41 - O MUNDO USA O DINHEIRO PARA AFASTAR AS PESSOAS DA PRESENÇA DE DEUS.
Mensagem 41
"O MUNDO USA O DINHEIRO PARA AFASTAR AS PESSOAS DA PRESENÇA DE DEUS".
"Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores" (1°Tm. 1:15). Desde que o propósito eterno de Deus é o homem (e não qualquer outro ser) que terá o domínio, é natural e certo que nossa compaixão se volte para os pecadores. Não obstante tudo o que foi dito até aqui, podemos bem sentir que neste breve dia da Graça, o ganhar almas para o Salvador do mundo é talvez o meio supremo disponível para que tomemos de Satanás sua presa. Certamente que se o "homem" fosse nosso tema, a esta altura daríamos um grande espaço ao assunto de ganhar almas.
Mas, já tratamos do evangelismo em outra ocasião. Ao invés disso, portanto, proponho encerrar estes estudos sobre "o mundo", para abordarmos, através de ilustrações práticas da arte de "tomar os bens do valente", uma outra área mais materialista do domínio de Satanás. Refiro-me ao campo das finanças. O dinheiro é oposto a Deus. A Palavra de Deus fala dele como "riquezas de origem iníqua" (Lc. 16:9). Uma vez que Jesus diz: "Das riquezas de origem iníqua fazem amigos", é claro que Ele não pode estar descrevendo-as como riquezas que você obteve através de negociações injustas. Portanto, Ele está dizendo que as riquezas são injustas em si mesmas. O que está sendo posto à nossa frente aqui não são os meios injustos pelos quais o dinheiro é obtido, nem o uso injusto que é feito dele, mas o caráter injusto do dinheiro. O dinheiro em seu caráter essencial é mau. Falamos de "dinheiro limpo" e "dinheiro sujo", mas à vista de Deus, há apenas dinheiro sujo. O homem que conhece a Deus conhece o caráter do dinheiro. Ele sabe que o dinheiro é mau em si próprio.
Se quiser testar o caráter de qualquer coisa, você só precisa perguntar se essa coisa o conduz para perto ou para longe de Deus. O dinheiro invariavelmente conduz para longe de Deus. Jesus afirma claramente no versículo 13 de Lucas 16 o princípio de que é impossível servir a Deus e às riquezas, embora eu creio que mesmo sem a Sua afirmação, muitos de nós estariam convictos de que é assim mesmo. Pois a experiência nos diz que Deus e as riquezas nunca estão do mesmo lado; as riquezas estão sempre opostas a Deus.
Naturalmente seria possível interpretar as palavras de Jesus mais amplamente, e encarar "riquezas" como representando tudo em geral que se opõe a Deus. Mas o apóstolo Paulo auxilia-nos a definir o dinheiro como o meio que o mundo usa com maior sucesso para afastarmos de Deus. "Ora, os que querem ficar ricos, caem em tentação e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais lançam os homens na ruína e perdição. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé, e a si mesmos se atormentaram com muitas dores" (1°Tim. 6:9,10). Em outras palavras, se existe algo que pode desviar-nos de Deus, é o dinheiro.
A essência do mundo é o dinheiro. Sempre que tocamos o dinheiro, tocamos o mundo. Surge a questão, como podemos nós tomar algo que sabemos com certeza que pertence ao mundo, e contudo não ficar envolvidos com o sistema mundial? Como podemos nós lidar e fazer negócios com o dinheiro, o mais mundano das coisas mundanas, e, assim fazendo, não ficar envolvidos com Satanás? Ainda mais objetivamente, uma vez que nada pode ser feito hoje sem que se pague como é possível para nós tomarmos o dinheiro, que é o fator supremo na construção do reino do Anticristo, e usá-lo para construir o Reino de Cristo?
A viúva que depositou sua oferta no tesouro do templo fez algo tão aceitável ao Senhor que recebeu Dele especial elogio. De fato, o que ela fez foi o seguinte: ela tomou algo do reino de Satanás e contribuiu para com o Reino de Deus. E Jesus aprovou. E então como, perguntamo-nos, é tal transferência efetuada? Como é possível tomar o dinheiro, cujo caráter é essencialmente injusto, e com ele construir o Reino de Deus? Como pode você estar certo de que toda ligação entre o dinheiro do seu bolso e o mundo foi cortada? Você ousa afirmar que nada do dinheiro em seu poder figura nos livros de Satanás?
