21 - Qualificações para entrar no Reino dos Céus | Watchman Nee
A MANEIRA DE DEUS LIDAR COM OS PECADOS DOS CRISTÃOS —
QUALIFICAÇÕES PARA ENTRAR NO REINO DOS CÉUS
FAZER A VONTADE DO PAI
A Bíblia revela-nos uma verdade muito séria. Apesar de uma pessoa ter a vida eterna, ela ainda pode ser rejeitada para o reino dos céus. Mateus capítulo 7 versículo 21 é um versículo que fala disso: “Nem todo o que Me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de Meu Pai, que está nos céus”. Nesse versículo, todas as pessoas se dirigem ao Senhor como “Senhor”. O Senhor fará uma distinção entre os discípulos que podem entrar no reino dos céus e os que não podem. O Senhor mostra-nos claramente, aqui, que a condição para entrar no reino dos céus é fazer a vontade de Deus. Embora alguns tenham sido salvos e tenham-No chamado de Senhor, e realizado algumas obras, todavia, sem fazer a vontade de Deus, eles não podem entrar no reino dos céus. A recompensa do reino dos céus tem por base a obediência do homem. Quem não for fiel enquanto viver na terra, não perderá a vida eterna, mas perderá o reino dos céus (que a era vindoura do reino milenar). Quando chegar o tempo de os céus reinarem, isto é, quando o Senhor Jesus vier pela segunda vez, alguns não poderão entrar no reino milenar, mas irão perdê-lo.
Primeiramente o Senhor mencionou esse assunto no versículo 21. A seguir, nos versículos 22 e 23, Ele explicou-nos a questão em forma de profecia. Haverá muitos, não apenas um ou dois, que não farão a vontade de Deus. “Muitos, naquele dia, Me dirão: Senhor, Senhor! não foi em Teu nome que profetizamos, e em Teu nome expulsamos demônios, e em Teu nome fizemos muitos milagres? Então lhes declararei: Nunca vos conheci. Apartai-vos de Mim, os que praticais a iniqüidade”. Aqui o Senhor Jesus nos diz o que ocorrerá no tribunal de Cristo. Ele diz: “Naquele dia”; portanto, isso não se refere a hoje, mas ao futuro. Há muitos que labutam, mas não vêem a luz de Deus em sua vida. Quando o tempo do tribunal de Cristo vier, e quando Cristo começar a julgar a partir da casa de Deus, esses cristãos terão luz pela primeira vez. Eles verão que estão errados em sua posição e em seu viver.
Naquele dia, diante do Senhor muitos dirão: “Não temos nós profetizado em Teu nome, e em Teu nome expulsamos demônios, e em Teu nome fizemos muitos milagres?” Em uma só frase, a expressão “em Teu nome” é mencionada três vezes. Isso prova que essas pessoas são do Senhor. O fato de dizerem: “Senhor, Senhor”, prova que a posição delas é a de um cristão. Elas não apenas dizem que profetizam, expulsam demônios e fazem milagres, mas fazem isso em nome do Senhor. A menção de “em Teu nome” por três vezes, mostra-nos o relacionamento delas com o Senhor.
Surpreendentemente, o Senhor lhes diz: “Então lhes declararei: Nunca vos conheci”. Por não compreenderem o significado dessas palavras, muitos acham que tais pessoas certamente não são salvas. Mas se elas não fossem salvas, então a palavra do Senhor aqui não teria significado. Mateus capítulo 7 é a conclusão do sermão no monte, dando seqüência à palavra do Senhor acerca das bem-aventuranças. Essas palavras no monte foram ditas pelo Senhor Jesus aos Seus discípulos. Após o Senhor ter subido na montanha, Seus discípulos seguiram-No, e a partir do capítulo 5 até o capítulo 7 de Mateus, Jesus abriu a boca e passou a ensiná-los.
