09 - ACEITAR A AVALIAÇÃO QUE DEUS FAZ DE NÓS.



Por que Deus crucificou a Cristo? Não é minha intenção dar-lhes um sermão, mas ter uma conversa com vocês. Isso é algo que interessa a todos nós; não se trata de algo apenas para mim. Cada um de nós precisa examinar isso cuidadosamente. Por que Deus quis crucificar-nos com o Senhor Jesus? Posso explicar essa questão com uma história. Uma vez um ladrão foi declarado culpado diante de um juiz. Devido ao crime não ser muito grave, esse ladrão foi sentenciado só a dez anos de prisão. Outro ladrão também foi achado culpado e o juiz o sentenciou à morte. Por que um foi sentenciado à morte e o outro a apenas dez anos de prisão? Porque ainda havia esperança para o que foi encarcerado. O juiz ainda tinha esperanças nele e o país também tinha esperanças nele. Ainda havia a possibilidade de que tal homem chegasse a ser um bom cidadão após a punição. Depois de dez anos de aprisionamento sairia livre. Mas a nação não tinha esperanças no outro criminoso, pois havia cometido um crime muito grave. O país não desejava ter tal pessoa e a única maneira de castigá-lo era sentenciá-lo à morte. Como Deus nos vê hoje? Ele crucificou-nos. Porque fez isso? Talvez o que eu diga não seja muito alentador, mas é a verdade: Deus não tem nenhuma esperança em nós. Deus considera nosso caso impossível e sem esperança. A carne é completamente corrupta, e não há outra solução para ela a não ser a morte. Nem a obra do Senhor Jesus, nem o poder de Deus, nem o Espírito Santo podem mudar nossa carne. Nem ler a Bíblia, nem orar podem mudar nossa carne. O que é nascido da carne é carne. Não há esperança e a carne nunca pode mudar. Deus julgou que a morte é o merecido destino da carne. Deus perdeu toda a esperança em nós, e, portanto, incluiu-nos na crucifiçação de Cristo. Não temos esperança; a única solução é a morte. Por isso, a primeira coisa que Deus requer de uma pessoa depois de ser salva é o batismo. O batismo é a declaração de que Deus perdeu toda a esperança na pessoa e, assim, a crucificou. É também nossa declaração de que merecemos morrer e de que pedimos aos outros que nos tirem do caminho e nos enterrem. Será que vimos que o batismo é a declaração de Deus e o nosso reconhecimento de nossa própria morte? É o mesmo que dizer "amém" à avaliação que Deus faz de nós. Deus diz que merecemos morrer e nós damos um passo adicional sepultando-nos. Já perdi toda a esperança em mim mesmo. Não há mais absolutamente nenhuma esperança em mim. Só mereço morrer e hoje estou firmado na base da morte do "eu".

Muitos cristãos esqueceram o que fizeram no momento do batismo, e muitos esqueceram a avaliação que Deus faz de nós. Como Deus nos avalia? Segundo a Sua avaliação, devemos morrer. A única coisa que merecemos é a morte. Não há outro caminho. É inútil tentar consertar-nos ou reformar-nos. Não existe nenhuma possibilidade de progresso, nem sequer podemos modificar a nós mesmos. Somos completamente inúteis e não há outra coisa que possamos fazer, exceto morrer. Por conseguinte, Deus incluiu-nos na morte do Senhor Jesus. Deus mostra como nos avalia colocando-nos na cruz. Lembrem-se que a cruz é a avaliação que Deus faz de nós. Deus mostrou-nos que só merecemos morrer e que não temos esperança alguma em nós mesmos.
Mas será que aceitamos esse fato? Os seres humanos com freqüência se contradizem e muitas vezes têm pensamentos inconcruentes. Por um lado, durante anos dissemos que estamos crucificados com Cristo; mas, por outro, continuamos abrigando esperanças em nós mesmos. Por um lado, pensamos que não podemos fazer nada; e, por outro, esperamos um dia ser capazes. Freqüentemente tropeçamos e caímos, e ainda assim conservamos a esperança de vencer.

