13 - O SENHOR JESUS SÓ ACEITA CASOS PERDIDOS.
Uma vez conheci um irmão em Chefoo, que estava experimentando a vitória. Esse irmão tinha vindo da Manchúria e havia sido médico do exército por mais de dez anos. Alguns irmãos o haviam conduzido ao Senhor quando ele estava na Manchúria. Depois de crer no Senhor, mudou-se para Chefoo onde exerceu a medicina por mais de um ano. Quando estive em Chefoo numa conferência de uma semana, ele também esteve. Naquela conferência, falei sobre o assunto de vencer. Um dia ele veio a mim desesperado e perguntou-me se era possível ter uma conversa comigo na manhã seguinte. Disse-lhe que seria melhor se viesse naquela mesma noite porque estaria muito ocupado no dia seguinte. Ele me disse que era algo urgente e que não havia tempo suficiente à noite. Ele precisava muito mais tempo para falar de seu problema. Desse modo combinamos o encontro para a manhã seguinte. Lembrou-me que chegaria às nove horas e pediu-me que não tivesse mais nenhum encontro naquela manhã para que eu lhe dedicasse o tempo todo, porque seu problema era grave. Ele tinha o aspecto de um militar; era alto e robusto. Fixamos então o encontro na casa do irmão Lee. Cheguei antes das nove e ele já estava esperando por mim. Assim que nos sentamos disse: "Irmão Nee, tenho uma longa história para contar". Falou de seus dias no exército, de como veio ao Senhor e de como se havia mudado para Chefoo. Contou-me também que tinha vencido muitos pecados e que tinha abandonado todos os que havia cometido enquanto esteve no exército. Mas havia somente uma coisa que não conseguia vencer. Ao escutar aquilo, regozijei-me mais uma vez. Havia ali novamente "uma coisa". Sempre existe "uma coisa". Ninguém pode dizer que não lhe falta "uma coisa". Perguntei-lhe: "Qual é essa coisa de que você está falando? Mostrou-me suas mãos e me disse que era o cigarro. Disse-me que havia vencido todo tipo de pecados graves e vis. Mas não conseguia vencer aquele pecado. Fumava há dez anos e havia se tornado cristão há três ou quatro. Ele havia chegado a Chefoo há mais de um ano. Naqueles três ou quatro anos, tinha tentado deixar de fumar sete ou oito vezes a cada ano e não havia conseguido. Queixou-se dizendo: "Fumar nesse lugar é um grande sofrimento para mim. Chefoo é um povoado tão pequeno e há muitos irmãos aqui. Se eles souberem que eu fumo, isso seria desastroso. Então só posso fumar escondido. Não posso fumar em casa porque minha esposa também é uma irmã no Senhor e constantemente me vigia. E se fumo fora da minha casa temo que os irmãos e as irmãs me vejam. Não posso fumar em público, portanto tenho de esconder os cigarros em meu bolso. Se estou no hospital, posso fumar em meu consultório, mas nem assim posso fazê-lo publicamente; só posso fazê-lo junto à porta. Se alguém se aproxima, apago o cigarro às escondidas. Temo que as enfermeiras do hospital me descubram e contem a todos os irmãos. Se minha esposa me vir fumando, também terei problemas. Fumar é um grande sofrimento para mim. Os irmãos e as irmãs são muito afetuosos e vêm visitar-nos com freqüência. Se chegam quando estou fumando, tenho de chupar umas pastilhas de ervas para que não percebam meu hálito de cigarro. Neste último ano em Chefoo tenho sofrido demais por causa do cigarro. Não gosto de fumar, mas não consigo deixar; não importa quanto tente". Ele estava sentado à minha frente. Sua alta e robusta estatura refletia a imagem perfeita de um soldado. Porém, enquanto falava, chorava como um menino. Disse-lhe que isso era motivo de regozijo e que devia agradecer ao Senhor e louvá-Lo por isso. Ele respondeu: "Você não me entende. Os outros conseguem deixar de fumar, mas eu não. Se você soubesse quanto tenho tentado, compreenderia meu sofrimento. Uma vez deixei de fumar por três dias. Nessa ocasião não fumei, nem mesmo levei cigarros comigo. Não obstante, minha mente e meu cérebro estavam saturados de cigarros aonde quer que eu fosse. Finalmente me rendi e comecei a fumar de novo. Odeio a mim mesmo, mas não consigo evitar isso".
