Evangelho de Marcos | Estudo 13
Leitura Bíblica: Marcos 13:1-37
PREPARAR OS DISCÍPULOS
Marcos 13:1-37 é geralmente considerado um capítulo de profecias. Contudo esse capítulo não é meramente uma profecia, mas também parte da preparação do Salvador-Servo para Seu serviço redentor. Em Marcos 13:1-14:42 o Senhor Jesus preparou os discípulos para Sua morte. Vimos que em Marcos 11:1-12:44 a preparação do Salvador-Servo para Sua obra redentora incluiu três questões: entrar em Jerusalém e pernoitar em Betânia (Mc 11:1-11), amaldiçoar a figueira e purificar o templo (Mc 11:12-26), e ser posto à prova e examinado (Mc 11:27-12:44). Esse trabalho de preparação envolvia tanto os seguidores do Senhor como também os opositores. Se considerarmos os capítulos 11 e 12 cuidadosamente, veremos que, embora os opositores tenham sido subjugados pelo Senhor, eles também foram acelerados nos esforços para levá-Lo à morte. Os preparativos foram feitos pelo Senhor para que os opositores O levassem à morte no tempo designado, o dia da Páscoa. Embora os opositores tivessem sido silenciados, eles não pararam os esforços para levá-Lo à morte. Na verdade, foram instigados pela situação para intensificar os esforços para matá-Lo.
No que diz respeito aos opositores e ao ambiente, tudo fora preparado. O povo fora conquistado pelo Senhor Jesus, e a situação, subjugada por Ele. Os que O puseram à prova e examinaram não acharam absolutamente nada de errado Nele. Não tinham base legal para fazer nada contra Ele. Contudo tinham sido preparados mediante a confrontação do Senhor com eles para fazer o que fosse necessário para matá-Lo.
Nos capítulos 11 e 12 do evangelho de Marcos, o Senhor exaustivamente preparou o ambiente e os opositores para Sua morte. Em Marcos 13:1-14:42 Ele já não prestou atenção aos opositores, mas voltou-se para os discípulos e teve um tempo em particular com eles, a fim de prepará-los para Sua morte.
Em Sua preparação para a obra redentora (Mc 11:15-14:42), o Salvador-Servo, depois de confrontar os opositores (Mc 11:15-12:37), ficou com Seus seguidores para prepará-los para Sua morte (Mc 13:1-14:42), um fato chocante e desalentador para eles. Ele os preparou: dizendo-lhes as coisas que viriam (Mc 13:2-37), desfrutando do amor deles expresso numa festa e sendo ungido com precioso nardo puro (Mc 14:3-9), instituindo Sua ceia (1Co 11:20) para que se lembrassem Dele (Mc 14:12-26), e advertindo-os a respeito dos tropeços e exortando-os a vigiar e orar (Mc 14:27-42). Logo após tal preparação, Ele foi preso para ser crucificado (Mc 14:43-15:28).
COISAS POR VIR
Em Marcos 13:1 a situação a respeito do Senhor Jesus era muito séria. Contudo Ele a suportou de forma bastante confortável. Conduziu alguns discípulos para fora de Jerusalém ao monte das Oliveiras, para um nível mais elevado, onde a atmosfera era clara. Assentando-se ali com eles, falou-lhes sobre o futuro, a fim de prepará-los para o que viria. Esse foi o ambiente no qual Ele falou aos discípulos a profecia registrada em Marcos 13. Vamos agora considerar esse capítulo versículo por versículo.
SAIR DO TEMPLO
Em Mateus 23:38 o Senhor Jesus diz: “Eis que a vossa casa vos é deixada deserta”. Como casa nesse versículo está no singular, deve referir-se à casa de Deus, que era o templo (Mc 11:15, 17). Ela era a casa de Deus, mas agora tornou-se a vossa casa, pois se transformou em covil de salteadores.
