#21 | SER DISTRAÍDO DO ESPÍRITO POR CAUSA DOS DONS.



SER DISTRAÍDO DE CRISTO POR CAUSA DOS DONS

Outra coisa que o inimigo usa é a questão dos dons espirituais. É preciso um entendimento adequado dos dons para ver como eles estão relacionados com a economia de Deus. Isso se aplica a todos os dons. Muitas pessoas que têm dons dão atenção demasiada aos seus dons e, em maior ou menor grau, negligenciam o Cristo que habita em seu interior. O Cristo que habita interiormente é o marco da economia de Deus, e todos os dons são para isso. Muitos sabem falar em línguas e fazer curas, mas não sabem discernir o espírito e contatar Cristo. Embora eu não esteja falando contra dom algum, sou contra uma coisa: dar toda atenção aos dons e ignorar o discernimento do espírito para contatar Cristo. Isso, definitivamente, está errado.

O livro de Romanos dá muito pouco espaço aos dons. Romanos é um esboço geral do viver e do andar cristãos, e, nesse esboço, não é feita muita referência aos dons. Dos dezesseis capítulos, apenas o capítulo doze fala algo sobre eles e, se lermos o capítulo todo, veremos que é mencionado não apenas o dom de profecia, mas que até mesmo os dons de exercer misericórdia e de contribuir estão relacionados. Os dons mencionados aqui resultam do Cristo vivo ser experimentado como graça em cada crente. Nem todos os cristãos têm o dom de profecia. Ele é apenas um dos muitos dons. Embora não estejamos tentando nos opor a dom algum, temos de dar a devida proporção a cada dom; caso contrário, seremos desequilibrados.

Os dons também são mencionados em 1 Coríntios 12 e 14. Os crentes coríntios tinham todos os dons e não lhes faltava nenhum (1:7). Contudo, embora os coríntios tivessem todos os dons, sua condição espiritual foi escrita como carnal e imatura (3:1). Podemos ter dons e continuar sendo infantis e carnais. Não há dúvidas de que podemos receber ajuda desses dons, mas precisamos aprender algo mais. Sinais e sabedoria são dons, mas o apóstolo pregava “Cristo crucificado” e “Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus” 
(1Co 1:22-24). A única intenção do apóstolo era ministrar Cristo como poder e sabedoria e não manifestações de dons e sinais. Os dons são uma ajuda, mas não são o objetivo nem o ponto crucial. O ponto crucial, o marco, é o Cristo que habita interiormente. Os dons deveriam apenas nos ajudar a perceber esse marco.

Em 1°Coríntios capítulo 12 menciona os dons espirituais, incluindo falar em línguas, mas, no final do capítulo, Paulo menciona “um caminho mais excelente”. No texto grego, a expressão é mais forte: “um caminho ainda mais excelente”. Qual é o caminho mais excelente? O capítulo 13 é a continuação desse versículo: mesmo que falemos todas as línguas dos homens e dos anjos, se não tivermos amor, nos tornaremos meramente como o bronze que soa. Ouvimos apenas um som, mas não vemos a vida. O amor é a expressão da vida. Isso prova que as línguas, estritamente falando, não são uma questão de vida. Falar em línguas sem considerar a vida é tornar-se como o bronze que soa. Muitas pessoas que frequentemente falam em línguas são muito superficiais e imaturas em sua vida cristã.

No capítulo 14, o apóstolo nos encoraja a exercitar nosso espírito para o proveito espiritual da igreja. Essa é a conclusão do capítulo todo. Mesmo que Paulo tenha excedido os outros no falar em línguas, ele disse que preferia falar nas reuniões cinco palavras que as pessoas entendessem do que dez mil palavras em outra língua. Nesses capítulos, o apóstolo manifesta uma atitude um tanto negativa com relação ao falar em línguas. Em vez de encorajar a prática dos dons, ele ajusta os coríntios com alguns ensinamentos corretivos. Portanto, devemos concluir que todos os dons são para a experiência de Cristo e devem ser usados na proporção adequada.

