32 - Experimentar a Graça Especial de Deus ao lidar com os pecados.
EXPERIMENTAR A GRAÇA ESPECIAL DE DEUS AO LIDAR COM OS PECADOS.
Em minha vida cristã tive, certa vez, uma experiência inesquecível relacionada com lidar com os pecados, a qual testifica como a Graça de Deus é grande, porque foi ela que sustentou todo meu ser interior. Somente quando lidei com meus pecados, vi quão imensa é, de fato, a Graça de Deus. Por toda a vida não vou esquecer essa experiência. Isso ocorreu seis ou sete anos depois que fui salvo, e foi a primeira vez que realmente lidei com meus pecados. Naquele momento o Senhor trabalhou em mim e me avivou, fazendo-me orar o tempo todo, servir com zelo e ter um sentimento de lidar cabalmente com todos os pecados. Um dia Ele me iluminou e me fez lembrar-se de um incidente ocorrido na juventude, quando eu trabalhava para certa empresa. O prédio da empresa havia pegado fogo e todos fizeram o máximo para roubar as coisas da empresa. Eu também peguei duas coisinhas. A primeira coisa foi um lindo tinteiro de porcelana próprio para caligrafia chinesa. Eu o coloquei no bolso quando ajudava a empacotar as coisas da empresa. O outro item foi uma escova de roupa, um produto ocidental, que era muito bonita. Eu coloquei o tinteiro em minha sala de estudos, para que meus amigos ficassem admirados quando o vissem. Além disso, era muito conveniente usar a escova ocidental para escovar as roupas quando ia vestir-me. Após ser salvo, não notei nenhum problema de imediato; somente tinha um pequeno sentimento de que essas duas coisas eram de origem duvidosa. Então, seis ou sete anos mais tarde, a Graça do Senhor me alcançou e percebi que deveria lidar cabalmente com o pecado de tê-las roubado. Não conseguia ler a Bíblia enquanto olhava para o tinteiro. Além do mais, as cerdas da escova se desgastaram depois de seis ou sete anos de uso.
A necessidade de lidar com esses dois itens me causou dois problemas. O primeiro era que o filho de meu antigo chefe fora meu colega de sala, e eu o conhecia muito bem. Como poderia ir a ele e confessar? Achei isso muito difícil. O outro problema era que as cerdas da escova já haviam quase se acabado, então como poderia devolvê-la? Por vários dias e noites eu mal conseguia dormir, porque sentia que não poderia ir até ele. Labutei por uma ou duas semanas e, quanto mais labutava, mais difícil se tornava. Então pedi a Deus que me desse coragem. Naquela época meu chefe já havia falecido, então pensei que deveria pagar pelos dois itens em vez de devolvê-los. Depois que planejei tudo, fui à casa de meu antigo colega num domingo à tarde. Eu tinha tudo preparado. Era final de ano e ele estava em casa. Quando me viu, disse: "Não o vejo há muito tempo". Naquele momento fiquei vermelho e lhe disse: "Eu vim pedir perdão. No ano em que sua empresa pegou fogo, aproveitei a situação e roubei esse tinteiro do escritório". Ele disse: "Isso não é nada! Essa coisinha não importa". Eu continuei: "E uma pequena escova também! Mas ela já se desgastou, então quero pagar essa quantia em dinheiro". Ele respondeu: "Não se preocupe com isso! São só pequenos objetos". Pedi que ele me entendesse. Vendo como eu era sincero, ele não teve como me rejeitar. Então perguntou: "Que tem na mão?". Naquela época, o governo não permitia que o povo imprimisse nenhum calendário que incluísse o sistema solar ou lunar, mas havia uma organização católica que publicava muitos calendários assim. Essa organização era estabelecida pelos ocidentais e o governo não interferia em suas atividades. Todo ano essa empresa mandava mais calendários para a empresa em que eu trabalhava, e todos os funcionários de posição comparativamente mais alta recebiam um. Quando o filho de meu ex-patrão me perguntou o que eu tinha na mão, disse-lhe que tinha um calendário com os anos solares e lunares. Então ele disse: "Isso é bom! Dê-me o calendário e guarde o dinheiro. O calendário será a reposição dos itens que você roubou". Claro que, por um lado, eu estava feliz, mas, por outro, triste.
Embora eu houvesse lidado com o pecado, ele não quis aceitar o dinheiro e isso me preocupou. No caminho de volta para casa, orei: "Senhor, o que devo fazer com o dinheiro?". Então eu tive uma idéia: "Eu deveria dá-lo a um mendigo, não um mendigo comum, mas especial- alguém que tivesse sido afligido pela guerra e andasse pelo subúrbio". Quando cheguei à casa, já era noite. Alguém bateu à porta, e fui atender. A pessoa disse: "Senhor, por favor, tem misericórdia de mim!". Olhei e vi que era um mendigo. Ele continuou: "Não comi nada o dia todo". Logo pedi que entrasse e lhe dei bolinhos chineses, água e pequenas porções de comida. Depois que ele terminou de comer, dei-lhe mais alguns bolinhos. Ele disse envergonhado: "Você é um homem de bom coração". Respondi: "Não, não sou bondoso. Jesus preparou esse dinheiro para você. Tome". Então o acompanhei e, quando chegamos a um cruzamento, ele se prostrou diante de mim sinceramente e partiu. No caminho de volta, encontrei um irmão mais velho. Ele insistiu em me dar um calendário. Quando cheguei à casa e o olhei, vi que tinha os anos lunares e solares. Eu disse ao Senhor: "Senhor, quão temível e maravilhoso és! Preparaste o mendigo e o calendário para mim. Realmente recebi Graça especial de Ti".
Ao lidar com os pecados, temos a presença do Senhor e por isso O conhecemos mais. Lidar com os pecados e com a consciência dessa maneira não é algo da lei, mas da Graça. Quanto mais conhecemos e experimentamos a Graça, mais lidamos com os pecados; quanto mais recebemos Graça, mais crescemos. Espero que todos nos tornemos cristãos maduros, e não cristãos "mal passados". Isso não ocorre com base na lei, mas pelo suprimento da Graça. Quanto mais confissões fizermos, mais santificados seremos.
Livro: "Os Puros de Coração". (Witness Lee)