Quando um dos discípulos Lhe falou sobre as pedras e construções maravilhosas, o Senhor lhe disse: “Vês estas grandes construções? De modo nenhum ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada” (Mc 13:2). Isso se cumpriu no ano 70 d.C., quando Tito, com o exército romano, destruiu Jerusalém. A palavra do Senhor em Marcos 13:2 corresponde a deserta em Mateus 23:38. O templo foi deixado deserto quando Jerusalém foi destruída.
Vimos que o Senhor Jesus recebeu uma calorosa recepção do povo, amaldiçoou a figueira e purificou o templo. A purificação do templo instigou os opositores. Por essa razão, no dia seguinte à purificação do templo, Ele confrontou os opositores, que O examinaram e Lhe fizeram diversas perguntas. Todas essas coisas aconteceram aos olhos de Seus seguidores íntimos. Contudo, em Marcos 13:1, um deles ainda conseguia dizer: “Mestre, olha que pedras e que construções!”.
O Senhor Jesus procurou impressionar Seus seguidores com o fato de que, nesse ponto, Ele não tinha mais nada a ver com a nação judaica nem com o templo. Ele amaldiçoou a figueira, o símbolo da nação judaica, e purificou o templo. Esses atos indicam que, como Deus, Ele estava farto de Israel e do templo nesse momento.
Marcos 13:1 diz: “Ao sair Jesus do templo”. Quando saiu do templo, Ele o abandonou. Como já dissemos, o templo não era mais a casa de Deus; era a vossa casa, a casa dos que fizeram dela um covil de salteadores. Assim a casa deles lhes foi deixada para desolação. Depois que o Senhor Jesus saiu do templo, Ele nunca mais voltou lá. Segundo a predição do Senhor, o templo foi totalmente destruído.
Os discípulos do Senhor testemunharam o amaldiçoar da figueira e a purificação do templo, mas não entenderam o significado dessas coisas. Foi por isso que ainda admiraram as maravilhosas pedras e maravilhosas construções. Isso tornou necessário que o Senhor Jesus lhes falasse mais, a fim de prepará-los para Sua morte.
Em Marcos 13:2 o Senhor Jesus diz aos discípulos: “Vês estas grandes construções? De modo nenhum ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada”. Essa profecia se cumpriu no ano 70 d.C. Em seus escritos, Josefo, historiador judeu, registra os detalhes da destruição de Jerusalém e do templo. Jerusalém foi completamente destruída.
ASSENTADO COM OS DISCÍPULOS NO MONTE DAS OLIVEIRAS
Podemos achar surpreendente que, nesse momento, o Senhor Jesus ainda tivesse disposição para sentar com os discípulos no Monte das Oliveiras e lhes falar acerca das coisas por vir. Certamente não era fácil ainda ter disposição para isso. Isso também nos mostra que Ele estava em paz. Embora soubesse que em poucos dias seria levado à morte, Ele ainda estava em paz. Podia sentar tranqüilamente no alto do monte e olhar para a cidade abandonada de Jerusalém e para o templo abandonado. A Seus olhos, Jerusalém e o templo já haviam sido abandonados.
ENGANADORES, GUERRAS, TERREMOTOS E FOME
No versículo 7, o Senhor prossegue: “Quando ouvirdes falar de guerras e rumores de guerras, não vos alarmeis; é necessário que isso aconteça, mas ainda não é o fim.” (Mc 13:7). As guerras aqui se referem a todas as guerras desde o primeiro século até agora. São representadas pelo cavalo vermelho do segundo selo em Apocalipse 6:3-4. O fim no versículo 7 é a consumação dessa era (Mt 24:3; Dn 12:4, 9, 6-7), que serão os três anos e meio da grande tribulação.
Se você conhece a história mundial, percebe que, desde o dia que o Senhor Jesus ascendeu aos céus, as guerras têm aumentado. Podemos dizer que a história humana é um registro de histórias de guerras. Em Marcos 13:7 o Senhor profetizou a respeito das guerras que aconteceriam após Sua ressurreição e ascensão.