O Senhor Jesus disse que eles não deveriam chamá-Lo de Senhor apenas com a boca. Se eles O chamavam de Senhor, deveriam fazer a vontade do Pai. Mesmo que tivessem as obras exteriores de profetizar, expulsar demônios e fazer milagres, essas obras não deveriam substituir a vontade do Pai. Fazer a vontade do Pai é uma coisa, enquanto profetizar, expulsar demônios e fazer milagres são coisas totalmente diferentes. Algumas vezes, pode-se profetizar, expulsar demônios e fazer milagres sem fazer a vontade do Pai. Devemos lembrar-nos não somente de chamá-Lo de Senhor com nossa boca, mas também de fazer a vontade do Pai em nosso andar, em nosso viver. Se o Senhor estivesse falando acerca de pessoas não-salvas, essa palavra perderia totalmente o significado, pois se essas pessoas não fossem salvas, não importaria muito para os discípulos ouvirem ou não a Sua palavra. Os discípulos poderiam dizer ao Senhor que Sua palavra era para não-salvos, mas eles eram salvos; portanto, se fizessem ou não a vontade do Pai, o Senhor não poderia negar que os conhecia. Se fosse esse o caso, então todos os não-salvos seriam os que não fazem a vontade de Deus, e todos os salvos seriam os que fazem a vontade de Deus. Isso anularia o significado maior dessas palavras.
O Senhor Jesus, aqui neste versículo, está advertindo os salvos, falando sobre os salvos. Ele não está advertindo os salvos, falando sobre os não-salvos. Suponha que uma pessoa tenha uma empregada e duas filhas, e dissesse para a filha mais jovem: “Você está vendo essa empregada? Ela não nasceu de mim, e estou batendo nela. Você deve ser obediente, caso contrário, castigarei você assim como estou fazendo com ela”. Essas palavras são coerentes? A empregada não nasceu na família e, se for desobediente, pode apanhar. Mas a filha da família não é uma empregada. Não se pode aplicar a uma filha a maneira de tratar uma empregada. A mãe deveria dizer: “Na noite anterior castiguei sua irmã, pois ela foi desobediente. Agora, se cuide, pois se você não for obediente, vou castigá-la da mesma forma”. A mãe deve tomar a irmã como exemplo. Uma empregada não pode ser usada para comparação. Não existe motivo para o Senhor usar os não-salvos como exemplo para mostrar aos discípulos que eles precisam fazer a vontade de Deus. Se Ele fizesse isso, os discípulos poderiam levantar-se e dizer: “Eles não são salvos, mas nós somos salvos”. Se dissessem isso, ninguém poderia dizer mais nada.
O que o Senhor Jesus está dizendo é isto: “Muitas pessoas são filhos de Deus. Elas são salvas e são como você. Elas chamam-Me de ‘Senhor’ e têm realizado muitas obras. Mas, apesar disso, elas serão excluídas do reino milenar. Por essa razão vocês devem ser cuidadosos e fazer a vontade de Deus”. Somente dessa maneira os discípulos saberiam que, mesmo que realizassem muitas obras, se não fizessem a vontade de Deus, receberiam a mesma punição. Se Ele estivesse falando a não-salvos, não haveria mais o elemento penetrante de Sua palavra. O Senhor os estava advertindo de que somente os que fazem a vontade de Deus podem entrar no reino dos céus. Se alguém confiar em sua própria obra para se achegar diante de Deus, o Senhor Jesus lhe dirá: “Não conheço você”.
Permitam que eu lhes dê outro exemplo. Suponham que o filho de um juiz dirija de modo imprudente e bata em outro carro. Ele é levado pela polícia até o tribunal para uma audiência. O juiz pergunta: “Jovem, qual é o seu nome? Quantos anos tem? Onde você mora?” Abatido, no tribunal, o filho pode pensar: “Você deve saber todas essas coisas melhor do que eu”. Ele pode responder às poucas perguntas iniciais. Mas depois de algum tempo pode gritar ao pai: “Pai, você não me conhece?” Então, que deveria o juiz fazer? Ele poderia bater seu martelo e dizer: “Eu não o conheço. Em minha casa, eu o conheço. Mas, no tribunal, nunca o conheci”. Se alguém vir a questão da era vindoura do reino milenar, perceberá que no reino milenar a questão não é se uma pessoa é salva ou não, nem se é um filho de Deus ou não; o que realmente conta é a sua obra depois de tornar-se cristão. Suponha que após ser salvo, você seja muito zeloso. Apesar de não ter feito a vontade de Deus, você profetizou, expulsou demônios e realizou milagres em nome do Senhor. Se, no tempo do tribunal de Cristo, você vier diante do Senhor, pedindo para ser admitido na era do reino milenar por causa dessas obras inescrupulosas, o Senhor dirá que nunca o conheceu.
