Evangelho de Marcos | Estudo 18
LEITURA BÍBLICA:
Marcos 1:14-18; 4:26; 9:1-8; 10:23-25; Romanos 14:17
Consideramos os antecedentes do ministério do Senhor no Evangelho de Marcos. Vimos que em Seu batismo Ele pôs fim às coisas da religião e cultura. Então em Seu ministério Ele Se plantou como semente do reino nos escolhidos de Deus. Essa semente se desenvolve até tornar-se o reino de Deus. Por um lado o reino de Deus visa ao cumprimento do propósito eterno de Deus; por outro, visa ao nosso desfrute. Vamos agora prosseguir, vendo como os escolhidos de Deus são o “solo” no qual Cristo, como semente do reino, é semeado para se desenvolver até tornar-se o reino de Deus.
SOLO PARA CRISTO CRESCER ATÉ TORNAR-SE O REINO DE DEUS
Os escolhidos de Deus são o solo para Cristo ser cultivado até tornar-se o reino de Deus. Contudo o povo de Deus caiu. De acordo com o quadro retratado pelos casos registrados em Marcos, eles. estavam enfermos, contaminados, paralíticos, com a mão ressequida, corrompidos, surdos, mudos, cegos e até mortos espiritualmente.
O povo de Deus fora destinado por Ele para ser o solo no qual Cristo seria plantado como semente e cresceria para o desenvolvimento do reino de Deus. Mas esse “solo” ficou enfermo, contaminado, paralítico e com a mão ressequida; estava corrompido, cego, surdo, mudo e até possuído por demônio. Antes de ser salvos todos éramos esse tipo de solo.
No capítulo 1 de Marcos o Senhor Jesus começou a “coletar o solo”. Em Marcos 1:14-15 é-nos dito que Jesus veio à Galiléia pregando o evangelho de Deus, dizendo: “O tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho”. Logo depois disso temos o registro do Senhor chamando quatro discípulos: Simão, André, Tiago e João (Mc 1:16-20). Na mensagem anterior ressaltamos que Ele pregou o evangelho semeando-Se nas pessoas. Em Marcos 1:16-20 vemos quatro dos que o Senhor reuniu para ser o solo no qual Se semearia como semente do reino.
SEGUIR O SENHOR
Quando o Senhor reuniu os discípulos em Marcos 1:16-20, que Ele queria que fizessem? O versículo dezesseis nos diz que Simão e André “lançavam rede ao mar, porque eram pescadores”. Disse-lhes Jesus: “Vinde após Mim, e Eu farei com que vos tom eis pescadores de homens. E eles, deixando imediatamente as redes, O seguiram.” (v. 17-18). Passando um pouco adiante, viu Tiago e João num barco, consertando as redes. Ele os chamou e, “deixando eles no barco a seu pai Zebedeu com os empregados, foram após Ele.” (v. 20). Aqui vemos que esses quatro discípulos deixaram as redes, o barco, o pai e até mesmo o mar. Deixaram tudo para seguir Jesus.
Ao ler os evangelhos, quando jovem, eu me perguntava o que queria dizer seguir Jesus. Fiquei muito impressionado com as palavras do Senhor: “Segue-Me”. Mais tarde ensinaram-me que seguir Jesus significa fazer o que Ele fez. Por exemplo, Ele amava as pessoas, e nós também devemos amar os outros. Ele era gentil e bondoso, nós também devemos sê-lo. No início concordei com essa interpretação, mas por fim descobri que seguir Jesus dessa forma pode ser comparado a ensinar um macaco a se comportar como homem. O macaco pode aprender a sentar, ficar em pé e andar como homem. Mas isso não passa de imitação. Contudo muitos cristãos tentam seguir Cristo imitando-O. Essa interpretação de seguir Jesus está equivocada e devemos repudiá-la. Mas ainda ficamos com a pergunta do que significa seguir o Senhor Jesus.
Já enfatizamos que quando o Senhor chamou os discípulos, Ele os juntou como “solo” no qual Ele iria plantar-Se como semente. Assim podemos dizer que seguir a Jesus é ser colocado em Seu “bolso” com o objetivo de Ele Se semear em nós.
A CURA DO SOLO
Escolhidos por Deus:
Vimos que em Marcos o Senhor Jesus “coletou o solo” e o pôs no bolso, a fim de semear-Se nele. Mas de acordo com os casos registrados em Marcos esse “solo” estava em condição lamentável. Como é que o Senhor poderia usar um solo enfermo, contaminado e corrompido? Alguns podem pensar que Ele deveria jogar fora esse solo inútil. Mas Ele não pode lançar fora os que foram escolhidos por Deus e predestinados antes da fundação do mundo. Num sentido bem real, Ele não tinha escolha. Os discípulos haviam sido marcados, predestinados; como Ele poderia rejeitá-los? O Pai os havia escolhido antes da fundação do mundo e o Senhor Jesus viera para fazer a vontade de Deus Pai. Assim sendo, Ele não podia lançar fora os discípulos, mesmo que como solo estivessem numa condição tão lamentável. Que é então que o Senhor podia fazer com o solo? Como Marcos indica, era-Lhe necessário curá-la e transformá-la em solo bom.
Mediante a Morte e Ressurreição:
Vimos que de acordo com Marcos o solo estava numa condição lamentável. Como curá-la? A maneira adequada de curar o solo é fazê-la passar pelo processo de morte e ressurreição. Em princípio essa é a maneira como a cura acontece em nosso corpo. Agradecemos ao Senhor por ter ordenado tal princípio ao criar o corpo humano. Se não fosse assim, uma vez que alguém ficasse doente, não teria como recuperar-se. Contudo no corpo há o princípio da morte e ressurreição, o princípio de morrer e expelir o que está velho e o aparecimento de algo novo. As doenças no corpo humano são curadas mediante esse princípio básico de vida, no qual as coisas velhas morrem e as coisas novas são produzidas.
Se entendermos esse princípio, veremos como o Senhor Jesus cura o solo no qual Ele Se semeia como semente do reino. O solo humano que havia sido escolhido por Deus foi contaminado e tornou-se inútil. Mas, como Deus Pai havia escolhido esse solo, o Senhor Jesus não podia lançá-la fora. Esse solo tinha até sido predestinado e marcado pelo Pai. O Senhor devia ter alguma maneira de curá-lo.
Como vimos, seguir o Senhor é ser colocado em Seu “bolso”. Mas como o Senhor cura o solo em Seu bolso? O Senhor o cura levando-o à cruz, fazendo-o morrer e então introduzindo-o na ressurreição. Na morte do Senhor nós fomos extintos, isto é, morremos. Então em Sua ressurreição ressuscitamos. Assim morremos na morte do Senhor e ressuscitamos em Sua ressurreição. Eis o modo de o solo ser curado.
No capítulo 1 de Marcos, o Senhor Jesus chamou Pedro, André, Tiago e João, e eles começaram a segui-Lo. Na verdade eles seguiram o Senhor cegamente, não sabendo aonde iam nem o que faziam. O fato de Pedro ter cometido muitos equívocos indica que ele não sabia o que estava acontecendo. O Senhor Jesus, contudo, sabia o que queria fazer com eles.
Após “coletar" os discípulos como “solo”, o Senhor Jesus se apresentou a eles como padrão. Por mais de três anos Pedro e os outros observaram o que o Senhor dizia e fazia. Por fim Ele levou os discípulos e todos os escolhidos de Deus à cruz. Depois de tê-las feito passar pela morte e ressurreição, eles foram curados. É por isso que dizemos que, na morte e ressurreição de Cristo, Seus seguidores, como solo escolhido por Deus, foram curados. Todas as curas no Evangelho de Marcos são sinais, apontando para essa verdadeira cura que acontece mediante a morte e ressurreição de Cristo.
Os Discípulos Tornaram-se Boa Terra:
Quando chegamos ao capítulo 1 de Atos, vemos que Pedro, André, João e Tiago, com o restante dos cento e vinte, não estavam mais enfermos. Já não estavam enfermos com febre, contaminados, paralíticos, com a mão ressequida, cegos, surdos ou mudos. Todos foram curados por meio da morte e ressurreição do Senhor.
Na mensagem anterior e nesta abordamos quatro questões: os antecedentes do ministério do Senhor, o Senhor como o Semeador plantando-Se como semente, os discípulos como solo escolhido por Deus e a cura do solo. Como resultado da cura por meio da morte e ressurreição de Cristo, os escolhidos de Deus foram restaurados e tornaram-se boa terra. Tornaram-se a “boa terra” mencionada em Marcos 4:8, 20.
A COMPLETAÇÃO DA SEMEADURA DO SENHOR
Por meio de Sua morte e ressurreição, o Senhor Jesus não apenas curou o solo como também liberou a vida de Deus e a infundiu no solo. Mediante Sua morte, a vida divina Nele foi liberada e, mediante Sua ressurreição, essa vida foi infundida no solo. Portanto a morte e ressurreição do Senhor foram a completação da semeadura de Si mesmo como semente nos discípulos.
Essa semeadura começou no capítulo 1 de Marcos e continuou até que foi completada no capítulo 16. Capítulo após capítulo, o Senhor Jesus Se semeou nos discípulos. Isso está claramente revelado no capítulo 4, onde vemos que, como Semeador, Ele veio plantar a semente do reino. Quando Ele ressuscitou, essa semeadura foi completada. Os discípulos então se tornaram outra tipo de solo, o solo bom, e começaram a cultivar Cristo. Nos primeiros capítulos de Atos vemos que eles eram bom solo a produzir Cristo.
O REAPARECIMENTO DAS ERVAS DANINHAS
Contudo o fato de os discípulos se terem tornado solo bom e começado a cultivar Cristo não significa que as “ervas daninhas” não pudessem mais crescer neles. Em Gálatas 2 vemos que certas ervas daninhas voltaram a crescer em Pedro. A razão pela qual elas voltaram foi que Pedro ainda estava debaixo da influência da velha religião.
Na verdade as ervas daninhas tentaram crescer em Pedro em Atos 10. Segundo esse capítulo, Pedro teve uma visão celestial, relacionada com o plantio da semente nos gentios. Deus queria usar Pedro para plantar a semente do reino em outro solo, em solo gentio. Primeiro ele se recusou a obedecer à visão. Essa recusa indica que algo diferente de trigo crescia em Pedro. As coisas da velha religião, as ervas daninhas, cresciam nele.