Em Marcos 13:8 o Senhor Jesus diz: “Porque se levantará nação contra nação, e reino contra reino; haverá terremotos em vários lugares; haverá fome. Essas coisas são o princípio das dores de parto”. Nesse versículo nação se refere ao povo, os gentios, e reino se refere a um império. Levantar-se nação contra nação, ou povo contra povo, refere-se à guerra civil e levantar-se reino contra reino se refere à guerra internacional. Desde que o Senhor ascendeu tem havido tanto guerras civis como entre países. Além disso, tem havido muitas fomes, que freqüentemente são o resultado de guerra. Segundo a história, guerra introduz fome, representada pelo cavalo preto do terceiro selo em Apocalipse 6:5-6. Assim a seqüência é guerra, fome e morte.
Em Marcos 13:8 o Senhor diz que haverá terremotos em vários lugares. Desde o tempo da ascensão de Cristo, os terremotos têm aumentado pelos séculos e serão intensificados no final dessa era (Ap 6:12; 8:5; 11:13, 19; 16:18). Parece que a cada ano há mais terremotos do que no ano anterior.
DORES DE PARTO
Aqui precisamos dizer uma palavra adicional a respeito das dores de parto mencionadas pelo Senhor em Marcos 13:8. Para entender essa expressão precisamos perceber que desde a ressurreição do Senhor um nascimento está ocorrendo: o nascimento do novo homem universal.
O homem criado por Deus, o velho homem, falhou diante Dele e se tornou inútil quanto ao cumprimento de Seu propósito. Por isso, pela morte e ressurreição de Cristo, Deus começou a gerar um novo homem universal. O nascimento ou parto desse novo homem começou com a ressurreição do Senhor, pois nós, os chamados de Deus, fomos todos ressuscitados com Cristo.
Ao tempo da ressurreição do Senhor, o parto do novo homem universal ainda não havia terminado. Na verdade ali foi apenas o início. Esse nascimento irá continuar até o fim da grande tribulação.
De acordo com o livro de Atos, Pedro e os outros discípulos sofreram as dores de parto. Através dos séculos, muitas pessoas fiéis ao Senhor sofreram essas dores, e hoje ainda muitos as sofrem. O motivo pelo qual essas dores continuam é que o parto do novo homem universal ainda não terminou.
Antes de morrer, o Senhor Jesus falou acerca do nascimento do novo homem: “Em verdade, em verdade vos digo que chorareis e vos lamentareis, mas o mundo se alegrará; vós vos entristecereis, mas a vossa tristeza se converterá em alegria. A mulher, quando dá a luz, tem tristeza, porque chegou a sua hora; mas, depois de ter dado à luz a criança, já não se lembra da aflição, pela alegria de haver nascido ao mundo um homem. Assim também vós agora tendes tristeza; mas outra vez vos verei, e o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém vo-la tirará.” (Jo 16:20-22). Em certo sentido, uma criança, o novo homem, nasceu quando o Senhor ressuscitou. Mas, em outro sentido, o novo homem universal, revelado em Efésios 2 e 4, ainda não nasceu totalmente. Pelo contrário, ainda está no processo de nascimento, o que envolve sofrimento.
As perseguições sofridas pelos santos são consideradas pelo Senhor Jesus como dores de parto, que tiveram início ao tempo da ressurreição e ascensão do Senhor. Desde o dia de Pentecostes, essas dores não cessaram de ser experimentadas pelos seguidores do Senhor. Como o nascimento do novo homem ainda ocorre hoje, as dores continuam. O que o Senhor diz em Marcos 13:1-8 está relacionado com as dores de parto para gerar o novo homem universal.
Em Marcos 13:1-37 o Senhor Jesus prepara os discípulos para Sua morte, dizendo-lhes as coisas que haveriam de vir. Aqui Ele fala a respeito de cinco assuntos: a destruição do templo (vs. 1-2), os flagelos no início das dores de parto (vs. 3-8), a pregação do evangelho e as perseguições (vs. 9-13), a grande tribulação e a vinda do Salvador-Servo (vs. 14-27), e vigiar, orar e aguardar o Salvador-Servo (vs. 28-37). Já abordamos a destruição do templo e o início das dores de parto na mensagem anterior. Nesta consideraremos as outras questões a respeito das quais o Senhor falou aos discípulos no Monte das Oliveiras.
