38 - A diferença entre a Lei no Antigo Testamento e a Graça no Novo Testamento.
A DIFERENÇA ENTRE A LEI NO ANTIGO TESTAMENTO E A GRAÇA NO NOVO TESTAMENTO.
A lei exige que trabalhemos e a Graça exige que recebamos. A lei é para que laboremos e a Graça é para que desfrutemos. Há duas figuras aqui: uma é a da vinha, em que todos laboram, e a outra é a das bodas, em que todos desfrutam. Na dispensação da lei, era o homem quem trabalhava, laborava e labutava. Na dispensação da Graça é Deus quem prepara todas as coisas e deixa tudo pronto; o homem apenas precisa desfrutar.
Qual o significado dessas duas parábolas? Já sabemos que quem quer crescer em vida na presença de Deus deve confessar os pecados e lidar com os pecados e com a consciência. Mas alguns podem dizer que essa palavra é elevada demais e indagar se alguém consegue cumpri-la. Ou talvez perguntem: "Quem consegue lidar com os pecados e com a consciência por completo? No Novo Testamento Deus exige que lidemos com os pecados e os confessemos, lidemos com a consciência e nos consagremos a Ele de forma cabal. Esses requisitos são da lei ou da Graça?". Lendo o Novo Testamento com cuidado, veremos que há passagens claras que demonstram que devemos confessar os pecados e lidar com a consciência. Por exemplo, Mateus 5:26 diz: "Em verdade te digo: De modo algum sairás dali, enquanto não pagares o último centavo". Hebreus 9:14 diz que devemos lidar com os pecados para servir ao Deus vivo com consciência pura. Exteriormente essas palavras parecem leis, mas no Novo Testamento são, na verdade, Graça.
Aqui está o problema. Não dissemos que a lei só exige das pessoas e que a Graça diz respeito ao desfrute sem nenhuma exigência? Visto que confessar os pecados, lidar com eles e lidar com a consciência são obviamente exigências, como podemos dizer que estão relacionadas com a Graça? Na superfície, parece que são exigências, mas, na realidade, no Novo Testamento tudo é Graça, absolutamente Graça. No Antigo Testamento Deus fez muitas exigências ao homem. Por exemplo, Deuteronômio 6:5 diz: "Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força". O Novo Testamento também tem esse mandamento e diz que devemos deixar todas as coisas para amar o Senhor (Lc 10:27; Mt 19:29; Lc 14:26). Esses dois mandamentos - um no Antigo e outro no Novo Testamento - parecem ser os mesmos, mas na verdade não o são.
A LEI DO ANTIGO TESTAMENTO MOSTRA A INCAPACIDADE DO HOMEM.
Outro exemplo é que o Antigo Testamento ordena que o homem honre pai e mãe (Êx 20:12) e o Novo Testamento também ordena que o homem honre pai e mãe (Ef 6:2-3). O Antigo Testamento ordena que o homem seja santo (Lv 19:2) e Novo Testamento também (1°Pe 1:16). Parece que o Antigo e Novo Testamento dizem a mesma coisa, e é difícil diferenciá-las. É verdade que os mandamentos do Antigo e do Novo Testamento procedem da boca de Deus, mas a santidade do Antigo Testamento é totalmente diferente da do Novo Testamento. Em poucas palavras, todos os mandamentos do Antigo Testamento são para provar a incapacidade e a impotência do homem. Na época do Antigo Testamento Deus deu os mandamentos e decretou a lei para que o homem obedecesse e seguisse, mas ao fazê-lo Ele tinha somente um propósito: mostrar que o homem é incapaz e incompetente.
Acaso já consideramos por que Deus, no Antigo Testamento, queria que o homem amasse os pais, fosse santo, O amasse e assim por diante? Afinal Deus deu a lei para que o homem a violasse ou guardasse? Todos os que conhecem a Bíblia entendem que não há como o homem guardar a lei de Deus. Sendo assim, por que Deus ainda a decretou? Precisamos prestar atenção a essa questão. Visto que o homem não se conhecia, Deus lhe deu uma exigência muito severa para que se conhecesse. Deus parecia dizer: "Você está seriamente doente e precisa repousar, mas, já que não está disposto, não tenho escolha a não ser enviá-lo a trabalhar na vinha para que você conheça sua verdadeira condição".
O problema é que até agora não nos conhecemos. Deus, no entanto, nos conhece plena e perfeitamente. O homem não tem como agradar a Deus, e nenhum de seus bons comportamentos pode satisfazer as exigências de Deus ou ser aceitável a Ele. Mesmo assim, o homem ainda pensa que é muito capaz e pode tudo. É nessa situação que Deus lhe dá a lei e exige que ele seja santo e O ame incondicionalmente. Visto que o homem é incapaz de cumprir a lei, sua incapacidade fica exposta.
Quando Deus deu a lei ao homem no Antigo Testamento, não esperava que ele a guardasse porque já sabia que não conseguiria. O único propósito da lei é provar a incapacidade humana. Todas as leis do Antigo Testamento são usadas para mostrar a incapacidade e incompetência do homem. Portanto, sempre que lemos um mandamento ou uma lei, devemos prostrar-nos diante de Deus e dizer: "ó Deus, não consigo cumprir. Tu queres que eu Te ame de todo o coração, de toda a alma, de toda a mente e de toda a força, mas não consigo dar-Te nem um desses 'de todo', quanto mais quatro". Deus busca esse tipo de percepção.
Lucas 10:27 diz: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de toda a tua força e de toda a tua mente; e ao teu próximo como a ti mesmo". Na Bíblia a exigência para amar tem dois lados: quatro "todo" em relação a Deus - todo o coração, toda a alma, toda a força e toda a mente - e um "como" em relação ao homem - ao teu próximo como a ti mesmo. Se perguntarmos a nós mesmos, temos algum desses "todos"! Somos capazes de cumprir esse "como"! De fato não temos nem metade desses "todos". Quando estamos felizes, podemos amar a Deus um pouco e, quando nosso próximo nos agrada, podemos amá-la um pouco. Não conseguimos amar nem os pais, quanto mais ao próximo. Portanto Deus deu a lei do Antigo Testamento para mostrar a incapacidade, a impotência e a insuficiência do homem.
Livro: "Os Puros de Coração". (Witness Lee)
Jesus Cristo é o Senhor, o único e suficiente Salvador.