28 - A VIDA DE CRISTO JAMAIS SE MISTURARÁ COM O MUNDO.



A civilização cristã é o resultado de uma tentativa de reconciliar o mundo e Cristo. Nas figuras do Velho Testamento, encontramos aquela representada por Moabe e Amom, o fruto indireto do envolvimento e comprometimento de Ló com Sodoma; e nem Moabe nem Amom demonstram ser menos hostis a Israel do que eram as nações gentílicas. A civilização cristã demonstra que pode misturar-se ao mundo, e até mesmo pode ficar ao lado do mundo em uma crise.

Há algo, contudo, que é totalmente separado do mundo e jamais pode misturar-se ao mundo, e isso é a vida de Cristo. Suas naturezas são mutuamente antagônicas, e não podem ser reconciliadas. Entre o mais fino espécime da natureza humana que o mundo pode produzir e o crente mais insignificante não há nada em comum, e assim não há termo de comparação. Pois a bondade natural é algo que temos pelo nascimento natural e podemos, por nossos próprios recursos, desenvolver naturalmente; mas a bondade espiritual é, nas palavras de João, "nascida de Deus" (1°João 5:4).

Deus estabeleceu no mundo uma Igreja Universal; e aqui e ali Ele colocou muitas igrejas locais. Deus, digo, fez isso. Não seria razoável, portanto, esperar que o Seu modo de libertação do mundo fosse através da separação física dele. Mas como conseqüência muitos cristãos sinceros estão muito perplexos pelo problema da absorção. Se Deus coloca uma igreja local aqui, perguntam eles, irá ela ser um dia reabsorvida pelo mundo?
Isso de fato não representa problema para o Deus vivo. Visto que a sua origem não é deste mundo, não há na família de Deus qualquer concordância com o mundo e assim nenhuma possibilidade de ser absorvida pelo mundo. Isso naturalmente não se deve a nós, Seus filhos. Não é porque nós desejamos sinceramente ser celestiais que a Igreja é celestial, mas porque somos nascidos do céu. E se, devido à nossa origem celestial, somos absolvidos de tentar ganhar nossa entrada lá, somos também absolvidos desse modo de esforçar-nos para conservar-nos fisicamente livres deste mundo.
Como pode o mundo misturar-se com o que é de fora do mundo? Pois tudo o que é do mundo é pó vazio, enquanto tudo o que é de Deus tem a miraculosa qualidade da vida divina. Alguns de nossos irmãos de Nankin estavam certa ocasião ajudando nos trabalhos de socorro após o bombardeio da cidade por aviões japoneses. Repentinamente, quando estavam diante de uma casa destruída pensando em como começar, houve uma violenta elevação de tijolos e vigas, e um homem surgiu. Sacudindo a poeira e cascalho de si, levantou-se e com esforço ficou em pé. As vigas e traves caídas retomaram seus lugares por trás dele, e a poeira assentou novamente, mas ele caminhou vivo para fora! Enquanto há vida, qual é o receio de que haja mistura?

A oração de Jesus a Seu Pai, que João registra no capítulo 17, contém um apelo que é impressionante. Tendo repetido a afirmação de que "o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não sou", Jesus continua: "Não peço que os tires (ek) do mundo; e, sim, que os guardes do (ek) mal" (João 17:14,15).
Temos aqui um princípio importante, que ocupará nossas próximas mensagens. Os crentes tem um lugar vital no mundo. Embora salvos do mal e seu sistema, não foram ainda retirados de seu território. Eles tem um papel a ser representado ali, para o qual são indispensáveis.
As pessoas religiosas, como vimos, tentam vencer o mundo saindo dele. Como crentes, essa não deve ser de modo nenhum a nossa atitude. Aqui é o lugar onde somos chamados a vencer. Tendo sido criados separados do mundo, aceitamos com alegria o fato de que Deus colocou-nos nele. Essa separação, nosso dom de Deus em Cristo, é toda a defesa de que necessitamos.


Livro: "Não Ameis o Mundo". (Watchman Nee)

Jesus é o Senhor!
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