Se semeou nos que foram por Ele tocados. Semeando a Si mesmo como semente nos outros, um reino foi trazido à existência. Esse reino irá crescer, desenvolver-se e amadurecer resultando numa colheita.
QUATRO CASOS DE CURA
Nos capítulos 1 a 3 de Marcos há quatro casos de cura: a cura da sogra de Pedro, que estava acamada com febre (Mc 1:30-31); a purificação do leproso (Mc 1:40-45); a cura do paralítico que foi carregado até o Senhor (Mc 2:1-12); e a cura do homem com a mão ressequida (Mc 3:1-6). Esses casos descrevem nossa situação espiritual antes de ser salvos. Éramos os que estavam enfermos com febre, cuja “temperatura” estava anormalmente alta. Hoje todo ser humano tem febre. Antes de ser salvos também éramos leprosos: impuros e contaminados ao extremo. Como pessoas não salvas, éramos também paralíticos. Com respeito a Deus estávamos totalmente paralisados. Por isso éramos incapazes de fazer qualquer coisa para Ele. Como paralíticos, não conseguíamos caminhar. Também tínhamos uma mão ressequida. Portanto éramos enfermos com febre, leprosos contaminados, paralíticos incapazes de caminhar e com uma mão ressequida, incapazes de trabalhar. Embora esses sejam casos separados em Marcos, espiritualmente falando, descrevem a condição de todo ser humano. Assim, retratam a situação de cada pessoa.
PEDRO COMO NOSSO REPRESENTANTE
Você já havia percebido que em Marcos há alguém que é nosso representante? Quem nos representa é Pedro. Segundo o registro de Marcos, Pedro foi o primeiro a ser chamado pelo Senhor. Depois de chamado, ele sempre assumia a liderança. Até mesmo liderou quanto a negar o Senhor. Podemos até dizer que, em certo sentido, ele foi crucificado antes do Senhor. Então, depois da ressurreição do Senhor, o nome de Pedro foi mencionado pelo anjo: “Mas ide, dizei aos Seus discípulos, e a Pedro, que Ele vai adiante de vós para a Galiléia” (Mc 16:7).
Como em Marcos Pedro é nosso representante, todos os casos descritos nesse livro podem ser vistos como um conjunto e receber o nome de Pedro. É significativo que o primeiro caso de cura nesse Evangelho tenha sido a da sogra de Pedro. No sentido espiritual, todos os casos nesse livro estão relacionados com Pedro. Isso significa que Pedro estava enfermo com febre e era o cego Bartimeu às portas de Jericó. Ele precisava ser curado da febre e da cegueira.
AS CURAS DE ÓRGÃOS ESPECÍFICOS
Os quatro casos de cura nos capítulos 1 a 3 são todos da mesma categoria, a cura geral. Depois do capítulo 4, o Senhor Jesus leva a cabo mais curas, mas de órgãos específicos: audição, fala e visão. Para. contatar outros precisamos desses órgãos. Se formos surdos, mudos e cegos, que contato podemos ter com outros? Não podemos ter nenhum contato, pois somos incapazes de ouvir, falar e ver. Como nosso representante, Pedro foi curado da febre, lepra, paralisia e mão ressequida; contudo ainda não conseguia ouvir, falar e ver.
Depois dos quatro casos de cura geral, temos em Marcos quatro casos de curas de órgãos específicos. Em Marcos 7:31-37 temos a cura de um surdo-mudo; em Marcos 8:22-26, de um cego em Betsaida; em Marcos 9:14-29, de um menino que tinha um espírito mudo; e em Marcos 10:46-52, do cego Bartimeu. Nesses quatro casos, três órgãos específicos são curados: audição, fala e visão.
DOIS CASOS DE CEGUEIRA
Vamos considerar brevemente os dois casos de cegueira. Quando chegaram a Betsaida, um cego foi trazido ao Senhor. “Jesus, tomando o cego pela mão, levou-o para fora da aldeia e, cuspindo-lhe nos olhos e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: vês alguma coisa?” (Mc 8:23). O homem erguendo os olhos, respondeu: “Vejo os homens, porque como árvores os vejo, andando.” (Mc 8:24). Então novamente o Senhor impôs as mãos nos olhos dele: “E ele, olhando atentamente, ficou restabelecido; e tudo via claramente”. Isso não é uma figura da nossa condição espiritual? Quando vimos o Senhor pela primeira vez, não O vimos claramente. Não víamos as coisas espirituais exatamente como são. Então, depois de ter mais contato com o Senhor, começamos a ver todas as coisas claramente.
O segundo caso de cura de cegueira é a do cego Bartimeu. Quando o Senhor Jesus lhe perguntou o que queria que Ele lhe fizesse, o cego disse: “Rabôni, que eu recupere a vista.” (Mc 10:51). Então Jesus lhe disse: “Vai, a tua fé te salvou”. E imediatamente recuperou a vista, e seguia o Senhor pelo caminho (Mc 10:52). Esse é o último caso de cura registrado em Marcos.
NOSSA NECESSIDADE DE CURA ESPECÍFICA
Espiritualmente falando, nosso relacionamento com Deus depende dos órgãos de audição, fala e visão. Sem ouvir a Palavra de Deus, sem falar com Ele e sem ter Sua visão não podemos ter nenhum relacionamento com Ele. Se essa fosse nossa situação, seríamos como um ídolo mudo parado diante de Deus. Portanto precisamos da cura dos órgãos de audição, fala e visão.
O Novo Testamento revela que, espiritualmente falando, estávamos mortos, mas o Senhor Jesus nos fez viver. Quando Ele veio a nós e Se semeou em nós, fomos vivificados. Fomos então curados da condição de febre, lepra, paralisia e mão ressequida.
Louvado seja o Senhor porque fomos vivificados e regenerados! Contudo, depois de regenerados, ainda podemos estar surdos, mudos e cegos, necessitando da cura específica do Senhor. Não foi essa nossa experiência com o Senhor? Posso testificar que foi minha experiência. Fui regenerado em 1925, mas só em 1932 meus ouvidos começaram a ouvir a voz de Deus, meus olhos começaram a ver Sua visão e minha boca foi aberta para falar por Ele. Eu louvo ao Senhor, porque hoje, por Sua misericórdia, posso ouvir, falar e ver.
DUAS CATEGORIAS DE CURA
Precisamos ter clareza de entendimento das duas categorias de cura em Marcos. Os quatro casos na primeira categoria relacionam-se com vivificação. Os quatro casos na segunda categoria relacionam-se com restauração dos órgãos cruciais da audição, fala e visão, os órgãos espirituais necessários para contatar Deus.
Em Marcos 5:21-43 temos a cura da mulher com fluxo de sangue e a ressurreição de uma menina. O caso da mulher com fluxo de sangue é um caso de vazamento de vida. Como o caso dela se funde com o da menina, e como os doze anos da doença dela equivalem à idade da menina e ambas são mulheres, esses casos podem ser considerados o caso de uma única pessoa. Sob esse ponto de vista, a menina nasceu, por assim dizer, na enfermidade mortal da mulher, e morreu dela. Quando a enfermidade mortal da mulher foi curada pelo Salvador, a menina ressuscitou.
Em Marcos 7:24-30 temos o caso da expulsão de um demônio da filha de uma mulher siro-fenícia. Em Marcos 7:26 nos é dito que: “A mulher era grega, de origem siro-fenícia”. Ela era síria de língua e fenícia de origem (ver At 21:2-3). Visto que os fenícios eram descendentes dos cananeus, ela era cananéia (Mt 15:22). O que a tornou grega (se religião, casamento ou outro fator) é difícil determinar. Embora essa mulher fosse triplamente gentia, aos olhos de Deus ela era um “cãozinho de estimação”, que Ele amava (Mc 7:28-29).
Se colocarmos juntos todos esses casos, percebendo que compõem um retrato de Pedro, nosso representante, veremos que esses casos indicam que Pedro foi plenamente curado e restaurado. No capítulo 2 de Atos, ele não apenas está vivo, mas também forte na vida e na habilidade de ouvir, falar e ver.
A CONDIÇÃO DO CORAÇÃO HUMANO
Em Marcos 7:1-23 o Senhor Jesus expõe a condição do coração humano. Nessa seção de Marcos, Ele é um cirurgião que abre nosso ser interior e expõe sua real condição. Em Marcos 7:20 o Senhor diz: “O que sai do homem, isso é o que contamina o homem”. Então Ele cita uma série de coisas malignas que procedem “de dentro, do coração dos homens.” (Mc 7:21-22), depois disso conclui: “Todas essas coisas malignas procedem de dentro e contaminam o homem.” (Mc 7:23). Todos precisamos ver a condição humana interior e perceber que não há nada de bom no coração do homem caído.