No capítulo 21 de Atos, vemos que Pedro estava debaixo da influência de Tiago. Quando consideramos Atos 21 junto com Gálatas 2, vemos que muitas ervas daninhas cresciam em Pedro.
Precisamos perguntar-nos quantas ervas daninhas crescem em nós. Que queremos dizer com ervas daninhas? É algo diferente de Cristo crescendo em nós para substituí-Lo. Em nossa experiência elas podem incluir cultura, religião, ética, moral, filosofia, aperfeiçoamento de caráter e o esforço para ser espiritual, bíblico, santo e vitorioso.
Muitos irmãos que já estão sob esse ministério por anos ainda estão debaixo da influência de seus antecedentes culturais e religiosos. Devido a essa influência, a visão da economia neotestamentária de Deus não está clara para eles. Essa influência e falta de clareza atrasam a volta do Senhor porque impedem o desenvolvimento do reino em nós.
NOSSA NECESSIDADE DE TER CLAREZA COM RESPEITO AO REINO DE DEUS
A essa altura, devemos novamente fazer esta pergunta: O que é o reino de Deus? Contrariamente ao entendimento tradicional, o reino não é apenas uma esfera onde Deus governa as pessoas e onde entramos para desfrutar a vida eterna. Muitos cristãos não têm entendimento adequado nem do que é vida eterna. Pensam que é alguma bênção eterna. Precisamos ter clareza, a partir do Novo Testamento, com respeito ao reino de Deus. No Novo Testamento o reino de Deus não é uma esfera física, na qual Deus exerce autoridade para levar a cabo Sua administração governamental, a fim de que entremos nessa esfera para desfrutar uma bênção eterna. Esse não é o conceito do reino no Novo Testamento, e devemos abandoná-lo. O que é revelado no Novo Testamento com respeito ao reino de Deus é que o reino é uma Pessoa, e não uma esfera física. Essa Pessoa, o Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, é a corporificação do Deus Triúno. Ele veio ser o reino. Marcos 4 diz que o reino é como um semeador a plantar a semente. Tanto o Semeador como a semente são o próprio Senhor. Ele veio semear-Se como semente do reino nos escolhidos de Deus. Em Seu ministério, Ele não semeou outra coisa a não ser Ele mesmo como semente do reino.
Consideramos quatro questões importantes: os antecedentes do ministério do Senhor, o Senhor como Semeador plantando-Se no povo de Deus, a condição dos discípulos como “solo” e a cura desse solo pelo Senhor mediante Sua morte e ressurreição. Vimos que por meio dessa cura os cento e vinte se tornaram boa terra para a semeadura do Senhor. Contudo vimos que em Atos 10 e 21 e em Gálatas 2 há fortes indícios de que as “ervas daninhas”, coisas que substituem Cristo, tinham começado a crescer novamente.
Concluímos a mensagem anterior com uma palavra a respeito do reino de Deus. Enfatizamos que, de acordo com o Novo Testamento, o reino de Deus é uma Pessoa, o Senhor Jesus Cristo, semeado em nós a fim de se desenvolver. Em Seu ministério, o Senhor veio para plantar-Se como a semente do reino nos escolhidos de Deus, a fim de que essa semente se desenvolva a ponto de se tornar o reino de Deus.
O REINO COMO TRANSFIGURAÇÃO DE JESUS
Quando juntamos esses versículos, vemos que a transfiguração do Senhor Jesus foi a vinda do reino. Isso prova que o reino não é uma esfera física. Esses versículos indicam que o reino é uma Pessoa transfigurada. A transfiguração do Senhor Jesus foi a vinda do reino. Que, então, é o reino de Deus? É o próprio Senhor Jesus transfigurado.
A EXPERIÊNCIA DO SENHOR A FLORESCER EM NÓS
Precisamos considerar esse entendimento do reino como a transfiguração do Senhor Jesus à luz de nossa experiência. Quando você creu no Senhor e O recebeu, recebeu um Jesus que ainda não havia sido transfigurado. Assim como a semente recebida pelo solo ainda não foi transfigurada, também em nossa experiência o Cristo que recebemos ainda não foi transfigurado. A transfiguração da semente requer que ela cresça para se tornar planta madura e também requer que essa planta floresça. Portanto podemos dizer que a transfiguração da semente requer crescimento e florescimento. De forma similar, o Senhor Jesus que recebemos necessita crescer em nós até florescer de nosso interior.
Somos o solo e o Senhor Jesus é a semente do reino. Quando O recebemos em nós, nós O recebemos como Aquele que, em nossa experiência, ainda não foi transfigurado. Você recebeu o Senhor e Ele está agora em você? Todos podemos testificar categoricamente que O recebemos e Ele está em nós. Mas Ele já foi transfigurado em você? Se o Senhor que está em você ainda não foi transfigurado, os outros não poderão ver o reino de Deus em você. Como ainda não experimentamos essa transfiguração, precisamos que Ele cresça em nós até que floresça. Esse florescer será a transfiguração do Senhor Jesus em nós de forma prática. Essa transfiguração é o reino de Deus.
Desfrute e Governo:
A transfiguração do Senhor Jesus em nós se torna não apenas o nosso desfrute, mas também o governo de Deus. Quando Ele é transfigurado em nós de forma prática no viver diário, essa transfiguração se torna o reino de Deus governando tudo em nossa vida. Esse reino nos governa e também nos dá o pleno desfrute de Deus.
Crescimento e Transfiguração:
Durante anos conheci a história da transfiguração do Senhor sem perceber que ela deve ser experimental e prática em nosso viver diário. Todos O temos, mas Ele ainda não foi transfigurado em nós. Assim precisamos que Ele cresça em nós até se desenvolver pela transfiguração, tornando-se a expressão do reino de Deus em nossa experiência.
A Semente Transfigurada:
Em Marcos 1:15 o Senhor Jesus disse: “O tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo”. Então na parábola da semente Ele disse: “O reino de Deus é assim como se um homem lançasse a semente à terra.” (Mc 4:26). Mais tarde, em Marcos 9:1, Ele disse aos discípulos que havia alguns que ali se encontravam que de maneira nenhuma provariam a morte até que vissem chegar o reino de Deus com poder. Logo após falar isso, Ele foi transfigurado num alto monte diante de Pedro, Tiago e João. Sua transfiguração foi a vinda do reino de Deus com poder. Eis um claro indício de que o reino de Deus é, na verdade, a transfiguração do Senhor Jesus.
No capítulo 4 de Marcos temos a semente do reino. No nove, essa semente é transfigurada, e essa transfiguração é a vinda do reino de Deus.
Você sabe por que, entre muitos cristãos autênticos, há a falta do reino de Deus hoje? O motivo é que há a falta da transfiguração de Cristo. O Cristo que vive em tantos crentes ainda é uma semente, ainda não foi transfigurado. Essa também pode ser nossa situação. Sim, temos o Senhor a viver em nós, mas talvez ainda não Lhe tenhamos dado oportunidade de se transfigurar em nós. Assim talvez em nós haja apenas a semente do reino, e não sua aparência.
O Aparecimento do Reino:
No dia da transfiguração do Senhor no alto do monte houve o aparecimento, a vinda, do reino. A partir disso podemos ver que, para ter o aparecimento do reino de nosso interior, precisamos ter a experiência de o Senhor ser transfigurado em nós.
Produzir a Vida da Igreja:
Marcos 9:1-3 prova que o reino de Deus não é uma esfera material. Já enfatizamos que o reino de Deus é a transfiguração da Pessoa do Senhor Jesus. Hoje essa transfiguração produz a vida da igreja, que é o reino de Deus.
Esse entendimento da igreja como reino de Deus corresponde à palavra de Paulo em Romanos 14:17: “O reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo”. De acordo com o contexto, o reino de Deus nesse versículo se refere à vida da igreja.
VIVER A VIDA DIVINA PARA O REINO DE DEUS
Todos precisamos ver que o plano eterno de Deus, que é Sua economia neotestamentária, é dispensar-Se, como Deus Triúno, a Seus escolhidos. A fim de cumprir Seu plano, Ele se encarnou, tornando-se um homem chamado Jesus. Quando saiu para pregar Ele começou a Se semear nos escolhidos de Deus. Contudo Seus escolhidos, como solo para a semeadura do Senhor, tornou-se caído, danificado e corrompido. Por isso Ele levou esse solo à cruz e o crucificou. Então levou os escolhidos de Deus Consigo, como solo, em Sua ressurreição. Mediante Sua morte e ressurreição, Ele não só curou o solo, como também se tornou o substituto para o povo de Deus. Substituindo-os Consigo mesmo, Ele os fez Sua reprodução, isto é, iguais a Ele.
Quando o Senhor Jesus esteve na terra, Ele viveu uma vida de Deus para o reino de Deus. Ele não viveu uma vida de cultura, religião ou ética. Agora Seus seguidores devem ter o mesmo viver. Isso quer dizer que devem viver a vida de Deus para o desenvolvimento do reino de Deus.
É crucial ver que, como povo de Deus, como os que foram substituídos por Cristo e com Cristo, precisamos ter um viver absolutamente de Deus. Nosso viver não deve provir de algo que não seja o Deus Triúno (Pai, Filho e Espírito Santo).
Dia a dia precisamos colocar essa visão em prática. Isso significa que em vez de viver uma vida de cultura, religião, ética, moral, filosofia, aperfeiçoamento de caráter e esforço para ser espiritual, bíblico, santo e vitorioso; precisamos ter um viver absolutamente de Deus e para o reino de Deus.
Por exemplo, um irmão casado não deve tentar, em si mesmo, amar a esposa. Também não deve esforçar-se em ser padrão de bom marido. Ter esse pensamento é perder o objetivo da economia neotestamentária de Deus. Além disso, é perder a visão da economia divina.