O EVANGELHO E AS PERSEGUIÇÕES
O versículo 9 indica que as perseguições virão tanto dos judeus como dos gentios. Os sinédrios e as sinagogas estão relacionados com os judeus, mas os governadores e os reis se referem aos governantes dos gentios. Assim as perseguições descritas no versículo 9 virão tanto dos judeus como dos gentios.
No versículo 10 o Senhor diz: “Mas é necessário que primeiro o evangelho seja proclamado a todas as nações”. De acordo com Mateus 24:14, o evangelho que será pregado a todas as nações é o evangelho do reino, o qual inclui o evangelho da graça (At 20:24). Contudo o evangelho do reino introduz as pessoas não apenas na salvação de Deus, mas também em Seu reino (Ap 1:9). A ênfase do evangelho da graça está no perdão dos pecados, na redenção de Deus e na vida eterna; a ênfase do evangelho do reino está no governo de Deus e na autoridade do Senhor Jesus Cristo. O evangelho do reino será pregado em todo o mundo, para testemunho a todas as nações, antes que venha o fim desta era. Esse testemunho deve se espalhar pela terra antes do fim desta era, antes do tempo da grande tribulação.
No versículo 11 o Senhor diz aos discípulos que não fiquem ansiosos sobre o que falar quando forem entregues, pois o Espírito Santo falará neles. Então Ele continua: “Um irmão entregará à morte outro irmão, e o pai ao filho; filhos se levantarão contra os pais e os farão morrer. E sereis odiados de todos por causa do Meu nome; aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo.” (Mc 13:12-13). Essa palavra é breve, mas todo-inclusiva. A perseguição virá dos judeus, dos gentios e até mesmo dos membros da própria família. Essa perseguição aconteceu e ainda acontece hoje.
É importante entender o significado da palavra salvo no versículo 13. Aqui salvo pode significar ser salvo dos que odeiam e perseguem. Mas, por fim, significa ser salvo para entrar na manifestação do reino na era vindoura, manifestação essa que será um galardão para os crentes vencedores. Isso difere da salvação eterna revelada em Efésios 2:8.
A ABOMINAÇÃO DA DESOLAÇÃO
No versículo 14 o Senhor Jesus fala da abominação da desolação em pé onde não deve estar. Abominação significa ídolo (Dt 29:17). Aqui se refere à imagem do anticristo colocada no templo de Deus como ídolo (Ap 13:14-15; 2Ts 2:4) no início da grande tribulação (Mt 24:21).
A palavra grega traduzida como desolação significa causar desolação, desolar. A abominação, o ídolo do anticristo, causará desolação. O anticristo é chamado de o destruidor (Apoliom, Ap 9:11); ele fará muita destruição (Dn 8:13, 23-25; 9:27).
A abominação da desolação estará em pé onde não deve estar. De acordo com Mateus 24:15, ela estará no lugar santo, isto é, no templo de Deus (Sl 68:35; Ez 7:24; 21:2).
A DESTRUIÇÃO DE JERUSALÉM
Havia profecias tanto sobre Tito como sobre o anticristo em Daniel. Antíoco Epífanes era uma prefiguração de Tito, que por sua vez era uma prefiguração do anticristo. O “pequeno chifre” em Daniel 8 era prefiguração de Tito, e Tito é prefiguração do anticristo vindouro. Com Tito ocorreu a terceira destruição de Jerusalém e do templo; com a vinda do anticristo, Jerusalém será novamente destruída.
A palavra do Senhor Jesus em Marcos capítulo 13 se refere ao anticristo e também implica a destruição de Jerusalém em 70 d.C. por Tito. Para entender esse trecho da Palavra, é útil perceber que Tito prefigura o anticristo, e a destruição que ele infligiu a Jerusalém prefigura a destruição que será executada pelo anticristo.