DOIS CASOS DE ALIMENTAR
Após a exposição do coração, há dois casos de alimentar: o alimentar os gentios como os “cachorrinhos debaixo da mesa” (Mc 7:27-30) e o alimentar dos quatro mil (Mc 8:1-9). Em Marcos 7:27 o Senhor Jesus disse à mulher siro-fenícia: “Deixa primeiro que se fartem os filhos, porque não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos”. A mulher respondeu: “Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos debaixo da mesa comem das migalhas das crianças.” (Mc 7:28). Os judeus eram considerados filhos de Deus, e aqui os gentios são retratados como “cachorrinhos”, não como cães selvagens, mas como cães domésticos, cachorrinhos debaixo da mesa da família. Enquanto as crianças comiam à mesa, os cachorrinhos de estimação esperavam embaixo da mesa por alguma migalha que caísse. Essas migalhas se tornavam a porção dos cães de estimação. Aqui vemos que o Senhor não é apenas o pão dos filhos sobre a mesa, mas também as migalhas debaixo da mesa. Ele é até mesmo a porção dos “cachorrinhos”, os gentios.
Em Marcos 8:1-9 temos o alimentar dos quatro mil. Depois que as pessoas comeram e estavam satisfeitas: “Recolheram o que sobejou dos pedaços: sete cestas.” (Mc 8:8).
A REVELAÇÃO DE CRISTO, COM SUA MORTE E RESSURREIÇÃO
Em Marcos 8:27-38 e 9:1 temos a revelação de Cristo, com Sua morte e ressurreição. Antes disso o Senhor Jesus não tinha sido revelado aos discípulos. Eles O seguiram cegamente, sem perceber quem Ele era. Então no final do capítulo 8 o Senhor Jesus os levou para longe da atmosfera religiosa de Jerusalém, para a atmosfera clara de Cesaréia de Filipe. No caminho Ele perguntou a Seus discípulos: “Quem dizem os homens que sou Eu?” (Mc 8:27). Eles Lhe responderam: “João Batista; outros: Elias; e outros: Um dos profetas.” (v. 28). Então Ele lhes perguntou: “Mas vós, quem dizeis que Eu sou?” (v. 29). Pedro tomou a liderança para declarar: “Tu és o Cristo”. Ele teve a visão de que Jesus era o Cristo. Imediatamente o Senhor prosseguiu falando-lhes a respeito de Sua morte e ressurreição. Portanto aqui temos o desvendar da Pessoa de Cristo e também a revelação de Sua morte e ressurreição. Nesses versículos temos a revelação crucial da Pessoa de Cristo, de Sua morte e ressurreição.
LEITURA BÍBLICA:
Marcos 8:27-31; 9:30-31; 10:32-34; João 20:31; 2 Coríntios 1:21-22; Gálatas 2:20
Em Marcos 8:27-38; 9:1 o Senhor Jesus é reconhecido como o Cristo. Então Ele prossegue revelando pela primeira vez Sua morte e ressurreição. É muito significativo que essa revelação tenha vindo logo depois da cura de um cego em Betsaida (Mc 8:22-26). Antes de revelar a Si mesmo, Ele curou um cego. Isso indica que para poder ver Cristo, com Sua morte e ressurreição, precisamos ser curados da cegueira.
Embora o Senhor Jesus tivesse curado a cegueira dos discípulos, eles ainda eram incapazes de ver quem Ele era. E também não conseguiam entender Sua morte e ressurreição.
Se compararmos Marcos 8:27-9:1 com a seção paralela em Mateus 16, veremos três pontos diferentes. Primeiro, em Marcos 8:29 Pedro diz: “Tu és o Cristo”. Mas em Mateus 16:16 ele diz: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Marcos não inclui aqui o fato de o Senhor Jesus ser o Filho do Deus vivo. Segundo, em Mateus 16:18 o Senhor Jesus diz: “Também Eu te digo que tu és Pedro, e sobre essa rocha edificarei a Minha igreja, e as portas do Hades não prevalecerão contra ela”. Marcos não registra nada acerca de o Senhor edificar Sua igreja sobre essa rocha. Terceiro, Mateus 16:19 diz: “Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; e o que quer que amarrares na terra, terá sido amarrado nos céus; e o que quer que soltares na terra, terá sido solto nos céus”. Marcos não tem nenhum registro disso. A razão dessa diferença é que Marcos simplesmente nos dá uma biografia completa do Senhor. Ele não está preocupado com muitos pontos doutrinários.
UNGIDO PARA INFUNDIR O DEUS TRIÚNO NO POVO DE DEUS
Vimos que em Marcos 8:29 Pedro recebeu a revelação de que Jesus é o Cristo. Qual é o significado do título “o Cristo”? Qual é o significado desse termo grego aportuguesado? Sabemos que no grego Christós significa Ungido. Segundo os tipos do Antigo Testamento, uma pessoa sempre era ungida com propósito específico. Qual, então, é o propósito de o Senhor ser o Cristo, o Ungido? Com que objetivo Ele foi ungido?
Alguns podem dizer que o Senhor foi ungido para cumprir o propósito de Deus, para ser Rei e para ser Sacerdote. Quando eu era jovem, os Irmãos Unidos me ensinaram que o título Cristo significa que o Senhor Jesus foi ungido por Deus para levar a cabo a comissão divina. Ele foi ungido para cumprir o propósito de Deus e atingir Seu objetivo. Isso é verdade, e certamente creio nisso. Contudo ainda falta algo nesse entendimento.
O Senhor Jesus foi ungido por Deus para cumprir a comissão de Deus. Uma parte crucial dessa comissão é infundir o Deus Triúno no povo escolhido de Deus. Portanto, como Ungido, Cristo tinha a comissão de infundir o Deus Triúno em Seu povo.
Marcos não enfatiza que o Senhor foi ungido para ser Rei, Sacerdote ou Profeta. Mas em seu Evangelho vemos que o Senhor foi ungido por Deus para cumprir a comissão de semear Deus em Seu povo. Portanto Ele é o Cristo, o Ungido para fazer a obra de semear.
A respeito de Cristo, o Ungido, Paulo diz: “Mas Aquele que nos confirma convosco em Cristo e nos ungiu é Deus, que também nos selou e nos deu o penhor do Espírito em nosso coração.” (2Co 1:21-22). Aqui vemos que Deus uniu-nos todos a Cristo, o Ungido. Aqui não temos indicação de que a comissão desse Ungido seja ser rei ou profeta, e sim ungir-nos com Deus como elemento que nos sela com Ele e se torna um penhor divino como nossa porção. Essa comissão não está relacionada com realeza ou sacerdócio. É a comissão de semear o Deus Triúno em nosso ser e assim infundir e vida divina em nós. Você já percebeu que o título Cristo visa levar a cabo tal comissão?
Provavelmente você já ouviu os ensinamentos que enfatizam que, como Ungido de Deus, Cristo foi ungido para levar a cabo a comissão de Deus. Essa comissão seria estabelecer o reino de Deus e ser Rei, Sacerdote e Profeta. Provavelmente você nunca tenha ouvido falar que Cristo foi ungido por Deus com a comissão específica de infundir a vida divina em nós semeando-Se em nosso ser. Cristo foi ungido para semear o Deus Triúno (Pai, Filho e Espírito Santo) como a semente de vida em nós. Segundo a revelação do Novo Testamento, esse é o primeiro aspecto da comissão de Cristo e todos precisamos vê-lo, O primeiro aspecto da comissão que Cristo recebeu do Pai não foi ser Rei nem Profeta, mas foi ser um Semeador, Aquele que semeia o Deus Triúno em nós.
A PESSOA DO SENHOR E SUA COMISSÃO
João 20:31 diz: “Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em Seu nome”. Por anos esse versículo me incomodou. Eu não podia entender por que João 20:31 falava não apenas sobre o Filho de Deus mas também sobre o Cristo. Eu fui ensinado que Cristo era o Ungido de Deus para levar a cabo a comissão divina de estabelecer o reino. Por que era necessário crer que Jesus é o Cristo para ter a vida eterna? Eu achava que desde que eu cresse no Filho de Deus, isso era suficiente para ter a vida eterna. João 20:31 é um versículo enfático dizendo-nos que devemos crer em Cristo para ter a vida eterna. O Novo Testamento diz que temos a vida eterna crendo no Filho de Deus (Jo 3:16). Por fim, entendi que o Filho de Deus se refere à Pessoa do Senhor, e Cristo, à Sua comissão. Precisamos crer que Jesus é o Filho de Deus porque Sua Pessoa como Filho de Deus é uma questão de vida eterna. Mas para o Filho de Deus levar a cabo Sua comissão de Se infundir em nós como vida, Ele precisa ser o Ungido de Deus. É como o Cristo que o Senhor Jesus Se infunde em nós como o Filho de Deus a fim de que tenhamos vida eterna.
O ENTENDIMENTO DOS DISCÍPULOS A RESPEITO DOS EVENTOS REGISTRADOS EM MARCOS
Em Marcos o Senhor Jesus não tem como objetivo principal treinar e ensinar os discípulos. Em vez disso, Ele os leva Consigo aonde quer que vá para que observem Seu viver. Eles ouviam o que Ele dizia e viam o que fazia. Observaram como lidou com os muitos e diferentes casos. A interpretação desses casos não foi dada quando ocorreram. Eles ficaram pasmados quando Ele foi adiante deles para Jerusalém: “Estavam no caminho, subindo para Jerusalém, e Jesus ia adiante deles. Eles estavam pasmados, e os que seguiam atrás estavam com medo.” (Mc 10:32).