De acordo com a visão da economia divina apresentada no Novo Testamento, como escolhidos de Deus, os que foram substituídos por Cristo e com Cristo, devemos viver exclusivamente a vida de Deus. Isso quer dizer que, se um irmão tem o conceito de tentar ser bom marido, deve abandoná-lo e simplesmente viver a vida de Deus. Ele precisa perceber que foi escolhido por Deus e substituído por Cristo, e não deve, em si mesmo, ser bom marido, mas deve viver a vida de Deus. Ele não foi destinado a viver uma vida de amar a esposa, mas a viver a vida de Deus. Assim ele não deve viver uma vida de cultura, religião ou ética. Em vez de olhar essas coisas, ele deve ver apenas Jesus. Por fim, viverá de forma muito mais elevada que a cultura, religião, ética ou moral. Terá um amor pela esposa muito mais elevado do que o amor humano natural.
Não devemos estar ocupados nem mesmo com coisas boas, tais como ética e aperfeiçoamento de caráter, nem ser impedidos por essas coisas. Em vez disso, devemos estar ocupados, totalmente tomados, com o Deus Triúno. Aquele que teve um viver totalmente de acordo com a economia neotestarnentária de Deus e para ela, Aquele que nos substituiu Consigo mesmo é agora o Espírito a viver por meio de nós. Não devemos permitir que nada que não seja Ele nos encha e ocupe.
RICO EM COISAS DIFERENTES DO DEUS TRIÚNO
O incidente do homem rico em Marcos 10 é uma ilustração da nossa necessidade de estar livres da ocupação do que não é o próprio Deus. Depois que o homem rico retirou-se triste, o Senhor disse aos discípulos: “Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!” (Mc 10:23). Alguns que lêem isso podem dizer: “Deus não é justo. Por que um pobre pode entrar no reino de Deus e um rico não?”. Precisamos ver por que o rico em Marcos 10 não podia entrar no reino de Deus. Ele não podia entrar porque seu ser estava ocupado por coisas diferentes de Deus. Não havia lugar nele para Cristo crescer até ser um reino. Novamente precisamos ver que o reino de Deus não é uma esfera material. O reino de Deus é o Senhor Jesus a crescer e se desenvolver em nós.
Quando alguns lêem a respeito do homem rico em Marcos 10 podem alegrar-se por ser pobres e não ser nem um pouco como ele. Contudo você pode ser bastante rico em coisas que não sejam os bens materiais. Mesmo os jovens entre nós podem ser ricos nos dez itens que são substitutos de Cristo: cultura, religião, ética, moral, filosofia, aperfeiçoamento de caráter e esforço para ser espiritual, bíblico, santo e vitorioso.
Você sabe o que significa ser rico? Significa estar ocupado por algo que não é o Deus Triúno (Pai, Filho e Espírito Santo). Em meus anos de serviço ao Senhor conheci centenas de cristãos ricos em coisas além do Deus Triúno. Eram ricos em itens como conhecimento bíblico, teologia tradicional e esforço para ser espiritual. Visto que eram ricos dessa maneira, não havia espaço para o Senhor crescer neles.
Não estou falando algo nesta mensagem que não tenha primeiro aplicado a mim. Antes de ministrar esta mensagem, eu me perguntei: “Você está ocupado por algo que não seja Cristo? Talvez esteja ocupado por algum conceito que tenha a respeito da Bíblia”. Tenho profunda preocupação de ainda esteja ocupado por certas coisas boas que não são o próprio Cristo.
NOSSA NECESSIDADE DE NOS ESVAZIAR PARA ENTRAR NO REINO DE DEUS POR MEIO DO CRESCIMENTO DE CRISTO EM NOSSO INTERIOR
Todos precisamos ser esvaziados de qualquer coisa diferente de Cristo que nos ocupe. Nosso ser precisa ser “descarregado” para o Senhor Jesus. Precisamos esvaziar-nos. De acordo com a Bíblia, humilhar-se é esvaziar-se. Precisamos esvaziar-nos a fim de que todo o espaço em nós esteja disponível para o crescimento do Senhor em nós.
Esvaziar-nos e dar ao Senhor Jesus todo o espaço em nós é nossa entrada no reino de Deus. Não devemos considerar o reino como uma esfera material na qual entraríamos um dia, depois de satisfeitos certos requisitos. Esse é um conceito tradicional do reino de Deus, e não o ensinamento do Novo Testamento.
Precisamos ser impressionados com o fato de que entrar no reino de Deus é esvaziar-nos, “descarregar-nos” de tudo que não seja Cristo, a fim de que todo o nosso ser esteja disponível para Ele crescer em nós totalmente. Tenho plena convicção de que esse é o entendimento adequado do significado de entrar no reino de Deus. Se hoje você não concorda com essa interpretação, por fim irá concordar que ela está de acordo com a revelação do Novo Testamento.
Entrar no reino de Deus não é entrar numa esfera material fora de nós, e sim cultivar Cristo interiormente. O desenvolvimento do reino em nós é entrar no reino.
Como pode o reino desenvolver-se em nós? Se queremos que isso aconteça, precisamos humilhar-nos, esvaziar-nos, “descarregar-nos”. Não devemos estar ocupados por cultura, religião, ética, moral, filosofia, aperfeiçoamento de caráter ou com esforço para ser espiritual, bíblico, santo e vitorioso. Devemos ocupar-nos apenas com Cristo e Seu crescimento em nós. Todo terreno em nós deve ser deixado disponível para Cristo crescer em nosso ser.
Encorajo você a tomar esse entendimento do reino e ler Mateus 13 e Marcos 4 sob essa luz. Nesses capítulos vemos o Senhor Jesus, como o Semeador, vindo semear-Se em nós como solo. Ele espera que nos esvaziemos, nos “descarreguemos” e Lhe demos base para crescer em nós.
O crescimento de Cristo em nós é nossa entrada no reino. A razão disso é que esse crescimento é o desenvolvimento do reino. Além do mais, ao desenvolver o reino, entramos nele. Assim ele não é uma esfera material, pelo contrário, é questão de Cristo crescer em nosso ser.
Deus nos escolheu em Cristo e O proveu como substituto universal. Agora precisamos cooperar com o Senhor “descarregando-nos”, a fim de que Ele cresça livremente em nosso ser. Se fizermos isso, estaremos no reino. Estaremos na manifestação do reino na era vindoura e na realidade do reino hoje. Essa é uma vida que vive de acordo com a economia neotestamentária de Deus.
Que todos tenhamos tal visão da economia de Deus! Se tivermos a visão de uma vida totalmente de acordo com a economia divina e para ela, toda a nossa vida cristã será revolucionada.
RICO DESENVOLVIMENTO PARA RICA ENTRADA
Em 2 Pedro 1:3-11 temos outro indício de que o desenvolvimento do reino em nosso interior é, na verdade, nossa entrada no reino. Nos versículos 3 e 4 Pedro fala que o divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, e que nos tornamos participantes da natureza divina. Então nos versículos 5 a 11 temos o desenvolvimento, pelo crescimento em vida, até a rica entrada no reino eterno. Nos versículos 5 a 7 Pedro diz: “Por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento; com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade; com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor”. Aqui vemos o desenvolvimento da vida divina em nós por meio de uma série de passos. Então no versículo 11 ele conclui: “Pois desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”. Esse versículo é confirmação categórica do que dissemos sobre entrar no reino de Deus.
A entrada no reino é o desenvolvimento da vida divina em nós. Se tivermos um rico desenvolvimento dessa vida, esse desenvolvimento se tornará nossa rica entrada no reino de Deus. Em 2 Pedro 1:3-11 vemos como a entrada no reino nos é suprida rica e amplamente. Gostaríamos de enfatizar que essa entrada é suprida pelo desenvolvimento da vida divina em nós. Aparentemente somos nós que entramos no reino de Deus. Na verdade a entrada no reino nos é suprida pelo Senhor por meio de nosso crescimento em Sua vida e do desenvolvimento dessa vida em nós.
Leitura Bíblica:
João 16:12-15; 20:22; Atos 1:5, 8; 2:1-4, 17-18; 4:8, 31; 9:17; 13:9, 52; 6:3, 5; 7:55; 11:24; 8:29, 39; 16:6-7; Romanos 8:2, 9-11; 1 Coríntios 15:45; 2 Coríntios 3:17-18; Filipenses 1:19-21; 3:7-10
No Evangelho de Marcos vemos o Senhor Jesus como Aquele que teve um viver de acordo com a economia neotestamentária de Deus. Ele é tanto o Semeador como a semente. Ele Se plantou como semente nos discípulos. O Senhor “coletou” os discípulos, os escolhidos de Deus, como Seu “solo” no qual semeou-Se a fim de crescer neles, e eles, Nele. O Senhor também os levou Consigo para a cruz e pôs fim a eles. Depois disso, Ele os introduziu em Sua ressurreição. Tendo visto tudo isso nas mensagens anteriores, vamos agora prosseguir e ver como eles são a continuação do Senhor.
Marcos termina com a ascensão do Senhor. Que o Senhor Jesus faz agora que ressuscitou e ascendeu? A fim de saber isso, necessitamos do livro de Atos.
DOIS ASPECTOS DO ESPÍRITO SANTO
No capítulo 1 de Atos o Cristo ressurreto ordenou aos discípulos que permanecessem em Jerusalém para o batismo no Espírito Santo: “Porque João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias.” (At 1:5). No versículo oito Ele prosseguiu: “Recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo”. Aqui vemos que o batismo no Espírito Santo é a descida do Espírito sobre os discípulos.
Em Atos 1 o Senhor fala de os discípulos experimentarem o Espírito Santo vindo sobre eles. Mas eles já não tinham recebido o Espírito Santo? De acordo com João 20, ao cair da tarde no dia da ressurreição, o Senhor Jesus apareceu aos discípulos, soprou neles e lhes disse: “Recebei o Espírito Santo.” (Jo 20:22). Nesse versículo o Espírito Santo é comparado ao sopro. O sopro é algo interior, relacionado com a vida em nosso interior. Em João 20:22, portanto, os discípulos receberam o Espírito Santo como sopro para vida.
Quarenta dias após Sua ressurreição, o Senhor lhes ordenou que permanecessem em Jerusalém para que o Espírito Santo descesse sobre eles. Essa descida do Espírito sobre eles visava poder, e não vida. Em João 20 temos o Espírito interiormente para vida; em Atos 1 temos o Espírito exteriormente para poder, para batismo. Quando uma pessoa é batizada, ela não bebe a água; em vez disso, é imersa na água. Semelhantemente, o batismo no Espírito Santo o Espírito vem sobre nós exteriormente para que tenhamos poder.