Por que o Senhor disse: “Nunca vos conheci”? A próxima sentença explica: “Apartai-vos de Mim, os que praticais a iniqüidade”. Por favor, lembrem-se de que o Senhor não lhes disse para apartarem-se da vida eterna. “Os que praticam a iniqüidade” são pessoas que não fazem a vontade de Deus. Aos olhos de Deus, fazer o mal não significa apenas fazer coisas más. Não importa quanto uma pessoa tenha feito; uma vez que ela não tenha atentado à exigência de Deus, ao Seu julgamento, e ao Seu arranjo soberano, isso é maligno aos olhos de Deus. Se essa palavra “iniqüidade” for traduzida para “mal”, como fazem algumas versões, muitos teriam base para argumentar. O problema aqui não é fazer o mal, mas não ter princípios. Que são os princípios? Os princípios são a Palavra de Deus. Mas que é a Palavra de Deus? A Palavra de Deus é a vontade de Deus. Se você não estiver fazendo a vontade de Deus, não importa o que faça, o Senhor Jesus dirá que você é iníquo. Os que fazem as coisas segundo seu próprio ego não terão parte no reino dos céus [na era vindoura do reino milenar.].
Meu propósito ao dizer essas coisas é mostrar-lhes a importância das obras de um cristão. A Bíblia mostra-nos claramente que uma pessoa, após crer no Senhor, embora nunca perca a vida eterna, ela pode perder seu lugar e glória na era do reino milenar. Se não fizermos a vontade de Deus, mas, em vez disso, fizermos obras de acordo com nossa própria vontade, seremos excluídos do reino milenar. Podemos pensar que profetizar, expelir demônios e realizar milagres seja o mais importante, pois achamos que, se pudermos fazer essas coisas, seremos uma pessoa maravilhosa. Entretanto, essas coisas nunca podem substituir a vontade de Deus. Os que nunca aprenderam a não trabalhar para Deus, não são dignos de trabalhar para Ele. Aqueles que não sabem como parar a sua própria obra, certamente nada sabem sobre a vontade de Deus. Somente os que conhecem a vontade de Deus conseguem parar de trabalhar. Deus quer que primeiro obedeçamos à Sua vontade e, depois, trabalhemos. Deus não nos quer como voluntários para trabalhar por Ele. Quanto mais alguém conhece a vontade do Senhor, mais aprenderá a não trabalhar relaxadamente. Portanto, existe uma grande diferença entre trabalhar e fazer a vontade de Deus. Hoje, podemos apreciar as obras e estar interessados em profetizar, expulsar demônios e realizar obras de poder. Mas um dia, muitos serão despertados.
ESMURRAR O CORPO PARA AGRADAR O SENHOR
No versículo 24, Paulo se compara a alguém que está participando de uma corrida, na qual somente um levará o prêmio. Portanto, o problema aqui não é uma questão de salvação, mas de receber o prêmio. Paulo está falando sobre como uma pessoa salva pode receber o prêmio; ele não está falando de como alguém não-salvo pode ser salvo. Somente os que são salvos, os que creram no Senhor Jesus, nasceram de novo e tornaram-se filhos de Deus estão qualificados para entrar na corrida. Somente os filhos de Deus podem participar da corrida e perseguir o prêmio que Ele deseja que ganhemos. Se alguém não é filho de Deus, não está sequer qualificado para entrar na corrida. Em nenhum lugar na Bíblia é dito que a salvação é ganha por corrermos a carreira. A Bíblia nunca diz que se alguém for capaz de correr, então será salvo. Se assim fosse, poucos seriam salvos, e a salvação dependeria de obras e não pelo dom gratuito de Deus. A Bíblia diz que o prêmio vem pelo correr; Deus colocou-nos em uma pista de corrida para corrermos a carreira.
Qual é o prêmio? O versículo 25 diz: “Todo atleta em tudo se domina; aqueles para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível”. Aqui é dito que o prêmio é uma coroa. Já mencionamos antes que a coroa representa a glória e o reino milenar. Portanto, a palavra “desqualificado” não se refere à perda da salvação. A palavra “desqualificado”, no versículo 27, significa fracassar em receber a coroa e o prêmio, no tribunal de Cristo, para desfrutar na era do reino milenar. Se Paulo podia ser desqualificado, então todos nós temos a possibilidade de o ser. Se Paulo podia perder seu prêmio e sua coroa, então cada um de nós também tem a possibilidade de perder o prêmio e a coroa.