Aonde quer que o Senhor Jesus fosse, no Evangelho de Marcos, levava os discípulos Consigo. Eles estavam com Ele quando entrou em Jerusalém, quando purificou o templo, quando pernoitou em Betânia, quando comeu a festa da Páscoa e estabeleceu Sua mesa, e quando foi traído e preso.
Após a morte, ressurreição e ascensão do Senhor é que os discípulos entenderam o significado de tudo o que ocorrera segundo o registro de Marcos. Em Sua primeira Epístola, Pedro diz: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a Sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1Pe 1:3). Esse versículo indica que os olhos de Pedro foram abertos e ele agora entendia bem o que o Senhor havia feito com ele.
Depois do dia de Pentecostes, as experiências anteriores de Pedro se lhe tornaram inteligíveis. Talvez ele tenha dito para si mesmo: “Agora sei por que meu Senhor marchou ousadamente para Jerusalém. Agora vejo que eu estava incluído quando Ele foi julgado e crucificado. Quando foi crucificado e enterrado, eu fui crucificado e enterrado com Ele. Quando ressuscitou, eu ressuscitei com Ele. Naquele tempo, Ele me carregava, agora eu O carrego, pois Ele está em mim e eu, Nele. Desde o tempo em que o Senhor me chamou, Ele começou a me colocar Nele e também a Se semear em mim. Louvado seja o Senhor, pois agora Ele está em mim e eu, Nele! O Senhor e eu somos um!”.
Alguns podem se perguntar como sabemos que Pedro e os outros discípulos mais tarde chegaram a ter tal entendimento dos eventos registrados em Marcos. A base para afirmar isso é o que está escrito nas Epístolas. As Epístolas do Novo Testamento são a interpretação da biografia do Senhor Jesus em Marcos.
A CEGUEIRA DOS DISCÍPULOS DO SENHOR
No Evangelho de Marcos os discípulos do Senhor estavam cegos e não entendiam as coisas. Em Marcos 8:31 o Senhor Jesus lhes ensinou claramente a respeito da Sua morte e ressurreição: “Então começou Ele a ensinar-lhes que era necessário ao Filho do Homem sofrer muitas coisas, ser rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas, ser morto, e, depois de três dias, ressuscitar”. Embora tenha falado tão claramente, os discípulos não O entenderam.
Como os discípulos do Senhor não receberam a revelação de Sua morte e ressurreição da primeira vez, Ele lhes falou novamente a esse respeito em Marcos 9:31: “Porque ensinava os Seus discípulos e lhes dizia: O Filho do Homem está sendo entregue nas mãos dos homens, e eles O matarão; e, morto Ele, depois de três dias ressuscitará”. O versículo 32 diz que: “Eles, porém, não compreendiam essa palavra, e temiam interrogá-Lo”.
Em Marcos 9:33-34 temos outra indicação de quão cegos os discípulos eram e quão incapazes de entender Sua palavra a respeito de Sua morte e ressurreição. Depois que o Senhor e os discípulos chegaram a Cafarnaum, Ele lhes perguntou: “Sobre que arrazoáveis pelo caminho?” (Mc 9:33). Eles ficaram em silêncio: “Porque pelo caminho haviam discutido entre si sobre quem era o maior”. Quão cegos estavam! O Senhor Jesus lhes havia dito claramente que haveria de ser morto e ressuscitaria depois de três dias, mas eles não o entenderam. Na verdade, logo depois que lhes revelou Sua morte e ressurreição pela segunda vez, eles discutiram uns com os outros a respeito de quem seria o maior.
Em Marcos 10:32 o Senhor Jesus subiu a Jerusalém com os discípulos. Nos versículos 33-34 temos a terceira revelação de Sua morte e ressurreição: “Eis que subimos para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas. Eles O condenarão à morte e O entregarão aos gentios; escarnecê-Lo-ão, cuspirão Nele, açoitá-Lo-ão e O matarão; e depois de três dias ressuscitará”. Logo depois que Ele falou essa palavra clara, Tiago e João lhe disseram: “Mestre, queremos que nos faças o que Te pedirmos.” (v. 35). Quando Ele lhes perguntou o que queriam que lhes fizesse, eles disseram: “Concede-nos que na Tua glória nos assentemos um à Tua direita e outro à Tua esquerda”. Quando os outros ouviram isso: “Começaram a indignar-se contra Tiago e João” (v. 41). Isso indica que os discípulos não foram capazes de entender a revelação do Senhor a respeito de Sua morte e ressurreição.
NOSSA NECESSIDADE DE SER CONDUZIDOS À CRUZ
Embora os discípulos fossem tão cegos e faltos de entendimento, o Senhor Jesus não se desviou de Seu objetivo. Sua intenção era levá-los Consigo para a cruz. Ele sabia que, quando fosse crucificado, eles seriam crucificados com Ele.
O pedido de Tiago e João de sentar à direita e à esquerda do Senhor Jesus em Sua glória e a indignação dos dez provam que estavam todos cegos e precisavam de cura. É significativo, portanto, que a seção seguinte em Marcos se refira à cura do cego Bartimeu (Mc 10:46-52). Bartimeu representa todos os discípulos, inclusive nós. Nós também somos cegos e precisamos da cura do Senhor. A prova da nossa cegueira é que ouvimos mensagem após mensagem sem ver nada. Em vez de ganhar a revelação do Senhor, podemos continuar a nos agarrar a nosso conceito. Talvez não saibamos o que significa morrer com Cristo e participar de Sua ressurreição. Certamente precisamos ser trazidos à cruz.
Aparentemente, quando foi crucificado o Senhor Jesus foi crucificado sozinho. Na verdade, aos olhos de Deus, todos os discípulos, incluindo nós, foram crucificados com Cristo. Sabemos disso pelo que é-revelado nas Epístolas.
Ao considerar os discípulos, vemos que cada um deles era estranho. Se considerarmos a nós mesmos honestamente, perceberemos que todos somos estranhos e até anormais. Que faremos com respeito à nossa situação? Não precisamos fazer nada porque o Senhor Jesus já fez o que era necessário. Ele nos introduziu em Sua morte, Ele crucificou a todos nós com Ele.
LEITURA BÍBLICA:
Marcos 9:1-8; 16:20; Filipenses 1:21; Gálatas 2:20; Colossenses 3:4
Todo O Novo Testamento fala a respeito de uma Pessoa, o Senhor Jesus Cristo. Os Evangelhos são Suas biografias e o restante do Novo Testamento é Sua definição e explicação. Agradecemos ao Senhor por Sua biografia apresentada em Marcos. Contudo precisamos despender muito tempo lendo as Epístolas para ver a definição da vida registrada em Marcos. Se lermos apenas o Evangelho de Marcos, veremos muitos dos eventos da vida do Senhor, mas não saberemos o significado deles. Mas quando chegamos às Epístolas somos iluminados a respeito deles.
CRISTO E SUA MORTE, RESSURREIÇÃO E ASCENSÃO
Nas Epístolas de Paulo temos uma visão ampla de Cristo com Sua morte e ressurreição. Nelas Paulo indica claramente que Cristo é todo-inclusivo. Por exemplo, ele não apenas nos diz que Cristo é a Cabeça do novo homem universal, mas também que Cristo é o Corpo (1Co 12:12). Em Colossenses 3:11 Paulo diz que no novo homem Cristo é todos os membros e está em todos os membros. Com esses versículos podemos ver que Cristo, o Ungido de Deus, é todo-inclusivo.
Paulo também nos revela claramente que a morte de Cristo é todo-inclusiva. Ele nos diz que fomos crucificados com Cristo e em Cristo (Gl 2:20). Em Romanos 6:6 Paulo declara que nosso velho homem foi crucificado com Cristo. Esses versículos indicam que a morte de Cristo na cruz não foi a mera morte de um indivíduo, pois, como Ele é todo-inclusivo, Sua morte também o foi. Visto que é todo-inclusivo, como o Senhor poderia morrer apenas como indivíduo e não experimentar uma morte todo-inclusiva? Não há indicação em Marcos de que Cristo teve uma morte todo-inclusiva, mas nas Epístolas, como definição e explicação divinamente inspiradas de Cristo com Sua morte e ressurreição, vemos que Sua morte certamente foi todo-inclusiva.
Nas Epístolas de Paulo também vemos que fomos incluídos na ressurreição e ascensão de Cristo. Em Efésios 2:6 Paulo diz que Deus: “Juntamente com Cristo, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus”. Portanto, aos olhos de Deus, estamos assentados com Cristo nos lugares celestiais. Como escolhidos de Deus, fomos todos colocados em Cristo (1Co 1:30). Uma vez que Ele está nas regiões celestiais, nós também estamos. Todos precisamos ver pelas Epístolas que Cristo, Sua morte, ressurreição e ascensão são todo-inclusivos.
INCLUÍDOS NA MORTE E RESSURREIÇÃO DE CRISTO
De acordo com Marcos 10:32, quando foi a Jerusalém, o Senhor Jesus levou Consigo os discípulos. Ele os incluiu em tudo o que fazia. Judas foi o único que não continuou com o Senhor até o fim. Depois da festa da Páscoa, o Senhor o expôs, e ele saiu. Como judeu, ele tinha direito de participar da Páscoa. Mas, como não fora escolhido por Deus para permanecer com o Senhor, ele não teve parte em Sua ceia. Os outros discípulos experimentaram a ceia e foram incluídos na morte e ressurreição do Senhor.