A palavra do Senhor aos discípulos com respeito ao Espírito Santo no capítulo 1 de Atos foi cumprida no capítulo 2. No dia de Pentecostes, “de repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso” e encheu toda a casa onde estavam assentados. Então todos ficaram cheios do Espírito Santo (At 2:1-4). No dia da ressurreição do Senhor, eles receberam o Espírito Santo como sopro para vida. Então, cinqüenta dias depois, em Pentecostes, o Espírito Santo veio sobre eles como vento impetuoso. Podemos facilmente ver a diferença entre sopro e vento. Sopro é para vida e vento é para poder. Em João 20 e Atos 2 temos dois símbolos do Espírito Santo: o sopro para vida interiormente e o vento para poder exteriormente.
Na Vida e Ministério do Senhor Jesus:
No Senhor Jesus também vemos esses dois aspectos do Espírito. Primeiro, Ele foi concebido do Espírito Santo (Lc 1:35; Mt 1:18, 20). Depois, aos trinta anos, quando saiu para ministrar, o Espírito Santo desceu sobre Ele, e Ele foi batizado no Espírito Santo (Lc 3:21-22). O fato de ter sido concebido do Espírito foi algo do Espírito essencialmente, mas ter sido batizado no Espírito Santo foi a descida do Espírito sobre Ele economicamente. Portanto o Espírito Santo para a concepção do Senhor era essencial e para Seu ministério era econômico.
Como o Senhor Jesus foi concebido do Espírito Santo essencialmente, o Espírito se tornou a essência de Seu ser. Ele tinha a essência divina da concepção do Espírito Santo e também recebeu a essência humana da virgem Maria. Uma vez concebido da essência divina e nascido com a essência humana, Ele nasceu como Homem-Deus. Isso quer dizer que, para Seu ser, como Homem-Deus, Ele tinha duas essências: a divina e a humana. Portanto era tanto Deus como homem, o Deus completo e o homem perfeito. Isso diz respeito a Seu ser, à Sua existência.
Por trinta anos o Senhor Jesus viveu na terra como Homem-Deus. Aos trinta anos começou a ministrar. Para o ministério Ele precisava que o Espírito de Deus descesse sobre Ele, não essencial, mas economicamente. Essa descida do Espírito sobre o Senhor era para a economia de Deus, e não para a existência do Senhor. Para Sua existência Ele necessitava do Espírito Santo essencialmente como Sua essência divina. Mas para levar a cabo a economia de Deus Ele necessitava que o Espírito Santo descesse sobre Ele economicamente.
Na Experiência dos Discípulos:
Os discípulos também receberam o Espírito Santo essencial e economicamente. Eles O receberam essencialmente em João 20:22. Isso visava a existência espiritual deles, seu ser espiritual. Quando receberam o Espírito Santo em João 20, receberam a essência divina. Depois disso ainda precisavam receber o Espírito economicamente a fim de levar a cabo a economia de Deus como a continuação do Senhor Jesus. Os discípulos tinham de levar a cabo a economia de Deus da mesma forma que o Senhor. Visto que o Senhor levou a cabo a economia de Deus por meio do Espírito econômico, os discípulos tinham de fazê-lo. Portanto, depois de receber o Espírito essencialmente, precisavam receber o Espírito economicamente. Eles receberam o Espírito econômico no capítulo 2 de Atos.
Já enfatizamos que em João 20:22 os discípulos receberam o Espírito Santo essencialmente para seu ser e existência espirituais. Em Atos 1, nós os vemos vivendo nesse ser espiritual. Antes de João 20, isto é, antes da morte e ressurreição do Senhor, eles não haviam sido avivados em seu ser espiritual para sua existência espiritual. Em vez disso tinham um ser caído natural e carnal. Mesmo depois que o Senhor lhes revelou Sua morte e ressurreição pela terceira vez (Mc 10:32-34), eles ainda disputavam a respeito de quem seria o maior (Mc 10:35-45). Além disso, Pedro certamente estava em seu ser natural quando negou o Senhor. Mas, após a morte e ressurreição do Senhor, eles receberam o Espírito essencial como fonte do seu ser espiritual. No capítulo 1 de Atos, embora ainda não tivessem recebido o Espírito Santo sobre eles economicamente, já O tinham experimentado essencialmente para sua existência espiritual. Assim em seu ser eles se tornaram espirituais. Eles tinham o Espírito essencial para seu ser espiritual, mas ainda necessitavam que o Espírito Santo descesse sobre eles economicamente. Isso aconteceu no dia de Pentecostes. Em Atos 2 o Espírito estava plenamente consumado para a experiência dos crentes.
Em Nossa Experiência Hoje:
Quando você recebeu o Espírito essencial e economicamente? Alguns podem dizer que O receberam essencialmente quando foram regenerados, e economicamente, algum tempo depois. De acordo com a maneira bíblica de se entender essa questão, nós O recebemos essencial e economicamente há mais de mil e novecentos anos. Todos O recebemos essencialmente em João 20. Então economicamente os crentes judeus O receberam em Atos 2 e os crentes gentios em Atos 10.
Podemos usar a compra de uma casa como ilustração de receber o Espírito Santo. Suponha que um irmão compre uma casa antes de se casar. Depois ele se casa e tem filhos. Quando é que a esposa e os filhos dele compraram a casa? A resposta correta é que a compraram quando ele a comprou. O princípio é o mesmo com relação a receber do Espírito Santo. Quando é que O recebemos? Quando os discípulos, como nossos representantes, O receberam.
Através dos séculos muitos creram no Senhor Jesus. Será que cada vez que alguém crê Nele o Senhor vem soprar nele e então batizá-lo no Espírito Santo? Não, Ele soprou o Espírito e batizou os crentes no Espírito uma vez por todas. O sopro do Espírito e o batismo no Espírito são fatos consumados. Em João 20 Ele soprou o Espírito essencialmente em Seu Corpo. Isso aconteceu uma vez por todas. Agora, assim como a esposa e os filhos do irmão dispõem da casa comprada por ele antes de se casar, assim também temos parte no sopro do Senhor do Espírito como quem se tornou membro de Seu Corpo. No primeiro caso não há necessidade de que a mulher e os filhos comprem a casa novamente, pois simplesmente partilham a casa comprada pelo pai. Semelhantemente, não há necessidade de o Senhor soprar o Espírito novamente. Só precisamos desfrutar o Espírito soprado por Ele no Corpo.
Depois da ressurreição o Senhor Jesus foi aos discípulos e, considerando-os como Seu Corpo, soprou o Espírito Santo neles essencialmente. Cinqüenta dias depois, no dia de Pentecostes, Ele batizou a parte judia do Corpo no Espírito Santo. Mais tarde, na casa de Cornélio, batizou a parte gentia do Corpo no Espírito. Nesse momento, a consumação do Espírito para o Corpo foi plenamente cumprida.
Sempre que um pecador crê no Senhor Jesus, sua fé o une tanto ao Senhor como ao Corpo. Dessa forma, o Espírito se torna sua porção. Ele agora tem parte no fato de que o Senhor soprou o Espírito no Corpo essencialmente e batizou o Corpo no Espírito economicamente.
Não devemos pensar que há dois Espíritos ou que o Espírito possa alguma maneira ser dividido. Pelo contrário, há um só Espírito. Contudo há os dois aspectos do Espírito: um para a essência e o outro para a economia. O primeiro aspecto do Espírito é essencial, o segundo é econômico. Hoje em nossa experiência temos ambos: tanto o Espírito essencial como o econômico.
O ESPÍRITO ESSENCIAL E O ESPÍRITO ECONÔMICO EM ATOS
No livro de Atos podemos dizer que há duas linhas com respeito ao Espírito: a do Espírito essencial e a do Espírito econômico, Vamos primeiro considerar alguns versículos relacionados com o Espírito econômico e depois com o Espírito essencial.
O Espírito Econômico:
Atos 1:5 diz: “Porque João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias”. Isso claramente se refere ao Espírito econômico. No versículo 8 o Senhor prossegue: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo”. A descida do Espírito sobre nós é o aspecto econômico do Espírito. Atos 2:4 diz que os discípulos “Todos ficaram cheios do Espírito Santo”. Aqui vemos que os discípulos foram cheios do Espírito economicamente para o ministério.
Atos 2:17-18 diz: “E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos; até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e profetizarão”. Esses versículos falam do derramamento do Espírito. Isso difere do sopro do Espírito nos discípulos, o qual saiu da boca de Cristo na Sua ressurreição. O derramamento do Espírito de Deus veio dos céus na ascensão de Cristo. O primeiro é o aspecto essencial do Espírito soprado nos discípulos para seu ser e existência espirituais; o último é o aspecto econômico, derramado sobre eles como poder para sua obra.
No capítulo 4 de Atos o aspecto econômico do Espírito Santo é mencionado duas vezes. No versículo 8 diz que Pedro estava “cheio do Espírito Santo”. Esse foi o encher econômico do Espírito para o ministério. O versículo 31 diz: “Todos ficaram cheios do Espírito Santo”. Esse também foi o encher econômico do Espírito.
Em Atos 9:17 vemos que Ananias foi enviado a Saulo de Tarso a fim de que este recebesse o encher econômico do Espírito Santo: “Ananias foi e, entrando na casa, impôs sobre ele as mãos, dizendo: Saulo, irmão, o Senhor me enviou, a saber, o próprio Jesus que te apareceu no caminho por onde vinhas, para que recuperes a vista e fiques cheio do Espírito Santo”. Antes de Ananias ter vindo a ele, Saulo já havia recebido o Espírito essencial. Quando invocou o nome do Senhor, Saulo começou a participar do Espírito essencial. Mas em Atos 9:17 Ananias veio para impor-lhe as mãos sobre ele para ele ter parte no Espírito econômico. Atos 13:9 nos diz que Paulo estava cheio do Espírito Santo. Isso também se refere ao aspecto econômico do Espírito.
O Espírito Essencial:
Há outros versículos em Atos que se referem ao Espírito essencial. Um deles é Atos 6:3: “Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço”. Isso se refere a ser cheio essencialmente do Espírito para vida. Para fazer o serviço mencionado no capítulo seis, não se requer poder, e sim vida com sabedoria e paciência. Para esse serviço precisamos estar cheios do Espírito de vida, e não do Espírito de poder. Ser cheio do Espírito de poder visa à economia de Deus, mas ser cheio do Espírito de vida visa à existência espiritual. Nesse versículo “sabedoria” indica que esse é o encher do Espírito essencial para vida.