O versículo 26 indica o motivo de ser desqualificado: “Assim corro também eu, não sem méta. Assim luto, não como desferindo golpes no ar”. Paulo tinha um propósito e uma direção. Ele não desferia golpes no ar. O seu alvo e direção eram aquilo que ele disse em 2ª Coríntios capítulo 5 versículo 9: que ele anelava ser agradável ao Senhor. Quer vivesse ou morresse nesta terra, o seu desejo era agradar ao Senhor. Como Paulo correu a carreira? Ele não a correu desleixadamente. Ele tinha uma direção certa e um alvo definido. Ele não desferia golpes no ar nem fazia simplesmente o que outros diziam que fizesse. Tampouco fazia algo apenas porque havia necessidade. Se fosse trabalhar de acordo com a necessidade, ele teria de correr dia e noite, pois a necessidade era enorme. Nós não somos para a obra, mas somos para agradar ao Senhor.
Se quisermos receber o prêmio, que devemos fazer? Em 1ª Coríntios capítulo 9 versículo 27, Paulo diz: “Mas esmurro o meu corpo, e o reduzo à escravidão”. Muitos estimam seu próprio corpo acima do prêmio. Muitos consideram seu próprio corpo acima da vontade de Deus. Entretanto, Paulo disse que dominava seu corpo; ele era capaz de controlá-lo. Paulo podia controlar a concupiscência de seu corpo, as exigências excessivas de seu corpo e os desejos de seu corpo. Ele não permitia que seu corpo prevalecesse. Ele disse que esmurrava seu corpo e fazia dele seu escravo. Se um cristão pode ou não agradar ao Senhor, depende de se ele pode ou não controlar seu corpo. Muitos não conseguem controlar seu próprio corpo. Sempre que um pequeno estímulo chega ao corpo, toda sorte de pecados acontece. Devemos ver que todos os que não podem controlar seu próprio corpo perderão seu prêmio e sua coroa na era vindoura do reino milenar. Embora possam pregar o evangelho a outros, eles mesmos serão desqualificados no julgamento do tribunal de Cristo.
Nós, cristãos, somos salvos uma vez por todas ao crê no Senhor Jesus Cristo e jamais perderemos nossa salvação. Mas quando o Senhor Jesus voltar na Sua glória para governar a terra na era do reino milenar, Ele não dará coroas para todos. Na eternidade (isto é, no novo céu e nova terra, que virá após a era do reino milenar), cada pessoa salva receberá a mesma glória. Mas quando o Senhor Jesus vier governar sobre a terra por mil anos, alguns perderão seu prêmio, sua autoridade e sua glória. Alguns não estarão aptos para entrar no reino milenar e não estarão aptos para receber uma coroa.
A palavra do Senhor é muito clara acerca da salvação e da vida eterna: ambas são totalmente provenientes da graça, dom gratuito de Deus. Além do mais, se alguém pode ou não entrar no reino dos céus, depende de suas obras. Acabamos de ver que temos de fazer a vontade de Deus. Aqui vemos que é necessário esmurrar nosso próprio corpo, dominar nosso corpo, controlá-lo. Controlar a concupiscência de nosso corpo, as exigências excessivas de nosso corpo e os desejos de nosso corpo. Não permitir que nosso corpo prevaleça. Esmurrar nosso corpo e fazer dele nosso escravo. Se podemos ou não agradar ao Senhor, depende de se nós podemos ou não controlar nosso corpo. Exteriormente, podemos realizar muitas obras, mas enquanto não restringirmos nosso corpo, não nos será permitido entrar no reino milenar.
Na Bíblia parece haver um número fixo de coroas. Apocalipse capítulo 3 versículo 11 diz: “Venho sem demora. Guarda com firmeza o que tens, para que ninguém tome a tua coroa”. Alguns que não compreendem a Bíblia, não sabem qual a diferença entre uma recompensa e um dom gratuito de Deus. Tampouco sabem a diferença entre a coroa e a salvação de Deus. Eles acham que a salvação pode ser tirada deles. A palavra “tome”, aqui, não se refere à salvação, mas à coroa. Alguém pode estar salvo e, no entanto, perder a coroa. Recentemente havia uma manchete muito sensacionalista nas revistas dizendo que determinado rei, de determinada nação, havia perdido sua coroa. Se uma pessoa salva não guardar com firmeza o que tem, se não guardar as palavras da perseverança do Senhor Jesus, e se negar o nome do Senhor Jesus algum dia ele perderá a coroa. Se você for frouxo, e não segurar com firmeza, também perderá sua coroa. Alguém poderá tirá-la de você.