OS ESCOLHIDOS
FALSOS CRISTOS E FALSOS PROFETAS
O Senhor Jesus diz que falsos Cristos e falsos profetas se levantarão. O anticristo será o último dos falsos Cristos e fará sinais e maravilhas enganadoras, com o poder de Satanás, para enganar os que perecem (2Ts 2:3-10). A outra besta em Apocalipse 13:11 será o último dos falsos profetas (Ap 19:20) e fará grandes sinais a fim de enganar os moradores da terra (Ap 13:13-14).
A VINDA DO FILHO DO HOMEM
No versículo 26, o Senhor Jesus continua: “Então verão o Filho do Homem vindo nas nuvens, com grande poder e glória.” (Mc 13:26). Na primeira vinda de Cristo, Sua autoridade foi manifestada mediante a expulsão de demônios e a cura de doenças. Na segunda vinda, Seu poder será exercido para executar o juízo de Deus, destruir o anticristo e seus exércitos e amarrar Satanás para o estabelecimento do reino de Deus na terra.
Em Marcos 13:27 o Senhor Jesus diz que o Filho do Homem “enviará os anjos e reunirá os Seus eleitos dos quatro ventos, da extremidade da terra até a extremidade do céu”. Depois da grande tribulação, em Sua volta à terra, o Senhor reunirá os judeus escolhidos espalhados por todas as partes na terra santa. Esse será o cumprimento não apenas da palavra do Senhor em Mateus 23:37, como também da promessa de Deus no Antigo Testamento (Dt 30:3-5; Is 43:5-7; 49:9-13, 22-26; 51:11; 56:8; 60:4; 62:10-12; 27:13; Ez 34:13; 37:21; 28:25).
VIGIAR, ORAR E AGUARDAR
Nos versículos 29 e 30, o Senhor Jesus diz: “Assim também vós, quando virdes acontecer essas coisas, sabei que está próximo, às portas. Em verdade vos digo que de modo algum passará esta geração sem que tudo isso aconteça.” (Mc 13:29-30). A geração aqui não é de acordo com a idade das pessoas, como em Mateus 1:17, mas de acordo com a condição moral das pessoas, assim como em Mateus 11:16; 12:39, 41, 42, 45; Provérbios 30:11-14.
Nos versículos 31 e 32 o Senhor diz: “Passará o céu e a terra, porém as Minhas palavras de nenhum modo passarão. Mas a respeito daquele dia ou da hora, ninguém sabe, nem os anjos no céu, nem o Filho, senão somente o Pai.” O Filho, permanecendo na posição de Filho do Homem (v. 26), não sabe o dia nem a hora de Sua volta.
Em Marcos 13:33-37 o Senhor Jesus fala enfaticamente sobre vigiar. No versículo 33 Ele diz: “Estai de sobreaviso, vigiai e orai; porque não sabeis quando será o tempo”. No versículo 35 Ele diz aos discípulos: “Portanto, vigiai, porque não sabeis quando vem o Senhor da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã”. Finalmente, no versículo 37, o último versículo do capítulo, Ele diz: “O que vos digo, digo a todos: Vigiai!”. Por certo, a palavra do Senhor sobre vigiar é mais do que uma profecia, é também uma exortação a todos os crentes. Por um lado, precisamos conhecer as profecias a respeito das coisas que hão de vir; por outro, precisamos vigiar.
O REVIVER DA FIGUEIRA E O NASCIMENTO DO NOVO HOMEM
Se olhar o mapa, você verá que a nação de Israel é o centro da terra habitada geográfica, política e até militarmente. A situação no Oriente Médio é um problema sério. As nações árabes em volta de Israel parecem não ter meios de lidar com aquele pequeno país.