Em Atos 6:5 nos é dito que Estêvão era um “homem cheio de fé e do Espírito Santo”. Mais uma vez aqui se refere ao aspecto essencial do Espírito. Quando foi apedrejado, Estêvão estava cheio do Espírito essencialmente: “Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus, e Jesus em pé à direita de Deus” (At 7:55). O encher do Espírito aqui é questão de vida, e não de poder. Portanto é o encher do Espírito essencial.
Falando de Barnabé, Atos 11:24 o descreve como “homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé”. Esse versículo também fala do aspecto essencial do Espírito.
Atos 13:52 diz: “Os discípulos, porém, transbordavam de alegria e do Espírito Santo”. O encher do Espírito Santo aqui não visa poder, mas vida. Nesse versículo os discípulos foram cheios do Espírito Santo essencialmente para vida, e não para poder.
Ao considerar esses versículos em Atos, vemos claramente os dois aspectos do Espírito Santo. Por um lado, vemos o aspecto essencial para nosso ser espiritual; por outro, vemos o aspecto econômico visando nossa obra para levar a cabo a economia neotestamentária de Deus.
Vimos que em Atos temos o Espírito essencial e o econômico. No capítulo 8 de Atos temos o Espírito e o Espírito do Senhor. Atos 8:29 diz: “Então, disse o Espírito a Filipe: Aproxima-te desse carro e acompanha-o”. Aqui o Espírito para nossa existência espiritual e o Espírito para a economia de Deus é simplesmente chamado de o Espírito.
Atos 8:39 ainda diz: “Quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe”. A expressão “o Espírito do Senhor” indica que o Espírito é o Senhor, assim como a expressão “o amor de Deus” significa que amor é Deus, e “a vida de Deus”, que vida é Deus. Portanto em Atos vemos que o Espírito nos dois aspectos, o essencial e o econômico, na verdade é o próprio Senhor.
O ESPÍRITO DE JESUS
Atos 16:6-7 diz: “E, percorrendo a região frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na Ásia, defrontando Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu”. O uso intercambiável de o Espírito de Jesus e o Espírito Santo nesses versículos revela que o Espírito de Jesus é o Espírito Santo. O Espírito Santo é um título geral do Espírito de Deus no Novo Testamento. O Espírito de Jesus é uma expressão específica com respeito ao Espírito de Deus. Essa expressão se refere ao Espírito do Salvador encarnado, que, como Jesus em Sua humanidade, passou pelo viver humano e morte na cruz. Isso indica que no Espírito de Jesus não há apenas o elemento divino, mas também o humano de Jesus e o elemento de Seu viver humano e também do sofrimento de Sua morte.
O ESPÍRITO QUE DÁ VIDA
No livro de Atos vemos que depois de Sua ressurreição e ascensão Cristo se tornou o Espírito, o Espírito que dá vida. Em 1 Coríntios 15:45 Paulo diz: “O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém, é espírito vivificante”. Adão foi feito alma vivente por meio da criação, com corpo anímico (Anímico, isto é, pertencente ou relativo à alma; psíquico.), ou natural. Cristo se tornou o Espírito que dá vida por meio da ressurreição com corpo espiritual. Adão como alma vivente é natural; Cristo como Espírito que dá vida é ressurreto. Primeiro, na encarnação Cristo se tornou carne por causa da redenção (Jo 1:14, 29). Então, em ressurreição Cristo tornou-se o Espírito que dá vida para infundir vida (Jo 10:10). Como o Espírito que dá vida em ressurreição, Cristo está pronto para ser recebido pelos que Nele crêem. Quando cremos Nele, Ele entra em nosso espírito e somos unidos a Ele, que é o Espírito que dá vida. Portanto tornamo-nos um espírito com Ele (1Co 6:17).
1 Coríntios 15:45 diz que Cristo, o último Adão, em ressurreição, tornou-se Espírito que dá vida. Nós seguimos Palavra de Deus, que diz claramente que o último Adão tornou-se Espírito que dá vida.
O ESPÍRITO DO SENHOR
Em 2 Coríntios 3:17 Paulo diz: “Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade”. Por um lado, Paulo diz que o Senhor é o Espírito; por outro fala do Espírito do Senhor. De acordo com o contexto, o Senhor em 2 Coríntios 3:17 se refere a Cristo, o Senhor (2Co 2:12, 14-15, 17; 3:3-4, 14, 16; 4:5). Isso, então, é uma palavra enfática na Bíblia dizendo-nos que Cristo é o Espírito.
A expressão “o Espírito do Senhor” é usada em 2 Coríntios 3:17; Atos 8:39. De acordo com todo o contexto de Atos, o Espírito do Senhor se refere a Jesus Cristo. O mesmo é verdade em 2 Coríntios 3:17, onde o Espírito do Senhor se refere ao Senhor como Espírito. Assim no mesmo versículo Paulo diz que o Senhor é o Espírito.
Em 2 Coríntios 3:18 Paulo prossegue: “E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria Imagem, como pelo Senhor, o Espírito”. O “Senhor, o Espírito”, ou “Senhor Espírito” pode ser considerado um título composto, como “Deus o Pai” e “Cristo, o Senhor”. A expressão “o Senhor Espírito” prova novamente que o Senhor Cristo é o Espírito, e o Espírito é o Senhor Cristo. Como o Senhor é o Espírito, e o Espírito é o Senhor, Ele é chamado de “o Senhor, o Espírito”. Esse é o Cristo pneumático.
No Evangelho de Marcos vemos Jesus, e no livro de Atos temos o Espírito do Senhor e o Espírito de Jesus. Em 1 Coríntios 15:45 Paulo fala de Cristo como o Espírito que dá vida. Por certo, o último Adão é Jesus, exatamente o mesmo Jesus apresentado em Marcos. Paulo diz que esse último Adão tornou-se Espírito vivificante. Ele se tornou o Espírito que dá vida por meio do processo de morte e ressurreição.
Podemos dizer que o Espírito de Jesus é a transfiguração de Jesus. O Senhor Jesus era a semente que passou pelo processo de morte e ressurreição. Em ressurreição, Ele, o último Adão, “floresceu” e se tornou o Espírito que dá vida. Assim podemos dizer que o Espírito que dá vida é o florescimento do Senhor como semente que passou pelo processo de morte e ressurreição.
Vamos usar a semente de cravo como ilustração. Tanto a semente como a flor são cravos. A diferença é que a semente é o cravo em forma de semente e a flor é o cravo em forma de flor. De modo semelhante, podemos dizer que a “semente” em Marcos é Jesus, e a “florada” em Atos é o Espírito de Jesus.
Hoje participamos do Senhor como semente ou como flor? A resposta correta é que O experimentamos como semente e como flor. Nós O desfrutamos como a semente que se tornou a flor em ressurreição.
O ESPÍRITO DE CRISTO
Em Romanos 8:2 Paulo fala do Espírito da vida, e em Romanos 8:9, fala do Espírito de Cristo. O Espírito de Cristo está relacionado com a morte e ressurreição do Senhor; é o Espírito Daquele que passou pela morte e entrou na ressurreição. Agora que temos esse Espírito em nós, não temos apenas Cristo, mas Cristo em Sua morte e ressurreição.
A morte do Senhor foi um término todo-inclusivo e Sua ressurreição foi uma germinação todo-inclusiva. Em Sua morte tivemos fim e em Sua ressurreição germinamos. Louvado seja o Senhor, pois temos o Cristo todo-inclusivo com término e germinação todo-inclusivos! O Espírito de Cristo, portanto, é a totalidade, o conjunto, do Cristo todo-inclusivo com Sua morte e ressurreição todo-inclusivas. Por ter esse Espírito como florescência de Cristo, temos o Cristo todo-inclusivo e Seu término e germinação todo-inclusivos. Como os que tiveram fim e germinaram, estamos agora nesse Espírito maravilhoso.
Visto que recebemos o maravilhoso Espírito de Cristo, devemos louvá-Lo e não meramente orar. Louvemo-Lo, pois já temos o Espírito. Se apenas orarmos e não louvarmos, seremos, em nossa experiência, como os discípulos no Evangelho de Marcos. Em certo sentido, Tiago e João oraram quando pediram ao Senhor que lhes concedesse sentar à Sua direita e esquerda em Seu reino. Hoje não estamos em Marcos 10 nem mesmo em Marcos 16; estamos em Romanos 8. Por isso não devemos dizer ao Senhor em oração quão miseráveis somos ou quão lamentável é nossa condição. Em vez de pedir que o Senhor nos ajude em nossos problemas, devemos louvá-Lo, pois estamos no Espírito todo-inclusivo. Nesse Espírito temos vida, força, poder, habilidade, vigor e autoridade.
A PROVISÃO ABUNDANTE DO ESPÍRITO DE JESUS CRISTO
Em Filipenses 1:19 Paulo diz: “Porque sei que para mim isso resultará em salvação, por meio da vossa petição e pela provisão abundante do Espírito de Jesus Cristo.” Assim como em Romanos 8, o Espírito aqui é o Espírito agregado. Dessa forma Paulo diz que sua situação redundará em salvação por meio da provisão abundante do Espírito agregado.
Não há indicação nenhuma no livro de Filipenses de que Paulo tivesse orado dizendo quão fraco ele era e que precisava do Senhor para fortalecê-lo. Não há nenhuma indicação de que tenha orado: “Senhor, Tu sabes que estou na prisão por Tua causa. Tenho sido fiel a Ti, Senhor, mas estou fraco e preciso de Ti para me fortalecer. Tem misericórdia de mim para que eu aguente esta prisão”. Paulo não orou assim no livro de Filipenses nem orou assim quando ele e Silas estavam na prisão em Atos 16. De acordo com o registro no capítulo 16 de Atos, eles cantaram louvores ao Senhor.