Disse-lhe: "Isso não é algo para estar triste. Isso é algo pelo qual vale a pena regozijar-se". Ele perguntou-me o que eu queria dizer com aquilo. Respondi-lhe: "Doutor Shi, você é um médico e alcançou grande fama na sua profissão. Você, porém, não tem nada a ver comigo, porque sou uma pessoa sã. Você é o melhor doutor de Chefoo e eu sou a pessoa mais saudável de Chefoo; eu não preciso de você e você não precisa de mim. Se você pudesse deixar de fumar hoje, você seria para o Senhor o que eu sou para você; você não precisaria Dele. Mas se eu sou fraco e doente, e nenhum médico pode salvar-me, venho a você, que é um médico famoso. Então você terá a oportunidade e a possibilidade de demonstrar sua habilidade. Doutor Shi, você se atreveria a pendurar um aviso na frente de sua clínica que dissesse:
'Atendem-se Somente Casos Terminais'?" Ele disse: "É claro que não. Que aconteceria se não pudesse solucioná-los?" Então eu lhe disse: "O Senhor Jesus, porém, não aceita nenhum caso que não seja terminal. O Senhor Jesus só cura casos impossíveis. Você é um caso impossível? Creio que deixar de fumar é um caso impossível para você". Ele concordou que era um caso perdido e disse: "Durante quatro anos tentei deixar de fumar sete ou oito vezes por ano. Mas não consegui. Se isso não é um caso perdido, não sei o que é". Então lhe disse: "Muito bom. Em tal caso o Senhor pode curá-lo. Não é isso algo pelo que deve regozijar-se? Você deve dar graças ao Senhor porque preenche os requisitos para ser Seu paciente. Seu caso é um caso terminal. Você tem de dizer ao Senhor Jesus: 'Senhor, não consigo deixar de fumar e é impossível deixar. Senhor Jesus, entrego meu ser a Ti'. O Senhor aceitará tal paciente. É por isso que você deve regozijar-se". Ele me disse: "Irmão Nee, não brinque comigo. Você tem de entender que sou completamente incapaz de fazer isso". Nesse momento começou a chorar de novo.
Então li para ele 2°Coríntios 12:9 e perguntei-lhe: "Que você deve fazer quanto à sua fraqueza? Deve chorar? Não há necessidade disso. Então, que deve fazer? Deve regozijar-se na sua fraqueza. Você deve gloriar-se em sua fraqueza; deve estar contente de poder gloriar-se nas fraquezas, porque quando você é fraco, então o poder de Cristo repousará sobre você". Depois o desafiei, dizendo-lhe: "Você pode recorrer ao Senhor hoje e dizer-Lhe: 'Senhor Jesus, tenho fumado por mais de dez anos. Agradeço-Te porque não consigo deixar de fumar; Senhor Jesus, tenho tentado abandonar esse vício durante quatro anos e tenho fracassado completamente. Graças Te dou e Te louvo porque tentei deixar de fumar sete ou oito vezes no ano passado sem nenhum êxito. Agradeço-Te porque não consigo fazer nada. Agradeço-Te porque sou fraco. Agradeço-Te porque não consigo. Senhor Jesus, agradeço-Te porque fumo. De agora em diante reconhecerei que não consigo deixar de fumar e tampouco tentarei deixar. Oro pedindo que deixes de fumar por mim. Se não deixares de fumar por mim, eu não conseguirei por mim mesmo. Não usarei mais minha força para deixar de fumar. Simplesmente deixarei que Tu faças isso em meu lugar. Graças e louvor a Ti porquê Teu poder se aperfeiçoa na minha fraqueza'. O que você acha se nos ajoelharmos para orar nesse momento?"
Ele concordou e disse: "Tudo bem, vamos orar". E agiu como um soldado, dobrando-se abruptamente no chão sobre seus joelhos. Em seguida comecei a orar assim: "Senhor, agradeço-Te porque essa é outra oportunidade para que o Teu poder possa ser manifestado em um paciente terminal e sem esperanças. Aqui tens um homem inútil e queremos que realizes um milagre nele". Depois que orei, ele também fez uma oração. Sua oração foi excelente. Disse: "Louvo-Te porque fumo, e não consigo deixar de fumar. É por essa razão que venho a Ti. Senhor, de agora em diante já não tentarei deixar esse vício. Deixa o cigarro por mim. Não voltarei a tentar. Entrego tudo em Tuas mãos. Graças e louvor a Ti. Tu podes tudo". Ao terminar a oração sentiu-se muito contente. Pôs-se em pé e pegou seu chapéu. Quando ele estava para sair, eu lhe disse: "Espere um momento. Tenho algo mais para dizer-lhe. Você vai continuar fumando?" Ele me deu uma boa resposta: "Sim, é claro que continuarei fumando. Eu, Tsai-lin Shi continuarei fumando, mas o Senhor Jesus deixará de fumar por mim". Depois dessas palavras saiu.
Na noite seguinte, veio novamente à reunião. Ele testificou que tinha dito a sua esposa: "Por mais de um ano você tem se queixado e falado que fumar é errado. Mas eu não conseguia deixar de fumar. Ontem pela manhã pedi socorro a Deus, e em meia hora deixei de fumar. Não há necessidade de continuar se queixando. Tudo o que eu precisava era ir a Deus por meia hora". Perguntei-lhe se continuaria fumando. Ele disse: "É lógico que sim". Em seguida perguntei-lhe o que faria com isso. Ele disse: "Sempre fumarei. Eu, Tsai-lin Shi, sempre fumarei, ainda que seja por cinco ou dez anos mais. É o Senhor Jesus quem deixará de fumar por mim". Ao escutar isso, fiquei tranqüilo. Compreendi que o assunto havia sido resolvido. Aquele homem se conhecia e conhecia a Deus. Também sabia que a mudança não provinha dele, mas do Senhor Jesus. Dois meses depois de ter partido de Chefoo, fiquei sabendo que ele não havia voltado a fumar nem uma só vez. Todos os irmãos testificaram que ele crescia e progredia rapidamente. "Mas Graças a Deus que nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo" (1°Coríntios 15:57). Você pode dá Glória a Deus!?
Livro: "A Vida Que Vence" - (Watchman Nee)
Jesus Cristo é o Senhor!