A reestruturação de Israel é o cumprimento de uma série de profecias cruciais da Bíblia. Israel foi reestruturada, Jerusalém foi devolvida e a figueira agora mostra as folhas. Isso nos deve levar a perceber que o verão está próximo. Contudo não sabemos dizer quanto tempo irá levar até que venha o verão. Enquanto a nação de Israel floresce, o nascimento, o parto, do novo homem continua a acontecer. O florescimento de Israel e o nascimento do novo homem acontecem em paralelo. Isso indica que a restauração da vida da igreja deve ocorrer em paralelo com o florescimento da nação de Israel. Esse duplo desenvolvimento atingirá o clímax quase ao mesmo tempo, o tempo da grande tribulação.
Após estudar os treze primeiros capítulos de Marcos, vemos que não é tão simples estar preparado para entrar na morte e ressurreição do Senhor. Primeiro precisamos passar pelos passos do longo processo registrado nos capítulos um a dez. Então precisamos seguir o Senhor a Jerusalém, onde Ele preparou o ambiente, os opositores e os discípulos para Sua obra redentora. Também precisamos ouvir Sua palavra a respeito das coisas por vir acerca dos judeus, da igreja, da situação do mundo, a grande tribulação e o anticristo.
A necessidade que temos de estudar as profecias bíblicas não visa meramente que tenhamos conhecimento delas, mas especialmente visão do que o Senhor faz hoje e entendimento do propósito da situação do mundo. A partir de nosso estudo das Escrituras sabemos o que o Senhor faz e o propósito da situação do mundo. Isso visa à completação da nação de Israel, bem como a completação do nascimento do novo homem. Embora não sejamos parte da nação de Israel, como crentes em Cristo, certamente somos parte do novo homem.
Para ter o novo homem, precisamos experimentar a morte e a ressurreição de Cristo, pelas quais podemos ter o pleno desfrute de Sua Pessoa maravilhosa como nosso substituto. Essa é a visão clara da economia divina apresentada nos capítulos um a treze do Evangelho de Marcos.
Eu gostaria de falar um pouco mais a respeito do capítulo 13 de Marcos, um dos capítulos mais difíceis de entender. Muitos que lêem o Novo Testamento consideram Marcos 13 como mera profecia. Na verdade, não é; mas é também uma preparação dada pelo Senhor Jesus a Seus seguidores. Duas indicações disso são a palavra templo no versículo 1 e a expressão dores de parto no versículo 8.
CRISTO COMO SUBSTITUTO UNIVERSAL
Quando o Senhor Jesus esteve na terra, a intenção de Deus em Sua economia era mudar a dispensação, das coisas antigas para Cristo. Era o desejo de Deus que Cristo substituísse as coisas da antiga dispensação. Por isso é que dizemos que Cristo, que é tanto Deus como Homem, é o substituto universal. Ele foi primeiramente revelado como substituto universal no monte da transfiguração. Ele conduziu três dos discípulos ao topo desse monte a fim de mostrar-lhes que Deus, em Sua economia, queria substituir tudo por Cristo. Não haveria mais lugar para Moisés nem Elias, ou para o homem natural. Tudo e todos devem ser substituídos por Cristo, que é Todo-Inclusivo.
Quando o Senhor Jesus purificou o templo, Ele fazia a preparação para substituir as coisas velhas por Ele mesmo. Estava cancelando, anulando, as coisas da velha dispensação, a fim de preparar o caminho para que os discípulos O tomassem como substituto deles. Ele os preparava para introduzi-los em Sua morte e ressurreição, a fim de ser o substituto todo-inclusivo deles.
A PRODUÇÃO DO NOVO HOMEM
A nova criação de Deus é principalmente o novo homem. A produção do novo homem a partir da velha criação envolve o processo de nascimento. A expressão “dores de parto” em Marcos 13:8 se refere ao parto envolvido no nascimento do novo homem.
O período entre a ressurreição e ascensão de Cristo Sua volta destina-se ao parto do novo homem. Cremos que vivemos hoje no final do período no qual o novo homem nasce. Olhando para trás, por mais de dezenove séculos de história desde a ascensão do Senhor, é-nos fácil perceber que, através dos séculos, muitos experimentaram as dores de parto para o nascimento do novo homem. Os judeus, os gentios e todas as culturas e civilizações do mundo têm sido parte dessas dores de parto. Até mesmo as guerras que ocorreram foram parte delas. Essas dores visam uma só coisa: gerar o novo homem.