A chave para a economia de Deus é Cristo como nosso tudo trabalhado em nosso espírito. Sem dúvida, precisamos de determinados ensinamentos e de determinados dons para nos ajudar a compreender o marco da economia de Deus. Mas não devemos permitir que doutrinas e dons substituam esse marco. O marco da economia de Deus não são ensinamentos nem dons, mas Cristo, que é o Espírito vivo, habitando em nosso espírito. Alguns podem necessitar que um dom os ajude a compreender esse marco. Nem todos precisam do mesmo dom. Enquanto uns precisam do dom de profecia, outros podem necessitar do dom de falar em línguas. Alguns podem precisar do dom de cura, e outros, de determinadas doutrinas. Muitas pessoas são atraídas a Cristo por meio de ensinamentos. Mas, tenhamos clareza de que o Cristo que habita em nosso espírito é a chave para a economia de Deus. Precisamos dar toda atenção a essa chave. Na verdade, não é necessário dar atenção especial a qualquer ensinamento ou dom se o Cristo que habita interiormente já está substantificado em nosso espírito.

O velho servo de Abraão foi enviado com diversos presentes para obter uma noiva para Isaque. Todos esses presentes ajudaram Rebeca a perceber que ela tinha de ir até Isaque. Esse o verdadeiro papel dos dons. Mas, depois que Rebeca recebeu os presentes, ela pareceu esquecer-se de todos eles e disse: “Irei a Isaque. Não ficarei satisfeita em permanecer aqui desfrutando esses presentes e, no entanto, me esquecer de Isaque. Irei ao encontro do meu noivo”. Depois que Rebeca casou-se com Isaque, não se menciona mais esses presentes. Diariamente Rebeca simplesmente desfrutava viver com Isaque. Cristo é muito melhor do que falar em línguas, muito melhor do que profecias, muito melhor do que tudo o mais.

Com a chave em minha mão, posso abrir todas as portas e desfrutar toda a casa. Se não tenho a chave, preciso ir ao chaveiro, contudo, se tenho a chave, os serviços de chaveiro não são necessários. A verdadeira necessidade é a chave, não o chaveiro e, assim como o chaveiro não é necessário quando tenho a chave, os dons e ensinamentos não são necessários quando substantificamos em nosso espírito o Cristo que habita interiormente.

Alguns podem exigir determinados ensinamentos e dons para encontrar a chave, mas, louvado seja o Senhor, uma vez que a chave está em nossa mão para substantificarmos Cristo, esqueçamos os ensinamentos e os dons. Voltemos toda nossa atenção a discernir nosso espírito, contatar o Cristo vivo e ter comunhão com Ele. Para obtermos a chave, Deus preparou determinados dons e ensinamentos. Podemos louvar o Senhor pela Sua misericórdia, mas precisamos ser cuidadosos. Não devemos dar tanta atenção ao chaveiro ao ponto de irmos até ele todos os dias. Uma vez que temos a chave, podemos agradecer ao chaveiro e deixá-lo. Podemos usar a chave para entrar no edifício e descobrir suas riquezas. Diariamente precisamos aprender a conhecer esse Deus Triúno maravilhoso, o Cristo insondável, o Espírito Santo todo-inclusivo, que agora está em nosso espírito. Temos a chave quando discernimos nosso espírito. Nós temos a chave! Temos tudo o que precisamos de Cristo ao exercitar nosso espírito para contatá-Lo. Esse é o marco da economia de Deus. Embora o Senhor nos dê ensinamentos e dons, Ele próprio é o objetivo, Ele é completo e todo-inclusivo. Não nos conformemos com nada menos do que Ele mesmo. O alvo da economia de Deus é que o Cristo todo-inclusivo habite em nosso espírito. Durante todo o dia devemos procurar nos voltar ao nosso espírito e contatar Cristo como tudo para nós. Então, teremos a chave para uma vida cristã adequada e normal.


Jesus é o Senhor!
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