Sobre cada denário romano havia uma imagem de César. Nas palavras de Jesus, todas essas moedas são de César. Como a ligação entre César e essas moedas pode ser cortada? O dinheiro é algo do mundo. É uma parte essencial do sistema mundial. Como pode então ser tirado do mundo que o reclama e dedicado a Deus para Seu uso?
Nos tempos do Velho Testamento um princípio rígido foi estabelecido. "No entanto, nada do que alguém dedicar irremissivelmente ao Senhor, de tudo o que tem, seja homem ou animal, ou campo da sua herança, se poderá vender nem resgatar: toda cousa assim consagrada será santíssima ao Senhor" (Lev. 27:28). Em outras palavras, não há devoção verdadeira sem destruição. Se naqueles dias um cordeiro era dedicado a Deus, não era colocado diante Dele para ficar vivo e gerar cordeirinhos; era colocado diante de Deus para ser sacrificado. "Será morto" (vs. 29). A sua destruição era o sinal de sua aceitação.
Todo o dinheiro que é verdadeiramente consagrado a Deus, deve ficar sob o princípio da destruição; isto é, deve deixar de existir no que diz respeito ao mundo, e deve também deixar de existir no que me diz respeito. Quando nosso Senhor elogiou a viúva por depositar suas duas moedas no tesouro, Ele observou que ela depositara sua bios, isto é, sua vida. "Ela porém da sua pobreza deu tudo o que possuía, todo o seu sustento" (Mc 12:44). Muitas pessoas põem somente dinheiro no tesouro do Senhor; ela colocou sua vida junto com seu dinheiro. Em outras palavras, quando aquele dinheiro saiu do seu poder, sua vida saiu com ele. Dando suas moedas, ela deu tudo o que era seu.
Se seu dinheiro tiver que sair do mundo, então sua vida terá que sair do mundo. Você não pode conservar-se para trás, e contribuir com algo significativo para Deus. Você não pode, de modo algum, enviar seu dinheiro para fora do mundo: você pode apenas trazê-lo para fora do mundo! Sendo assim, não é fácil transferir dinheiro do reino de Satanás para o Reino de Deus; é preciso labutar. Converter almas das mãos de Satanás para Deus é na realidade mais fácil do que converter dinheiro das mãos de Satanás para Deus. Pela Graça de Deus homens e mulheres podem ser ganhos para Ele, quer estejamos ou não totalmente consagrados; mas isso não acontece com o dinheiro. É preciso grande poder espiritual para converter nossos ciclos, que por natureza são maus, em siclos do santuário. O dinheiro precisa de conversão, assim como os homens; e eu creio que o dinheiro pode ser renovado (embora em sentido um tanto diverso), assim como as almas podem ser renovadas. Mas o fato de você trazer uma oferta em dinheiro para o tesouro não irá por si só mudar a natureza do dinheiro que você oferece. A não ser que sua vida vá junto com o dinheiro, este não pode ser liberto do reino de Satanás e transferido para o Reino de Deus. O valor espiritual de seu trabalho para Deus dependerá grandemente se o dinheiro que você usa foi ou não liberto do sistema mundial. Pergunto-lhe, foi liberto? Você pode declarar que não há dinheiro em seu poder que pertença ao mundo? Você pode afirmar agora que seu dinheiro não é mais uma parte do kosmos, pois foi todo convertido? Você está desejoso de dizer a Deus: "Converterei todo o dinheiro que ganho com o meu trabalho, e todo o dinheiro que me é dado, para que ele possa ser todo Teu"? Para Paulo, o princípio era simples: queremos você, não o que é seu. Dos santos macedônios, que da sua pobreza contribuíram tão liberalmente, ele disse que "deram-se a si mesmos primeiro ao Senhor", e então deram seu dinheiro (2°Cor. 8:5).