Certa vez vi a foto de uma mulher que tinha mantido o caixão de seu falecido esposo em frente da sua porta por trinta anos. Ela não permitia que o enterrassem. Dizia que seu esposo estava apenas dormindo e que esperava que ressuscitasse. Temos esse mesmo tipo de esperança em relação a nós mesmos. De um lado, cremos que a única coisa que merecemos é a morte e que estamos mortos em nossos delitos e pecados. Mas, de outro, pensamos que enquanto há alento em nós, podemos servir para alguma coisa. Cremos que fracassamos porque não fomos suficientemente fortes na nossa decisão de vencer, e que conseguiremos, se tentarmos com mais afinco da próxima vez. Achamos que falhamos porque não estivemos vigiando e que poderíamos permanecer firmes diante da tentação se da próxima vez vigiássemos mais vigorosamente. Pensamos que fracassamos porque não resistimos à tentação e que venceremos se a resistirmos da próxima vez. Imaginamos que falhamos dessa vez porque não oramos o suficiente, e que, se da próxima vez orarmos mais, venceremos. Será que percebemos o que estamos fazendo? Deus crucificou-nos e declarou-nos mortos. Mas ainda não vimos que estamos mortos; não reconhecemos esse fato. Ainda pensamos que a chama que foi apagada poderá ser acendida novamente se a abanarmos o suficiente. É por isso que ainda continuamos abanando constantemente.

Que significa estar crucificado com Cristo? A fim de experimentar essa verdade há uma condição necessária que precisamos cumprir. Devemos dizer a Deus: "Perdeste toda a esperança em mim e eu também perdi. Consideras-me um caso perdido e eu também considero-me perdido. Chegaste à conclusão que mereço morrer e eu também cheguei. Consideras-me incapaz e eu também considero-me incapaz. Tens-me como inútil para fazer qualquer coisa e eu também considero-me assim". Temos de permanecer sobre essa base constantemente. Esse é o significado de ser crucificado juntamente com Cristo. O que Deus fez não se pode mudar pois constituem-se fatos realizados. No entanto, de nosso lado, temos uma responsabilidade que devemos assumir: aceitar a avaliação que Deus faz de nós. Deus perdeu as esperanças com respeito a nós; e da mesma maneira temos também de perder as esperanças em nós mesmos. Quando perdemos a esperança em nós, experimentaremos "já não sou eu", "mas Cristo vive em mim".

O problema que predomina hoje é que a maioria dos cristãos têm-se recusado a abrir os olhos. Não viram que Deus perdeu toda a esperança neles e desistiu de lhes fazer exigências. Ele sabe que somos absolutamente inúteis. Não tenho receio de ofender ao irmão Lu aqui. Posso declarar isso, muito gentilmente, diante de todos vocês: "O irmão Lu é uma pessoa absolutamente inútil". Mas, expressando-me em termos mais rudes, diria: "Irmão Lu, você é totalmente corrupto e é completamente maligno". Mas, Graças ao Senhor, posso dizer isso não só a respeito do irmão Lu, mas também em relação a mim mesmo. Todos somos corruptos até o mais profundo de nosso ser. Somos absolutamente inúteis. Não servimos para outra coisa senão a morte. O único caminho que nos resta é morrer. Nunca conseguimos mudar e somos um caso perdido. Somos completamente malignos e só merecemos morrer. Essa é a avaliação que Deus faz de nós, e não devemos ter nenhum outro tipo de avaliação diante Dele.

Temos muitos conceitos acerca de nós mesmos. Estamos cheios de esperança em nós mesmos. Por causa disso, precisamos ver nesta mensagem como podemos apossar-nos da realidade de que fomos crucificados juntamente com Cristo. Deus perdeu toda a esperança em nós. Então, que devemos fazer? Devemos dizer a Deus que nós também perdemos a esperança em nós e temos de dar um passo a mais. Agora, vamos colocar de lado gálatas 2 e examinar Lucas 18:18-27 na próxima mensagem...

Livro: "A Vida Que Vence" - (Watchman Nee)

Jesus Cristo é o Senhor, o único e suficiente Salvador.
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