Quando o Senhor Jesus foi preso no jardim do Getsêmani, os discípulos estavam com Ele. Pedro foi ousado a ponto de sacar a espada e cortar a orelha do servo do sumo sacerdote (Mc 14:47). Em sua ousadia, ele causou problemas para o Senhor e tornou necessário que Ele curasse a orelha do servo. Em certo sentido, Pedro foi crucificado antes do Senhor Jesus. O Senhor foi crucificado no Gólgota, mas Pedro foi crucificado no pátio do Pretória.
O que enfatizamos aqui é que o Senhor Jesus conduziu os discípulos por todos os passos que levaram à Sua morte e ressurreição, e os incluiu nelas. Se entendermos a narração de Marcos de acordo com o que é revelado nas Epístolas de Paulo, veremos que não apenas os discípulos, mas nós também estávamos incluídos na morte e ressurreição de Cristo.
Quando alguns ouvem que estávamos incluídos na morte e ressurreição de Cristo, tal vez digam: “Como é possível que estivéssemos incluídos na morte e ressurreição do Senhor? Nem éramos nascidos quando esses fatos ocorreram”. De acordo com o modo humano de pensar, não poderíamos estar incluídos, mas a maneira de Deus pensar, que é de acordo com Sua visão eterna, é diferente. Segundo o entendimento de Deus, fomos crucificados e ressuscitados com Cristo mesmo antes de nascer. Embora não consigamos entender isso segundo nossa mente natural, ainda assim isso é um fato.
UMA BIOGRAFIA DOS CRENTES
Quando estudamos o Evangelho de Marcos, na verdade estudamos nossa própria biografia. Isso significa que a biografia de Jesus é também a nossa. Nas palavras de um hino, “A Sua vida provo, pois um com Ele sou.” (Hino 480 eav). Portanto a biografia narrada em Marcos não é apenas a biografia do indivíduo Jesus, mas também dos crentes.
Em especial, Marcos é uma biografia de Pedro, nosso representante. Ele está presente no primeira capítulo, e seu nome é especificamente mencionado no último: “Mas ide, dizei aos Seus discípulos, e a Pedro, que Ele vai adiante de vós para a Galiléia.” (Mc 16:7). Além disso, os casos nesse livro são nosso retrato composto, onde somos representados por Pedro. Por exemplo, no monte da transfiguração Pedro disse: “Rabi, bom é estarmos aqui; façamos três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias.” (Mc 9:5). Como Pedro é nosso representante, seu falar aqui é também o nosso. Da mesma forma, quando negou o Senhor três vezes, esse também foi nosso negar tríplice do Senhor. O que o anjo falou acerca de Pedro em Marcos 16:7 também é uma palavra a nosso respeito. Ao ler esse versículo, é correto inserir nosso nome no lugar do de Pedro, uma vez que somos representados por ele.
Desde que foi chamado pelo Senhor Jesus em Marcos 1:16-17, Pedro foi capturado pelo Senhor e estava sempre com Ele. Juntamente com Tiago e João, ele estava com o Senhor no monte da transfiguração. Isso indica que aonde quer que o Senhor fosse, Pedro ia com Ele, pois o Senhor o levava Consigo.
Você acha que quando o Senhor Jesus foi crucificado Ele deixou Pedro e os outros discípulos? Não, quando foi crucificado e sepultado, Pedro, o representante de todos nós foi crucificado com Ele. Além disso, o Senhor não ressuscitou sozinho. Segundo a ótica divina, que vai além dos elementos de espaço e tempo, todos fomos incluídos na ressurreição de Cristo.
COLOCADOS EM CRISTO POR DEUS
1 Coríntios 1:30 diz que estamos em Cristo. Quando fomos colocados em Cristo? Efésios 1:4 diz que Deus nos escolheu em Cristo antes da fundação do mundo. Isso indica que na eternidade Deus nos escolheu em Cristo. Esse deve ter sido o ponto de partida de Deus nos colocar em Cristo. Assim Deus nos colocou em Cristo quando nos escolheu Nele antes da fundação do mundo.
Um dia o Cristo no qual fomos escolhidos por Deus na eternidade veio a nós e nos chamou. No capítulo 1 de Marcos, Cristo chamou Pedro (Mc 1:16-18). Ali o Senhor parecia dizer: “Pedro, Eu Sou o Cristo em quem você foi escolhido por Deus Pai. Agora venho a você para levar a cabo a escolha do Pai. Ele já o colocou em Mim; por que você continua aí pescando? Venha, siga-Me”.
O Pai tinha escolhido Pedro em Cristo antes da fundação do mundo. Assim, sob a ótica eterna de Deus, Pedro já estava em Cristo. Mas em Marcos 1 o Senhor foi a ele a fim de levar a cabo a escolha do Pai.
Desde que o Senhor Jesus chamou Pedro, Ele o levou Consigo aonde quer que fosse. Quando o Senhor Jesus foi preso e julgado, Pedro também o foi. Quando foi crucificado, ressurreto e exaltado, Pedro também o foi.
Se tivéssemos apenas o Evangelho de Marcos, não seria possível ter tal entendimento da relação entre Pedro e o Senhor. Mas nas Epístolas vemos que Cristo morreu na cruz como Alguém todo-inclusivo, que incluía em Si todos os que Deus havia escolhido. Portanto os escolhidos de Deus foram incluídos na morte, sepultamento, ressurreição e ascensão de Cristo. Todos precisamos ter tal visão.
A CONTINUAÇÃO DO SENHOR
O viver que o Senhor Jesus teve é agora nossa vida. Hoje somos Sua expansão, aumento e continuação, e devemos continuar a ter o viver que Ele teve.
Depois da ascensão de Cristo, os discípulos continuaram Sua vida, uma vida de pregar, ensinar, expulsar demônios, curar enfermos e purificar leprosos. Esse é o significado de Marcos 16:20: “E eles, tendo saído, pregaram em toda parte, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra por meio dos sinais que a acompanhavam”. Aqui temos a continuação da vida do Senhor Jesus registrada em Marcos. Essa vida, que é de acordo com a economia neotestamentária de Deus e para ela, não acabou, pois continua por meio dos que crêem no Senhor.
Nos últimos dezenove séculos, muitas questões foram introduzidas na vida dos cristãos para barrar, danificar e até mesmo substituir a vida singular que é de acordo com a economia neotestamentária de Deus. Essas questões incluem cultura, religião, ética, moral, filosofia, o aperfeiçoamento do caráter e o esforço para ser espiritual, bíblico, santo e vitorioso.
Precisamos ter uma visão clara do tipo de vida que devemos ter. Você tem um viver de cultura e religião? uma vida de ética, moral, filosofia e aperfeiçoamento do caráter? tenta ser espiritual, bíblico, santo e vitorioso? Todos fomos desviados da economia de Deus por coisas assim. Onde você pode encontrar hoje cristãos que não vivam de acordo com um ou mais desses dez itens?
COISAS BOAS QUE SUBSTITUEM A ÁRVORE DA VIDA
Todos os cristãos têm sido estorvados e danificados pelo bem que se relaciona à árvore do conhecimento do bem e do mal. A árvore que se opõe à árvore da vida não é apenas a árvore do conhecimento do bem, mas do bem e do mal. Na verdade a palavra bem é mencionada antes de mal em Gênesis 2:17. Isso indica que coisas boas e coisas más podem barrar-nos de desfrutar da árvore da vida. Em nossa experiência como cristãos, coisas boas, na verdade, podem impedir-nos muito mais do que más. Os que amam o Senhor talvez não toquem o que é maligno, mas dia a dia podem deixar algo bom substituir a árvore da vida em sua experiência. Acaso cultura, religião, ética, moral, filosofia e a melhoria do caráter não são coisas boas? Certamente são. Por certo tentar ser espiritual, bíblico, santo e vitorioso é bom. Contudo qualquer coisa diferente do Espírito que dá vida é um empecilho para a vida que é totalmente de acordo com a economia neotestamentária de Deus e para ela.
Deus nos colocou em Cristo não para que tenhamos um viver de boas coisas, mas um viver que é único, total e absolutamente de Cristo. Ele nos colocou em Cristo para que tenhamos a vida de Cristo a fim de levar a cabo Sua economia neotestamentária. Embora já se tenham passado mais de dezenove séculos desde Sua ascensão, Cristo ainda não voltou. O povo de Deus ainda não está pronto para a volta do Senhor. Por séculos os que amam o Senhor Jesus têm sido estorvados por várias coisas boas. Elas ocupam os que amam o Senhor e O buscam. O cristão que ama a Deus e busca o Senhor não se importa com as coisas do mundo. Uma vez ganhos pelo Senhor para amá-Lo e buscá-Lo, eles podem ser estorvados por coisas que pensam estar relacionadas com ser espiritual, bíblico, santo e vitorioso. Alguns cristãos estão preocupados com ética, moral e melhoria do caráter. Outros são distraídos do Senhor por seus esforços em ser espirituais, bíblicos, santos e vitoriosos. Poucos realmente se preocupam com a própria Pessoa viva de Cristo!