Paulo recebeu seu treinamento no Velho Testamento, onde a consagração de ofertas materiais estava sempre relacionada à consagração daqueles que as traziam. Seu raciocínio pode ter tido raízes nisso. Pode parecer surpreendente, mas é verdade, que Deus tem um suprimento limitado de dinheiro, enquanto que o suprimento de Satanás é ilimitado. Talvez você esteja imaginando como essa afirmação pode ser reconciliada com aquela outra, de que toda a prata e ouro são Seus. Contudo, o próprio Senhor Jesus diz que há o que pertence a Deus e o que pertence a César. No fim das contas, não há dúvida que todas as coisas materiais pertencem a Deus como Criador; mas a quantidade de dinheiro que está hoje no tesouro de Deus está limitada ao número de pessoas que são consagradas a Ele. Se tivesse vivido nos tempos do Velho Testamento, eu poderia ter calculado imediatamente a quantidade de dinheiro no santuário. Teria investigado o número total dos filhos de Israel, e avaliado meio siclo de prata para a redenção de cada um deles (Êxodo 30:11-16). A isso, acrescentaria cinco siclos por cabeça para a redenção de cada um dos primogênitos de Israel que excediam os Levitas (Núm. 3:39-51). E então, a essas duas quantias acrescentaria a avaliação, segundo o siclo do santuário, feita de cada indivíduo que por sua livre vontade consagrou-se ao Senhor (Lev. 27:1-8).
Sim, é o número do povo de Deus que determina a quantidade de dinheiro de Deus. A reserva de riquezas no tesouro de Deus é baseada no número de pessoas consagradas a Ele.
Aqui, então, está a questão vital para cada um de nós responder: o dinheiro que estou tocando hoje representa siclos do santuário ou riquezas da injustiça? Sempre que recebo um Real, ou sempre que ganho um Real, preciso certificar-me de que esse Real é de imediato convertido de moeda do mundo em moeda do santuário. O dinheiro pode ser nossa destruição, mas pode ser também nossa proteção. Não despreze o dinheiro; seu valor é demasiadamente real para isso. Pode ser de grande valia para o Senhor. Se você sair do mundo de corpo e alma, então pode, se Deus assim o desejar, trazer muitas coisas preciosas para fora do mundo com você. Quando os israelitas saíram do Egito, levaram com eles muitos tesouros. Eles saquearam os egípcios, e o saque que levaram com eles foi para a construção do tabernáculo. Uma parte recordamo-nos, foi para construir um bezerro de ouro, e ficou perdida para Deus. Mas quando o povo de Deus deixou o Egito, o tabernáculo, pelo menos quanto a seu material, deixou o Egito com eles. Ouro, prata, cobre, linho egípcio – tudo foi convertido e contribuiu para o santuário de Deus.
Se você pode encontrar essa realidade nos tempos do Velho Testamento, quão mais elevado ainda deve ser o padrão estabelecido no Novo! A chave no Novo Testamento para tudo o que se refere a finanças, é que não guardemos nada para nós mesmos. "Dai, e dar-se-vos-á", estas foram as palavras de nosso Senhor (Lc. 6:38), e não "Economizai, e ficareis ricos"! Isto é, o princípio divino para o aumento é dar, e não guardar. Deus requer de cada um de nós doações proporcionais, e não casuais. Isto quer dizer que Deus deseja doações que não estejam sujeitas meramente ao capricho do momento, mas que sejam fruto de um pacto definido sobre o assunto feito com Ele – e mantido.
É por isso que o segredo real de saquearmos Satanás é, como vimos, consagração pessoal. Sermos redimidos do mundo e não nos oferecermos, como conseqüência, a Deus, é algo totalmente impossível. "... não sois de vós mesmos; porque fostes comprados por preço" (1°Cor. 6:19,20). Não importa se exercemos uma profissão ou comércio que nos proporciona uma renda do mundo, ou se nos ocupamos unicamente da pregação da Palavra e dependemos, para nosso sustento, das ofertas do povo de Deus, há apenas um caminho diante de nós, não dois. Somos todos igualmente consagrados a Deus e somos todos Suas testemunhas. Simplesmente não é verdade que a pregação do evangelho em si é limpa e os negócios são sujos, de modo que os que se dedicam a estes últimos tornam-se tão manchados que são de menos importância para Deus. O que importa é simplesmente que Deus, não nossos negócios, deve ser o centro de nossas vidas.
"Não ameis o mundo, nem as coisas que há no mundo" (1°Jo. 2:15). Você tem a unção do Santo: viva segundo ela! Entregue-se a Deus; viva total e absolutamente para Ele; procure fazer com que, naquilo que pessoalmente lhe diz respeito, as coisas deste mundo sejam riscadas dos livros de Satanás e transferidas para a conta de Deus. Pois "o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente" (1°Jo. 2:17).
Livro: "Não Ameis o Mundo". (Watchman Nee)
Jesus é o Senhor!