Muitíssimos cristãos oram de forma lamentável; poucos são cheios de júbilo e louvor. Precisamos ser cristãos cheios de júbilo, louvor e gozo. Mesmo preso Paulo podia falar de alegrar-se no Senhor (Fp 3:1). Ele sabia que por meio da provisão abundante do Espírito de Jesus Cristo, seu aprisionamento iria tornar-se salvação para ele, a fim de engrandecer Cristo e vivê-Lo (Fp 1:20-21).
UMA CONTINUAÇÃO DO SENHOR JESUS
Em Filipenses 3:7-10 Paulo diz: “Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo e ser achado Nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé; para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com Ele na Sua morte”. Aqui vemos que Paulo considerava todas as coisas como perda por causa de Cristo. Essas coisas certamente incluem os dez itens mencionados nas mensagens anteriores: cultura, religião, ética, moral, filosofia, aperfeiçoamento de caráter e o esforço para ser espiritual, bíblico, santo e vitorioso. Ele considerava tudo isso como perda, por causa do Espírito agregado, a fim de ser encontrado em Cristo, e não em outra coisa.
Paulo também aspirava conhecer Cristo e o poder de Sua ressurreição e ser conformado com Ele em Sua morte. Novamente temos Cristo com Sua morte e ressurreição.
Em Filipenses vemos que Paulo era a continuação do Senhor Jesus. Assim como o Senhor viveu uma vida totalmente de acordo com a economia neotestamentária de Deus e para ela, também Paulo teve um viver assim.
O ESPÍRITO TODO-INCLUSIVO EM NÓS
No Novo Testamento, vinte e dois livros, de Atos a Judas, revelam o Cristo pneumático todo-inclusivo. Vimos que precisamos louvar o Senhor por ter recebido esse Cristo pneumático, por tê-Lo recebido como o Espírito que dá vida. Contudo alguns podem dizer: “Você realmente quer dizer que tudo o que devemos fazer é louvar o Senhor? Será que não há nada mais afazer?”. Tal pergunta dá terreno para que as “ervas daninhas” dos dez itens, que são substitutos de Cristo, cresçam em nós. Quanto mais perguntarmos o que fazer, mais essas ervas serão semeadas em nós.
Assim como as sementes de certas ervas daninhas são carregadas pelo ar, as sementes das ervas daninhas diabólicas são carregadas pelo sopro do ar satânico. Alguém pode dizer: “Concordo que devemos louvar o Senhor por Ele ser o Espírito todo-inclusivo em nós. Contudo ainda creio que necessitamos fazer algo”. Essa conversa mostra a influência do sopro do vento satânico. Desde que pensemos que, em nós mesmos, devemos fazer algo, fracassamos e somos distraídos do que ouvimos nestas mensagens.
Esqueçamos nossos esforços próprios para fazer algo e louvemos o Senhor pelo Espírito agregado que recebemos. Louvemo-Lo, pois recebemos Seu sopro do Espírito essencial e Seu batismo com o Espírito econômico. Agora estamos no Espírito todo-inclusivo como consumação final e máxima do Deus Triúno.
Leitura Bíblica:
Apocalipse 1:4-5, 11-13, 20; 2:7, 11, 17, 26-28; 3:5-6, 12-13, 21-22; 4:5; 5:6; 14:13-16; 21:1-3, 9-12, 14, 18-19, 21; 22:1-2, 14, 17
Vimos que os discípulos do Senhor O seguiram desde o início de Seu ministério. O Senhor os conduzia passo a passo, aonde quer que fosse. Ele até mesmo os levou Consigo à Sua morte e ressurreição. Isso quer dizer que eles passaram pelos processos pelos quais o Salvador-Servo passou.
Passando pela morte e ressurreição do Senhor, os discípulos se tornaram Sua continuação, que está desvendada no livro de Atos. Ressaltamos que no capítulo um de Atos eles são a continuação do Senhor, seguindo-O para ter um viver de acordo com a economia neotestamentária de Deus.
Também vimos que em Atos há dois aspectos do Espírito: o essencial e o econômico. O Espírito de Deus, que é agora o Espírito de Jesus e até mesmo o Espírito de Jesus Cristo, é tanto essencial como econômico. O Espírito essencial visa a nosso ser espiritual e o econômico visa a nossa obra. Como crentes temos um ser, uma pessoa, espiritual e isso é pertinente ao Espírito essencial. Também executamos uma obra espiritual, que é do Espírito econômico. Portanto para nosso ser espiritual temos o Espírito essencial e para nossa obra, de levar a cabo a economia divina, temos o Espírito econômico.
Nesta mensagem e na seguinte consideraremos a consumação de uma vida que é totalmente de acordo com a economia neotestamentária de Deus e para ela. Essa consumação é plenamente revelada no último livro da Bíblia, Apocalipse.
O CONTEÚDO DO NOVO TESTAMENTO
Antes de chegar à consumação da economia neotestamentária de Deus, gostaria de apresentar uma breve visão de todo o Novo Testamento. Para isso eu pediria que você olhasse o diagrama impresso na página 646 desta mensagem. O diagrama é intitulado “A Economia Neotestamentária de Deus” e, na verdade, apresenta uma visão do conteúdo do Novo Testamento.
Muitos cristãos arranjam os vinte e sete livros do Novo Testamento em três seções: os livros históricos (os quatro Evangelhos e o livro de Atos), as Epístolas (de Romanos a Judas) e o livro de Apocalipse. Contudo, recentemente, por meio do Estudo-Vida de Marcos, vimos que há outra maneira de dividir o Novo Testamento, que está relacionada com a Pessoa viva do Senhor Jesus, porque todo o Novo Testamento se refere a essa Pessoa, que é a corporificação do Deus Triúno. De acordo com essa maneira, temos também três seções: os quatro Evangelhos, o livro de Atos até a Epístola de Judas, e o livro de Apocalipse.
A PRIMEIRA SEÇÃO: OS QUATRO EVANGELHOS
O Filho Veio Com O Pai:
Que é abordado na primeira seção, a seção dos quatro Evangelhos? Os Evangelhos revelam o Filho. Quando o Filho veio, não veio sozinho, mas com o Pai. O Evangelho de João em especial nos diz que quando o Filho veio à terra Ele veio com o Pai (Jo 8:29). Foi essa a razão de o Filho ter dito que não estava só, pois o Pai sempre estava com Ele (Jo 16:32). O Filho até mesmo disse que estava no Pai e o Pai estava Nele (Jo 14:10). Trata-se não apenas da coexistência do Pai e do Filho, mas também da “coinerência” (isto é, inerência recíproca, inclusão mútua) do Pai e do Filho.
O Filho Veio pelo Espírito:
Os quatro Evangelhos também revelam que o Filho veio pelo Espírito. Ele foi concebido e nasceu do Espírito essencialmente. Quanto a isso Mateus 1:18 diz que Maria “achou-se grávida, tendo concebido do Espírito Santo”. Mateus 1:20 ainda registra a palavra do anjo do Senhor a José: “Não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo”. Além disso, em Lucas 1:35 o anjo diss e a Maria: “Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a Sua sombra; por isso também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus”. Quando o Senhor Jesus tinha trinta anos, o Espírito desceu sobre Ele economicamente e Ele foi ungido com o Espírito para o ministério (Lc 3:21-23).
O Senhor Jesus foi concebido e nasceu do Espírito essencialmente. Por isso, tinha a essência divina que recebeu do Espírito Santo e a humana que recebeu da virgem Maria. Assim Ele nasceu como Homem-Deus, Aquele que era o Deus completo e o Homem perfeito. Quando aos trinta anos Ele saiu para ministrar, o Espírito de Deus desceu sobre Ele, não essencial, mas economicamente. Portanto, quando ministrava na terra, Ele vivia pelo Espírito essencial e ministrava pelo Espírito econômico. É por isso que dizemos que nos Evangelhos o Filho veio pelo Espírito. Ele veio pelo Espírito, que é tanto o Espírito essencial como econômico.
A Corporificação do Deus Triúno em Jesus Cristo:
De acordo com os quatro Evangelhos, o Filho veio com o Pai e pelo Espírito. É importante ver isso. Devemos abandonar o conceito de que quando o Filho veio à terra, Ele deixou o Pai nos céus. Não, o Filho veio com o Pai e veio pelo Espírito. Na verdade, em Jesus Cristo, o Filho, temos a corporificação do Deus Triúno. o Filho veio com o Pai e pelo Espírito para ser a corporificação do Deus Triúno no Homem Jesus Cristo.
O Tabernáculo de Deus e o Templo de Deus:
Jesus Cristo, que é a corporificação do Deus Triúno (Pai, Filho e Espírito Santo), é o tabernáculo de Deus e o templo de Deus. João 1:1, 14 diz que o Verbo, que era Deus, tornou-se carne e armou tabernáculo entre nós. A palavra tabernáculo em João 1:14 indica que, quando estava na carne, Cristo era o tabernáculo de Deus. Nele Deus armou tabernáculo entre os homens. Então, no capítulo dois de João, vemos que o Senhor era o templo, a habitação de Deus (Jo 2:19, 21). Como corporificação do Deus Triúno, Jesus Cristo era a habitação de Deus a fim de expressá-Lo entre os homens.
Teve o Viver de Deus para Desenvolver-se no Reino de Deus:
Como Aquele que era a corporificação do Deus Triúno, como tabernáculo de Deus e templo de Deus, o Senhor Jesus viveu a vida de Deus. Ele teve um viver no plano mais elevado, uma vida muito mais elevada do que a ética ou a moral. O viver que Ele teve era, na verdade, o próprio Deus. Além disso Ele viveu tal vida para que essa vida pudesse desenvolver-se até tornar-se o reino de Deus.
De acordo com a revelação nos quatro Evangelhos, o resultado do viver dessa Pessoa maravilhosa é o reino de Deus. Como o reino de Deus é o desenvolvimento da vida de Deus, o Senhor Jesus não apenas pregava o evangelho de Deus, mas também o evangelho do reino de Deus (Mc 1:14; Lc 4:43; 8:1).
Espero que todos compreendam esse breve esboço dos quatro Evangelhos. Neles vemos que o Filho veio com o Pai e pelo Espírito para ser a corporificação do Deus Triúno em Jesus Cristo. Ele, a corporificação do Deus Triúno, é o tabernáculo de Deus e o templo de Deus como Sua habitação. Ele teve um viver de Deus, uma vida que se desenvolveu até tornar-se o reino de Deus.