A VIDA PARA A ECONOMIA DE DEUS
Enfatizamos que Marcos apresenta um retrato de uma vida totalmente de acordo com a economia neotestamentária de Deus e para ela. Na eternidade passada Deus Pai nos colocou Naquele que viveu tal vida. Agora devemos ser a continuação dessa vida. Isso significa que a vida que vivemos não deve ser de cultura, religião, ética, moral, filosofia ou melhoria do caráter. Nem mesmo devemos tentar ser espirituais, bíblicos, santos e vitoriosos. A vida que vivemos hoje deve ser o próprio Cristo. Somente uma vida que é Cristo é totalmente de acordo com a economia neotestamentária de Deus. Qualquer outra, não importa quão boa seja, está aquém da economia divina.
Em Gálatas, Filipenses e Colossenses Paulo fala de certas coisas que nos são estorvo para viver Cristo. Em Gálatas e Filipenses vemos que a religião fundada de acordo com a palavra de Deus impedia os crentes de viver Cristo. O estorvo falado em Colossenses é a filosofia, talvez o gnosticismo (Movimento religioso, de caráter sincrético (fusão de várias religiões, seitas e filosofias) e esotérico, desenvolvido nos primeiros séculos de nossa era à margem do cristianismo, combinando misticismo e especulação filosófica). Gálatas e Filipenses falam do estorvo causado pelo judaísmo, e Colossenses, do estorvo causado pela filosofia. Podemos dizer que religião e filosofia eram os produtos mais elevados da cultura humana. Mas era exatamente isso o que estorvava o povo de Deus de viver Cristo. Assim em Filipenses Paulo declarou: “Para mim, o viver é Cristo.” (Mc 1:21). Em Gálatas 2:19-20 ele disse: “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim”. E em Colossenses 3:4 ele falou sobre “Cristo, que é a nossa vida”.
Ao considerar a vida retratada em Marcos e a definição dessa vida nas Epístolas de Paulo, precisamos ver que tipo de vida devemos ter hoje. Esse quadro precisa dirigir-nos, preservar e controlar, numa vida totalmente de acordo com a economia neotestamentária de Deus e para ela. Como os que foram conduzidos por todos os capítulos do Evangelho de Marcos, devemos ser a continuação da vida ali apresentada.
LEITURA BÍBLICA:
Marcos 8:27-31; 9:2-8
Muitos cristãos não percebem que o Evangelho de Marcos nos apresenta a biografia de uma vida totalmente de acordo com a economia neotestamentária de Deus e para ela. Tal economia tem por objetivo que Deus Se dispense a Seus escolhidos para fazê-los Seus filhos e membros de Cristo, que formam Seu Corpo, a fim de expressar o Deus Triúno. Essa é uma definição simples da questão maravilhosa que é a economia neotestamentária de Deus.
A fim de que tenhamos um entendimento adequado da economia neotestamentária de Deus, precisamos de todo o Novo Testamento. O Evangelho de Marcos, por si só, não é suficiente para isso. Conforme já ressaltamos, nas Epístolas temos a explicação e definição da vida apresentada em Marcos. Portanto, na luz revelada nas Epístolas, podemos ver que a vida registrada no Evangelho de Marcos é totalmente de acordo com a economia neotestamentária de Deus e para ela.
A SIMPLICIDADE DO EVANGELHO DE MARCOS
Quando eu era jovem, Marcos não me era tão precioso quanto Mateus, João e Lucas. Minha impressão desse Evangelho era de que era simples demais. Já Mateus apresenta ensinamentos maravilhosos e parábolas a respeito do reino dos céus. Gastei muito tempo estudando Mateus e, já em 1939, publiquei uma série de mensagens a respeito do reino dos céus, baseadas no ensinamento do Senhor nos capítulos cinco, seis, sete, treze, vinte e quatro e vinte e cinco. Também dei muitas mensagens sobre o Evangelho de João. Embora eu não tenha dado tantas mensagens sobre Lucas como sobre Mateus e João, no livro Gospel Outlines [Esboços de Evangelho] há vários esboços tirados do Evangelho de Lucas. Eles se baseiam nas diversas histórias de evangelho e parábolas de Lucas.
No passado eu apreciava Mateus, João e Lucas, mas não tinha muito apreço por Marcos. Parecia-me que esse Evangelho podia ser comparado a um copo com água pura, sem cor nem sabor especial. Contudo recentemente, enquanto eu preparava as mensagens do Estudo de Marcos, a luz começou a brilhar nesse Evangelho. Agora vejo que em Marcos temos o registro de uma vida absolutamente de acordo com a economia neotestamentária de Deus e para ela.
Creio que Marcos é o livro mais simples do Novo Testamento. Mas sua simplicidade é muito impressionante e precisamos considerá-la. Precisamos perguntar-nos por que ele foi escrito de forma tão simples. Precisamos perguntar-nos por que, aparentemente, ele não tem nenhum sabor ou cor especial. Posso testificar que perguntas assim abriram as portas para a luz da revelação entrar. A simplicidade do Evangelho de Marcos é muito significativa.
Quanto mais lemos Marcos, mais somos impressionados com sua simplicidade. Comparado com Marcos, o Evangelho de Mateus é bastante complexo. Considere quantos nomes são incluídos nos primeiros dezesseis versículos de Mateus. Marcos, contudo, começa de uma maneira bem simples: “Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” (Mc 1:1).
Assim como Mateus, o Evangelho de Lucas também é bastante complexo. Considere, por exemplo, o extenso relato sobre a concepção e nascimento de João Batista e a concepção e nascimento do Senhor Jesus. Além disso, Lucas 1 inclui os louvores de Maria, Isabel e Zacarias, pai de João Batista. Então, no capítulo 3, Lucas apresenta uma genealogia que é mais complicada do que a de Mateus. Mateus só fala de quarenta e duas gerações, mas em Lucas temos setenta e sete. Assim, enquanto Marcos é simples, Lucas é complexo.
No Evangelho de João temos muitos mistérios profundos. João se inicia de forma misteriosa: “No princípio era o Verbo, o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” (Jo 1:1). É-nos dito que Nele estava a vida (Jo 1:4) e o Verbo tornou-Se carne e armou tabernáculo entre nós (Jo 1:14). João, portanto, tem cor e sabor distintos. Quando o lemos, podemos perceber seu sabor. Mas que sabor você sente quando lê Marcos? Parece que o único sabor ali é o sabor de água pura.
O PRINCÍPIO DO EVANGELHO E O TÉRMINO DAS COISAS VELHAS
Vimos que Marcos se inicia com uma palavra a respeito do princípio do evangelho de Jesus Cristo. Em Marcos 1:4-8 João Batista pregou o batismo de arrependimento e também introduziu o Salvador-Servo. Então em Marcos 1:9 nos é dito que: “Veio Jesus de Nazaré da Galiléia e foi batizado por João no rio Jordão”. Depois de batizado, Ele foi ungido pelo Espírito e iniciou Seu ministério. Como já ressaltamos, para o Senhor Jesus, vida, obra e ministério eram uma coisa só. Em Sua vida não havia distinção entre vida e obra.
Como vimos, a palavra princípio em Marcos 1:1 implica um novo início, que envolve o término das coisas velhas. Em mensagens anteriores citamos dez itens dessas coisas velhas: cultura, religião, ética, moral, melhoria do caráter, filosofia humana, e tentar ser espiritual, bíblico, santo e vitorioso. Tudo isso existia quando João Batista saiu para pregar o batismo de arrependimento. Em Marcos 1 essas coisas tiveram fim pelo princípio do evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Além disso, foram sepultadas quando o Senhor foi batizado.
Quando os filhos de Israel passaram pelo Mar Vermelho, Faraó e os exércitos do Egito foram sepultados. Podemos dizer que os filhos de Israel trouxeram Faraó e seus exércitos com eles para dentro do mar. Semelhantemente, quando o Senhor Jesus entrou nas águas do batismo, trouxe Consigo todos os dez itens das coisas velhas. Assim elas tiveram fim e foram sepultadas.
UM VIVER NO REINO DE DEUS
O viver que o Senhor Jesus teve não foi de acordo com a cultura ou religião. Nem foi de acordo com a ética, moral, filosofia ou melhoria do caráter. O Senhor Jesus não teve um viver de tentar ser espiritual, bíblico, santo ou vitorioso. Em vez de viver de acordo com esses dez itens, Ele teve um viver totalmente de acordo com a economia neotestamentária de Deus e para ela.
Precisamos ser profundamente impressionados com a questão de uma vida totalmente de acordo com a economia neotestamentária de Deus e para ela. Se estivermos impressionados com esse pensamento e expressão ao ler Marcos, seremos iluminados pelo que está registrado nesse Evangelho.
O Senhor Jesus, como retrata Marcos, era diferente de todos os homens que O antecederam. No Antigo Testamento vemos o viver dos que vieram antes do Senhor. Muitos deles foram homens de cultura, religião, ética e moral. Alguns se importavam com filosofia e outros buscavam o aperfeiçoamento do caráter. Alguns almejavam ser espirituais, bíblicos, santos e vitoriosos. Mas em Marcos vemos um Homem numa categoria totalmente diferente. O Senhor Jesus vive no reino de Deus. Na verdade, Ele mesmo é o reino.