Apocalipse capítulo 2 versículo 10 tem uma palavra semelhante a essa: “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida”. Aqui não diz dar a vida, mas dar a coroa da vida. A vida é obtida pela fé; ela não é obtida pela fidelidade. Se uma pessoa não tiver fé, ela não poderá ter vida. Mas se uma pessoa for infiel depois de ter vida, ela perderá a coroa da vida. Portanto, se um cristão não tiver boas obras após ser salvo, ele não perderá a vida, contudo, perderá a coroa.
EDIFICAR COM OURO, PRATA E PEDRAS PRECIOSAS
A passagem mais clara na Bíblia acerca da recompensa é 1ª Coríntios capítulo 3 versículos 14 e 15: “Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão; se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo”. Isso nos mostra claramente o que um cristão não pode perder e o que ele pode perder. Desde que uma pessoa seja salva, certamente está salva para sempre. Contudo, se tal pessoa receberá ou não um galardão na era do reino milenar, isso não pode ser decidido hoje. A salvação eterna de um cristão já está determinada. Mas a recompensa futura é uma questão ainda pendente. Ela é decidida pela maneira como alguém edifica sobre o fundamento do Senhor Jesus. A nossa salvação independe de como edificamos. Ela depende apenas de como o Senhor edifica. Se a Sua obra é perfeita, certamente estamos salvos. Entretanto, se receberemos ou não a recompensa, ou se sofreremos perda, depende da nossa própria obra de edificação. Se alguém edifica com ouro, prata e pedras preciosas, coisas com valor eterno, sobre o fundamento do Senhor Jesus, certamente receberá galardão. Contudo, se edifica com madeira, feno e palha, não receberá galardão diante de Deus no tribunal de Cristo. Ele pode ter muito diante do homem, contudo não terá muito diante de Deus. Isso nos mostra que é possível uma pessoa perder seu galardão e ter sua obra queimada.
Permitam-me repetir isto: Graças a Deus que a questão da nossa salvação eterna foi decidida há mais de mil e novecentos anos. Quando o Filho de Deus foi levado à cruz, a nossa salvação foi decidida. Mas, se vamos receber ou não a recompensa, depende de como nos conduzimos. A verdade do evangelho é muito equilibrada. A salvação depende totalmente do Senhor Jesus. Conceder a salvação depende totalmente do Senhor Jesus. Entretanto, se alguém pode obter sua recompensa ou não, depende da sua própria obra de edificação. O homem deve crer, e também deve trabalhar. Esse trabalho não é propriamente dele, mas é aquilo que o Espírito Santo tem trabalhado nele. Aqui vemos que é possível perdermos nossa recompensa. É igualmente possível sermos reprovados para o reino milenar e privados da nossa coroa. Dá-se a impressão de que a nossa posição no reino milenar não está decidida; ela está sujeita a mudanças e não está assegurada.
GUARDAR FIRME A EXULTAÇÃO DA ESPERANÇA
Hebreus capítulo 3 versículo 6, dá-nos uma palavra semelhante: “Cristo, porém, como Filho, sobre a Sua casa; e essa casa somos nós, se guardamos firme, até ao fim, a ousadia e a exultação da esperança”. Aqui parece incerto se somos ou não a Sua casa. O apóstolo disse que somos a Sua casa, se guardamos firme até ao fim a ousadia e a exultação da esperança. Que é essa casa e essa esperança? Essa esperança bendita é a da volta do Senhor Jesus Cristo em glória, para estabelecer Seu reino na terra. Se um cristão tiver tal esperança, sabendo que o Senhor Jesus voltará novamente para estabelecer Seu reino em glória, e sabendo que todos os fiéis que fizerem a vontade de Deus reinarão com o Senhor por mil anos, se ele guardar firme isso, ele será Sua casa. Hoje, nós já somos Sua casa. Somos todos pedras vivas edificadas casa espiritual. Isso é o que Pedro nos disse em 1ª Pedro 2 versículo 5. Mas qual será nossa porção na era vindoura do reino milenar, depende de quão firme guardamos até ao fim a ousadia e a exultação da esperança. Essa questão não pode ser decidida de uma vez por todas. Existem muitos versículos na Bíblia sobre isso, e todos são muito claros. O problema da eternidade está totalmente decidido, mas a questão da posição e recompensa na era vindoura do reino milenar depende de quão firme guardamos hoje a ousadia e a exultação da esperança.