A SEGUNDA SEÇÃO: DE ATOS AJUDAS
A segunda seção do Novo Testamento inclui os vinte e dois livros de Atos a Judas. Esses livros também são a revelação de uma Pessoa. Aqui temos o Espírito como o Filho com o Pai para ser a consumação do Deus Triúno na igreja.
O Espírito como o Filho com o Pai:
Nessa seção não vemos o Espírito sozinho, mas o Espírito como o Filho. Em 1 Coríntios 15:45, Paulo diz que o último Adão, Jesus Cristo, tornou-se Espírito que dá vida. Aqui Paulo não diz somente que Cristo se tornou o Espírito, mas que se tornou o Espírito vivificante. Esse adjetivo indica que o Espírito é o que dá vida. Há apenas um Espírito que dá vida, e é o Espírito divino. Não devemos pensar que além do Espírito Santo haja outro Espírito que dê vida. Não, o Espírito que dá vida em 1 Coríntios 15:45 é o Espírito divino que dá vida. Por meio da ressurreição, Cristo se tornou tal Espírito.
Em 2 Coríntios 3:17 Paulo diz claramente: “O Senhor é o Espírito”. Como já falamos, o Senhor aqui é Cristo, o Senhor. Portanto esse versículo nos diz claramente que Cristo é o Espírito. Com respeito a isso, a nota na "Bíblia Anotada" diz que aqui temos “uma afirmação forte de que Cristo e o Espírito Santo são um em essência”. Na segunda seção do Novo Testamento, portanto, temos o Espírito como o Filho. Quando o Espírito veio, veio como o Filho com o Pai. O Pai sempre está com o Filho. Em João 14:23 o Senhor Jesus disse que se O amamos, o Pai nos amará e tanto o Pai como o Filho virão a nós e farão morada conosco. Isso prova que o Pai vem com o Filho. Visto que o Espírito vem como o Filho, o Pai também está presente.
A Consumação do Deus Triúno:
O Espírito vindo como o Filho com o Pai é a consumação do Deus Triúno. Nos Evangelhos o Filho com o Pai e pelo Espírito é a corporificação do Deus Triúno. Agora, de Atos a Judas, o Espírito como o Filho e com o Pai é a consumação do Deus Triúno.
Na Vida da Igreja:
O Espírito como a consumação do Deus Triúno está na vida da igreja. Nessa seção do Novo Testamento, vemos a igreja como Corpo de Cristo (Ef 1:22-23) e templo de Deus (Ef 2:21; 1Co 3:16). O Corpo de Cristo é o reino de Deus, e o templo de Deus é Sua casa (1Tm 3:15). Assim, dizer que a igreja é o Corpo de Cristo e templo de Deus é dizer que ela é o reino de Deus e Sua casa. Romanos 14:17 diz que o reino de Deus é justiça, paz e alegria no Espírito Santo. De acordo com o contexto de Romanos 12 a 15, o reino de Deus deve referir-se à vida da igreja hoje. A vida da igreja é tanto o reino de Deus como Sua casa.
Viver Cristo até Alcançar a Plenitude de Deus:
Como os que estão na vida da igreja, devemos viver Cristo até alcançar a plenitude de Deus. Na primeira seção vemos a corporificação do Deus Triúno vivendo a vida de Deus para desenvolver-se até tornar-se Seu reino. Agora vemos a consumação do Deus Triúno na igreja vivendo Cristo até alcançar Sua plenitude. Essa expressão “a plenitude de Deus” é revelada em Efésios 3:19. Que quadro maravilhoso temos nos vinte e dois livros da segunda seção do Novo Testamento!
Que vemos de Atos a Judas? Uma Pessoa viva e maravilhosa: o Espírito como o Filho com o Pai para ser a consumação do Deus Triúno, percebida na igreja para viver Cristo até alcançar a plenitude de Deus.
A TERCEIRA SEÇÃO: APOCALIPSE
Os Sete Espíritos do Eterno e do Redentor:
Vamos agora à terceira seção do Novo Testamento. Essa seção contém apenas um livro, o livro de Apocalipse. Nesse livro vemos os sete Espíritos do Eterno e do Redentor (Ap 1:4-5). Na primeira seção temos o Filho; na segunda seção, o Espírito; e na terceira seção os sete Espíritos. Em Apocalipse o Espírito se torna os sete Espíritos. Os sete Espíritos provêm do Eterno, Aquele que é, que era e que há de vir. O Eterno é Jeová Deus, que em Êxodo 3 é revelado como o Eu Sou. Portanto Apocalipse 1:4, na verdade, se refere a Jeová Deus em Êxodo 3, o Eterno, o eterno Eu Sou.
A seqüência da Trindade é diferente em Apocalipse 1:45 da que é mostrada em Mateus 28:19. Em Mateus 28:19 o Espírito é o terceiro, mas em Apocalipse 1:4-5 os sete Espíritos são o segundo o fato de os sete Espíritos serem mencionados em segundo lugar indica que Eles provêm do Eterno e são também do Redentor. Apocalipse 5:6 diz que os sete Espíritos são os sete olhos do Cordeiro, logo os sete Espíritos certamente são do Cordeiro, do Redentor.
A Intensificação do Deus Triúno:
Em Apocalipse os sete Espíritos estão relacionados com o Deus Triúno. Ressaltamos que Eles provêm do Eterno e do Redentor, e são a intensificação do Deus Triúno. O Filho é a corporificação do Deus Triúno, o Espírito é Sua consumação e os sete Espíritos são Sua intensificação.
Na Igreja Vencedora:
Os sete Espíritos, como a intensificação do Deus Triúno, estão na igreja vencedora. Nos capítulos 2 e 3 de Apocalipse ouvimos repetidamente o chamado ao vencedor. Também nesses capítulos a seguinte palavra é repetida sete vezes: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” (Ap 2:7, 11, 17, 29; 3:6, 13, 22). A palavra com respeito ao vencedor e as sete menções ao Espírito que fala às igrejas indicam que, com a intensificação do Deus Triúno, o Senhor deseja ter a igreja vencedora, a igreja que vence a situação degradada. Na igreja vencedora não temos só a corporificação do Deus Triúno e Sua consumação, mas também Sua intensificação, o Deus Triúno sete vezes intensificado.
Culmina nos Candelabros de Ouro e na Nova Jerusalém:
De acordo com Apocalipse, a igreja vencedora culmina nos candelabros de ouro e, por fim, na Nova Jerusalém. Os sete candelabros são nesta era e a Nova Jerusalém será na eternidade. Portanto Apocalipse começa com os sete candelabros e termina com a Nova Jerusalém.
INICIAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E FINALIZAÇÃO
Na primeira seção do Novo Testamento temos a iniciação da economia neotestamentária de Deus, na segunda temos o desenvolvimento e na terceira, a finalização. Isso quer dizer que os sete Espíritos, como intensificação do Deus Triúno na igreja vencedora, são a finalização da economia do Novo Testamento. O Espírito intensificado finaliza a economia neotestamentária de Deus em dois estágios: primeiro, nesta era, com os candelabros de ouro; finalmente, na eternidade, na Nova Jerusalém.
Esse é um esboço breve de todo o Novo Testamento com respeito à economia neotestamentária de Deus.
UM RESUMO DA ECONOMIA NEOTESTAMENTÁRIA DE DEUS
Consideramos um diagrama que apresenta um resumo da economia neotestamentária de Deus. De acordo com esse diagrama, todo o Novo Testamento pode ser dividido em três seções: os quatro Evangelhos como a iniciação, Atos a Judas como o desenvolvimento e Apocalipse como a finalização. Na primeira seção vemos o Filho com o Pai e pelo Espírito para ser a corporificação do Deus Triúno, em Jesus Cristo, como tabernáculo de Deus e templo de Deus, vivendo a vida de Deus a fim de desenvolver-se até tornar-se o reino de Deus. Na segunda seção vemos o Espírito como o Filho com o Pai para ser a consumação do Deus Triúno na igreja como Corpo de Cristo, templo de Deus, reino de Deus e casa de Deus, vivendo Cristo até a plenitude de Deus. Na terceira seção temos os sete Espíritos que provêm do Eterno e do Redentor para ser a intensificação do Deus Triúno na igreja vencedora, culminando nos candelabros de ouro e na Nova Jerusalém. Nesta mensagem, a última do Estudo de Marcos, vamos considerar a intensificação do Deus Triúno culminando nos candelabros de ouro e na Nova Jerusalém.
De acordo com o registro de Marcos, os discípulos seguiram o Senhor Jesus para ser introduzidos Nele. Eles foram carregados pelo Senhor, o Todo-inclusivo, aonde quer que Ele fosse. Assim Ele os introduziu em Si mesmo. Introduziu-os em Sua morte todo-inclusiva, a morte que pôs fim a todas as coisas velhas, e também em Sua ressurreição todo-inclusiva, na qual germinaram para ser Sua reprodução e continuação. No livro de Atos podemos ver que os discípulos tiveram parte em Cristo e O desfrutaram por meio de Sua morte e ressurreição todo-inclusivas. Além disso, por meio dos discípulos, a igreja veio à existência. As vinte e uma Epístolas, de Romanos a Judas, são necessárias para definir o que é apresentado resumidamente no livro de Atos.
OS CANDELABROS DE OURO
Após a definição detalhada nas Epístolas, temos a consumação da economia neotestamentária de Deus no livro de Apocalipse. Nessa consumação os sete Espíritos, o Espírito de Deus sete vezes intensificado, é um dos itens principais. Por meio do Espírito intensificado e com Ele a igreja se torna um candelabro de ouro puro. Isso é algo grandiosíssimo.
Símbolo do Deus Triúno:
O candelabro de ouro é símbolo do Deus Triúno (Pai, Filho e Espírito Santo). O ouro do candelabro representa a natureza divina, a natureza de Deus Pai. Sua forma representa o Filho de Deus, como corporificação do Pai. Suas sete lâmpadas representam o Espírito de Deus como expressão. Assim, no candelabro vemos Deus Pai como sua natureza, Deus Filho como sua forma e Deus Espírito como sua expressão.
Representando a Igreja:
O candelabro não apenas simboliza o Deus Triúno, mas também representa a igreja. Mas como uma igreja cheia de pecadores salvos pode ser um candelabro de ouro puro? Sim, todos somos salvos, mas ainda somos muito naturais, muito carnais, cheios de ego e velha criação. Como podem pessoas como nós torna-se um candelabro de ouro?