O DESENVOLVIMENTO DO SENHOR COMO SEMENTE DO REINO
Em Marcos 1:1, 14 lemos a respeito do evangelho de Jesus Cristo e do evangelho de Deus. Esse também é o evangelho do reino de Deus. Poucos cristãos perceberam que o reino de Deus é uma pessoa. O reino, por fim, se torna uma pessoa coletiva. A semente do reino é um indivíduo, o Senhor Jesus. Como Semeador, Ele veio plantar-Se como semente do reino em Seus discípulos. Agora essa semente se desenvolve e, assim, torna-se o reino coletivo de Deus. Esse reino na verdade é o Corpo de Cristo. O desenvolvimento do Senhor como semente do reino é Seu Corpo, e Seu Corpo é Seu aumento, Sua expansão.
Esse entendimento do reino de Deus certamente difere do conceito tradicional. Segundo o Novo Testamento, o reino de Deus é o aumento da Pessoa de Cristo. O reino é o desenvolvimento da semente, que é Jesus Cristo. Hoje esse desenvolvimento de Cristo é a igreja. Portanto a igreja como Corpo de Cristo é o reino de Deus.
O DISPENSAR DO DEUS TRIÚNO
Como a Semente do reino de Deus, o Senhor Jesus teve um viver totalmente diferente de um viver de cultura, religião, ética, moral, aperfeiçoamento do caráter, filosofia e esforço para ser espiritual, bíblico, santo e vitorioso. A vida que Ele teve foi de acordo com a economia neotestamentária de Deus. Como vimos, a economia divina é dispensar o próprio Deus Triúno a Seus crentes.
Apenas a vida que o Senhor Jesus teve é a vida na qual o Deus Triúno é dispensado aos Seus escolhidos. Um viver de acordo com cultura, religião, ética e moral não dispensa Deus ao homem. Não importa quão cultural, religioso, ético ou moral você seja, nesse viver não haverá o dispensar do Deus Triúno aos outros. Confúcio, por exemplo, ensinou ética e agia de maneira moral e ética. Contudo em seu viver não havia o dispensar do Deus Triúno às pessoas. O mesmo é verdade com respeito aos que tiveram um viver de filosofia ou aperfeiçoamento do caráter, e até mesmo dos que tentaram ser espirituais, bíblicos, santos e vitoriosos. Louvado seja o Senhor, porque em Sua vida havia o dispensar do Deus Triúno a Seus escolhidos!
A SEMENTE DE VIDA COMO CORPORIFICAÇÃO DO DEUS TRIÚNO
Enfatizamos que o evangelho, que é um novo início, põe fim a todas as coisas antigas. Quando o Senhor Jesus foi batizado, as coisas antigas foram sepultadas. Em Seu viver depois do batismo, que foi de acordo com a economia neotestamentária de Deus, Ele Se plantou como semente de vida em Seus crentes.
A semente plantada pelo Senhor Jesus, semente essa que na verdade era Ele mesmo, é a corporificação do Deus Triúno. Isso quer dizer que Ele é nada menos do que a própria corporificação do Deus Triúno. Isso está provado no Evangelho de João. O Verbo no princípio, o Verbo que era Deus, tornou-Se carne (Jo 1:1, 14). Isso indica que Jesus é o próprio Deus. Por meio da encarnação, Ele se tornou a semente de vida e em Seu ministério plantou-a nos outros. Isso significa que Ele Se semeou em Seus seguidores como corporificação do Deus Triúno.
Se virmos que tal semente foi plantada nos discípulos do Senhor, teremos base adequada para entender o Evangelho de Marcos como retrato da vida totalmente de acordo com a economia neotestamentária de Deus e para ela.
LEITURA BÍBLICA:
Marcos 1:16-20; 4:3, 26; 9:1-8; Efésios 1:4; Marcos 1:9-11; Gálatas 2:20
O Senhor Jesus é a corporificação do Deus Triúno. Como tal, Sua vida foi totalmente de acordo com a economia neotestamentária de Deus e para ela. Ele Se plantou como semente de vida nos discípulos. Essa semente é o Senhor como corporificação do Deus Triúno.
O SENHOR SEMEOU O DEUS TRIÚNO EM SEUS CRENTES COMO SOLO
Enquanto o Senhor Jesus ministrava e vivia de acordo com a economia neotestamentária de Deus, Ele “coletou o solo” no qual iria plantar-Se como semente. Esse solo eram Seus seguidores. O primeiro a ser “coletado” pelo Senhor Jesus foi Pedro. Podemos dizer que o Senhor pôs Pedro no “bolso” e carregou esse “solo” Consigo por onde quer que fosse.
Ao ler o Evangelho de Marcos, precisamos ver que o Senhor tinha um viver de semear o Deus Triúno em Seus crentes como solo. No capítulo um Ele começou a “coletar o solo”. Pedro, o primeiro. a ser chamado por Ele, é nosso representante, que tomava a dianteira tanto nas coisas boas como nas más. Ele foi primeiro em reconhecer que Jesus é o Cristo e também em negá-Lo. Ele até mesmo foi o primeiro em ser crucificado. Em mensagem anterior ressaltamos que, em certo sentido, ele foi crucificado até mesmo antes do Senhor Jesus. Além disso, após a ressurreição do Senhor, o anjo especificamente mencionou seu nome (Mc 16:7). Isso indica que Pedro era conhecido pelos anjos. Ele certamente era nosso representante.
A CONDIÇÃO DO SOLO
O Evangelho de Marcos não apenas retrata o Senhor como o que semeia o Deus Triúno em Seus crentes como solo, mas também descreve a condição do solo. Os casos relatados nesse Evangelho indicam que o solo não estava em condição saudável. Em Marcos temos doze casos, envolvendo treze pessoas. (Um caso envolve duas pessoas, uma mulher e uma menina.) Quatro desses doze casos são de pessoas possuídas por demônios. Isso indica que o “solo coletado” pelo Senhor Jesus estava possuído, ocupado, por demônios.
Você não estava ocupado por algum tipo de “demônio” quando foi salvo? Muitos hoje são possuídos pelo demônio das drogas ou do jogo. Ao considerar a situação atual do mundo, vemos que todos os não-salvos estão ocupados por demônios. Por isso, quando o Senhor Jesus vem para escolher alguém e “coletá-lo” para ser Seu “solo”, a primeira coisa que faz é expulsar o demônio da pessoa. Pela experiência sabemos que, quando fomos chamados pelo Senhor, Ele expulsou os demônios que habitavam em nós.
Os doze casos registrados em Marcos podem ser considerados como a descrição da condição de um indivíduo. Em outras palavras, esses casos são um retrato composto de uma só pessoa. Aos olhos do Senhor Jesus, todo aquele que se torna Seu solo é retratado por esses doze casos. Portanto o caso da sogra de Pedro, acamada e com febre, indica que, espiritualmente falando, todos estamos com febre. Como nossa temperatura espiritual não é normal, é muito fácil ficarmos irados. Não era essa a situação antes de você ter sido salvo? Todos já estivemos enfermos com febre alta. Além disso, éramos leprosos, pessoas impuras e contaminadas, tanto em relação a Deus como ao homem. Também estávamos paralíticos e com a mão ressequida, incapazes de andar diante de Deus e trabalhar para Ele.
CURA GERAL E CURA ESPECÍFICA
Embora essa fosse nossa condição antes de ser salvos, o Senhor Jesus nos curou de maneira geral. A pessoa retratada por esses casos foi curada e não é mais anormal na temperatura, não é mais impura ou paralítica nem tem mais a mão ressequida.
De acordo com a seqüência do Evangelho de Marcos, depois dos casos que retratam a cura geral, temos três curas de órgãos específicos: da audição, da fala e da visão. Antes do capítulo 8, o “solo foi coletado” e os discípulos curados de forma geral. Contudo, espiritualmente falando, ainda não podiam ver, ouvir nem falar. Portanto o Senhor começou a curar os órgãos específicos da visão, audição e fala.
DOIS CASOS DE CEGUEIRA
Em Marcos temos dois casos de cura específica de cegueira. O primeiro é o da cura do cego em Betsaida (Mc 8:22-26). Depois que cuspiu nos olhos dele e impôs as mãos sobre ele, o Senhor lhe perguntou: “Vês alguma coisa?” (v. 23). O homem respondeu: “Vejo os homens, porque como árvores os vejo, andando”. Então novamente o Senhor lhe impôs as mãos nos olhos e ele, “olhando atentamente, ficou restabelecido; e tudo via claramente.” (v. 25).
Logo após a cura do cego em Betsaida, o Senhor Jesus foi com os discípulos para as aldeias de Cesaréia de Filipe e no caminho perguntou-lhes: “Quem dizem os homens que sou Eu?” (Mc 8:27). Eles Lhe responderam: “João Batista; outros: Elias; e outros: Um dos profetas” (v. 28). Então o Senhor lhes perguntou mais: “Mas vós, quem dizeis que Eu sou?” (v. 29). Essa pergunta indica que Ele estava curando o órgão da visão dos discípulos.