A situação atual do mundo com suas dores de parto visam ao nascimento do novo homem. É por isso que acompanho a situação mundial.
PREGAR O EVANGELHO E SOFRER PERSEGUIÇÃO
Precisamos entender por que o novo homem é gerado por meio da pregação do evangelho em meio à perseguição. Desde a queda do homem, a velha criação tem estado sob a mão usurpadora de Satanás, o inimigo de Deus. Deus agora trabalha para produzir um novo homem a partir de Sua velha criação. O inimigo, no entanto, não quer deixar que isso aconteça, assim ele instiga tudo e todas as questões para se opor à economia de Deus, a fim de frustrar o nascimento do novo homem. Essa é a razão das perseguições. Desde que Pedro se levantou para pregar o evangelho no dia de Pentecostes, essa perseguição tem acontecido. A perseguição primeiramente veio dos judeus com sua religião e depois dos gentios, incluindo os governantes romanos em sua política. Através dos séculos essa perseguição aos que pregam o evangelho não cessou.
Nos últimos mil e novecentos anos, duas coisas sempre têm ocorrido: a pregação do evangelho e a perseguição. É devido à soberania do Senhor que essas coisas não cessaram. Século após século, pessoas fiéis ao Senhor têm pregado o evangelho a qualquer custo, até mesmo arriscando a vida. Enquanto isso Satanás, tendo usurpado a velha criação com o velho homem e sua sociedade e cultura, tem instigado muita perseguição.
Qual será o resultado da oposição de Satanás à economia de Deus? O resultado será que nem Satanás nem o mundo ganharão nada com isso. Por fim, o resultado será o pleno nascimento do novo homem.
Após o longo processo para o nascimento do novo homem, o Senhor Jesus voltará para recebê-lo, no arrebatamento dos santos. Isso quer dizer que, quando o Senhor Jesus voltar, haverá um arrebatamento, que será o final do parto do novo homem. Se virmos isso e então lermos o capítulo 13 de Marcos novamente, receberemos nova luz da Palavra. Nesse capítulo o Senhor estava introduzindo Seus seguidores íntimos em tal entendimento da economia de Deus.
O ENFOQUE DA ECONOMIA DE DEUS
Quando desfrutamos Cristo como substituto universal, Ele se torna tudo para nós, pois substitui tudo por Ele mesmo. Esse é o motivo pelo qual Paulo diz que no novo homem “não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em todos.” (Cl 3:11). No novo homem não há diferenças raciais; não há distinção cultural nem social. Em vez disso, Cristo, o substituto universal, é tudo em todos.
Cristo irá substituir toda a velha criação e será toda a nova criação. Como isso pode acontecer? Só pode ser por meio de Sua morte e ressurreição. Assim é necessário que sejamos introduzidos na morte e ressurreição de Cristo. Em Sua ressurreição, nós O desfrutamos como o Espírito todo-inclusivo, processado, que habita interiormente e que dá vida. Esse substituto universal tem tanto divindade como humanidade. Hoje essa Pessoa maravilhosa é o Espírito composto, como nosso desfrute, a fim de que Deus tenha o novo homem para Sua expressão.
Espero que todos sejamos iluminados a fim de ter a visão relacionada com as palavras dores de parto em Marcos 13:8. Essas dores são necessárias para o parto do novo homem, que ocorre por meio da pregação do evangelho acompanhada sempre de perseguições.
Aonde quer que formos pregar o evangelho, devemos estar preparados para sofrer perseguição. Se você prega o evangelho e ensina a verdade, mas nunca sofre nada e é sempre bem recebido, precisa verificar se sua atividade é realmente do Senhor. Se sua pregação e ensinamento são do Senhor, você irá enfrentar perseguição. A razão disso é que o parto do novo homem sempre envolve dores. Mesmo hoje esse nascimento com suas dores de parto ainda ocorre.