Uma Palavra de Encorajamento:
Alguns irmãos me disseram que estão desencorajados e até mesmos desapontados com a condição da igreja. Alguns disseram: “Anos atrás a situação era cheia de esperança, mas agora a condição da igreja é desapontadora”. Se você sente assim, isso indica que não vê o Espírito sete vezes intensificado. O Novo Testamento não termina com desapontamento. Pelo contrário, culmina com plena esperança: os sete Espíritos transformando uma igreja aparentemente sem esperança num candelabro de ouro puro.
Em 1961 escrevi alguns hinos sobre a igreja e a Nova Jerusalém. Eu estava especialmente feliz em cantar os hinos sobre a igreja vencedora. Um dia um irmão me disse: “Você quer dizer que podemos ter a Nova Jerusalém hoje?”. Eu respondi: “Irmão, não digo que possamos ter a Nova Jerusalém hoje, mas, de acordo com Apocalipse, as igrejas nesta era devem ser uma miniatura da Nova Jerusalém”. Continuei falando a ele que realmente creio que a igreja pode ser uma miniatura da Nova Jerusalém. Espero que todos vocês creiam também. O Novo Testamento finaliza com uma palavra de encorajamento. Louvado seja o Senhor pelo Espírito sete vezes intensificado na igreja vencedora, culminando nos candelabros de ouro!
A Intensificação do Deus Triúno para a Vida da Igreja:
Na primeira seção do Novo Testamento, os quatro Evangelhos, temos a corporificação do Deus Triúno, e na segunda seção temos Sua consumação. Na terceira seção, em Apocalipse, temos Sua intensificação. Isso quer dizer que o Espírito, como consumação do Deus Triúno, é intensificado para torna-se os sete Espíritos.
Não temos os sete Espíritos no livro de Apocalipse? Sim, Apocalipse enfatiza os sete Espíritos. Você prefere permanecer com o Espírito do livro de Atos ou os sete Espíritos de Apocalipse? Onde você está hoje, em Atos ou em Apocalipse? Todos deveríamos ser capazes de testificar que estamos no livro de Apocalipse. Como estamos em Apocalipse, todas as igrejas devem perceber que agora não é tempo de desencorajamento ou desânimo. Mas é tempo de intensificação, um momento cheio de esperança e encorajamento.
Em Apocalipse temos a intensificação setuplicada do Deus Triúno para a vida da igreja. Contudo, se olharmos a condição das igrejas, ficaremos desapontados. Mas, se voltarmos os olhos à intensificação setuplicada do Deus Triúno, seremos cheios de louvor ao Senhor.
Você acredita na condição da igreja ou na intensificação setuplicada do Deus Triúno? A condição da igreja não é nossa salvação. Pelo contrário, pode ser um desencorajamento para nós. Portanto devemos olhar para a intensificação setuplicada do Deus Triúno, pois essa intensificação é nossa salvação.
No livro de Apocalipse o Espírito sete vezes intensificado é enfatizado repetidamente. Em Apocalipse 1:4 lemos a respeito dos sete Espíritos que estão diante do trono de Deus. Depois, nos capítulos dois e três, o Espírito é enfatizado repetidamente. Sete vezes são ditas as seguintes palavras: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” (Ap 2:7, 11, 17, 29; 3:6, 13, 22). Apocalipse 4:5 diz: “Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e, diante do trono, ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus”. Apocalipse 5:6 fala de: “Um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra”. Aqui vemos que o Espírito é intensificado para ser os sete Espíritos, que são os sete olhos do Cordeiro, o Redentor. Em Apocalipse 14:13 temos essa frase: “Sim, diz o Espírito”. Finalmente, em Apocalipse 22:17 o Espírito e a noiva são mencionados juntos: “O Espírito e a noiva dizem: Vem!”. Aqui vemos que bem no fim de Apocalipse, a noiva, que é a igreja, está em unidade com o Espírito.
Em Apocalipse os títulos “o Espírito de Deus” e “o Espírito Santo” não são usados. Em vez disso, temos “o Espírito” e “os sete Espíritos”. Precisamos apreciar os sete Espíritos. O Espírito sete vezes intensificado é capaz de transformar uma igreja sem esperança num candelabro de ouro puro.
Com respeito à igreja, não devemos ser desencorajados nem desapontados. Sejamos encorajados com o candelabro de ouro e com a Nova Jerusalém. A Bíblia termina com um forte encorajamento. Olhe para os candelabros de ouro brilhando nesta era de trevas, brilhando nesta geração pervertida. Na eternidade a Nova Jerusalém será a consumação da intensificação do Deus Triúno. Isso certamente indica que nosso Deus não pode ser derrotado por Satanás. Mesmo hoje, Deus não está derrotado, Sua igreja não está derrotada e nós não estamos derrotados. Contudo, se você pensar que está derrotado, será derrotado. Em vez de pensar assim, devemos dizer: “Aleluia, em Cristo não estou derrotado! Por meio do Espírito sete vezes intensificado, jamais serei derrotado!”.
A NOVA JERUSALÉM
Um Sinal do Agregado do Povo Escolhido de Deus:
A consumação extrema da intensificação do Deus Triúno é a Nova Jerusalém. A Nova Jerusalém é um sinal do agregado dos escolhidos de Deus tanto do Antigo como do Novo Testamento. Portanto, é uma composição de todos os santos do Antigo Testamento, representados pelos nomes das doze tribos de Israel (Ap 21:12), e de todos os santos do Novo Testamento, representados pelos nomes dos doze apóstolos (Ap 21:14). Desse modo, a Nova Jerusalém é uma composição viva do povo escolhido, redimido, salvo, regenerado e transformado de Deus. Todo o povo de Deus será transformado em ouro, pérolas e pedras preciosas. Todo esse material indica a edificação da habitação de Deus.
A Essência Intrínseca da Edificação Divina:
Embora na Nova Jerusalém, revelada no livro de Apocalipse, vejamos o material precioso como ouro, pérola e pedras preciosas, nesse material não se vê especificamente a essência intrínseca do edifício divino, que é, na verdade, o Deus Triúno como vida para nós.
A Água da Vida e a Árvore da Vida:
No centro da Nova Jerusalém está o trono de Deus, e do trono flui o rio da água da vida (Ap 22:1-2). A árvore da vida como videira cresce dos dois lados do rio. Como Apocalipse indica, a água da vida no rio é para bebermos, e a árvore da vida crescendo ao longo do rio é para comermos. Beber água é colocá-la em nosso ser. Da mesma forma, comer algo é colocá-lo em nós. Comendo e bebendo somos supridos com a essência do que comemos e bebemos. O rio da vida e a árvore da vida, assim, indicam a essência intrínseca da natureza dessa cidade: o próprio Deus Triúno como nossa vida e suprimento de vida.
No rio que flui com a árvore da vida vemos o Deus Triúno (Pai, Filho e Espírito Santo). Esse rio flui do trono de Deus e do Cordeiro. De acordo com João 7:38-39, esse rio fluindo é o Espírito. Assim, temos Deus, o Cordeiro e o Espírito. Esse é o Deus Triúno fluindo para nos suprir de Si mesmo como vida. Esse Deus Triúno fluente não apenas nos satura, mas também nos supre com a essência divina.
Podemos usar a petrificação da madeira como ilustração de como o fluir do Deus Triúno infunde Sua essência em nós. O fluir da água faz com que a madeira se petrifique. A água fluente satura a madeira com o elemento de certos minerais. Ao ser saturada da essência desse material, a madeira é transformada em pedra. Essa é uma figura do fluir do Espírito trazendo a essência divina para nosso ser. Essa essência realiza a obra de nos transformar, transformar pessoas de barro em pedras preciosas. Essa figura nos ajuda a ver que a essência intrínseca da composição do edifício de Deus, a Nova Jerusalém, é o próprio Deus Triúno como vida e suprimento de vida para nós.
Em Apocalipse 22 vemos que precisamos beber do Deus Triúno. Em 1 Coríntios 12:13 Paulo diz que todos fomos batizados em um só Espírito e nos foi dado beber desse Espírito. Nosso destino é beber o Deus Triúno. Como escolhidos de Deus, fomos destinados a beber do Deus Triúno. Esse é nosso destino eterno e eterno desfrute. Pela eternidade, nossa única bebida será o Deus Triúno como vida divina. Aleluia por essa bebida todo-inclusiva!
Em Apocalipse 22:1-2 vemos que a árvore da vida vem com a água da vida. A vida de Deus é bebida para nos saturar e também comida para nos satisfazer.
O Caminho da Vida e a Luz da Vida:
Na Nova Jerusalém o rio da vida flui no meio da rua. Isso indica que na Nova Jerusalém andaremos pelo caminho da vida. Nessa cidade haverá apenas uma rua, a rua na qual flui o rio da vida. O rio é o rio da vida, a árvore é a árvore da vida e a rua é o caminho da vida. Esse caminho nos dirigirá, guiará, regulará e preservará.
Na Nova Jerusalém o Deus Triúno também será nossa luz. Apocalipse 21:23 diz: “A cidade não precisa nem do sol, nem da lua, para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada”. Na Nova Jerusalém o Cordeiro será a lâmpada na qual estará Deus como nossa luz.
Na Nova Jerusalém o Deus Triúno será nossa vida para nos saturar, satisfazer e nos regular, guiar e dirigir. O Deus Triúno também será nossa luz para nos iluminar. Aqui temos a essência intrínseca da Nova Jerusalém.
A Essência Intrínseca da Vida da Igreja:
A essência intrínseca da Nova Jerusalém também deve ser a essência intrínseca da vida da igreja hoje. Na vida da igreja deve haver o trono de Deus, do qual flui o Deus Triúno como nossa bebida, com a árvore da vida como nossa comida para nos proporcionar o caminho da vida e a luz da vida. Essa é a essência intrínseca da vida da igreja, a essência que nos transforma em candelabro de ouro puro hoje e nos transformará em pedras preciosas para a edificação da Nova Jerusalém na era vindoura. Por meio dessa essência intrínseca podemos ter um viver totalmente de acordo com a economia neotestamentária de Deus e para ela.
Jesus é o Senhor!