O segundo caso de cura de cegueira registrado em Marcos é o do cego Bartimeu (Mc 10:46-52). É significativo que esse caso venha imediatamente depois que o Senhor lidou com o pedido de Tiago e João de sentar-se à Sua direita e esquerda em Sua glória (Mc 10:35-45). O fato de fazerem tal pedido prova que estavam cegos e necessitando da cura específica do Senhor. Os discípulos necessitavam da cura dos órgãos de visão, audição e fala.
CRISTO É SUBSTITUTO DA LEI E DOS PROFETAS
A partir do capítulo 8, o Senhor Jesus passou a ajudar os discípulos a ver Sua Pessoa, com Sua morte todo-inclusiva e ressurreição maravilhosa. Três vezes Ele lhes falou a respeito de Sua morte e ressurreição (Mc 8:31; 9:30-32; 10:33-34).
No monte da transfiguração o Senhor Jesus deu a Pedro, Tiago e João uma demonstração de quem Ele era. “Foi transfigurado diante deles; as Suas vestes tornaram-se resplandecentes, sobremodo brancas, tais como nenhum lavandeiro na terra as poderia alvejar.” (Mc 9:2-3). No monte: “Apareceu-lhes Elias com Moisés, e estavam conversando com Jesus.” (v. 4). Não sabendo o que dizer, Pedro tomou a liderança para dizer: “Rabi, bom é estarmos aqui; façamos três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias.” (v. 5). Isso estava de acordo com o Antigo Testamento. Ele não havia percebido que as coisas do Antigo Testamento tinham sido sepultadas com o Senhor no capítulo um. Do ponto de vista humano, não havia nada de errado com a sugestão de Pedro. Moisés e Elias eram grandes homens. Moisés representava a lei e Elias, os profetas. Contudo, do ponto de vista da economia neotestamentária de Deus, Pedro falou algo sem sentido.
Marcos 9:7 diz: “E veio uma nuvem que os cobriu; e da nuvem saiu uma voz: Este é o Meu Filho amado; a Ele ouvi”. Essa palavra é nossa base para dizer que Cristo é o substituto completo e universal. Ele deve substituir Moisés e Elias, isto é, a lei e os profetas. Ele deve substituir as coisas velhas, que tiveram fim e foram sepultadas no capítulo um. O capítulo nove de Marcos indica que Cristo é o substituto universal.
ESCOLHIDO EM CRISTO E COM ELE BATIZADO
O Senhor Jesus juntou os discípulos como solo no qual plantou o Deus Triúno como semente. Ele curou os órgãos da visão, audição e fala dos discípulos. Então trouxe Consigo esse “solo” quando foi examinado, julgado e crucificado. Ele o fez passar por Sua morte todo-inclusiva e ressurreição maravilhosa.
Precisamos considerar o Evangelho de Marcos do ponto de vista das Epístolas de Paulo. De acordo com Efésios 1:4, Deus nos escolheu em Cristo, antes da fundação do mundo. Isso indica que, na eternidade passada, Ele nos colocou em Cristo, pois nos escolheu Nele. O fato de nos ter escolhido em Cristo indica que já nos tinha colocado Nele. Portanto fomos colocados em Cristo antes da fundação do mundo.
No segundo capítulo de Atos, o poder do alto veio sobre os discípulos. Como resultado, eles se tornaram o aumento, desenvolvimento, expansão e continuação do Senhor Jesus. Ele os havia conduzido a passar por Sua morte e ressurreição, e Se tinha produzido neles. Como resultado, eles foram substituídos pelo Senhor e saturados Dele. Dessa maneira tornaram-se Seu aumento e continuação.
Que vida tinham os cento e vinte no livro de Atos? Uma vida totalmente de acordo com a economia neotestamentária de Deus. Eles não tiveram uma vida de cultura nem de religião; nem de ética, moral, filosofia ou aperfeiçoamento do caráter. Assim como o Senhor Jesus teve uma vida absolutamente de acordo com a economia neotestamentária de Deus e para ela, também os cento e vinte em Atos viveram da mesma forma.
Em Atos 21 e no livro de Tiago, contudo, vemos um contraste com a vida que é totalmente de acordo com a economia neotestamentária de Deus e para ela. Em Atos 21 Tiago era uma distração para a vida que é totalmente de acordo com a economia de Deus e para ela. Em Tiago vemos uma vida que é apenas parcialmente de acordo com tal economia. Na pessoa de Tiago vemos principalmente uma vida que é de acordo com o Antigo Testamento, uma vida de acordo com a religião e a ética.
O QUE DEUS DESEJA HOJE
Não é nosso encargo nestas mensagens estudar as Escrituras de forma doutrinária, mas apresentar o que Deus deseja hoje. Deus quer que sejamos saturados por Ele e Dele a fim de que tenhamos um viver do dispensar divino. Assim semearemos essa vida nos outros para haver mais dispensar do Deus Triúno. Com respeito a isso, todos precisamos de uma revolução em nosso conceito e viver, a fim de ser introduzidos numa vida que é de acordo com a economia neotestamentária de Deus.
LEITURA BÍBLICA:
Marcos 1:14-18; 4:26; 9:1-8; 10:23-25; Romanos 14:17
OS ANTECEDENTES E A LOCALIZAÇÃO DO MINISTÉRIO DO SENHOR
Em nossa leitura do Evangelho de Marcos, é-nos útil ter um entendimento da situação quando o Senhor Jesus esteve na terra. A cultura humana já existia por mais de quatro mil anos. Um aspecto dessa cultura era a religião dos judeus, uma religião forte e típica, formada de acordo com a palavra de Deus. Quando o Senhor esteve na terra, os judeus devotos estavam muito agarrados a essa religião.
Tendo isso como pano de fundo, o Senhor Jesus saiu em Seu ministério para plantar-Se como semente nos escolhidos de Deus. Na verdade, Ele viveu e ministrou no centro da população mundial. Geográfica e culturalmente, a nação judaica era o centro da terra habitada. Foi ali que Ele veio para Se semear.
Alguma vez você já percebeu que o Senhor Jesus veio ao centro da terra habitada para plantar-Se como semente em Seus escolhidos? Não conheço nenhuma publicação cristã que fale disso. Se você perguntasse aos cristãos o que o Senhor veio fazer, alguns talvez dissessem que Ele veio salvar pecadores ou morrer para nossa salvação. Naturalmente, o Novo Testamento diz que Jesus Cristo veio salvar pecadores (1 Tm 1:15). Contudo no Evangelho de Marcos vemos que Ele veio para pregar o evangelho do reino de Deus (Mc 1:14).
O EVANGELHO DO REINO DE DEUS
A frase “o evangelho de Deus” não significa simplesmente que o evangelho pertence a Ele. A idéia principal é que o evangelho é algo do próprio Deus. No Novo Testamento, expressões como a vida de Deus, o amor de Deus e a justiça de Deus significam que vida, amor e justiça, na verdade, são o próprio Deus. No mesmo princípio, a expressão o evangelho de Deus indica que o evangelho é o próprio Deus. Portanto pregar o evangelho de Deus, na realidade, significa pregar Deus.
O evangelho pregado pelo Senhor Jesus era o evangelho do reino de Deus. O que é o reino de Deus? É o próprio Deus. Então o que é o evangelho do reino de Deus? Podemos responder essa pergunta dizendo que o evangelho é o reino, e o reino é Deus. a evangelho, o reino e Deus não são separados; pelo contrário, são um.
É de vital importância ver que o evangelho, o reino e Deus são um. O evangelho é Deus, e Deus é o reino. Da mesma forma, o evangelho é o reino, e o reino é Deus. Portanto, de acordo com o Novo Testamento, o evangelho do reino de Deus na verdade se refere ao próprio Deus. Aqui temos Deus como reino e o reino como evangelho. Que devemos pregar hoje? Devemos pregar Deus como reino, e o reino de Deus como evangelho.
Não devemos pensar que além do reino de Deus haja algo chamado evangelho. Não, o evangelho é o reino de Deus. Nem devemos pensar que além de Deus exista algo chamado reino. Não, o reino, na verdade, é o próprio Deus. Portanto o Senhor Jesus veio pregar o evangelho de Deus, que é o evangelho do reino de Deus. Agora precisamos ainda considerar como Ele pregava o evangelho do reino de Deus.
A NECESSIDADE DE ENTENDIMENTO ESPIRITUAL
A essa altura eu gostaria de dizer, a título de lembrança, que quando lemos a Bíblia não devemos entendê-la de forma natural. Não devemos entender nenhuma palavra das Escrituras de modo natural. O problema entre os cristãos é que, na maioria dos casos, eles lêem a Bíblia de acordo com seu entendimento natural. Nossa necessidade é de entendimento espiritual. Foi essa a razão de Paulo dizer em Colossenses 1:9 que ele orava pelos santos para que eles transbordassem “de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual”. Por isso também orou: “Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento Dele” (Ef 1:17). Paulo sabia que nessa Epístola seriam revelados mistérios espirituais e teria de usar a linguagem humana. Ele estava preocupado que os leitores pudessem entender seus escritos apenas de forma natural, de acordo com as letras pretas no papel branco. Por isso orou a fim de que o Pai nos concedesse espírito de sabedoria e revelação. Essa oração nos mostra claramente que não devemos tentar entender a Bíblia apenas de acordo com nosso entendimento natural.