ENTRAR NA MORTE E RESSURREIÇÃO DE CRISTO
Se estudar o relato da pregação de Pedro no dia de Pentecostes, verá que ele enfatizou duas questões: a morte e a ressurreição do Senhor Jesus. Ele disse às pessoas que Aquele que eles haviam desprezado e crucificado foi honrado por Deus, pois Deus O ressuscitou dentre os mortos. Eles O crucificaram, mas Deus O ressuscitou. Os seguidores do Senhor eram Suas testemunhas. Em especial, eram testemunhas de Sua morte e ressurreição.
Vimos que a morte de Cristo foi o término da velha criação e a ressurreição foi a germinação da nova criação. Na nova criação desfrutamos Aquele que é todo-inclusivo como nosso substituto universal provido por Deus. Cristo não é apenas nosso Salvador; Ele é nossa vida e tudo para nós. Não apenas é tudo para nós, mas é tudo na economia de Deus, que consiste em produzir um novo homem, no qual não há nada a não ser Cristo. No novo homem Cristo está em todos, é todos e é tudo. Todos precisamos ganhar essa maravilhosa visão.
A respeito da visão da economia de Deus, a questão crucial que devemos ver é que precisamos entrar na morte e ressurreição de Cristo, a fim de participar do pleno desfrute Dele como o substituto universal. Hoje, como nosso substituto, Cristo é o Espírito que dá vida. Não é nossa intenção discutir doutrinariamente a respeito da Trindade ou do Espírito. Nosso alvo é ajudar os crentes a perceber que precisamos entrar na morte todo-inclusiva de Cristo, a fim de estar em Sua ressurreição. Então, em ressurreição, participaremos Dele e O desfrutaremos como Espírito que dá vida para ser nosso substituto. Esse Espírito agora habita em nosso espírito. Na verdade, por nos unirmos ao Senhor somos um Espírito com Ele (1Co 6:17). Ao viver no Espírito e até mesmo viver esse Espírito, Ele tornará a morte, a ressurreição e a ascensão de Cristo reais para nós.
O OBJETIVO DA SITUAÇÃO MUNDIAL
DESFRUTAR CRISTO COMO NOSSO SUBSTITUTO
Muitos falam de estar em Cristo sem plena percepção do que isso significa. Estar em Cristo é estar no pleno desfrute Dele como nosso substituto integral e universal por meio de Sua morte todo-inclusiva e ressurreição maravilhosa.
Precisamos do Evangelho de Marcos para nos ajudar a ver que Cristo é nosso substituto por meio de Sua morte e ressurreição. Não foi de forma exterior que os crentes do Novo Testamento entraram na morte e ressurreição de Cristo. Por meio do Evangelho de Marcos, podemos ver que os primeiros discípulos, nossos representantes, seguiram o Senhor desde o princípio. Por fim eles e nós também passamos pelo processo que os introduziu na morte todo-inclusiva de Cristo e em Sua ressurreição.
Se ganharmos a visão da morte todo-inclusiva de Cristo, perceberemos que, quando Ele foi crucificado, fomos crucificados com Ele e Nele. Da mesma forma, quando ressuscitou, também ressuscitamos Nele. Além disso, estamos em ascensão com Ele. Assim agora podemos declarar: “Aleluia, estou participando do desfrute de Cristo, como meu substituto, em Sua ressurreição e ascensão!”.
Como nosso substituto, Cristo é o Espírito que habita em nós e o Espírito que dá vida em nosso espírito. Quando vivemos por esse Espírito, o Espírito torna-se em nós a realidade do próprio Cristo com Sua morte, ressurreição e ascensão como nosso pleno desfrute. É dessa forma que o novo homem é gerado. Que todos ganhemos a visão do gerar do novo homem por meio de nossa participação em Cristo e Sua morte, ressurreição e ascensão!
Jesus é o Senhor!