38 - GUIADOS PELO O ESPÍRITO DE DEUS.
Mensagem 38
"GUIADOS PELO O ESPÍRITO DE DEUS".
Em 1°Coríntios capítulo 7, o apóstolo Paulo oferece-nos orientação adicional sobre o mesmo tema. "Isto, porém, vos digo, irmãos: o tempo se abrevia; o que resta é que não só os casados sejam como se não o fossem; mas também os que choram, como se não chorassem; e os que se alegram, como se não se alegrassem; e os que compram, como se nada possuíssem; e os que se utilizam do mundo, como se dele não usassem; porque a aparência deste mundo passa. O que realmente eu quero é que estejais livres de preocupações”. (1°Cor. 7:29-32). Aqui diversos assuntos são mencionados um após o outro, mas o fator dominante em todos eles é claramente o fato de que "O tempo se abrevia" ou, segundo alguns tradutores, "está limitado". Estamos vivendo, diz o apóstolo, em dias de pressão peculiar, e o princípio que deve guiar-nos em tais dias é: "aqueles que tem... sejam como se não tivessem". Será que Paulo, pensamos, está se contradizendo? Em Efésios capítulo 5, ele ordena que os maridos amem suas esposas com amor tão perfeito quanto aquele com que Cristo amou a Igreja – não menos. E contudo aqui ele lhes diz para viverem como se não tivessem esposas! Será que ele exclamamos com espanto, espera honestamente que reconciliemos a um só tempo opostos tão completos? Aqui devemos dizer de imediato que ninguém, a não ser os cristãos, pode viver uma vida tão paradoxal. Talvez a expressão "como se não tivessem" nos dê um indício. Revela que o assunto é interior, uma questão de lealdade de coração. Em Cristo há uma libertação interior para Deus, não meramente uma mudança de conduta externa. Eles tem, e tendo, regozijam-se em Efésios capítulo 5; mas não são presos pelo que possuem, de forma que não tendo, igualmente regozijam-se em 1°Coríntios capítulo 7. Não obstante tudo o que tem são tão verdadeiramente libertos em espírito da possessão do mundo, que podem viver como "se não tivessem".
O homem natural vive num ou noutro extremo – ou tendo, e sendo inteiramente absorvido pelo que tem, ou, se é religioso, colocando de lado o que tem, de modo que não mais o possui, e assim não se preocupando mais com isso. Mas o modo cristão é completamente diferente do modo natural. O modo cristão para resolver o problema não é tirar o objeto, mas sim livrar o coração do seu domínio. A esposa não é retirada, nem a afeição pela esposa, mas ambos, marido e esposa, são libertos do domínio vão daquele afeto. Assim, também, o problema que causava lágrimas não é removido, mas a vida não é mais controlada por ele. O motivo de alegria ainda permanece, mas há um controle interior contra o abandono inútil aquilo que a provoca. O comprar e vender continuam como antes, mas uma libertação interior liberou o domínio pessoal sobre eles. Nós os temos a todos, mas os temos como "se não tivéssemos".
Falamos às vezes sobre o nosso desejo de manter, como João, o testemunho de Jesus sobre a terra. Lembremo-nos que esse testemunho é baseado não no que nós podemos dizer sobre isto ou aquilo, mas no que Satanás pode dizer a nosso respeito. Deus nos colocou no mundo, e muitas vezes localiza-nos em alguns lugares especialmente difíceis, onde somos tentados a sentir que os mundanos tem muito mais facilidades do que os cristãos. Isso é porque os cristãos são realmente forasteiros, vivendo aqui em um elemento que não é naturalmente o seu. Um mergulhador pode aprofundar-se no mar, mas sem roupas especiais e um tubo de ar da atmosfera que é sua, ele não pode permanecer lá. A pressão é muito grande, e ele precisa respirar o ar do mundo ao qual pertence. Fica lá no fundo até que haja tarefas a cumprir, e desde que lhe seja suprido poder para vencer o elemento ao seu redor, mas não pertence ao elemento, e este não tem parte nele. Assim, o problema de nosso contato com o mundo não é resolvido por qualquer mudança de atitude externa. Alguns pensam que estes dias em que estamos vivendo, é um sinal de espiritualidade, é tolice. O que fazemos com a provisão que acumulamos é uma questão que iremos considerar em nosso capítulo final, mas a Palavra de Deus deixa claro que temos que usar o mundo. Temos que comer e beber, negociar mercadorias e cultivar plantações, alegrar-nos, sim, e se necessário chorar, e contudo não usarmos quaisquer destas coisas inteiramente. Tomamos conhecimento do que está em jogo em todo o nosso relacionamento com o mundo. Portanto não é de admirar que também tenhamos aprendido a comerciar cautelosamente, sempre atentos à gentil repressão do Consolador (Espírito Santo). Jesus veio "de cima". Ele podia clamar sem receio de ser desafiado: "aí vem o príncipe do mundo; e ele nada tem em mim". A linha de demarcação estava traçada, não sobre o solo a Seus pés, mas em Seu coração. Mas é tão verdadeiro quanto isso o fato de que tudo neste mundo que é "de cima" está tão seguro quanto Ele. Deus está do outro lado do tubo de ar, fazendo funcionar as bombas, podemos dizer. Uma vida que é de cima está sendo sustentada e provida aqui em baixo por Ele. Assim é que se algo é espiritual e "de Deus", não precisamos preocupar-nos nem lutar por sua preservação. "Meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim". Eles não tem necessidade de fazê-lo.
Deus não se preocupa conosco, simplesmente porque Ele não tem ansiedade quanto ao Seu Espírito Santo. Há um sentido em que a vida espiritual de má qualidade é impossível, porque a vida espiritual é a vida de Deus; e da mesma forma é verdade que a vida espiritual só pode ser subjugada se o próprio Deus puder ser subjugado. Deus não discute quanto a esse fato. Ele contenta-se em deixar que o Consolador (Espírito Santo) o torne real em nós. "Filhinhos, vocês são de Deus, e tem vencido os falsos profetas, porque maior é Aquele que está em vocês do que aquele que está no mundo." (1°João 4:4). Novamente, o mesmo versículo que nos diz que o mundo todo jaz no regaço do maligno – sim, o mesmo versículo! – assegura-nos uma vez mais que "somos de Deus" (1°João 5:19). Nós somos de Deus! Poderíamos descobrir uma realidade mais abençoada do que essa para contra-balancear aquela outra realidade feia e ultrapassá-la? Aqueles que crêem no nome de Jesus "não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus." (João 1:13). E louvado seja Deus, porque somos nascidos Dele, o maligno não pode tocar-nos (João 5:18). Expondo o fato simplesmente, o poder de Satanás no mundo está em toda parte. Contudo, onde quer que homens e mulheres caminhem no Espírito, sensíveis a unção que tem de Deus, esse poder que Satanás tem evapora-se. Há uma linha traçada por Deus, um limite onde por virtude de Sua própria presença, o mandato de Satanás não funciona. Deixe Deus ocupar todo o espaço para Si, e que lugar sobrará para o maligno? Pertencemos a Deus assim, de forma total? Poderá Satanás testemunhar a seu e a meu respeito: "Não posso ludibriar esse homem!" Que sejamos guiados pelo o Espírito de Deus.
Livro: "Não Ameis o Mundo". (Watchman Nee)
Jesus é o Senhor!