Sem dúvida, uma vez que a Bíblia é algo escrito, precisamos de entendimento adequado das palavras. Contudo a interpretação do que está escrito não deve ser de acordo com nosso entendimento natural; antes, deve ser de acordo com a sabedoria e revelação espiritual. Em especial, precisamos de entendimento espiritual para ver como o Senhor Jesus pregava o evangelho.
A MANEIRA DE O SENHOR PREGAR O EVANGELHO
Marcos 1:14 nos diz que Jesus foi à Galiléia pregando o evangelho de Deus. Segundo o versículo 15, Ele disse: “O tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho”. A palavra do Senhor Jesus aqui é breve. Não há registro nesse capítulo de uma grande mensagem dada por Ele. Quando foi à Galiléia pregar o evangelho, Ele não disse: “Vocês todos têm de perceber que são pecadores. Vocês se tornaram caídos em Adão. Agora precisam arrepender-se e crer em Mim, pois sou Aquele que veio morrer pelos seus pecados. Se não se arrependerem e crerem, irão para o inferno”. Em Marcos não há tal mensagem dada pelo Senhor.
Apenas um capítulo de Marcos é dedicado à pregação do Senhor, e é o capítulo 4, que contém Sua única mensagem registrada nesse Evangelho. Ele não deu nenhuma mensagem do capítulo 1 ao 3 nem do cinco ao dezesseis. Sua única mensagem registrada em Marcos não foi pregada aos pecadores. Tomando um barco como Seu Santo dos Santos, Ele pregou o evangelho aos discípulos.
PLANTOU-SE COMO SEMENTE
Qual é o ponto central da mensagem do Senhor Jesus em Marcos 4? A idéia central é que o Senhor é o Semeador e também a semente, e Ele Se planta em nós. Ele iniciou a pregação no capítulo quatro com essas palavras: “Eis que o semeador saiu a semear”. Mais tarde, em 4:26, disse: “O reino de Deus é assim como se um homem lançasse a semente à terra”. Aqui temos o Senhor como Semeador plantando-Se como semente nos escolhidos de Deus.
Alguns podem perguntar por que dizemos que o Senhor Jesus veio semear-Se nas pessoas. Talvez indaguem por que não dizemos que Jesus veio pregar o evangelho. O motivo de enfatizar o semear do Senhor é que o entendimento adequado da pregação do evangelho foi danificado. Sim, o Novo Testamento diz que o Senhor veio pregar o evangelho. Contudo Ele não o pregou de acordo com nosso entendimento de como o evangelho deve ser pregado. Pelo contrário, em Marcos 4 vemos que o Senhor pregou o evangelho plantando-Se como semente nas pessoas.
Em Marcos 1 é-nos dito que o Senhor Jesus foi à Galiléia pregando o evangelho de Deus. Mas como Ele pregava e qual evangelho que Ele pregava? Não devemos entender o evangelho nem a pregação do evangelho de forma natural. A esse respeito, muitos cristãos estão cobertos por um espesso véu de tradição. Presumem que sabem o que significa pregar o evangelho de acordo com o Novo Testamento. Como vimos, o capítulo quatro de Marcos revela que pregar o evangelho é plantar a semente. Como já ressaltamos em mensagens anteriores, a semente plantada em Marcos 4 é a semente do reino.
Se quisermos ter entendimento adequado do evangelho e da pregação do evangelho, precisamos considerar o que está revelado no evangelho de Marcos. Primeiro, em Marcos 1:14 vemos que o Senhor pregou o evangelho de Deus. No versículo 15 Ele falou do reino de Deus e do evangelho. Em Marcos não há outra menção do reino até o capítulo quatro. Vimos que Marcos 4:26 diz: “O reino de Deus é assim como se um homem lançasse a semente à terra”. Portanto ali vemos o que é o reino de Deus e também o que significa pregar o evangelho. De acordo com esse capítulo, pregar é semear.
O REINO DE DEUS ESTÁ PRÓXIMO
Marcos 1:14-15 indica que o reino de Deus é o evangelho de Deus. No versículo 14 o Senhor Jesus pregou o evangelho de Deus. No versículo 15 Ele disse: “O tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho”. Assim, o evangelho que Ele pregava era o reino de Deus que estava próximo, e o reino de Deus que estava próximo era o evangelho. Além disso, arrepender-se e crer no evangelho é, na verdade, arrepender -se e crer no reino de Deus. Portanto é correto dizer que o reino de Deus é o evangelho.
Já ressaltamos bastante que de acordo com Marcos pregar o evangelho é plantar a semente. Marcos 1:15 diz que o reino de Deus está próximo. Mas como o reino de Deus se aproxima? Aproxima-se pela semeadura. Sem o semear, o reino de Deus não se aproxima. O reino de Deus aproximou-se quando Jesus semeou, e Seu semear era Sua pregação.
Pregar Semeando:
Duvido que muitos evangelistas percebam que sua pregação do evangelho deveria ser um semear. Pregar o evangelho é semear Jesus Cristo como semente no coração humano.
Em Marcos 1 temos pregação e em Marcos 4 temos semeadura. A semeadura no capítulo 4 eqüivale à pregação no capítulo 1. Semear é pregar e pregar é semear. Além disso, o reino de Deus no capítulo 4 eqüivale ao evangelho de Deus no capítulo 1. Isso significa que pregar o evangelho de Deus é semear a semente do reino de Deus.
O DESENVOLVIMENTO DA SEMENTE DO REINO
O Senhor Jesus não apenas pregou o evangelho semeando, mas Ele também é a semente plantada. Isso significa que Ele mesmo é a semente do reino. Depois de semeada em nós, ela se desenvolve tornando-se um reino. Se lermos todo o capítulo 4 de Marcos com cuidado, veremos que a semente do reino é Jesus e seu desenvolvimento no conjunto dos crentes é o reino. De acordo com as Epístolas de Paulo, esse conjunto é a igreja.
A palavra de Paulo em Romanos 14:17 indica que o reino de Deus é a igreja: “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo”. Se lermos atentamente os capítulos 12 ao 14 de Romanos, veremos que o reino de Deus ali é, na verdade, a vida da igreja. No capítulo catorze Paulo fala de acolher os santos, algo relacionado com a vida da igreja. Isso indica que a vida da igreja hoje é o reino de Deus. Esse reino é o desenvolvimento do Senhor Jesus nos crentes como semente do reino.
O TRIGO E AS ERVAS DANINHAS
Devido à influência da cultura e religião do judaísmo naqueles dias, muitos se importavam com religião, ética, moral e aperfeiçoamento de caráter. De repente, apareceu um Semeador que saiu a semear-Se nos escolhidos de Deus. Quando estava para iniciar Seu ministério de semear, a primeira coisa que fez foi batizar-se. Quando foi batizado, as coisas da cultura e da religião foram sepultadas com Ele. Isso quer dizer que o Senhor pôs fim à cultura e religião. Depois que saiu das águas do batismo, Ele começou a semear-Se no povo de Deus.
O Senhor Jesus plantou-Se como semente no “solo” dos povos escolhido de Deus. A intenção do Senhor era que Ele, como verdadeiro trigo, crescesse nesse solo. Podemos dizer que as coisas da cultura e religião são “ervas daninhas” que também crescem no solo. Alguma vez você já pensou na religião como erva daninha, como algo que cresce para competir com Cristo, que é o trigo? Cultura, religião, ética, moral, filosofia, aperfeiçoamento de caráter são ervas daninhas que competem com o trigo.
Talvez sejamos cristãos há anos, no entanto podemos ainda não ter clareza a respeito de nossa situação. Precisamos ver que muitas coisas além de Cristo, que é o trigo, ainda crescem em nós. São todas ervas daninhas, substitutos de Cristo, e precisam ser arrancadas pela raiz, inclusive os dez itens mencionados nas mensagens anteriores: cultura, religião, ética, moral, filosofia humana, aperfeiçoamento de caráter e o esforço para ser espiritual, bíblico, santo e vitorioso. Não devemos permitir que essas coisas substituam Cristo; pelo contrário, Ele deve substituí-las. Como já enfatizamos, Ele é o substituto completo e universal. Contudo, em nosso viver, esses dez itens podem tornar-se substitutos de Cristo em nós.
O PROPÓSITO DE DEUS E NOSSO DESFRUTE
Nesta mensagem vimos que as coisas da cultura e da religião tiveram fim quando o Senhor Jesus foi batizado. Também vimos que em Seu ministério Ele Se semeou no povo de Deus para o desenvolvimento do reino de Deus. Esse reino cumpre o propósito eterno de Deus, que é edificar a igreja para a expressão eterna do Deus Triúno (Pai, Filho e Espírito Santo). O reino de Deus também visa a nosso desfrute. Por isso, o reino de Deus cumpre o propósito divino e também nos satisfaz com o desfrute divino. De acordo com Marcos, o Senhor Jesus foi ao centro da terra habitada a fim de semear-Se nos escolhidos de Deus para desenvolver-se tornando-se um reino, com vistas ao propósito de Deus e nosso desfrute.
Jesus é o Senhor!