SER MAIS DILIGENTE PARA FIRMAR O CHAMAMENTO E A ELEIÇÃO
Pedro disse: “Porque fazendo isto de modo algum jamais tropeçareis”. “Isto” são as coisas mencionadas nos versículos 5 a 7, tais como: fé, virtude, conhecimento, domínio próprio, perseverança, piedade e amor. Se fizermos essas coisas, jamais tropeçaremos. Isso é o mesmo que dizer que, se formos os mais diligentes, nosso chamamento e eleição serão firmados. Essas expressões são correspondentes. A primeira dessas expressões diz que devemos ser diligentes para firmar nosso chamamento e eleição. A segunda delas diz que procedendo assim, jamais tropeçaremos.
O versículo 11 diz: “Pois desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”. A Bíblia mostra-nos que o reino de Cristo é eterno. Contudo, alguns entrarão nele somente na eternidade futura, enquanto outros entrarão nele no milênio. O reino de Cristo começa com o reino milenar. Portanto, Apocalipse capítulo 11 versículo 15 diz: “O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes, dizendo: O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do Seu Cristo, e Ele reinará pelos séculos dos séculos”. Esse versículo nos mostra que o reino de Cristo está ligado à eternidade futura; ele perdura para todo o sempre. Entretanto, ele começa com o tocar da trombeta do sétimo anjo, isto é, com o início da tribulação. Quando Cristo começar Seu reinado, alguns entrarão no reino. Eles não apenas entrarão, mas lhes serão rica e amplamente suprida a entrada no reino eterno. Portanto, firmar nosso chamamento e eleição é ser rica e amplamente supridos com a entrada nesse reino eterno.
Pode-se ver que a salvação foi decidida, mas a entrada no reino ainda não o foi. Uma vez que um cristão creia no Senhor Jesus, ele pode imediatamente louvar o Senhor, porque sabe que a questão de vida ou morte eternas está decidida. Entretanto, após alguém crer, há experiências diante dele; ele ainda tem o reino diante dele e a glória futura aguardando por ele. Alguns obterão estas coisas: o reino, a coroa, a glória e o galardão; enquanto outros, não. Alguns entrarão no reino de Cristo; outros não estarão aptos para entrar. Alguns não apenas entrarão, como também serão rica e amplamente supridos com a entrada no reino de Cristo. Isso não significa que aqueles que não puderem entrar no reino de Cristo não sejam salvos. Mas significa que serão retiradas a recompensa e a glória deles. Portanto, precisamos correr e nos esforçar. Se estaremos aptos para reinar com Cristo, no futuro, dependerá de como nos esforçamos hoje.
ENTRAR NO REINO PARA PARTICIPAR DA GLÓRIA DE CRISTO
Gostaria de saber se vocês, alguma vez, pensaram com que tipo de glória Deus recompensará Cristo no milênio, por aquilo que Ele sofreu há mil e novecentos anos. Uma recompensa deve equiparar-se ao sofrimento. Se um homem for rebaixado à mais inferior posição, sua recompensa deverá ser a maior. Suponha que sua casa pegue fogo ou que você se encontre em sério perigo, e um empregado seu arrisque-se e quase perca a vida tentando salvar você. Como você o recompensaria? Você diria: “Eu o recompenso com vinte centavos”? Ninguém faria isso. A recompensa tem de equiparar-se ao sofrimento. Cristo glorificou a Deus de tal maneira e sofreu tal morte na cruz. Como Deus recompensará Cristo no futuro? E como Ele glorificará Cristo?
O reino milenar será o tempo no qual Cristo e os cristãos receberão glória juntos. O reino milenar será o tempo no qual Deus recompensará Cristo. Naquele tempo, nós também teremos uma porção. Se vamos ser achados dignos de receber a glória do Senhor, dependerá totalmente do resultado de nosso andar e trabalho pessoais. Não existe a questão de mérito no novo céu e nova terra. Mas no reino milenar, somente os que tiverem mérito receberão glória. O Senhor sofreu perseguição, dificuldades e humilhação. Se hoje sofrermos perseguição, dificuldades e humilhação, da mesma forma, nós partilharemos uma porção com Ele no reino vindouro.
Jesus é o Senhor!